terça-feira, 28 de março de 2017

Uma hora no Jardim Oudinot







Hoje à tarde andei pelo Jardim Oudinot a gastar algumas calorias que vêm da vida muito parada que tenho levado. Tinha uma hora livre para o fazer e aproveitei a oportunidade para caminhar por lá, sem vivalma que me distraísse nem me interrompesse. E foi muito bom. Apenas uns pescadores de cana e anzol à cata de alguns robalos para uma boa caldeirada marcaram presença nesta tarde de primavera com um sol tímido. 
Num outro canto da larga avenida uns homens gozavam o prazer do convívio, num jogo cujo nome desconheço. Sei que atiram umas bolas de aço, suponho eu, direcionadas para um taco, na tentativa de acertarem nele, o que raramente acontece. Mas acontece de vez em quando. Depois medem as distâncias das bolas, para confirmarem o vencedor. Penso que é assim. 
Volta e meia por ali, sem pressas nem correrias, ainda deu para tirar umas fotos que aqui ofereço aos meus leitores, na esperança de que passem pelo Jardim Oudinot, mesmo em dias ainda longe do verão.

6.º Encontro das Comunidades Portuárias

Amanhã, quarta-feira, 29 de março


O Porto de Aveiro vai acolher amanhã, quarta-feira, 29 de março, o 6.º Encontro das Comunidades Portuárias, estando presentes, para além da comunidade anfitriã, as Comunidades Portuárias da Figueira da Foz, Leixões, Lisboa, Setúbal, Sines e Viana do Castelo.
O início dos trabalhos está previsto para as 14h30, sendo a coordenação de João Fugas, Presidente da Comunidade Portuária de Aveiro.

Fonte: CPA

Santa Maria Manuela: Um navio, muitas opções


«O Santa Maria Manuela (SMM) foi construído em 1937, pertenceu à lendária Frota Branca e enfrentou as adversidades do mar do Norte durante as duras campanhas da pesca ao bacalhau. Agora, totalmente renovado, é um veleiro único com excelentes condições para viagens, eventos e experiências náuticas.»

Ver mais aqui 

segunda-feira, 27 de março de 2017

O CIEMar-Ílhavo comemora o seu 5.º aniversário



«O CIEMar-Ílhavo comemora o seu 5.º aniversário no dia 1 de abril, com um programa multifacetado. De manhã o Museu mostra a sua polivalência, com a realização de uma aula de yoga no Aquário dos Bacalhaus e com uma oficina de modelismo náutico. A sessão comemorativa começa às 17:00, com um conjunto momentos de grande interesse: a inauguração da exposição "Ílhavo - Memória e Identidade", um projeto académico da Universidade de Aveiro; a apresentação da publicação “História e Memória do Porto Bacalhoeiro”; a abertura da remodelação da exposição de modelos de navios na Sala dos Mares; e a apresentação do Boletim digital n.º 5 do CIEMar-Ílhavo.
Este será mais um dos momentos da comemoração do 80.º aniversário do Museu Marítimo de Ílhavo, que se prolongará até ao fim do ano.

Jardim 31 de Agosto em obras



O Jardim 31 de Agosto, uma das salas de visitas da Gafanha da Nazaré, está a ser submetida a obras de manutenção pela CMI, o que muito me agrada, como decerto agradará a todos os gafanhões. Digo isto porque não gosto de uma sala de visitas desarrumada, inestética e tristonha.
Qualquer pessoa com sentido do belo e do agradável deve valorizar o que tem digno de nota, divulgando, aos quatro ventos, tudo o que nos enriquece. Neste caso, o nosso Jardim 31 de Agosto, mesmo com poucas flores, deve merecer continuamente a nossa atenção. Já agora, permitam-me que volte a lembrar as placas inerentes à estátua do nosso primeiro prior e lutador acérrimo pela criação da  freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré, em 1910.

1.º encontro de Universidades Seniores da região de Aveiro

Uma organização do Centro Social 
Paroquial Nossa Senhora da Nazaré

Universidade Sénior (Foto de arquivo)
O Centro Social Paroquial da Gafanha da Nazaré, através da sua Universidade Sénior, está a organizar o 1.º encontro de Universidades Seniores da região de Aveiro, no dia 26 de Maio. Haverá várias comunicações às 14h, na Casa da Cultura de Ílhavo, para as quais é necessária inscrição, a fazer no cartório paroquial, e um sarau cultural às 21h no grande auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro, cuja entrada é livre. 
Este congresso, que é o primeiro do género na região aveirense, será uma mais-valia para todos os que se empenham na criação e dinamização das universidades abertas aos mais velhos, garantindo ocupações de âmbitos diversos aos que muito deram, e continuam dar, à sociedade.
Daqui louvamos o Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Nazaré pela oportuna organização daquele evento.

Uma discussão brava sobre a cegueira

Crónica de Frei Bento Domingues 


«Andam por aí algumas pessoas e movimentos 
a dizer que este Papa, por querer alterar preceitos desumanos, 
coloridos de falsa religião, é herético»

1. Já fui solicitado, várias vezes, para acompanhar peregrinações à Terra Santa. Nunca me foi possível e nunca fiquei com muita pena. Não me desagradaria ter os olhos povoados com esses lugares. Até teria algumas vantagens para ler os Evangelhos e conhecer a geografia das viagens missionárias de S. Paulo. Não tenho nada contra o chamado ”turismo religioso” e os seus negócios. Negócio é negócio e pode dar trabalho honesto a muita gente.
Confesso que a minha branda alergia resulta da própria leitura dos atrevidos textos do Novo Testamento acerca do culto, dos seus tempos e lugares sacralizados. 
No passado Domingo, S. João não deixou escapar absolutamente nada [1]. Desvalorizou, de forma radical, a importância dos templos: o de Jerusalém, dos judeus, e o de Garizim, dos samaritanos. A água do poço do patriarca Jacob não tem mais virtudes do que qualquer outra água. A razão teológica que Jesus apresenta não deixa margem para qualquer deriva: “Está a chegar a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. São estes adoradores que o Pai procura. Deus é espírito. Os que o adoram têm de o adorar em espírito e verdade”.

domingo, 26 de março de 2017

A galinha

Crónica de Maria Donzília Almeida



Estava eu com as mãos na massa, no sentido literal do termo, quando toca a campainha. Não estava a amassar o pão, em concorrência desleal com o diabo que já amassou muito, algum do qual lhe tenha tomado o gosto.
Estava apenas a dar uma ajudinha à massa, antes de a pôr na máquina de fazer pão. Uma volta à massa evita que a farinha aglomere nos cantos redondos da cuba e o pão ficando por cozer. Com os avanços da tecnologia, houve uma redução drástica no trabalho das donas de casa, que agradecem, restando-lhes assim mais tempo para a família.
Há uma diversidade de eletrodomésticos que facilitam, agilizam e economizam tempo e dinheiro, revertendo a morosidade e fadiga das tarefas domésticas em tempo de exercício e convívio familiar.
Tiro as mãos da massa e vou à porta ver quem chamou. Para meu grande espanto, deparo com algo tão insólito quão inesperado: um jovem, cheio de piercings e tatuagens e um corte de cabelo que está na berra – com um rabicho no alto da cabeça. Uma personagem de telenovela foi o modelo e logo ditou a moda. A juventude permeável a estas inovações segue-as logo, numa pura imitação.
Pouco dada a preconceitos e a juízos apriorísticos, confesso que o meu pensamento pecou um pouco, mas assumo-o — mea culpa! 
A minha estupefação não se ficou por ali, quando observei que o jovem trazia uma galinha debaixo do braço. O que estará ele aqui a fazer, naquele preparo? Foi o primeiro pensamento que aflorou ao meu espírito.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Coisas que não interessam a ninguém

Uma crónica de Vítor Bento 
para nos levar a pensar 
um pouco 


«Portugal tem uma das perspectivas demográficas mais desfavoráveis da Europa, quando esta já as tem mais desfavoráveis face ao resto do mundo. Segundo projecções da Nações Unidas, a população portuguesa deverá reduzir-se pelo menos até 2050, sendo a redução particularmente acentuada no segmento etário entre os 20 e os 64 anos. Por outro lado, e como consequência do envelhecimento da população, o segmento com idade igual ou superior a 65 anos continuará a crescer.»
(...)
«Há 50 anos, existiam cerca de 5.5 pessoas com idade entre os 20 e os 64 anos (potenciais contribuintes líquidos do Orçamento) por cada pessoa com idade igual ou superior a 65 anos (potenciais recebedores líquidos do Orçamento). Actualmente, essa relação andará na ordem dos três para um e em 2050 prevê-se que seja de 1.4 para 1 (isto é, metade da actual).»

Ler mais no DN

"Espelho d'Água", telenovela filmada em Aveiro e Ílhavo


Ílhavo: Costa Nova

Aveiro: Canal Central

Para já, tanto quanto me é dado saber, Ílhavo e Aveiro vão andar nas bocas do mundo, graças a uma nova telenovela, já batizada com o nome "Espelho d'Água" e destinada à SIC. Vai custar uns bons milhares de euros às autarquias, na certeza de que as nossas terras e gentes vão estar, julgo que diariamente, nos ecrãs televisivos das casas de muitos telespetadores  
O nosso turismo sairá destes investimentos beneficiado? Julgo que sim. Tratar-se-á de uma prioridade? Também penso que sim, até porque o turismo emprega cada vez mais pessoas, e isso é muito bom. 

2.º Volume da Bíblia de Frederico Lourenço

Já nas livrarias 

Ainda não terminei a leitura do 1.º volume, que inclui os quatro Evangelhos, e já chegou às livrarias o 2.º volume, para completar o Novo Testamento. Tenho muito que ler, sem contar outras novidades literárias que estão à minha espera.

Frederico Lourenço, sublinha, conforme li no Diário de Notícias: «A tradução completa do Novo Testamento é o melhor trabalho que fiz até hoje.» E sobre as críticas referentes ao 1.º volume, diz: «Nenhuma me irritou porque senti que o acolhimento foi muito positivo. Houve a expressão de um ponto de vista previsível, vindo de um determinado setor religioso, mas isso é normal. Cada denominação do cristianismo tem a sua maneira de abordar a Bíblia. A minha tradução não está pensada para nenhuma delas, portanto tem potencial para desagradar igualmente a católicos, a protestantes, a mórmones ou a Testemunhas de Jeová. Ao mesmo tempo, dentro desses quadrantes religiosos, houve pessoas que se interessaram pela minha abordagem e que acham que esta Bíblia não-dogmática pode ser complementar à abordagem teológica e religiosa. Penso que as pessoas já perceberam que ler a Bíblia dentro de uma Igreja é diferente de a ler numa universidade laica, como é a de Coimbra - são duas realidades. Os historiadores e os linguistas não fazem a mesma leitura da Bíblia que farão os teólogos católicos e protestantes. Tudo isso é normal.»

Ler entrevista aqui

Eu fui, lavei-me e comecei a ver

Reflexão de Georgino Rocha


«Acreditar em Jesus 
é acreditar no ser humano, 
como ele sempre faz. 
Em todas as circunstâncias.» 


A clareza da afirmação deixa perceber a grandeza do acontecido. A simplicidade da resposta reenvia o sentido da pergunta. A brevidade da frase indicia o início de um longo processo. A cura do cego operada por Jesus de Nazaré manifesta as maravilhas de Deus e gera um dinamismo interpelante em círculos humanos progressivamente alargados. Surge um novo modo de ver que marca a caminhada na fé de quem faz o itinerário de iniciação ao baptismo, à vida cristã. (Jo 9, 1-41).
Jesus anda em missão. Encontra um cego de nascença. Os discípulos que o acompanhavam ficam inquietos e querem saber o por quê da situação. Pensam que, de acordo com a moral judaica, a doença é fruto do pecado, que tem de haver alguém responsável e era preciso repor a justiça ferida. Não descortinam outros horizontes nem alvitram novas hipóteses.
Jesus tem outro olhar. Em vez do por quê, responde com o para quê. Não está voltado para o passado, mas aberto ao futuro. E por isso desliga do pecado o sucedido e de quem o possa ter cometido, e desvenda o sentido real do que está em causa: ser oportunidade para se manifestarem as obras de Deus. E exorta os discípulos a estarem atentos ao que acontece, a discernirem na sua complexidade o sentido que veiculam, a captarem a mensagem que transmitem, a saberem adoptar a atitude ética coerente, a sonharem outras ousadias.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Hoje acordei assim

Pedras com expressão

Hoje acordei assim. Nem podia ser de outra forma, ou não fôssemos nós influenciados pelo ambiente que nos envolve. Que nos envolve e que faz de cada um de nós seres tristes ou alegres, otimistas ou pessimistas, satisfeitos ou insatisfeitos, comunicativos ou taciturnos. E as pedras também sabem dar-nos recados ou refletir verdades. Nuas e cruas, como diz o povo na sua sabedoria sem limites. O frio, próprio do inverno, está a fazer mossa nas pessoas e noutros seres vivos. E até em seres inanimados. O frio estraga tudo. Dá-nos cabo da paciência: Acicata as dores ósseas e musculares, afeta o nosso pensar e agir, obrigando-nos a ficar por casa no aconchego dos cobertores ou dos aquecedores, para quem os tem ou pode ter. Mas ele há de cansar-se de nos incomodar. E a primavera virá, mais tarde ou mais cedo.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Dia Mundial da Água — Razões para refletir

CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’
DO SANTO PADRE FRANCISCO
SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM






29. Um problema particularmente sério é o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas. Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas com a água, incluindo as causadas por microorganismos e substâncias químicas. A diarreia e a cólera, devidas a serviços de higiene e reservas de água inadequados, constituem um factor significativo de sofrimento e mortalidade infantil. Em muitos lugares, os lençóis freáticos estão ameaçados pela poluição produzida por algumas actividades extractivas, agrícolas e industriais, sobretudo em países desprovidos de regulamentação e controles suficientes. Não pensamos apenas nas descargas provenientes das fábricas; os detergentes e produtos químicos que a população utiliza em muitas partes do mundo continuam a ser derramados em rios, lagos e mares.

30. Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável. Esta dívida é parcialmente saldada com maiores contribuições económicas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres. Entretanto nota-se um desperdício de água não só nos países desenvolvidos, mas também naqueles em vias de desenvolvimento que possuem grandes reservas. Isto mostra que o problema da água é, em parte, uma questão educativa e cultural, porque não há consciência da gravidade destes comportamentos num contexto de grande desigualdade.

31. Uma maior escassez de água provocará o aumento do custo dos alimentos e de vários produtos que dependem do seu uso. Alguns estudos assinalaram o risco de sofrer uma aguda escassez de água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas urgentes. Os impactos ambientais poderiam afectar milhares de milhões de pessoas, sendo previsível que o controle da água por grandes empresas mundiais se transforme numa das principais fontes de conflitos deste século.

Ler mais aqui

Arqueologia na Casa da Cultura de Ílhavo


segunda-feira, 20 de março de 2017

Não tardes, Primavera!

Flores do meu jardim 









Chegou tímida, muito tímida, a Primavera deste ano. Sol ausente a contrariar a nossa ansiedade, talvez para nos ensinar a esperar, a ter confiança no ciclo da vida a que estamos habituados. A natureza, no seu pensar e agir, tem destas coisas: Gosta de intervir, exercendo o seu papel pedagógico em nosso proveito. A capacidade de espera e a paciência  tranquila são virtudes um pouco desvalorizadas. 
A Primavera, a autêntica, sobre a qual fazíamos redações no Ensino Primário cantando a sua beleza, com o desabrochar da vida, das plantas e demais seres vivos, do sol ameno e temperaturas gostosas, hoje muito pouco nos disse. 
Agasalhado, saí do meu sótão de máquina em punho. Teimosamente à descoberta de sinais anunciadores de que a Primavera, mais dia, menos dia, estará a bater-nos à porta para nos garantir que vem para ficar. E confirmei que ela vem mesmo a caminho.Oxalá venha depressa. 

F.M.

Primavera - 2017

 O brinde do Google para esta primavera

domingo, 19 de março de 2017

O meu pai

Para o meu querido pai, 
com imensa saudade da sua presença física


O meu pai está sempre presente na minha vida. Faz parte integrante do meu pensar e agir. Nunca o vi zangado e quando a minha mãe, Facica de temperamento, lhe dizia alguma coisa menos agradável, o que acontece, aliás, com qualquer casal normal, era certo e sabido que o meu pai reagia com um sorriso. Era um sorriso que nos envolvia e contagiava pela sua serenidade.
O meu pai, Armando Lourenço Martins, Armando Grilo como era mais conhecido, foi menino para a pesca do bacalhau. Nunca teve tempo para brincar, muito menos para estudar. E por lá andou enquanto pôde e a família exigia. A sua grande preocupação concentrava-se no bem-estar da mulher e filhos. E como gostava ele de me ver brincar com o meu irmão, três anos mais novo do que eu… E às tantas dizia: «Chega por hoje, também é preciso fazer outras coisas, vamos ajudar a mãe.»
Tenho a certeza de que Deus, que meu pai me ajudou a descobrir pela porta da bondade, da ternura e do amor, o tem no seu regaço maternal, onde espero encontrá-lo um dia. Aí, teremos todo o tempo do mundo para conversar, na companhia da mãe Rosita Facica e do Armando, o nosso Menino.

Fernando Martins

Nota: O meu pai nunca usou barbas, mas um dia, quando chegou da viagem, apresentou-se assim para espanto de todos nós. Perante a nossa reação, logo esclareceu: «Calma, é só para tirar a fotografia.» E lá foi a Aveiro resolver a situação.  

Não rezem como os gentios

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO




Seria grossa asneira supor que Deus é o substituto da investigação científica, da organização do Estado, do bom funcionamento do ensino, do serviço nacional de saúde, de hospitais de qualidade, do funcionamento da Justiça, da solidariedade, etc.

1. Dizem-me que, hoje, no campo religioso, a espiritualidade é a sua expressão mais chique e o esoterismo, a mais democrática pela numerosa oferta de expedientes, sem os aborrecidos mandamentos das religiões.
Há espiritualidades para tudo e mais alguma coisa. Cada uma das ordens e congregações religiosas reclamam-se de uma espiritualidade original, marca da sua identidade. Os diferentes movimentos do laicado católico alargaram esse pluralismo ao apresentar e justificar os seus caminhos e mediações pretensamente inconfundíveis.
Redescobriu-se, no diálogo inter-religioso, que o divino Espírito não é propriedade privada de ninguém. Existem movimentos agnósticos e ateus que se reclamam de uma profunda sabedoria espiritual. Mas ficava sempre alguma coisa de fora. A chamada espiritualidade holística é tão abrangente que nela há lugar para tudo.
O todo é inabarcável e, como diz o Novo Testamento, o Espírito sopra quando e onde quer, sem pedir licença a ninguém, resistindo a ser domesticado. As classificações humanas dos carismas não podem impedir, no seu catálogo, a espiritualidade dos insatisfeitos.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Transhumanismo e pós-humanismo (1)

Crónica de Anselmo Borges 
no DN


"Não se pode compreender nada actualmente, 
passando ao lado das revoluções tecnológicas."

Embora pouco debatido, está em marcha todo um projecto para modificar o homem, no limite, pensando até na imortalidade, e cientistas trabalham nele, com o apoio financeiro de grandes grupos, como o Google, que tem em Raymond Kurzweil, um génio informático, autor de The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology, o seu mais afirmado profeta. É, pois, relevante que o filósofo Luc Ferry, que já foi ministro da Educação em França, venha, numa obra exigente e pedagógica, La Révolution Transhumaniste, alertar para a urgência da reflexão sobre tão complexa temática: "Não se pode compreender nada actualmente, passando ao lado das revoluções tecnológicas."

1. O transhumanismo, explica Ferry, é um filho da terceira revolução industrial, a do digital e das NBIC: nanotecnologias, biotecnologias, informática, ciências cognitivas, isto é, ciências do cérebro e inteligência artificial. Tem três características fundamentais: a passagem de uma medicina terapêutica a uma medicina de "aumento", concretamente através da engenharia genética e da hibridação (um exemplo: mediante um implante, ficar com uma visão de águia); passagem do acaso à escolha, "from chance to choice", da lotaria genética a um eugenismo; o aumento da vida humana, lutando contra o envelhecimento e a morte (a Universidade de Rochester já aumentou em 30% a vida de ratos transgénicos). Numa palavra: avançar para "homens aumentados".

A água de Jesus sacia a nossa sede

Reflexão de Georgino Rocha


O encontro de Jesus com a samaritana contém uma riqueza admirável de ensinamentos. Pelo que mostra e pelo que simboliza. Para todos os tempos. Centrado nas sedes humanas, envolve outras dimensões pessoais e colectivas, conjugais e familiares, étnicas e religiosas, espirituais e transcendentes. Centrado em dois protagonistas – o judeu Jesus e a anónima samaritana – decorre em ambiente de diálogo pedagógico esclarecedor. Quem necessita passa a dar ajuda e quem dispõe de meios acolhe os que lhe são oferecidos. João, o evangelista encenador e narrador do episódio do poço de Jacob, em Sicar da Samaria, elabora uma excelente catequese que a Igreja integra na preparação dos candidatos ao baptismo, início da vida cristã. (Jn 4, 5-42).
Era cerca do meio dia, hora avançada para quem madruga. Jesus anda em missão pelas terras áridas da Samaria. Sente-se cansado e aproxima-se de Sícar. Senta-se à beira do poço de Jacob. Fica só, pois os discípulos vão à procura de alimento à povoação. A paixão do anúncio da novidade de Deus “assalta-lhe” o coração. Ergue o olhar e vê uma mulher que vem com um cântaro vazio. O encontro pressentido e desejado vai acontecer, embora seja preciso cautela prudencial. “Dá-me de beber” é a saudação inicial que soa muito estranha ao ouvido daquela mulher. E a réplica tem algo de censura: Tu, judeu, atreves-te a fazer pedidos a uma samaritana? Jesus avança com uma proposta de sentido diferente e garante-lhe: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que que te diz: “Dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e Ele te daria água viva”.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Márcio Walter: Minhas andanças por Portugal

Texto e fotos partilhadas por Márcio Walter 

Márcio Walter e Fernando Martins na Costa Nova
O título do livro “Viagens na minha terra”, de Almeida Garrett, sempre me chamou a atenção por dois motivos: a ação (viagens são coisas que sempre gostei de fazer desde pequenino) e o lugar (“na minha terra”). Obviamente, Garrett falava sobre sua jornada entre Lisboa e Santarém, dentro do Portugal do século XIX, num período de guerra entre liberais e miguelistas. Todavia, no meu imaginário, essas viagens seriam atemporais e sem dissensões. 
Como bisneto de portugueses por ambas as partes de minha família, Portugal sempre foi uma memória presente para mim – memórias tidas por outros num passado próximo e contadas por terceiros que as narravam vividamente como se tivessem feito parte delas. Daí, minha sensação de que as terras das quais Garrett falava também eram minhas. Por isso o desejo de um dia entrar num comboio (ou trem, como dizemos pelas bandas de cá do Atlântico) e de sua janela observar os olivais, o mar português, os rios, os montes e as casas cujas imagens se pintavam em minha memória-fantasia desde a mais tenra infância. 

Márcio em Lisboa
Em dezembro de 2015, devido a uma pesquisa genealógica iniciada no ano anterior, pus os pés sobre o solo lusitano pela primeira vez. Quão maravilhosa a sensação de sair do aeroporto e sentir a frescura do ar invernal de Lisboa, o lugar que serviu de modelo para a criação da minha cidade natal de São Salvador da Bahia. Caminhar pelas pedrinhas brancas da calçada, subir e descer ladeiras de pedras negras, olhar ao lado e ver a arquitetura barroca das igrejas e casas, escutando o som do fado vindo de algum lugar, me fez sentir em casa duas vezes. Pois, ali, eu via a imagem de minha própria terra americana fincada no continente europeu e ao mesmo tempo revivi as fantasias criadas no tempo de miúdo quando as histórias de meus antepassados me eram contadas. Lisboa, então, começaria a ser o sítio de chegada e partida, porque muito mais se há de ver por esse país geograficamente pequeno, mas absolutamente grandioso em sua história, sua cultura e seu povo afável, acolhedor e de espírito inquebrantável.

Márcio em Coimbra
Não fiz o percurso de Garrett, minha primeira parada depois de Lisboa, ao contrário de ser Santarém, foi Coimbra, a cidade em cuja universidade a grande parte dos poetas e intelectuais brasileiros tinham estudado desde o século XVII. Ouvir anunciar no autofalante que era a “próxima paragem Coimbra B”, fez com que meu corpo sentisse um choque de excitação. Descer à rua, ver a torre Cabra cortando o céu no alto da colina, sentir a brisa que subia do Mondego, ouvir as vozes e o sotaque pelo caminho, era muito melhor do que ver o país apenas da janela do comboio – essas paisagens vistas de longe e como observador apenas deixei-as para os pequenos lugares por onde passei a caminho de Figueira da Foz, Conimbriga, Foz de Arouce, Arganil ou Lousã, esses sítios outrora afastados de mim e ao mesmo tempo tão próximos, quer fosse pela genealogia, quer pela beleza e significado de cada um -, porque em Portugal o que vale mesmo é saltar fora do trem ou dos autocarros e viver cada sítio, cada meia de leite com tostas enquanto moradores locais, sempre muito receptivos aonde eu fui, conversavam comigo e me contavam suas histórias e eu descobria as minhas. 
Coimbra, muito além de ser um lugar de minha própria ancestralidade, é também o parque, os mosteiros, as ladeiras e a gente bacana com quem se toma um café à Portagem e se vê o pôr do sol entre conversas amistosas, aliás, não só Coimbra. 

Márcio em Aveiro, Costa Nova  e praia
Lembro de fazer o mesmo sentado em frente à Ria de Aveiro, observando o vai e vem dos moliceiros coloridos sarapintando a paisagem com cores que não eram muito distantes daquelas da Costa Nova, cujas casas são uma atração à parte. Sentando ao cais de onde vemos a imensa ria de um lado e a arquitetura vibrante de outro – onde mais se pode sentir em dois mundos tão diferentes e de forma tão única? Onde se tem a natureza refletida na areia de cor bege, na água clara molhando os pés próximo aos antigos/renovados palheiros ali mesmo ou um pouquinho mais adiante na Barra ou pelo píer da Vagueira e pelos restaurantes de enguias fritas ou stands de tripas recheadas com ovos moles. Ali mesmo em Aveiro se pode deixar o coração e a alma repousando serenos, vendo a água chegar à praia onde antigamente os bois puxavam a pesca.
Minhas andanças por Portugal geralmente se fixam entre Aveiro e Coimbra por conta das pesquisas que faço, mas obviamente Portugal se estende muito além desse eixo. Por exemplo, não muito longe dali, encontrei a Ribeira onde as famosas tripas do Porto são servidas com o vinho suave e os transeuntes se reúnem aos montes para ouvir cantores que fazem seus shows ao ar livre aos pés da Ponte Luís I. À qual também se pode subir e observar o D’ouro correr livre sob nossos pés enquanto a ponte treme com o trem que passa. A linda, antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto, sua história de resistência e lealdade encerrada naquelas muralhas e prédios centenários, as vinhas e os barcos cortando o longo e antigo rio, isso, para o turista de olhar encantado (e quem não se encanta?!) não é nem de longe apenas mais uma paisagem nas muitas fotografias e selfies obrigatórios, mas uma lembrança que se gruda ao espírito para nunca se esvanecer. 
Caminhar por aquelas ruas nos traz uma sensação de transposição no tempo e no espaço, um lançar-se em algum lugar onde o sonho e a história se confundem. Onde tudo no resto do mundo parece ser sombras. 

Márcio no Porto 
A cidade do Porto pela qual me apaixonei num dia de domingo, parece mesmo ser daqueles lugares que aguçam a fantasia e inspiram poetas e soldados, racionais e emotivos. O Porto tem seu charme, sua mágica sedutora como as notas da música triste que soa pelas esquinas e nos restaurantes famosos. Entretanto, em Portugal se vai de encanto em encanto, de fascinação em fascinação por entre os diversos outros lugares no país de Florbela Spanca. 
Ver-me às portas de Braga, seus santuários, seu Bom Jesus do Monte e as escadarias que o cortam num zig-zag de beleza única, como únicos são seus jardins espraiando-se ao longo das ruas do Centro, não é inferior a nenhum outro lugar que no país dos lusos eu tenha visitado – cada lugar é único e igualmente diferente. Cada cheiro (sim! Há cheiros em Portugal que me pareceram peculiares), cada lufada de vento, cada praça com sua igreja central de campanários antigos nos faz remontar na história e nas eras, nos levando ao caminho de onde outrora se passava devagar a pé ou no lombo de animais e agora velozes como nos poemas de Álvaro de Campos. Portugal tem de tudo um pouco (ou muito)! 

Márcio em Viana
Como nos lembra a estátua postada em frente a ponte sobre o Rio Lima, com os touros, que aravam o chão, ajudando os camponeses em sua lida a cujo redor estão carros e buzinas e música cortando o ar da vila mais antiga do país. Lá, onde o Santo Antônio multicolorido abençoa seus habitantes e de onde podemos chegar rapidamente a um outro lugar santo, à capela da Senhora de Castro, de onde se vê correr o Rio Lima a desembocar no mar, passando por entre casas e bosques e bancos de areia da linda e acolhedora Viana do Castelo. Quem não se emociona com aquela visão estonteante a partir da igreja de Santa Luzia, a ver o mar, a terra, a floresta se abraçarem num amor profundo? 
Passear por Portugal para mim é como fazer uma viagem em quatro dimensões: emocional, cultural, histórica e linguística. 
Não é necessário dizer aqui o porquê da história, pois esta mesma se manifesta em cada casa, em cada rua, em cada aldeia, pois quem anda pelas ruas seculares logo a percebe, mesmo sem os olhos abertos. 
A cultura, por sua vez, manifestada na sua culinária única - do bacalhau aos doces, da ginjinha ao vinho do Porto, e tripas e chanfana e arroz de tamboril. E nas cavacas arremessadas da capela de São Gonçalinho, em Aveiro, numa demonstração da fé imortal de um povo fervorosamente religioso, a sair em procissão pelas ruas nos dias santos, invocando seus deuses e heróis e mártires ao estilo romano. Mas não só nisso! O que não dizer dos trajes e danças típicos de Viana, dos Açores, da Madeira e do orgulho estampado nos rostos dos que fazem e dos que veem a sua tradição recontada?!
A emoção que se sente é de excepcional profundidade por motivos que ultrapassam a explicação. E não para simplesmente por aí pelas demonstrações da alma desse povo, mas se propaga pelas risadas ao escutarmos palavras tão corriqueiras dos discursos diários que para nós, falantes do português americano, têm sentido totalmente diverso e que nos arrancam as gargalhadas sob o olhar atônito de nossos interlocutores. Vocábulos tais quais “rapariga”, “cu”, “puto” e “biscate” fazem os brasileiros, mesmo divertidos, corarem dependendo do caso. Pois ao fazerem o tal Acordo Ortográfico, não levaram em conta a semântica. 
Em Portugal, aprendi um novo português, retomei palavras de vocabulário visto apenas em livros, tive de tomar cuidado com expressões comuns a ambos os nossos portugueses (europeu e americano), mas que para vós vos fazem corar. Sigo, entretanto, a ter dificuldades em usar o “tu”, uma vez que na minha comunidade linguística de Salvador da Bahia o utilizamos apenas para nos referirmos a Deus em oração (“você” é o que usamos informalmente. Formalmente dizemos “o senhor/a senhora”). Seja tal qual for, como disse o Caetano Veloso com ecos do Pessoa: “Gosto de sentir minha língua roçar a língua de Luís de Camões (...) minha pátria é minha língua”.
Só mesmo visitando, fazendo viagens nessa “minha” terra, agora fixada para sempre em meu coração, é que se pode entender - de forma pessoal e única – toda a extensão do que é estar em Portugal, do que significa tomar um café à beira do Tejo enquanto se come um pastel de Belém (ou em qualquer outro sítio, com qualquer nata, ovos moles, bolas de Berlim!). Andar em Portugal, para mim, é redescobrir o ar de admiração, o coração bater apaixonado e a beleza dos dias passando leves.

Ver blog do Márcio aqui 

oooooooooooooooo

NOTA: Há encontros pessoais providenciais. Surgem quando menos se espera e ocorrem ao sabor da maré. Uns terminam levados pelas ondas e outros ficam na praia abertos ao diálogo. Foi assim  com Márcio Walter que veio do Brasil à procura dos seus ancestrais, oriundos da terra dos ílhavos e da banda da  Lusa Atenas. E bateu à minha porta e o diálogo franco aconteceu. Umas pistas para achar os Rocha-Carolas, que os há em abundância aqui à nossa porta. E Márcio calcorreou o que era necessário. E achou o que procurava.
Jovem viajante do mundo, conhece terras e gentes de cada canto da Europa. Porventura de outros continentes, a partir do seu Brasil, país que foi filho e há muito virou irmão de Portugal.
Por aqui  fez amizades, partilhou   conhecimentos, descobriu a nossa cultura, o nosso linguajar, as nossas tradições. Ficou fascinado pelas paisagens lusas, leu os nossos clássicos, respirou os ares marítimos e serranos deste país à beira mar plantado,  saboreou os nossos petiscos, sentiu o inverno português e europeu, gozou a frescura da primavera florida e o calor ameno do nosso verão, e ficou a saber que os nossos outonos avisam mesmo que o frio está a chegar. E fez amigos.

Um abraço,  meu caro Márcio

Fernando Martins                                                                              

quarta-feira, 15 de março de 2017

Passagem pelo Parque Infante D. Pedro









Hoje fui matar saudades ao Parque Infante D. Pedro, onde não ia há anos. De carro e mesmo a pé passei várias vezes, mas nunca me ocorreu entrar para apreciar a vegetação, o lago, os painéis cerâmicos com motivos aveirenses e a Casa de Chá que já serviu vários fins. Hoje estava com sinais de algum abandono.
Não subi as escadarias para apreciar o jardim superior, porque as pernas não davam mais. E então contornei o lago de águas esverdeadas, dois patitos marrecos ou de raça desconhecida, o arvoredo variegado. Mas nada de cisnes como antigamente. Um pombal no meio do lago servia de hotel aos pombos que decerto se deleitavam com árvores e arbustos para todos os gostos. Pouca gente por ali andava. Alguns estudantes à conversa, um grupo de idosos de chapéu amarelo lanchava sob os cuidados atentos de funcionárias, um ou outro, como eu, fotografava e nada mais.
As passadeiras superiores não estavam a ser muito frequentadas para conduzir as pessoas para o outro lado das rua de trânsito intenso. 
Segundo reza a história, o parque foi construído numa propriedade dos frades franciscanos a partir de 1862, na zona do Convento de Santo António. O coreto de Arte Nova fica no jardim superior onde desta vez não fui. Também pode ser apreciado nesse jardim uma homenagem ao insigne aveirense Jaime de Magalhães Lima.

 Fernando Martins

terça-feira, 14 de março de 2017

Tempos de Pesca em Tempos de Guerra no El Correo Gallego.es

A notícia  chegou-me há momentos. Xosé Cermeño publicou no El Correo Gallego.es uma reportagem sobre o livro "Tempos de Pesca em Tempos de Guerra" de Licínio Amador. O livro do nosso amigo Licínio está a chegar longe. E não ficará apenas pela Galiza. 



Submarino alemán U-94 del tipo VII C. Ofciais observan á tripulación de a bordo da nave

Licínio Ferreira relata como a II Guerra Mundial chegou ata os barcos bacalloeiros cando un submarino alemán afundiu o pesqueiro Maria da Glória.

Posiblemente as persoas poidan dividirse en dúas clases: a xente común e os homes que navegaron nos barcos bacalloeiros polos mares do norte. A pesca do bacallau no século pasado era en si mesma unha tarefa épica, máis propia de deuses mitolóxicos que de xentes normais. O frío, os temporais, a soidade no mar, os meses de reclusión en barcos inhóspitos, o traballo en durísimas condicións, a complicada convivencia en espazos reducidos... marcaron unha actividade de características lendarias.

Ademais, a historia deste traballo fora de calquera medida sumaba de cando en vez algún feito extraordinario con vocación de converterse en mítico. Nos últimos anos, historiadores do mundo da pesca e mariñeiros con boa memoria teñen verquido en libros e reportaxes as súas peripecias case inverosimis. E Portugal, os libros sobre a pesca do bacalhau forman xa un xénero en si mesmo, cultivado por profesores, navegantes, pescadores e científicos. Autores como Alvaro Garrido - desde unha perspectiva académica, Valdemar Aveiro -desde a lembranza persoal- , Manuel Luís Pata -cun enfoque local e etnográfico- e outros moitos, desde un punto de vista xornalístico e literario, ampliaron nos últimos anos o coñecemento e tamén a mitoloxía dos barcos e mariños bacalloeiros.

Ler mais aqui 

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue