sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os Cartoons do Expresso e a Fobia dos Papas

Não sei se António, cartonista no Expresso, vale muito ou pouco como car-tonista, é ou não grande artista na arte de fazer desenhos de humor. Para mim, não me dá sentido de artista que fique na história. Mas quem sou eu para dizer mais do que isto? Em coisas de arte ou de aparências da mesma, valem mais a sensibilidade que os raciocínios, mais o captar da alma, que dizer razões porque sim ou porque não. Em todo o caso, a feitura de cartoons - há quem discuta se se trata ou não de uma arte - se é uma actividade humana, e como tal se paga, também nela há lugar para a ética. A menos que não haja, porque é coisa de humor… E, então, sou eu que ando para aqui baralhado? Acabou-se de teorias. Opiniões também são razões que não se discutem. O cartonista António, dá-me a impressão, só isso e nada mais, que quando dele não se fala e cai no anonimato porque os seus desenhos não pegam, decide fazer uma incursão instintiva pelo mundo do religioso e ridiculariza o Papa. Como este terreno é propício à pouca sensibilidade e respeito pelos outros, basta rabiscar e publicar um cartoon, e deixa logo, por um tempo, sempre breve, de ser um António qualquer. Há artistas, como políticos e outros, que não vivem sem corte e têm por isso, entre amigos e admiradores, o seu grupo, que se encarrega de escrever, falar, acordar distraídos e dar publicidade.
António Marcelino
Leia todo o artigo no CV

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 3

3 – A festa da Senhora dos Navegantes Tanto quanto nos diz a memória, a Festa da Senhora dos Navegantes, da nossa meninice, tinha a marcá-la, como pormenor mais típico, a procissão até ao mar, para além do que era habitual em festas com um misto de religioso e profano. Acontecia na última segunda-feira de Setembro, pois no domingo anterior havia a festa da Senhora da Saúde, na Costa Nova. A festa do Forte atraía mais os povos de Aveiro e Gafanha da Nazaré e a da Senhora da Saúde era mais ao gosto das pessoas de Ílhavo e Gafanha da Encarnação. A uma e a outra associavam-se os veraneantes a banhos nas praias da Barra e Costa Nova, respectivamente. No dia da festa, de manhã, tinha lugar uma procissão da igreja matriz da Gafanha da Nazaré para o Forte, sendo transportada em andor a imagem antiga de Nossa Senhora da Nazaré, com os membros da Irmandade a prestarem-Hhe as devidas honras, com as suas opas brancas, murças azuis e bastão (pau a imitar uma vela de cera). Anos depois, chegaram a levar o andor com a imagem numa carrinha de caixa aberta, numa clara violação das tradições. A procissão até ao mar começava obviamente na capela e seguia pelo molhe que dá acesso à Meia-Laranja. Presidia o prior da Gafanha da Nazaré, incorporavam-se as irmandades e os “anjinhos”, e o povo acompanhava atrás. Não faltava a música, os foguetes ouviam-se ao longe e o colorido das opas e murças emprestava dignidade ao acto. Na Meia-Laranja havia a bênção do mar e de quantos dele viviam ou nas praias apanhavam banhos de sol, voltando a procissão agora pela rua que ligava a Barra ao Forte, atravessando pela segunda vez a ponte de madeira, que só os mais velhos podem recordar. Na Meia-Laranja, os veraneantes associavam-se com devoção à bênção do mar e dos fiéis, recordando, talvez, os que foram tragados pelas águas revoltas do mar embravecido. Os povos ribeirinhos sempre tiveram muito respeito pelo mar, ou não fosse ele o amigo que dá sustento ou o inimigo que destrói vidas indefesas. Por isso, a adesão das pessoas da beira-mar aos festejos em honra de Nossa Senhora dos Navegantes era grande. A festa teve, durante muitos anos, como organizadores, a Administração e os trabalhadores da Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, depois Junta Autónoma do Porto de Aveiro, antecessoras, de certo modo, da actual APA (Administração do Porto de Aveiro). Alguns trabalhadores, uns domingos antes dos festejos, percorriam as Gafanhas, Aveiro e Ílhavo, de saco ao ombro e de saca na mão, recolhendo donativos para as muitas despesas.
Fernando Martins

Renovar o Ensino; Ideias de Futuro

"Conhecimento, conhecimento, conhecimento. Temos uma sociedade cada vez mais ávida de aquisição de conhecimento, encarado como o único recurso inesgotável e sobre o qual se erigirá a nova era. Robert Solow, prémio Nobel da Economia em 1987, demonstrou que “os países enriquecem devido à sua capacidade de criar novas ideias e depois convertê-las em tecnologia útil, e não por terem mais recursos financeiros e/ou materiais”. Esta prerrogativa parece ter obtido adeptos desde a Europa à Ásia, onde a aposta num ensino moderno quer fazer cair metodologias seculares, obrigando professores e alunos a adaptarem-se a novas ferramentas, a terem novas atitudes e a abraçar novas metodologias."
Isabel Mendonça
O “site” IM Magazine, que aposta com imaginação em ser sinal de mudança, para melhorar o mundo, oferece para reflexão um tema mais do que oportuno, porque é fundamental. Para mim, que já o li, considero-o importante, por isso. Foi escrito por Isabel Mendonça e tem por título Renovar o Ensino; Ideias de Futuro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

OS POBRES NÃO SÃO A PRIMEIRA PRIORIDADE PASTORAL DA IGREJA?

Os pobres “não são a primeira prioridade dos planos pastorais da Igreja em Portugal” – disse à Agência ECCLESIA D. Januário Torgal Ferreira, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
Confesso que não sei se D. Januário tem ou não razão quando faz uma afirmação como esta. Sei, contudo, que ao longo da história, desde a mais antiga até à mais recente, vi a Igreja preocupada com a questão da pobreza, mormente quando criou (e continua a criar) instituições para a minimizar e para minimizar o sofrimento. Olho para trás, e não posso deixar de apreciar as Misericórdias, Hospitais, Lares, Irmandades e as mais variadas instituições e estruturas que apoiaram e ainda apoiam os que mais precisam. Hoje como ontem, os pobres, pelo que sei, sempre estiveram nas preocupações da Igreja Católica, envolvendo imensa gente, mobilizando capacidades sem conta. Por exemplo, dos Planos Pastorais da Diocese de Aveiro tens constado, preto no brando, a opção preferencial pelos pobres. E não é verdade que em muitas paróquias há, da responsabilidade ou iniciativa dos católicos, muitas IPSS e Misericórdias, vocacionadas para ajudar quem precisa? E não tem a Igreja, por muitas formas, institucionais ou particulares, clamado por mais justiça social? Tenho, por isso, dificuldades em aceitar a afirmação de D. Januário Torgal Ferreira, um bispo que muito estimo. FM

UM DIA NO DOURO




O Douro fica sempre na alma de quem o visita

“Nenhum outro caudal nosso corre em leito mais duro, encontra obstáculos mais encarniçados, peleja mais arduamente em todo o caminho… Beleza não falta em qualquer tempo, porque onde haja uma vela de barco e uma escadaria de Olimpo ela existe.” 

Miguel Torga, 
in “Portugal” 

Ontem subi o Douro com olhos bem abertos à contemplação das belezas de que tanto tenho ouvido falar. E lido, em autores que cantam o rio que cortou cerce o seu leito, deixando marcas de feridas que os séculos fizeram secar. 
As chagas sararam, mas as crostas ressequidas lá estão, oferecendo a quem as aprecia a dureza da corrida desenfreada das águas soltas e apressadas com vontade de descansarem no oceano. E se a beleza da paisagem é indiscutível, ao modo de nos obrigar a voltar, a paisagem bonita das velas dos barcos, de que fala Miguel Torga, já se foi com a voracidade do progresso. 
Os rabelos há muito que perderam o privilégio de temperar e refinar o Vinho Fino nas bolandas da descida da Régua até Gaia. Aqui recebeu o baptismo de Vinho do Porto, numa clara manobra de marketing, bem engendrada há séculos, que tais técnicas não são exclusivas dos nossos tempos. 
O dia nasceu enevoado, com humidade cortante, junto à foz do Douro, assim chamado pela cor amarelada das lamas barrentas que as fortes correntes arrastavam dos montes e montanhas que guardam o rio e o tingiam. Mas nem por isso proibia os olhares dos que gostam da novidade. Mais tarde, o sol furou as nuvens que nos vieram saudar. E então, o deslumbramento caiu sobre o “Infanta”, um barco que oferecia tranquilidade a quem viajava, pela serenidade com que enfrentava as águas doces que buscavam o casamento, apressado, com as águas salgadas do mar.
O verde da paisagem entrava-nos na alma, vindo de todos os cantos. Do arvoredo que não acusava falta de rega e do rio que o reflectia, como sinfonia de acordes que nos emoldurava o espírito em dia de mais nada que fazer. Aqui e ali, casas semeadas pela encosta, ruas serpenteantes que as uniam, solares com capelinhas que abençoavam as vinhas, fonte que ainda não secou, dando "petróleo" tinto e branco àquele povo. 
Mais pontes que ligavam gentes e terras do alto e do baixo Douro, pás de moinhos de vento, não para a farinha, mas tão-só para as novas energias arrancadas do cimo das montanhas que o deus Éolo, com a sua brutalidade, de quando em vez nos oferece. O que mais encanta o viajante, contudo, como marca indelével, são as escadarias de pomares e vinhas, quais altares ao deus-natureza, fonte de subsistência de povos que teimosamente procuraram adaptar-se a circunstâncias adversas. 
Hoje, talvez poucos tivessem a coragem de ficar agarrados à terra-mãe, com tal tenacidade e paixão, a não ser que encontrassem pelo caminho outra Antónia Ferreira, a Ferreirinha, com artes de convencimento e de estímulo. O Douro, rio e região, fica sempre na alma de quem o visita e o observa de perto, admirando a obra de Deus e de homens e mulheres determinados, que nos deixaram como herança a ter em conta a força e a importância do trabalho. 

Fernando Martins 

Nota: Esta viagem foi organizada pela Câmara Municipal de Ílhavo e integrou-se na Semana da Maioridade. Ela serviu, também, para reencontrar e conviver com gente que não via há muito tempo.

REGATA DOS GRANDES VELEIRO

Creoula
A importância da Regata dos Grandes Veleiros está bem patente nos barcos que nela participam, alguns deles, ou todos, carregados de história, mas ainda no facto de fazer parte das comemorações dos 500 anos da cidade do Funchal. A Câmara de Ílhavo, com sentido de oportunidade, associou-se ao Funchal, porque a celebração dos 200 anos da abertura da Barra bem o justificava. Ler mais em Marintimidades.

Jardim Oudinot

MAIS-VALIAS A CAMINHO
Para além do que está à vista no renovado Jardim Oudinot, todos esperamos que a dinâmica prossiga, para bem das populações da região, e não só. O maior parque de lazer da Ria de Aveiro, como me sublinhou o presidente da Câmara, Ribau Esteves, precisa de cimentar a sua importância, oferecendo condições que o imponham junto do povo que gosta de usufruir dos ares da laguna. Nessa linha, o autarca garante que junto à praia, antigamente chamada dos tesos, vai nascer um bar, cujo concessionário assegurará a vigilância daquele espaço. A Guarita, que é uma réplica da original que o Porto Comercial absorveu e que estava em ruínas, de forma irrecuperável, será centro de restauração, criando-se, em anexo, as condições indispensáveis. A zona das merendas ficará ao cuidado da empresa do mesmo restaurante. O hotel será instalado na área, ampla, que se apresenta disponível. Entretanto, Ribau Esteves afirma que o problema do acesso pedonal ao Jardim Oudinot, sobretudo de quem segue da Gafanha da Nazaré, vai ser resolvido com passadeiras e bandas sonoras, que limitem a velocidade das viaturas. Reconheceu que houve falha neste acesso, mas que a questão vai ser ultrapassada em breve. O presidente da Câmara promete que em Outubro haverá novidades sobre todos estes desafios, garantindo que o Jardim continuará a merecer o carinho das populações e dos responsáveis das autarquias e da APA. FM

Nos 25 anos do Stella Maris

Peregrinação a Fátima de Bicicleta


Onze ciclistas, sem pretensões a corredores de bicicleta, mas com coragem para pedalarem como os profissionais, foram em peregrinação a Fátima, numa iniciativa da direcção do Stella Maris, que vai comemorar, no próximo dia 20, um quarto de século da bênção e lançamento da primeira pedra do actual edifício-sede daquela instituição da Obra do Apostolado do Mar. Os ciclistas foram acompanhados por duas senhoras, esposas de dois deles, para eventuais apoios. Seria lógico pensar em avarias, dos corpos ou das máquinas, porque, afinal, a prova era grande. No fundo, apenas quatro furos, um pedal partido, correntes que descarrilaram e mudanças que desafinaram, decerto por tantas vezes terem sido mexidas pelos ciclistas, na procura de ajuda para as pernas já cansadas. A partida foi no dia 6 deste mês, pelas 6.15 horas, depois de um encontro com Nossa Senhora, para que lhes enriquecesse o ânimo. Mas também para Lhe agradecer todo o apoio, contínuo, que tem dado ao Stella Maris e aos homens do mar e suas famílias, durante, pelo menos, estes 25 anos agora celebrados. A peregrinação atingiu o seu ponto alto com a chegada, às 17.45 horas, ao Santuário de Fátima. Descanso merecido, encontro com Nossa Senhora de Fátima a quem dirigiram as suas preces e agradecimentos, alguns recados d’Ela recebidos, participação na eucaristia na Igreja da Santíssima Trindade no dia seguinte e regresso, pelos mesmos meios. Ida e volta 282 quilómetros. Quando eu julgava que haviam terminado a peregrinação sem vontade de a repetir, o chefe do grupo, diácono Joaquim Simões, respondeu-me de pronto: “Qual cansaço; já pensei noutra muito maior; mas ainda é segredo!” FM

terça-feira, 9 de setembro de 2008

POBREZA: Problema político e ético


O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, chama uma vez mais a atenção para a urgência de todos contribuirmos para a erradicação da pobreza entre nós. Trata-se de um problema complexo, mas que tem solução, se todos quisermos. Tenho para mim que, frequentemente, tomamos conhecimento desta realidade, mesmo ao pé da porta, mas estamos longe de dar passos que contribuam para ajudar quem está a precisar de ajuda. Penso, por isso, que vale a pena ler o texto de Eugénio Fonseca.
"Quem contacta com pessoas em situação de pobreza sabe que, para a grande maioria, não é possível sair dela sem a colaboração de terceiros. Os percursos vitais que levam as pessoas ou famílias a subsistir privadas das condições indispensáveis a uma vida digna são fruto de processos de deterioração social e económica continuados no tempo. Estamos, por isso, perante uma realidade que exige esforços redobrados. Mas que tem solução. A erradicação da pobreza é, de verdade, um facto evitável. O problema actual não é de inexistência de meios, mas de querer ou não querer. Ou seja, já não é um problema técnico, mas político e ético."

Traje da Camponesa de Ílhavo


Ana Maria Lopes, especialista de temas marítimos e da ria, mas também de tudo quanto diz respeito a Ílhavo, terra maruja, tem um blogue dedicado a estes assuntos. Merece, por isso, a atenção de quantos comungam das mesmas ideias e de todos os que apreciam a cultura das nossas gentes, e não só. Hoje publicou uma série de fotografias sobre a Camponesa de Ílhavo, com texto alusivo, de excelente nível, como é seu hábito. Vejam, que vale a pena, em Marintimidades.

SEMPRE QUE SALTO, SALTO PARA O INFINITO

Nelson Évora
Deste Verão português surdamente incompatível, com conflitualidades, embaraços e pessimismo, resgato uma frase que seria pena ficar perdida entre a cinza. Foi proferida pelo atleta Nelson Évora, e representa, creio, não apenas a descrição de uma técnica ou de um método, mas é uma espécie de razão onde a vida, a inteira vida, se pode decidir. "Sempre que salto, salto para o infinito", disse ele. No triplo salto dos Jogos Olímpicos de Pequim esse infinito correspondeu a 17,67 metros, e valeu-lhe a medalha de ouro. Mas o infinito é esse aberto que não acaba… Nos programas biográficos que, em seguida, as televisões dedicaram ao atleta, comovi-me a olhar para as instalações desportivas mais do que precárias num centro escolar, para o ziguezague árido e incaracterístico das estradas suburbanas, para o exíguo futuro que se avista das florestas de apartamentos colados a apartamentos. Aquele cenário poderia servir para contar uma história completamente diferente. Por isso a frase de Nelson Évora é tão importante. Aos miúdos que hoje têm a idade que o campeão olímpico então teria, e que as televisões entrevistam naqueles mesmos lugares, como é fundamental testemunhar-lhes o que significa "saltar para o infinito". Transcender-se, ir além, ir mais longe, sabendo que isso implica que cada um se tenha encontrado humildemente com os seus limites e plenamente com as suas possibilidades. Num tempo de tectos baixos e de metas imediatas, como parecem ser os nossos, "saltar para o infinito" constitui talvez uma impopular aposta. Mas a esperança, a verdadeira esperança, pede de nós risco e coragem. José Tolentino Mendonça

Jornadas Nacionais da Comunicação Social

FÁTIMA – 25 e 26 de Setembro
O EVANGELHO DIGITAL A criação continua e Deus não deixa de se “inscrever”na história dos homens. A Igreja, pela palavra e pelo testemunho, vai traduzindo esse registo de todos os tempos – tradição oral, palavra reverberada no eco das culturas e civilizações, escrita, biblos, cartas, actos e apocalipses, mensagens, encíclicas, notícias, bytes, pixeis, em todos os módulos, – vem repetindo oportuna e inoportunamente esse anúncio, entrecruzado na história quotidiana do homem e da salvação. Este é o nosso tempo. A nossa vez. Na auto-estrada da informação, no metálico da informática, nos numéricos entre zero e infinito, como vamos dizendo Deus, Verbo, Jesus, Salvador, transcendência, dentro de todas as formas que o nosso mundo tem de se aproximar e afastar de Deus? Como fazemos esse percurso? Como tocamos a Internet com o olhar e o dedo de Deus? Como difundimos a Boa Nova? Como fazemos os nossos portais, jornais, informações, desenhos, animações, vídeos? Que avaliação humilde e corajosa fazemos do nosso trabalho ou do nosso distanciamento face ao EVANGELHO DIGITAL?
Fonte: Ecclesia

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

JARDIM COM GENTE

Ontem, domingo à tarde, passei pelo Jardim Oudinot para a caminhada higiénica. Gostei do que vi. A relva dá sinais de que está para ficar, o dia estava lindo e havia muita gente a desfrutar o ambiente. E algumas famílias, talvez lembrando outros tempos, ainda estavam de mesa posta e à volta dela. O almoço, pelo que me disseram, foi por ali. Com abrigos por causa de eventuais ventos e com tachos à vista. Também não faltaram famílias com crianças que davam asas à sua alegria de viver. O navio-museu Santo André tinha visitantes e barcos de recreio e motos d’água tentavam bater recordes de velocidade na ria. O parque geriátrico tinha mais juventude que terceira idade. Os campos de jogos estavam ocupados. Tudo animado. Ainda bem.
Nota: Clicar nas fotos para ampliar

Homenagem ao Padre Domingos Rebelo

Padre Miguel com um grupo de senhoras da primeira hora
do Movimento na Gafanha da Nazaré
Há pessoas que têm o dom especial de saber recordar acontecimentos relevantes das suas vidas e das vidas de quem lhes está próximo. O Padre Miguel Lencastre, que foi prior da Gafanha da Nazaré, é uma dessas pessoas. Radicado no Brasil, onde exerce o seu múnus sacerdotal, como Padre de Schoenstatt, esteve em Portugal uns tempos, continuando a sua acção pastoral, junto de amigos e de comunidades de alguma forma ligadas ao Movimento Apostólico de Schoenstatt. 


Jovens mostram a imagem da Mãe
Hoje, por sua iniciativa, foi prestada uma homenagem, simples mas significativa, ao Padre Domingos Rebelo, falecido em 21 de Outubro de 2007, como neste meu espaço na altura referi. Na Murtosa, de onde era natural o Padre Domingos, a família do saudoso sacerdote entregou um quadro da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, às Irmãs de Maria, do santuário da Gafanha da Nazaré, cumprindo a sua vontade. 
Nossa Senhora, evocada sob aquele nome, é venerada um pouco por todo o mundo, em santuários que são uma réplica, fiel, do original, que existe na Alemanha, na cidade que deu o nome àquele Movimento Apostólico. 
A imagem tem um valor histórico e, por isso, simbólico, pois foi diante dela que o Padre Domingos consagrou a paróquia da Gafanha da Nazaré, de que foi prior durante 18 anos, a Nossa Senhora. A partir dessa decisão, o Movimento de Schoenstatt nasceu nesta paróquia, alargando-se, depois, a algumas terras da Diocese de Aveiro e de outras dioceses. 
Mais tarde, o Santuário de Schoenstatt foi elevado à categoria de santuário diocesano. E à sombra dele, de Nossa Senhora e dos ensinamentos do Fundador, Padre José Kentenich, promove-se uma espiritualidade que procura chegar a todas as fases etárias da vida das pessoas, tendo por objectivos a construção dum homem novo para uma nova sociedade. 
Para além da evocação que fez do Padre Domingos, o Padre Miguel Lencastre falou da importância do testemunho do homenageado e da força das alianças, mas também do primeiro grupo de jovens que, em Julho de 1961, fez a Aliança de Amor com Nossa Senhora, na Gafanha da Nazaré. A imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt fica agora no Santuário da Gafanha da Nazaré, também ao cuidado da Juventude, em quem se depositam muitas esperanças, para que o Movimento de Schoenstatt continue a crescer.

FM

domingo, 7 de setembro de 2008

"Sentidos de Estado", na Figueira da Foz

Palácio Sotto Maior recebe património da Presidência da República
Um familiar meu, que sabe quanto aprecio arte, foi ontem visitar a exposição patente no palácio Sotto Maior, na Figueira da Foz, com peças, as mais variadas, oferecidas aos nossos Presidentes da República. Não me trouxe fotos, mas sublinhou que vale a pena passar por lá, apesar de se tratar de uma mostra pequena. Vi, entretanto, o Rotativas, da jornalista Maria João Carvalho, que faz uma referência à mesma exposição, que pode ser vista até 5 de Outubro.
O Museu saiu à rua. A exposição “Sentidos de Estado” no palácio Sotto Maior, na Figueira da Foz, mostra o valioso património histórico e cultural associado à Presidência da República e à residência oficial do Presidente.
São cerca de 200 peças em oiro, prata e materiais semipreciosos, porcelanas, pinturas e esculturas.
In Rotativas

Surpresa Agradável

Ontem tive uma surpresa agradável. Um amigo, que não vejo há muitos anos, contactou-me pelo telemóvel. Uma meia hora depois, porque era preciso conversar mais, o contacto continuou através do telefone fixo. Para podermos falar com calma e com tempo. E no fim, ficou combinado um encontro para retomarmos o desfiar de recordações, olhos nos olhos. Porque continuamos sem nos ver. A vida, com o corre-corre alucinante de todos os dias, tem destas coisas. As amizades, partilhadas em projectos e ideais comuns, podem ficar na arca do esquecimento. Incompreensivelmente. Os anos passam e as boas recordações, as tais que têm a amizade como ponto de referência, começam a diluir-se e a acomodar-se nas sombras da memória. Até quase ficarem petrificadas. É certo que, com frequência, espreitam à janela do consciente muitos desses amigos, com gestos e atitudes, sorrisos e gargalhadas, que constituíram o substrato de cumplicidades que nos marcaram para a vida. Mas nem assim, porque alguns comodismos típicos da idade nos limitam a coragem, conseguimos dar o salto para os encontros sonhados. Ontem, o Horácio foi o corajoso. Um abraço…
Fernando Martins

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 2

2 – Capela de Nossa Senhora dos Navegantes A capelinha de Nossa Senhora dos Navegantes é, sem dúvida, o mais antigo templo católico das paróquias da península da Gafanha. Sobre ela, diz o Padre João Vieira Rezende, na sua “Monografia da Gafanha”: “No Forte, freguesia da Gafanha da Nazaré, começou a ser construída em 3 de Dezembro de 1863 a capela de Nossa Senhora dos Navegantes, sob a direcção do exímio engenheiro Silvério Pereira da Silva, a expensas dos Pilotos da Barra, sendo então piloto-mor um tal senhor Sousa. Custou 400$000 réis. Na parede está fixada uma lápide que diz: «Património do Estado». Há de interessante e invulgar nesta capela as suas paredes ameadas e a ombreira da porta principal, de pedra de Ançã, lavrada em espiral com arco em ogiva. Celebra-se a sua festa na última segunda-feira de Setembro com enorme concorrência de forasteiros das Gafanhas, de Ílhavo, Aveiro e Bairrada. Nesse dia Aveiro é um deserto por se terem deslocado para ali muitos dos seus habitantes. A procissão ao sair do templo segue por sobre o molhe da Barra e regressa pela estrada sul que vem do farol. A festa é promovida pela Junta Autónoma da Barra.” Tanto quanto se sabe, o templo mantém com rigor a traça original, apesar das obras de restauro e conservação por que tem passado. Pequenina, a capela ali está inserida, e bem, no complexo portuário que entretanto foi nascendo e se desenvolveu, dando, presentemente, sinais de que vai crescer ainda mais. A Senhora dos Navegantes, que os nossos pescadores e mareantes tanto veneraram nos tempos dos nossos avós, não deixará, contudo, com a sua ternura de Mãe, de velar por quantos sulcam as águas do mar, não já na Faina Maior, que o bacalhau que comemos já é mais importado do que pescado pelos portugueses, mas sobretudo nos transportes marítimos e na pesca costeira. Do texto do Padre Rezende, registamos, como ponto de partida para uma análise mais profunda, o pormenor, significativo, da construção da capela ter sido iniciativa dos Pilotos da Barra e a expensas suas, não se sabendo se houve, ou não, qualquer pedido ou sugestão das populações, entidades eclesiásticas, políticas ou autárquicas. Seria curioso saber se o piloto-mor, o tal senhor Sousa, era pessoa da nossa região e ligada à Igreja. Por outro lado, seria bom descobrir-se como apareceu aqui a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, como se escolheu a imagem e quem deu a ideia para a expressão do rosto. Teria sido tudo trabalho do piloto-mor? O facto de as paredes do templo serem ameadas prende-se, compreensivelmente, à existência do Forte Novo ou Castelo da Gafanha, numa certa homenagem à defesa da zona das investidas por via marítima dos inimigos da Pátria.
Fernando Martins

Eça de Queiroz na Costa Nova

Às vezes, dá-me para isto: Mostrar que pela nossa terra passaram grandes vultos, que deixaram marcas disso mesmo. Nem sempre, porém, tenho a disponibilidade para procurar esses registos. Mas os meus amigos podem dar uma ajuda... Fico à espera de textos e fotos.
FM Mais Eça na Costa Nova. Leia aqui

GAFANHA DA NAZARÉ: PINTURA NA OP ART

REGISTOS DE MÁRIO SILVA
Na Galeria OP ART, mais voltada para a arte contemporânea, está patente ao público uma exposição de pintura do artista Mário Silva. São XLVI Registos Pictóricos que podem ser apreciados até 30 de Setembro, de segunda a sábado, das 9.30 horas às 12.30 e das 15 às 19 horas. Porque nem sempre temos exposições de nível entre nós, esta é uma excelente mostra para quem gosta de arte de pintores dos nossos dias.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 93

A MATEMÁTICA
Caríssima/o: Hoje abre-se diante de nós um grande mundo: o da polémica! Contudo não vou por aí; com a minha modesta máquina pretendo mostrar-vos algumas imagens da nossa aprendizagem da matemática. Se desfocadas, peço desculpa. Ora, nesses tempos havia a aritmética e a geometria. Ninguém fala desta última pelo que deve estar de boa saúde, a desgraçadinha! Mas era nesta área que estudávamos o ponto, a linha, a recta, a curva, a linha poligonal, a mista, as paralelas, as concorrentes: perpendiculares e oblíquas, os ângulos, os polígonos, a circunferência e o círculo, o plano e o espaço, os sólidos, sem esquecer as respectivas áreas e volumes. Começava-se na terceira e completava-se na quarta classe. Tudo isto era exemplificado e trabalhado no quadro preto utilizando a régua, o esquadro, o compasso e o transferidor, bem como os sólidos geométricos da caixa métrica. A aritmética ia do ensino dos números até aos problemas das torneiras: tabuadas, contas, reduções, complexos, fracções e problemas. Havia três momentos: apresentação e compreensão, aplicação, memorização ou mecanização. E ia-se subindo como se de uma escada se tratasse. Víamos companheiros aflitos com muita dificuldade e apreciávamos os esforços que o professor desenvolvia para que atingissem o mínimo que lhes permitisse irem a exame e não fazerem vergonhas! Cedo eram introduzidas as contas (operações), logo na primeira; de tal forma que havia um adágio que se repetia nesta fase: “Na segunda, leitura e contas; leitura e contas!...” Assim, para além de uns problemas simples de uma operação, o grande trabalho nas duas primeiras classes consistia na automatização das operações já que todas elas tinham sido introduzidas na primeira, depois da memorização das tabuadas, para que, quando aparecessem os problemas a sério, os alunos estivessem preparados para pensarem no seu raciocínio sem se preocuparem com a realização das operações já mecanizadas... Alguns ainda se lembrarão “dos comboios” com que enchíamos as lousas! Era cada uma! Na terceira era introduzido o sistema métrico que depois originava as reduções; é sempre bom recordar as unidades que estavam “na razão de um para dez... de um para cem... de um para mil...” E depois as unidades de tempo e os graus que implicavam as operações com complexos... Muitas vezes, tínhamos de virar a lousa para terminar os cálculos, como quando nos perguntavam quantos segundos havia num ano! Ora um ano tem 12 meses e um mês, trinta dias... As fracções entravam logo na primeira classe. Tudo muito básico mas que nos levava a ficar com a noção de metade, da terça parte, ... de um nono... Depois na quarta não havia segredos para a adição e subtracção de fracções (mesmo com denominadores diferentes...) nem tão pouco a multiplicação ou divisão... Os problemas que tinham entrado já na primeira eram o prato forte da quarta, onde chegavam a ter seis e até mais operações. Para atingir este aprumo havia um longo caminho a percorrer desde a arrumação do quadro dividido em três zonas: à esquerda, os dados; em cima, as indicações e, por baixo, as operações. Escritos os dados, o aluno devia ser capaz de repetir o enunciado para, logo de seguida, indicar o raciocínio e tentar, se fosse caso disso, atingir a solução com o cálculo mental. Só a título de exemplo deixo aqui um dos célebres problemas que nos apareciam nos cadernos de problemas: “Um tanque tinha duas torneiras: uma enchia-o em 3 horas e outra levava 6 horas a esvaziar o mesmo tanque. Se abrirmos as duas torneiras ao mesmo tempo, ao fim de quantas horas fica o tanque cheio?” Claro, não é preciso dizer que não havia máquinas de calcular... O barulho era feito pelos ponteiros a bater nas lousas... ou seriam os neurónios a ranger?! Manuel

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A Alegria do Amor A. M. 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