segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Efemérides


Às vezes ando à cata de efemérides da terra e pessoais. Não sou picuinhas nem voltado muito para o passado, pois prefiro pensar e agir em função do futuro. A verdade, porém, é que, por norma, a partir das efemérides conseguimos fazer caminhadas até ao presente e logo imaginamos o futuro. Digo imaginamos, mas tenho a garantia de que jamais acertamos na roda da sorte, porque, para lá do presente, só há incógnitas.
Voltando às efemérides, o Facebook tem uma memória prodigiosa ou bem organizada, pois, frequentemente, me acorda com trabalhos e datas em que escrevi e fotografei sobre assuntos importantes da minha vida pessoal ou comunitária. Realmente, as novas tecnologias já têm um lugar muito especial na sociedade. Há nelas coisas menos corretas? Há, sim senhor, mas temos sempre a oportunidade de pôr de lado o que é mau.

FM

Mas, padre, o que está a dizer?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO



O Sínodo vai até aos limites, inclui a todos. O Sínodo também é abrir espaço para o diálogo sobre as nossas misérias.

1. Nos grandes meios de comunicação, as notícias sobre a Igreja continuam a insistir, e com toda a razão, nos crimes de pedofilia do clero. No dia 5 deste mês, foi divulgado o Relatório Final, elaborado por uma Comissão independente a pedido da própria Igreja francesa, que analisou um período de 70 anos em França, apresentando números assustadores. Dizem-me que estou a ser ingénuo: para conhecer as verdadeiras dimensões dessa tragédia falta revelar o que se passa no seio de muitas famílias. O que está a acontecer na Igreja, além das medidas para erradicar essa calamidade em todas as dioceses, é, no meu entender, uma autêntica revolução. Não se trata, apenas, de enfrentar algumas questões sectoriais. O que o Papa Francisco tem feito, por sua conta e risco, e continua a fazer, é muito importante. Agora, inaugurou um processo radical. Não quer que a Igreja seja do Papa Francisco, dos cardeais, dos bispos e dos padres. A autoridade não está na cátedra, na mitra, no báculo ou no cabeção dos padres.

sábado, 9 de outubro de 2021

D. António Marcelino faleceu há oito anos

Evoco hoje D. António Marcelino com o texto que escrevi 
no momento em que foi dada a triste informação do seu falecimento

A triste notícia do falecimento de D. António Marcelino chegou-me pelo telefone, abruptamente. O choque que senti não tem palavras que o definam. Embora esperada a sua partida para o seio de Deus, fiquei, contudo, com a tranquilidade necessária para a aceitar, porque acredito que D. António Marcelino intercederá por nós junto do Senhor de todos os dons. 
D. António passou pela Diocese de Aveiro como um corredor de fundo, animando tudo e todos, rumo a uma Igreja mais aberta ao mundo dos homens e mulheres destes tempos. Rápido no pensar e no agir, foi dos bispos que mais apostaram na comunicação social, qual profeta que denuncia as injustiças, mas que não deixa de proclamar caminhos que nos conduzam a uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais caritativa e mais solidária. 
Nesta hora difícil, louvo a Deus pelos ensinamentos que dele recebi, pelo seu testemunho de crente e de bispo que me ordenou diácono permanente, pelo homem corajoso que enfrentou com determinação os desafios do Vaticano II, na convicção de que a Igreja Católica e o mundo só teriam a ganhar com as luzes que do concílio dimanaram.
Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal.

9 de Outubro de 2013

Fernando Martins

Um mundo de contradições

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



«O conflito maior é o dos pobres, milhares de milhões. Quando nos países ricos se come de mais e se sofre de obesidade e se queima ou deita comida ao mar em ordem à manutenção dos preços, sabe-se que há hoje no mundo mais de 800 milhões de pessoas com fome.»

Juntamente com Espinosa, terá sido Hegel que levou mais longe o racionalismo: "O que é racional é real e o que é real é racional", escreveu. Mas Ernst Bloch objectou que o processo do mundo não pode desenrolar-se a partir do logos puro. Na raiz do mundo tem de estar um intensivo da ordem do querer. Bloch, como também Nietzsche e Freud, foi beber a Schopenhauer. Este foi um filósofo que sublinhou do modo mais intenso que, na sua ultimidade, a realidade não é racional, pois há uma força que tem o predomínio sobre os planos e juízos da razão: a vontade.
Aí está um dos motivos fundamentais por que, na tentativa da explicação dos fenómenos humanos, a nível individual e social, temos sempre a sensação de que há uma falha no encadeamento das razões. É que no ser humano há o lógico e a pulsão, o cálculo e a emoção, a razão e o impulso.

O outono cá em casa

 

Para sentir por perto o outono da natureza nem preciso de sair de casa. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Zangados e queixinhas

 

"As pessoas não terão tempo para ti se estiveres sempre zangado ou a queixar-te"


Stephen Hawking
(1942-2018), físico

Escrito na Pedra do PÚBLICO

A Natureza é sempre uma opção viável

Dos jardins do Santuário de Schoenstatt 

Em tempo de crise ou de progresso, o encontro com a Natureza é sempre uma opção viável e até necessária. Viável, porque, em princípio, não implica grandes despesas; necessária, porque nos oferece uma infinidade de sensações e emoções que nos ficam para a vida.
Quem há por aí que possa ficar indiferente à beleza das paisagens, aos tons da vegetação, aos sons da brisa que nos refresca a face, às cores ímpares de um pôr do sol, à suavidade das borboletas que pousam nas flores, à cadência das ondas do mar ou aos espelhos da nossa laguna?
Por tudo isso, e pelo muito que fica por dizer, proponho hoje que aproveitemos os tempos livres para cirandarmos pela nossa região, tentando ver e sentir o que a natureza, na sua pureza, ainda nos reserva. Passeando pela ria, usufruindo da mata da Gafanha, descansando à sombra de uma árvore, de preferência com um frugal farnel, que recorde os tempos dos nossos avós.
Tratemos dos nossos jardins, visitemos outros de vizinhos e amigos, ou mesmo os públicos, por onde, normalmente, passamos a correr. Visitemos os parques de lazer e saibamos olhar o céu estrelado em noite de calmaria, alimentando conversas que em dias de trabalho nem tempo temos para manter.
A Natureza é sempre, se quisermos, uma inesgotável fonte de reflexão e uma riqueza permanente para o despertar dos nossos sentidos, face à beleza que dela emana. As cores, as formas, os sons e o casamento perene entre terra e céu aí estão à nossa discrição, como dádiva de Deus a não perder. Nas férias e nos tempos livres.

Fernando Martins

Nota: Texto escrito em 2009

A escolha: As riquezas ou seguimento de Jesus

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo XXVIII do Tempo Comum

Vem e segue-me

«A escolha é uma regra da vida que nos brinda vários caminhos para satisfazer as aspirações profundas do coração. Preferir é dizer sim ao que corresponde e dizer não ao que lhe é contrário.»

“Que hei de fazer para alcançar a vida eterna”?, pergunta um jovem galileu que apressado sai ao encontro de Jesus no caminho para Jerusalém. Cumpre os mandamentos, responde. Já o tenho feito. Sim, rememora Jesus os que se referem à relação com os outros e olha-o com simpatia, acrescentando: Uma coisa te falta, vende os teus bens e dá o resultado aos pobres. Assim terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me. O jovem fica triste e retira-se porque era muito rico.
A escolha é uma regra da vida que nos brinda vários caminhos para satisfazer as aspirações profundas do coração. Preferir é dizer sim ao que corresponde e dizer não ao que lhe é contrário. Salomão opta pela sabedoria em vez do poder, das riquezas e de uma longa ( 1ª leitura); a Palavra de Deus, ajuda a discernir e a fazer a escolha certa (2ª leitura). No Evangelho, Jesus propõe ao jovem (a nós) que faça livremente a escolha que lhe proporciona o que buscava.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Dia luminoso


Falo e escrevo muito sobre o tempo que faz ou desejo, não por falta de assuntos mas porque sofro muito com a  ausência de sol que me aqueça o corpo e a alma. Hoje senti que estava mesmo um tempo de Verão e um dia luminoso. Amanhã espero o mesmo.

A paz com a ria como horizonte

Foto publicada há cinco anos


O tempo até estava um pouco desagradável, mas nem por isso deixei de fotografar este pescador que ali estava tranquilo indiferente ao mundo agitado que no centro da vida da Gafanha da Nazaré era real.  Percebi que vivia a sensação de uma paz tranquila que da mansa ria lhe chegava. Não havia vivalma por ali e as duas canas de pesca estavam operacionais. Linhas bem esticadas com isco nos anzóis, o pescador sentiria o picar do peixe para ensaiar o engate. Não vi nenhum, sinal de que era tempo de descanso para todos. Mas que importa a pesca e o peixe, se para o pescador o mais importante seria usufruir uma paz tranquilizadora ?

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