sábado, 26 de outubro de 2013

O mal e Deus: com Valter Hugo Mãe

Crónica de Anselmo Borges
no DN de sábado
Anselmo Borges



1. Foi um convite amável e insistente. Para uma conversa com Valter Hugo Mãe. Na Universidade de Aveiro, no dia 8 de Outubro. O tema: Mal.
O que é que se diz sobre o mal? Comecei por recordar que há muitos tipos de mal: o mal físico, o mal moral, o mal metafísico, o mal fora de nós, o mal em nós..., chamando sobretudo a atenção para o facto de, se estávamos ali para essa conversa-debate, é porque nos sentíamos razoavelmente, com algum conforto e sem grandes aflições. Porque, quando o mal se abate sobre nós - um cancro, um terramoto, um tsunami, um filho que se nos morre desfeito em dores e perante a nossa impotência total, quando nos destruímos mutuamente, quando tudo se afunda sob os nossos pés, quando o futuro todo se apaga... -, aí gritamos, choramos, blasfemamos, rezamos..., não debatemos.

SOU PECADOR, PERDOA-ME, SENHOR



Georgino Rocha


Esta declaração e petição surge na parábola de Jesus narrada no fim da sua viagem para Jerusalém. É feita por um publicano, homem malvisto pelo povo devido à sua profissão de cobrador de impostos. Brota de um coração humilde e confiante em Deus compassivo e misericordioso. Fica na memória dos discípulos de Jesus como referência fundamental para quem quer reconhecer-se no seu ser mais autêntico e profundo. Entra na liturgia e é rezada com frequência no início da celebração eucarística/missa. E, com verdade, pode ser repetida muitas vezes por quem for honesto e leal consigo mesmo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A honra e a lei


"A honra proíbe ações que a lei tolera"


Séneca (4 a.C.-65 d.C.)

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Poesia para este tempo




CANÇÃO DE OUTONO

No jardim deserto,
Já Novembro perto,
Desfolhei as rosas últimas a dar,
Joias maltratadas,
Rosas desfolhadas!
Só o seu perfume vai ficar no ar.

Recolhi versos
– Breves universos –
Que atirara ao vento para os espalhar.
Queimei-os, rasguei-os.
Secaram-me os seios…
Só rimas e ritmos vão ficar no ar.

Saudades, lembranças
De vãs esperanças,
Fiz covais no peito para os enterrar.
Nada mais me importa.
Fechem essa porta!
Só um pó doirado vai ficar no ar.

José Régio


No “Música Ligeira”

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A nossa ria sempre presente





A nossa ria está sempre em cada um de nós. Barcos, barquinhos, navios, velas, mastros, moirões, pontes, água e casario que a envolve enchem-nos o espírito. Em dia de chuva, que é também um convite ao recolhimento e à organização de arquivos eternamente em desalinho, descobri esta foto que aqui partilho.


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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Búzio

Este búzio nada tem a ver com o da estória que o Padre Resende conta.
 Mas que seria semelhante, lá isso seria

«Tão pobrezinha [a primeira capela] que estava desprovida de torre, ou simples campanário, e de sinos.
Sem campanário, sem sinos… Como remediar a falta? Como convocar os fiéis para a santa Missa, para o exercício do culto divino?
Tem o seu quê de regional e de poético a maneira como remediaram a falta e como convocavam os fiéis ao templo. No dealbar do dia, ou à tarde ao mergulhar suave e majestoso do sol nas águas do Oceano, conforme a convocação se fizesse para o Santo Sacrifício ou para as orações da manhã ou da noite, um repolhudo gafanhão, improvisado de sacrista, dirigia-se para o templozinho cheio de misticismo, descalço, de cuecas a cair sobre a rótula, cingidas pelo cós com um só botão às ancas espadaúdas. De barrete pendente sobre as orelhas, contas ao pescoço sobre a baeta da camisola, e de gabão velho, esburacado, deixava fustigar pelo vento da madrugada as canelas magras e nuas.
Este bom e anafado gafanhão, ia eu dizendo, assim descrito, tal qual era na primitiva Gafanha, soprava desesperadamente num enorme búzio, cujos sons cavos, profundos e compassados, iam quebrar-se de encontro às cordilheiras solitárias e silenciosas das dunas, ou espraiar-se pela argentínea superfície do oceano infindo.
E daquele rosto, congestionado e entumecido pelo esforço pulmonar, emergiam uns olhos a saltar das órbitas, a completar um quadro que bem lembrava Neptuno, na solidão das águas, a tirar da enroscada concha vozes cavernosas, a fazer sair dos abismos e das ondas toda a caterva de malignos tritões, a chamar os deuses marinhos para o diabólico conciliábulo de algumas desgraças, ou de alguma tragédia marítima.»

João Vieira Resende,
Na "Monografia da Gafanha"


Diocese de Aveiro em Missão Jubilar

Novas atividades até ao Natal





«“As bem-aventuranças constituem um texto incontornável do Evangelho. São mensagem central da boa nova de Jesus. Apresentam uma proposta de paradigma para uma vida feliz e para um horizonte humano e social com sentido”, explica D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro.
Segundo o prelado, o tempo atual é “marcado pelo individualismo” e muitos consideram que a felicidade constrói-se através de “coisas materiais”, “alcançando objetivos meramente pessoais” mas “a felicidade não se pode comprar” porque “é expressão de vidas conseguidas, de vidas com projeto, de vidas com sentido”.»

Ler mais aqui

Humanizar a Sociedade

O mais recente livro de Georgino Rocha



O mais recente livro do Padre Georgino Rocha — Humanizar a Sociedade - Responsabilidade de todos  - Contributo dos mais vulneráveis — vai ser lançado no próximo dia 30 de outubro, quarta-feira, pelas 17 horas, no Auditório da Livraria da Universidade de Aveiro. Este trabalho publicado pela Cáritas Portuguesa, tem prefácio do Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, vai ser apresentado por João César das Neves, docente de Economia da Universidade Católica Portuguesa. No final, o autor autografará o seu livro a todos os interessados.
  

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Marnoto Gafanhão — 13

 Um texto inédito de Ângelo Ribau Teixeira


Outras leituras


Outro caso que nunca me pareceu bem explicado foi o facto de José (marido, companheiro?) de Maria. Continuando as minhas leituras não encontrei resposta para esta pergunta que me fazia! Um dia ao ler a história de uma mulher que foi apedrejada por ter engravidado sendo solteira (isto no tempo de Jesus, o que ainda agora se verifica para aquelas bandas) levou-me a pensar que José terá sido um simples companheiro de Maria, para lhe evitar dissabores e ajudar no sustento da casa já que nem todos os judeus acreditavam na história do Espírito Santo.
Fiquei-me com estas minhas explicações, meditando se haveria outras mais plausíveis. Se as houvesse, viria a descobri-las. E a leitura da bíblia continuou. Eu não poderia perder tempo se quisesse acabar a sua leitura.
Entretanto mudei de assunto  quero dizer, de leitura  para outra que não fosse tão maçuda. Eram só desgraças e pecados.

Os pescadores



Os pescadores amadores são um belo exemplo de tenacidade e de paciente espera. Nada os afasta desta paixão. Admiro-os muito, talvez por nunca ter conseguido aprender a arte de pescar. E nem as nuvens carregadas e ameaçadoras de chuva os levaram  a desistir. Ontem, à boca da barra, havia bastantes. Até parecia um concurso de pesca, que logo admiti ser impossível em dia de semana. Eu regressei a casa com medo de apanhar alguma chuvada, mas eles lá ficaram, serenos, calados, pacientes.

Ano Jubilar de Schoenstatt e Missão Jubilar de Aveiro em sintonia

Bispo de Aveiro
na Abertura do Ano Jubilar de Schoenstatt





Santuário de Schoenstatt 
é lugar de oração, vocação e missão

«Queremos que este tempo e este lugar sejam tempo e lugar de oração. O Santuário de Schoenstatt nasceu para isso.» Afirmou D. António Francisco na homilia da eucaristia de Abertura do Ano Jubilar de Schoenstatt, que se celebrou no passado dia 18 de outubro, no Santuário Diocesano de Schoenstatt, onde se venera Nossa Senhora, Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável. O jubileu do centenário do Movimento de Schoenstatt, que foi fundado na Alemanha pelo Padre José Kentenich, em 1914, vai decorrer até outubro de 2014, envolvendo todos os santuários do Movimento espalhados pelo mundo cristão. 
O Bispo de Aveiro afirmou que o Santuário de Schoenstatt nasceu para «ser espaço e tempo de silêncio, de oração contemplativa, de paz que dê serenidade à vida, de capacidade de contemplar e de viver os mistérios de Cristo com o olhar maternal de Maria». Mas também deve ser espaço de «diálogo orante em que o coração fala e escuta, pede e agradece, invoca e louva.»
D. António Francisco frisou que «celebramos este Dia Jubilar em tempo de Missão Jubilar na nossa Diocese de Aveiro», tendo presente que «é com este mesmo espírito jubilar e nesta plena comunhão de Igreja que somos, que nos devemos propor viver este tempo de bênção e de graça que os jubileus sempre nos trazem».
Ao evocar a expressão que o fundador quis que ficasse impressa no seu túmulo — Dilexit Ecclesiam” (Amou a Igreja) — o nosso bispo salientou que o Padre Kentenich «amou a Igreja e viveu uma sólida e muitas vezes heroica fidelidade à Igreja», legando ao futuro «este carisma fundador, que fortalece em cada um de nós uma aliança de amor com Deus», confiando-nos «ao cuidado de Maria, a Mãe Admirável». 
O prelado aveirense propõe que o Santuário de Schoenstatt seja «lugar de vocação», para responder ao apelo de Jesus, quando recomendou aos seus discípulos que pedissem «ao Senhor da messe» que enviasse «trabalhadores para a sua Messe». «Isso mesmo se espera da oração e da presença de todos os peregrinos deste Santuário. Isso mesmo se deve encontrar permanentemente em vós, Sacerdotes do Instituto Secular de Schoenstatt e Irmãs de Maria. Vós, que viveis lado a lado com este Santuário, sois chamados a espelhar esta fisionomia vocacional e a dizer-nos pela verdade da vossa vida, pela alegria da vossa entrega de consagração e pelo acolhimento e acompanhamento dos peregrinos deste Santuário, como é bom e belo seguir o Mestre e ser trabalhador da sua Messe», adiantou D. António Francisco.
Na homilia da eucaristia da Abertura do Ano Jubilar de Schoenstatt, o Bispo de Aveiro recordou que o Santuário nos «convoca diariamente para a Missão». «Quem encontra Jesus e com Ele estabelece aliança de amor fiel e irreversível nunca fica só», afirmou. E concluiu com uma ligação oportuna entre o Ano Jubilar de Schoenstatt e a Missão Jubilar de Aveiro: «É este rosto missionário da Igreja de Aveiro que aqui deve estar impresso em todos os momentos e vivido em todas as iniciativas.»

Fernando Martins

Ler mais sobre a abertura do Jubileu aqui

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Barra de Aveiro

As obras no molhe norte continuam

Desde que me conheço, sempre houve obras na Barra de Aveiro. Grandes ou pequenas, paredões e extensões, dragagens e muralhas, reparações e reposições foram e são uma constante para assegurar boas entradas e saídas. Sabe-se que as reações do mar, das correntes marinhas e das imprevisíveis atitudes da natureza escapam aos conhecimentos e cálculos dos homens sábios. Por isso, continuaremos a ter obras na barra. Esta é a grande e única verdade.

Peste grisalha?

Avó de cabelos brancos (Foto do Google)


A propósito da "Peste grisalha",  que alguém terá proferido ao dirigir-se aos idosos, pessoa  amiga alertou-me para um trabalho publicado  no blogue "Em busca do sono perdido", que ouso partilhar com os meus leitores e amigos. 

Diz a autora do texto:


«Foi para contrariar a violência sistematicamente perpetuada sobre idosos, agora também na alta Câmara do país, que fiz uma pesquisa sobre feitos dessa dita “peste grisalha”. Aqui vão uns tantos:

· O código Morse foi descoberto aos 47 anos.
· Edgar Rice Burroughs, criador do Tarzan , foi correspondente de Guerra aos 66 anos
· Bell ainda fazia invenções com 75 e Edison produziu o telefone aos 84
· Golda Meir foi 1º ministro aos 70 e Winston Churchill aos 66 e aos 77 e Adenauer aos 88 .
· Charles de Gaulle e Ronald Reagan foram presidentes aos 69.
· Franklin deu a sua contribuição para a constituição dos EUA aos 81
· Goethe acabou o “Fausto” com 81, Tolstoi escreveu “I cannot be silent” aos 82, Somerset Maugham escreveu “Pontos de vista” aos 84, e Bernard Shaw escreveu as Farfetched Fables aos 93
· Claude Monet ainda pintava aos 70 – 80 anos, Miguel Ângelo aos 88 e Picasso aos 90.
· Albert Schweizer ainda operava com 89 anos
· Elizabeth Arden e Coco Chanel governaram as companhias respetivas até aos 85
· Palmira Bastos representou pela última vez com 89 anos
· Rubinstein tocava aos 90 e Pablo Casals aos 96
· Tesichi Igarishi subiu o Monte Fuji a pé com 100 anos
· Manoel de Oliveira realizou 20 filmes a partir dos seus 82 e lançou o seu filme “O Gebo e a Sombra” aos 104.»


Ler mais no blogue  Em busca do sono perdido

De quem é a doutrina social da Igreja?

CRÓNICA DE BENTO DOMINGUES
NO PÚBLICO DE ONTEM




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domingo, 20 de outubro de 2013

Dia Mundial das Missões



Papa agradece trabalho escondido
de missionários em todo o mundo



«O Papa Francisco assinalou hoje no Vaticano o Dia Mundial das Missões, que a Igreja Católica celebra este domingo, com um elogio a todos os que “dão a vida”, neste serviço, sem “proselitismo”.
“Neste dia, estamos unidos a todos os missionários e missionárias, que trabalham silenciosamente e dão a vida”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação da oração do Angelus.
Francisco deu como exemplo a missionária italiana Afra Martinelli, que durante vários anos trabalhou na Nigéria, onde foi morta, aos 78 anos, na sequência de um assalto.
“Todos choraram, cristãos e muçulmanos. Ela anunciou o Evangelho com a vida, com a obra que realizou, um centro de instrução: assim difundiu a chama da fé, combateu o bom combate”, referiu, antes de pedir um aplauso em memória de Martinelli.»

Nota: Texto e foto da Agência Ecclesia

Ler mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões 

Blogue da semana

Para esta semana, sugiro a leitura do blogue do jornalista Pedro Rolo Duarte, que se destaca pelas suas mensagens carregadas de oportunidade. Também propõe "O  blog da semana" e "Uma boa frase" e outras curiosidades dignas de apreciação. Penso que merece uma visita.

sábado, 19 de outubro de 2013

Schoenstatt em Ano Jubilar

Schoenstatt em sintonia
com a Missão Jubilar da Diocese de Aveiro




Procedeu-se ontem, 18 de outubro, com uma eucaristia presidida por D. António Francisco, Bispo de Aveiro, à abertura do Ano Jubilar do centenário da fundação do Movimento de Schoenstatt, que ocorreu em 1914, por iniciativa do Padre José kentenich. Numa capelinha de Schoenstatt, o fundador conseguiu motivar jovens seminaristas a estabelecerem uma Aliança de Amor com Nossa Senhora, Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável, que hoje é venerada um pouco por todo o mundo cristão. O Santuário da Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré, o segundo em território português depois de Lisboa, foi inaugurado em 21 de outubro de 1979. Em 21 de setembro de 1993, D. António Marcelino declarou-o Santuário Diocesano. Como desde a primeira hora, este e outros Santuários de Schoenstatt são espaços de acolhimento e oração, mas também de conversão e de envio apostólico, assumindo desde a primeira hora, entre nós, a sua ligação plena à Diocese de Aveiro.
O Padre Carlos Alberto afirmou na abertura da cerimónia de ontem que o Movimento de Schoenstatt se mantém unido à Missão Jubilar da Igreja aveirense. E acrescentou, parafraseando o Bispo de Aveiro, quando D. António sublinhou que «toda a missão é um esforço de reprodução do ser e do agir de Jesus»: «Nós queremos realizá-la em aliança com Maria. Ao iniciar o centenário dessa Aliança na espiritualidade de Schoenstatt,. expressamos esse mesmo amor à Igreja como compromisso que hoje assumimos de novo na presença do Senhor Bispo, D. António Francisco dos Santos.»

Nota: Por dificuldades pessoais, não me referi à homilia proferida por D. António Francisco, o que farei logo que possível.

O mar dentro de casa

O mar bem perto de mim


O mar está sempre nos horizontes das gentes gafanhoas e não só. E eu até tenho o gosto de o ver, bem na minha frente, quando estou em hora de leituras. Quando descanso, retirando os olhos das páginas de um qualquer livro, é certo e sabido que sinto o mar dentro de um expositor que minha mulher, a Lita, teve a bondade de colocar na mesinha do centro da minha tebaida. 

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Ateísmo, agnosticismo, teísmo

Anselmo Borges


A modernidade tem como característica fundamental a nova visão científica da realidade. A problemática é de tal modo decisiva que o filósofo e teólogo Javier Monserrat advoga a convocação de um Concílio para confrontar a fé com esse novo dado - ver Hacia el Nuevo Concilio, de onde partem as reflexões que se seguem.
Alguns resultados estão alcançados. 1. Para a ciência actual, o universo todo, incluindo a consciência, "produziu-se pelas propriedades ontológicas e dinâmicas da matéria que foi produzida no big bang com altíssima densidade e energia". 2. Estamos em presença de um mundo real e aberto. 3. Este mundo aparece-nos ordenado finalisticamente. Trata-se de uma "ordem viva" e "ordem antrópica". De qualquer modo, apresenta-se como um mundo enigmático, sendo possíveis três conjecturas metafísicas: ateísmo, agnosticismo, teísmo.


Fazei-me justiça, Senhor

Georgino Rocha


O contraste é radical, embora não pareça. Surge na parábola “da pobre viúva e do juiz iníquo” narrada por Jesus a propósito da necessidade de fazer oração sem desanimar. Faz parte da sua pedagogia narrativa e visa provocar os discípulos. Manifesta a diferença abissal entre o proceder de Deus e o do juiz sem escrúpulos. Realça a figura da viúva incansável na procura da justiça que lhe é devida. “Retrata”, de algum modo, a situação actual.
Apesar de tantos profissionais qualificados pelo seu desempenho, é clamor generalizado contra o funcionamento da justiça: burocracia complexa, tráfico de influências, recursos fáceis e lentidão nos processos, adiamento de prazos, leis com “alçapões” de refúgio para os mais hábeis, custos avultados. A nível pessoal e internacional. O mundo está “doente” tal a grandeza e extensão do que acontece e é fomentado por interesses egoístas descarados ou ocultos.

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