no PÚBLICO
Fala-se muito contra o clericalismo, mas, depois, reserva-se ao clero o que podia ser realizado pelo conjunto dos cristãos
1. Desde há muitos anos que escuto a repetição da mesma pergunta: porque é que os católicos vão à Missa? Antes desta pergunta, não havia pergunta: vão à Missa porque é um mandamento da Santa Madre Igreja. Como as Missas eram em latim, e como acontecimento divino, tinham todas o mesmo valor. Os que não rezassem o terço só esperavam que ela fosse rápida. Entretanto, veio o Concílio Vaticano II e foram rapidamente aprovadas as grandes linhas da reforma litúrgica, pois era a realização dos estudos e anseios do movimento litúrgico [1]. Mais demorada, atribulada e polémica foi a sua execução.
As novas gerações não podem, sequer, imaginar esse passado. Existem, porém, grupos saudosos da Missa em latim para continuarem uma época quase extinta. As razões da diminuição da prática dominical, em vários países, não se confundem com essa reforma e a pergunta regressa e apresenta-se de uma outra maneira: o que é que os católicos vão fazer à Missa?
A resposta mais simples e directa: vão celebrar a sua fé. Num tempo e lugar determinados, fazem a festa da universal família de Cristo. Os celebrantes estão sempre marcados pela cultura e pelos problemas locais abertos ao mundo todo. Seria normal que os rituais da festa espelhassem essa dupla condição.