1. O recente relatório apresentado pela OCDE sobre a avaliação de professores em Portugal (com 24 equilibradas recomendações) poderá sugerir uma reflexão sempre oportuna sobre a avaliação. A cultura da avaliação será um pressuposto fundamental em todos os quadrantes da vida social. Sem avaliação não se progride em ordem ao justo reconhecer do mérito. “Nem ao mar nem à serra”, mas entende-se a habitual resistência à avaliação, como a resistência à mudança de hábitos. As últimas três décadas portuguesas, também na consolidação das instituições de participação democrática, muitas vezes, geraram o “vício” da avaliação fictícia em que às antiguidades equivaleriam as progressões nas carreiras.
2. Esse hábito de avaliação quase virtual (ou até meramente administrativa), terá sido, há que dizê-lo, um lógico gerador de anticorpos à justa e rigorosa avaliação, quando ela chegasse às práticas comuns de procedimentos regulares habituais. Normalmente é assim: o mau estar instala-se na hora de aplicar critérios de avaliação, também porque ela é mais vista como punitiva que como pedagógica. Em quantas circunstâncias a avaliação, infelizmente, é quase aquele inquisidor-mor mais que uma acção normal e pedagógica em ordem ao (sempre mais) desejado progresso. Os anticorpos em relação à avaliação (outra coisa será a burocracia “do 8 ao 80”…) também demonstra que não estamos à vontade e desfocámos…
3. Sabe-se que, mesmo em tempos de crise e mesmo para além de injustiças que possam reinar em determinados sectores (dos “dois” lados da barricada…), a verdade é que ao bom trabalhador todos o querem, a quem se aplica querendo aprender mais cada dia todos o procuram, a quem alia conhecimento à inovação não faltam propostas…Ou seja, também apreciarmos a avaliação e sermos avaliadores de nós próprios poderá gerar aquela força e determinação que da crise e da tempestade sabe gerar horizontes de bonança…
Alexandre Cruz