quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Inês Margaça: É preciso sorte para singrar no mundo do espetáculo

Inês Margaça em entrevista ao Timoneiro


A menina que começou a gostar de música aos quatro anos e que aos cinco enfrentou as teclas de um piano, sob a orientação da professora Delta Ribau, é hoje professora de canto e intérprete de canto lírico. Soprano com domínio de voz e alma da artista, ensina canto, dá concertos e estuda a caminho do mestrado, tendo beneficiado de uma bolsa, no âmbito do Projeto Erasmus, em Itália, para onde seguirá brevemente. É ela Inês Margaça, com quem tivemos a oportunidade de conversar há dias.
O Timoneiro não pode ficar indiferente aos projetos de uma artista que assume conscientemente os desafios do Canto Lírico e merecedora de ser conhecida pelos seus conterrâneos, os gafanhões, muitos dos quais se orgulham de ela ser uma artistas qualificada e digna dos grandes palcos, aos quais há de chegar, porque vontade não lhe falta.
Depois dos primeiros passos no piano, passou pelas escolas da Casa do Povo da Gafanha da Nazaré, onde recebeu lições da Prof. Rute Simões que a ajudou a entrar no Conservatório de Aveiro, aos 9 anos, ao mesmo tempo que frequentava o ensino oficial.
Com o 3.º grau de piano, percebeu que os seus professores gostavam da sua voz. “Eu cantava tudo e mais alguma coisa e todos diziam que eu era afinadinha e que a minha voz tinha um bom timbre”, disse.
Depois, com toda a naturalidade, deu o salto para a Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, do Porto, que ainda frequenta, agora no primeiro ano de mestrado. E quem sabe se logo depois não surgirá a vontade de avançar para o doutoramento!

A Inês Margaça, como professora que também é, não perdeu a oportunidade de nos elucidar sobre os cuidados a ter com a voz, que atinge o auge aos 30 anos, e da necessidade do treino constante para manter o timbre à altura das situações e das exigências dos concertos.
Ao poder beneficiar do Projeto Erasmus, numa primeira fase de quatro meses, assume que terá uma grande oportunidade de se valorizar, mas ainda poderá voltar para Itália, mais três períodos. «Continuo a pagar as propinas na minha escola e no regresso de Itália pedirei a equivalência dos estudos do Erasmus», adiantou. Outro dos seus grandes sonhos é cantar, mas reconhece que “as pessoas podem ter grande formação na área do canto, mas também é preciso sorte para singrar no mundo do espetáculo”, lembrou
A Inês já entrou na EOA (European Opera Academy) e admite que estudar fora do país serve para o seu desenvolvimento artístico e para experienciar outras realidades e outros contactos com diversas pessoas, no sentido de aperfeiçoar a sua formação, para se impor nos palcos nacionais e não só.
Entretanto, garantiu-nos que consegue ter concertos todos os anos, graças à orquestra da Sociedade Musical Santa Cecília (SMSC), com quem tem aprendido imenso, e cujo maestro manifestou o gosto de trabalhar com ela desde 2014.
Por outro lado, salientou que ganha muito com a experiência que vai adquirindo quando trabalha com a orquestra, mas realçou que a sua profissão, por enquanto, é professora.
A nossa conterrânea reconheceu que, apesar de estar no palco há anos, não esquece que era um pouco insegura, como, aliás, acontece com grandes artistas. “A segurança continua a crescer com os concertos em que participa”, frisou.

Fernando Martins

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