domingo, 2 de maio de 2021

Gafanha da Nazaré é cidade há 20 anos

Para assinalar o aniversário da nossa terra, 
uma homenagem às mulheres das secas do bacalhau

 





As celebrações do 20.º aniversário da cidade da Gafanha da Nazaré foram realizadas no respeito pelas regras em vigor, alusivas à pandemia. A Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia da nossa terra, com António Pinho, deputado do CDS que apresentou na Assembleia da República a proposta para a criação da cidade, inauguraram um tríptico alusivo ao evento, que enaltece, com oportuna referência, as mulheres da seca, que desempenharam, na família, na comunidade e na economia, local e regional, sobretudo no auge da Faina Maior, um papel relevante, como sublinhou o autarca ilhavense, Fernando Caçoilo.
A Gafanha da Nazaré foi elevada a cidade em 19 de Abril de 2001 por mérito próprio, reconhecido pelas instâncias políticas da altura, continuando a nossa terra na senda do progresso a diversos níveis, graças ao dinamismo do nosso povo, traduzido no crescimento económico, social, cultural e espiritual.

A missa não pode ficar na missa

Dar testemunho, com obras e palavras, aos que a não frequentaram, é a missão dos verdadeiros discípulos. O mero consumismo religioso não é religioso.

1. “Se não tens nada que fazer, não me chateies, vai à missa.” Reagir assim, em dia de semana, era o modo bem-educado de quem recusava o uso de palavrões, muito frequentes, na aldeia em que nasci. Importa lembrar que a prática religiosa pautava os momentos mais marcantes do dia. O sino tocava de manhã, ao meio dia e ao fim da tarde. As pessoas paravam e rezavam, estivessem onde estivessem. O chofer da camionete, que fazia a carreira de Braga a Terras de Bouro, tirava o boné quando passava diante de uma Igreja, da Cruz ou das Alminhas. A maioria das famílias rezava o terço, já cabeceando de sono, depois da ceia. Faltar à missa ao Domingo era considerado pecado, a não ser que fosse por razões de força maior, como a doença ou a velhice. Isto era naquele tempo.
Por muitas e variadas razões, tudo mudou naquelas aldeias serranas, em progressiva desertificação, especialmente nas situadas acima da estrada romana, a Geira. A dificuldade de alguns párocos entenderem que as metamorfoses dos valores também afectam as práticas religiosas não os ajuda a entender certas atitudes da pouca juventude que resta. De qualquer modo, nada vence os romeiros de S. Bento da Porta Aberta e, no catolicismo português, Fátima é incontornável, embora ainda não possamos saber as consequências da pandemia que fez desse Santuário um deserto.

Dia da Mãe - A minha mãe


Celebra-se hoje, primeiro domingo de maio, o Dia da Mãe, razão mais do que suficiente para lembrar, com que saudade!, a minha mãe, conhecida, cá na Gafanha da Nazaré, mas não só, por Rosita Facica. Rosita Facica foi, desde que me conheço, uma forma carinhosa de tratar uma pessoa. O apelido veio da família dos Franciscos da Rocha, oriundos de terras de Vagos.
A minha mãe teve cinco filhos. Faleceram na infância três e criou dois: Eu, Fernando, e o meu irmão, também já falecido, Armando.
Nesta data, desde há muito, todos os filhos costumam lembrar e honrar as suas mães, vivas ou já no seio maternal de Deus, onde, segundo a nossa fé, intercedem por nós. A minha saudosa mãe está há muito nesse “lugar” privilegiado de vida sem fim e sem dor. Lembro-me dela todos os dias como dos meus filhos e netos me lembro, cada um com a sua vida.
Na minha memória, vejo constantemente o desbobinar de um filme projetado numa tela postada na parede da minha consciência. E é nessa tela que revivo os trabalhos e canseiras da minha mãe Rosita Facica, sempre com a palavra “pai” na ponta da língua para não esquecermos que ele andava sobre as ondas do mar. Esta expressão — ondas do mar — fazia parte indelével das orações em família, antes do deitar: Pelos que labutam sobre as ondas do mar, um Pai Nosso e uma Ave Maria.
Para além do amor ao trabalho e às tarefas do dia a dia, da minha mãe herdei ainda o gosto pela verdade, pela humildade, pela poupança, pela atenção aos mais pobres, pelo respeito por nós próprios e pelos demais, pela honradez sem hesitar.
Mulher de fé, abriu-me a razão ao transcendente, desde menino, quando, durante a missa, em latim, sentado no soalho da igreja matriz, ela me segredava a forma de viver cristãmente. O que sou e como sou veio muito da minha saudosa mãe Rosita.

Fernando Martins

sábado, 1 de maio de 2021

Jesus e a Igreja. 3

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Os baptizados formam um povo de profetas, reis e sacerdotes. A ruptura numa Igreja de irmãos deu-se com a ordenação sacerdotal, que originou duas classes: clero e leigos.
Todos os cristãos são sacerdotes: oferecem a sua vida a Deus e à sua causa, que é a causa dos seres humanos. Aqueles e aquelas que se reúnem convocados no baptismo pela pessoa de Jesus e o seu Reino formam a Igreja e são povo sacerdotal e sacramento de um mundo outro. Mas é necessário que haja homens e mulheres que dedicam a sua vida ao anúncio do Reino de Deus, conselheiros espirituais que despertam para a transcendência, animadores e coordenadores das comunidades...
Neste sentido, embora sem ordens sacras, continuará o ministério de padres, presbíteros, bispos, líderes das comunidades. Homens e mulheres, casados ou não, escolhidos pelas comunidades ou com a sua participação. Alguns temporariamente, outros de modo permanente. E para quê?

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Unidos a Jesus-Vide, damos bons frutos

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V da Páscoa

“Como ninguém, as mães são capazes de se doar, de perdoar, de compreender, de aceitar e não julgar”

O discurso da videira que a Liturgia nos apresenta neste domingo é feito na ceia de despedida, por ocasião da festa da Páscoa dos Judeus. Em linguagem simples e poética, familiar aos discípulos, Jesus prossegue os ensinamentos sobre a realidade profunda da sua união a Deus Pai e da relação entre aqueles que acreditam na sua mensagem. Recorre a uma imagem/alegoria tirada da vida agrícola – a da vinha  –  em que se destaca uma videira por ser única e autêntica, a verdadeira. E extrai, de forma singular, as “lições” que ela insinua, desvendando o seu sentido profundo. Jo 15, 1-8. Vamos saborear algumas dessas lições, destacando duas realidades fundamentais: A mãe e o padre.
Anne Marie, autora do comentário a esta alegoria, faz passar pela nossa imaginação o que acontece normalmente na boa vinha: A cepa e os ramos são inseparáveis; a mesma seiva os irriga e torna fecundos; as flores surgem na primavera; depois vêm as uvas e os cachos que serão transformados em vinho que alegra o coração humano e que a liturgia consagra na Eucaristia, fazendo-o sangue do Senhor derramado pela salvação de todos/as. Saboreemos esta relação profunda que dá sentido às nossas vidas. Deixemo-nos irrigar por ela. Vers dimanche.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Juntos podemos fazer muito

Helen Keller 

“Sozinhos faremos pouco; juntos podemos fazer muito”

Helen Keller
(1880-1968), educadora

A frase que transcrevi do PÚBLICO de hoje, pensada e dita por Helen Keller, uma mulher surda e cega desde tenra idade, deve fazer-nos pensar sobre as capacidades que possuímos e que tantas vezes desperdiçamos. Uma manina surda e cega, educada por Ana Sullivan, conseguiu "dialogar", estudar e ensinar, tornando-se escritora, conferencista e ativista social no seu país, os Estados Unidos da América.

Ler a sua biografia aqui 

Parcialidade face à pobreza


Acácio Catarino
É bastante parcial o nosso combate à pobreza; tal parcialidade verifica-se no tipo de conhecimento desta realidade ancestral e nas respostas para a sua atenuação ou eliminação. Tal conhecimento processa-se, frequentemente, através de informação estatística, por vezes bastante complexa, baseada em recenseamentos, inquéritos e outras fontes; ele ignora ou menospreza habitualmente os dados estatísticos do atendimento social de proximidade e os dinamismos locais de procura de soluções.
Por outro lado, as respostas mais reconhecidas, para a atenuação e eliminação da pobreza, acham-se concentradas no Estado, em instituições diversas e no funcionamento da economia; menosprezam os esforços das pessoas empobrecidas, a entreajuda de proximidade e os processos de desenvolvimento local.
Se fossem tidos em conta os dados estatísticos do atendimento social de proximidade, não se conheceriam todos os casos de pobreza nem todos os esforços das pessoas empobrecidas para a vencer, uma vez que nem todas recorrem a esse atendimento; mas, provavelmente, atingir-se-ia um número considerável das mais graves, que complementaria os dados obtidos por inquérito; e, quanto mais estas estatísticas fossem consideradas, mais pessoas pobres recorreriam aos serviços de atendimento social. Se, para além disso, existissem processos de desenvolvimento sociolocal em cada freguesia, aumentaria o conhecimento das situações de pobreza conjugada com os respetivos processos de atenuação e eliminação.
O Papa Francisco, na encíclica «Fratelli Tutti», abordou este assunto chamando a atenção para a complementaridade da ação básica ou popular, da institucional e da estatal; defende que todas são necessárias para que se atinjam dois objetivos estratégicos: não excluir nenhuma pessoa necessitada; e aproveitar todas as potencialidades de solução (cf., em especial, os n.ºs. 78,169 e 186).

Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

NOTA: Transcrito de o "Correio do Vouga"

terça-feira, 27 de abril de 2021

25 de Abril - Discurso do Presidente da República



Assisti, via televisão, ao discurso do Presidente da República na cerimónia comemorativa do 25 de Abril no Parlamento. Gostei de tudo quanto disse, assimilando os desafios que lançou a todos os portugueses, porque todos somos Portugal.  O discurso fez história ao ser aplaudido por todas as bancadas, mas também fez história pelos aplausos que recebeu de todos os quadrantes do nosso país. Na impossibilidade de dar aos meus leitores uma boa síntese do que ouvi e li, optei por publicar neste meu espaço  todo o discurso do Presidente Marcelo, que é uma grande lição para todos nós.

FM 

As camarinhas

Praia da Torreia - Há nove anos

A Lita em conversa com a vendedeira  de camarinhas

As camarinhas foram, há anos, um bom pretexto para um passeio aos domingos, no tempo em que as diversões não abundavam. Ou, melhor dizendo, abundavam, mas eram diferentes. Um passeio para apanhar camarinhas era uma festa.
Talvez por isso, a Lita ficou encantada quando, num passeio à Torreira,  há nove anos, deparou com uma vendedeira de camarinhas apanhadas nas matas que se estendiam até São Jacinto. Os gafanhões lá iam também em dias de folga, em especial aos domingos. Atravessava-se na lancha da carreira, a partir do Forte da Barra, com alguma euforia, e regressava-se com o mesmo espírito. Escusado será dizer que não faltavam os namoricos no ambiente saudável dos pinheiros refrescados pelas águas do oceano e da ria. Belos Tempos.

domingo, 25 de abril de 2021

25 de Abril


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia


Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue