no Lar de Idosos
da Quinta do Rezende
Capela da Quinta do Rezende |
Alguma e julgo que passageira dificuldade de mobilização de pessoa amiga, que não víamos há bons anos, levou-nos a passar por Pardilhó um dia destes. Tão condicionados por outras tarefas que nem tempo houve para visitar amigos e familiares, muito menos para olhar cantos e recantos de uma terra onde passámos muitas férias alegres e felizes. Um filho, que, como os demais, também nutre por Pardilhó saudades dia a dia revigoradas, tantas são as gratas recordações que alberga na sua memória, recomendou-me que me não esquecesse de fotografar a terra simpática dos seus ancestrais maternos. Não consegui, para além de duas ou três, registadas de fugida. Prometemos voltar, se Deus quiser.
Encontrada a amiga, a conversa nunca mais se esgotava. Nem fome nem sede nos incomodaram. Recordações de juventude, a vida vivida com sonhos atingidos e por atingir, o desgaste físico inevitável e porventura nunca esperado, que os anos só passam para alguns, nunca por nós, as doenças que nos limitam, alegrias que se sobrepõem às tristezas, de tudo um pouco passou no filme real realizado pela nossa ainda capacidade de criar. Promessas de continuar com novos capítulos...
O cenário teve por pano de fundo, no palco da nossa existência, o Lar de Idosos da Quinta do Rezende, onde fomos acolhidos por um dirigente, diretora técnica e demais funcionários com a lhaneza com que decerto costumam receber os convidados e familiares ou amigos dos que ali residem.
Como nota curiosa, a responsável do Lar conseguiu localizar-nos e avisar-nos da presença da nossa amiga na instituição, ao aperceber-se do seu desejo de nos ver, coisa que não deve ter sido fácil, de tão parcas serem as referências que, entretanto, foi repescando. Aqui ficam os nossos agradecimentos. E prometemos voltar.
No final, e já no regresso a casa, fomos meditando na alegria que demos a uma amiga sem filhos e com parentes longe de Pardilhó, terra que foi e é sua e dos seus antepassados. Radicada em Lisboa, nesta fase da vida voltou às raízes, atitude que consideramos muito positiva. E também percebemos que os idosos têm direito à amizade, à ternura, aos cuidados a todos os níveis e inerentes à dignidade da pessoa humana. Visitá-los é o mínimo que podemos fazer.