domingo, 8 de janeiro de 2017

Uma voltinha para ver a vida

Barquinho à vela

Ao longe, a ponte que dá acesso às praias

Moliceiro moribundo?

À espera da maré ou de peixe que pique?

Do longe se faz perto: Gafanha da Encarnação vista da Costa Nova

Hoje demos uma voltinha para ver a vida. O dia, luminoso e sereno, estava aliciante. A laguna apresentava-se convidativa para quem gosta e pode velejar. Impossível estacionar para quem não pudesse caminhar muito e com facilidade. Como nós, um mar de gente inundou as praias da Barra e Costa Nova. Gostámos de sentir neste inverno, ainda nos começos, um dia primaveril. Somos realmente uns privilegiados.
Se o mar se tornava impossível para mim e para a Lita, fixámo-nos na ria, sempre esplendorosa. Pescadores pacientes esperavam, aqui e ali, a hora da maré. As velas faziam adivinhar o prazer de velejar e de se deixar ir ao sabor da brisa suave. Famílias divagavam com a criançada eufórica pela liberdade oferecida pelo dia calmo. Nos carros, voltados para a laguna, gente sonhava porventura com o verão que ainda está longe.
Olhando à nossa volta, percebemos que a vida existe apesar das crises ameaçadores que reduzem dia após dia os magros salários, obrigando-nos a ginásticas forçadas, não físicas apenas, mas sobretudo morais. Em especial quando, impotentes, não vislumbramos forma de vencer a carestia da vida.
Morte anunciada nas margens da laguna? Apenas, à vista de quem passa, um moliceiro que jaz à espera de quem lhe dê a machadada final e inglória que ele porventura nunca sonhara.
Boa semana para todos.

Universalismo cristão (I)

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO



Chegaram agora D. Trump, V. Putin e Xi Jin Ping, 
os reis magos do dinheiro, do poder e das armas. 
Não cabem neste presépio.

1. Num grupo de cristãos que se reúnem para estudar as leituras bíblicas da liturgia dominical, assisti a uma divertida discussão. Os textos deste Domingo da Epifania são muito belos, mas o debate recaiu numa pergunta que nem ao menino Jesus podia interessar: os Reis Magos existiram ou não? São personagens da história ou da imaginação? Eram Reis, eram Magos, eram dois, eram três, eram doze? Como poderão ter ido parar à Catedral de Colónia?
A história é contada por S. Mateus[1], um Evangelho para comunidades cristãs de origem judaica. Não fala de Reis, mas de uns Magos que chegaram do Oriente, sem precisar o número. Magos, no sentido actual da palavra, são pessoas que realizam truques de magia. Na Antiguidade, eram os estudiosos de ciências secretas, os sábios e os que investigavam o rumo das estrelas. Cientistas da época!
Olhando, de perto, para esta narrativa nada bate certo com uma história plausível. Nem como fenómeno astronómico, nem como uma convocatória de Herodes aos Sumos Sacerdotes e aos escribas. Por outro lado, como poderia passar despercebida, numa aldeia tão pequena, uma visita de tão célebres personagens, com uma carga de presentes tão impressionante? Como é que o astuto Herodes confia numa história da carochinha?

sábado, 7 de janeiro de 2017

Morreu Mário Soares

 Sem ele, 
tudo seria diferente em Portugal 
depois do 25 de Abril


A notícia que encheu hoje a comunicação social, nacional e um pouco por todo o mundo, informa que morreu Mário Soares, a quem os portugueses muito devem. Político determinado, corajoso e consciente da importância de um socialismo de rosto humano e democrático, faleceu hoje, aos 92 anos, depois de uma vida plena de ideais de justiça social, no respeito absoluto pelos direitos humanos e pela liberdade. Era um homem culto, amante da vida e sempre pronto para a luta em defesa de uma democracia pluralista.
Diz o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que Mário Soares «conheceu a glória e o revés, os amores e os desamores de cada instante», referindo, ainda, que «há imagens únicas que ninguém esquecerá», como «a presença corajosa ao lado de Humberto Delgado, a resistência a partir do exílio, a chegada a Santa Apolónia, o discurso na Fonte Luminosa, a disponibilidade para servir como primeiro-ministro em duas crises financeiras, a tenacidade na primeira volta das presidenciais de 1986, as presidências abertas e a alegria no diálogo com as gentes da cultura». E eu acrescento: com o povo em quem se revia
Os meus pêsames a todos os democratas que foram e são capazes de reconhecer a importância da sua intervenção social e política, antes e depois do 25 de Abril. Sem ele, tudo seria diferente em Portugal.

A humanidade de Deus

Crónica de Anselmo Borges 
no DN



Francisco enraizou o seu discurso
precisamente na festa do Natal, 
que é "a festa da humildade amante de Deus"


1 Jesus é "a humanidade de Deus", Deus humanizou-se em Jesus, nele manifestou-se como homem. Por isso, o teólogo José M. Castillo insiste em que a "religiosidade" tem de ser entendida e vivida como Jesus a entendeu e viveu. Dá que pensar: Jesus "manteve uma relação de intimidade constante e familiar com Deus-Pai, mas manteve igualmente uma relação mortalmente conflituosa com o Templo e os Sacerdotes". O Deus da fé cristã é "verdadeiro Deus" e também "verdadeiro homem". O que se passa é que parece mais fácil crer no divino do que crer no humano. Ora, "o cristão não pode crer no divino, se não crê no humano", isto é, "não pode respeitar o divino, se não respeitar igualmente o humano". Quem ofende, humilha, mata, o ser humano, realmente não acredita em Deus. O problema é: "na Igreja há mais religião do que Evangelho." "Jesus deu-se conta de que a religião, tal como funciona, entra em conflito com a felicidade do ser humano, e as religiões proíbem amar certas pessoas, e são exigentes com as coisas mais íntimas das pessoas, mas mostram-se tolerantes com o dinheiro. Não toleram a igualdade: as religiões dão-se mal com a igualdade e têm de estabelecer diferenças: eu posso mais do que tu, e proíbo-te que penses ou digas isso." Por isso, "na Igreja, há tantas coisas que nos indignam e que não podemos aceitar. Porque é que se respeita mais o templo do que a rua? Porque é que se respeita mais certos homens do que certas mulheres? Porque é que o direito canónico concede aos clérigos direitos e privilégios que os leigos não podem ter?" Afinal, "a grande preocupação de Jesus não era se as pessoas pecavam mais ou menos, mas se tinham fome ou se estavam doentes". E Castillo observa, indignado: "Sabem quando é que a Igreja condenou a escravatura? Com Gregório XVI, em meados do século XIX. Porque é que o Vaticano ainda não subscreveu os acordos internacionais para a aplicação dos direitos humanos? Procurem a palavra "mulher" no Código de Direito Canónico. Não a encontrarão." No entanto, sublinha, nos Evangelhos encontramos a profunda humanidade de Jesus, que se manifesta nas suas três grandes preocupações: a saúde, a alimentação e as relações humanas; por isso, aparece a curar doentes, a partilhar as refeições, acolhendo toda a gente, falando com todos, sem excluir ninguém. Aí está: a fé no "divino" e no "humano" não pode valer "só enquanto se refere à "outra vida", pois tem de valer e viver-se também em tudo quanto afecta "esta vida"". E Castillo afirma, com razão, que Francisco coincidirá em muitas coisas com ele, ainda que não em tudo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Grupo Columbófilo da Gafanha com nova sede


Sede do GCG, antigo jardim de infância de Remelha
Adelino Pina com Presidente da CMI


Neste mês de janeiro de 2017, a rubrica “Associações” é dedicada ao Grupo Columbófilo da Gafanha, uma das Associações mais antigas do Município de Ílhavo que comemora 64 anos de atividade no presente ano. 
Fundado a 08 de Abril de 1953 (aprovados estatutos por despacho do Diretor Geral da Direção Geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar, diário do governo II Série n.º 87 de 13-04-1953), o Grupo Columbófilo da Gafanha tem como principal objetivo a prática de columbofilia, dirigida em especial a todos os amantes desta modalidade desportiva, cujo número tem vindo a aumentar nos últimos anos. 
O Grupo Columbófilo da Gafanha exerce a sua atividade desde o ano de 1953 de uma forma ininterrupta, tendo a sua sede sido instalada por vários locais da Gafanha da Nazaré ao longo de todos estes anos. 
Em 15 janeiro do presente ano irá inaugurar a sua nova sede, no antigo Jardim-de-infância da Remelha, na Rua Roberto Ivens n.º 1 na Gafanha da Nazaré, no âmbito de um Protocolo de Cedência de Uso/Contrato de Comodato celebrado com a Câmara Municipal de Ílhavo em 13 de janeiro de 2016, que lhe cedeu o referido espaço sendo efetuadas algumas obras para o regular desempenho da atividade columbófila. 
Pelo seu contributo, a Câmara Municipal de Ílhavo concedeu-lhe, em 2002, a Medalha do Concelho em Vermeil, que o Grupo Columbófilo recebeu aquando das Comemorações do Feriado Municipal. 

Principais Atividades 

- Participação em diversos campeonatos de concursos de pombos correio; a nível local e distrital e internacional; 

- Participação em exposições distritais, nacionais e internacionais (olimpíadas).

Grupo Columbófilo da Gafanha 

Rua Roberto Ivens, n. º1,
3030-655 Gafanha da Nazaré 

Tel. 968918405 

Presidente da Direção 

Adelino Jorge Pinheiro Pina

Fonte Agenda "Viver em..." da CMI

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NOTA: Fico sempre satisfeito quando tomo conhecimento de agradáveis notícias sobre as instituições do nosso município.  Todas elas, de qualquer área, merecem o nosso respeito e admiração, pela entrega a causas de interesse coletivo. No desporto, na cultura, no entretenimento sadio, no social, no educativo, no artístico, no lazer. Graças, em especial, aos seus dirigentes que tudo sacrificam para bem de nós todos. 
O GCG é, sem dúvida, uma das mais antigas instituições da nossa terra. Sei, por conhecimento direto, da paixão que une todos os columbófilos, anos e anos a cuidar dos pombos-correios, a participar em provas, a apurar raças, a estudar estratégias para se alcançarem vitórias. E agora, com uma sede nova, urge estarmos atentos para todos aplaudirmos os sucessos dos columbófilos da nossa terra. Um abraço para todos. 

Festa da Epifania do Senhor

Reflexão de Georgino Rocha


PROCURA JESUS, SEGUE A SUA ESTRELA

Os Magos, segundo o relato de Mateus (2, 1-12) desempenham uma função primordial na manifestação de Jesus a todos os povos da terra. Os traços marcantes da sua procura, o anonimato da sua figura e ocupação, as peripécias da sua viagem seduzem o imaginário popular que lhes dá nome pessoal e os reveste de episódios rocambolescos encantadores. E surgem encenações e cantares, poesias e orações, pinturas e outras obras de arte, doces e manjares, visitas à vizinhança e trocas de prendas. E tantos outros sinais de alegria esfusiante em “honra dos santos Reis”. Mantém uma presença pública notável face a correntes ideológicas que pretendem remeter o religioso para o privado e o subjectivo.

Seduzem e estimulam a reflexão cristã que, ao longo dos tempos, elabora celebrações e “catequeses” ricas de ensinamentos e de fortes interpelações. Celebrações de estilo litúrgico formal e popular. Catequeses familiares e comunitárias. Umas e outras procuram desvendar os segredos do coração humano que não descança enquanto não encontrar o que anseia; coração que é capaz do melhor e do pior, peregrino da verdade de si mesmo e da realidade envolvente, aberto ao absoluto de Deus e fechado nos limites da sua fragilidade; coração sempre necessitado de uma “estrela” que ilumine e respeite a liberdade da busca incessante, ainda que intermitente.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Ano novo, vida velha?

Crónica de Vítor Amorim


Quase sem darmos por isso, eis que o ano de 2017 já passou a fazer parte do nosso dia-a-dia, sem que a esta alteração cronológica corresponda um mundo com mais esperança, paz e amor, enquanto valores universais e fundamentos do bem comum de toda a humanidade.
O aprofundamento, a valorização e a dignificação destes princípios universais não passam pelas folhas dos calendários, mas pelos valores, vontade e consciência dos homens - de todos os homens –, enquanto corresponsáveis pelo bem-estar das sociedades e de toda a criação.
Nestes últimos tempos, não nos têm faltado palavras de “boas festas”, de um ano novo próspero e feliz, com boas saídas e melhores entradas, para além de muito amor, saúde e dinheiro. Se a felicidade de cada um de nós dependesse apenas destes desejos, por mais amáveis e sentidos que eles sejam, teríamos as portas do mundo abertas de par em par para podermos ser mais otimistas e confiantes.
No entanto, todos estes votos de “boas festas” e de bom ano, que ecoaram um pouco por todo o mundo, parece não se traduzirem em mudanças de atitude e de comportamento na vida e no quotidiano de cada um. Quase sempre, o entusiasmo inicial “de novo ano, vida nova” vai dando lugar ao desânimo e à descrença, bem à maneira de uma história trágica, cujo desfecho se afigura predeterminado e frustrante: ganham sempre os mesmos! Voltam, então, as velhas rotinas e os lamentos anestesiantes.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

António Guterres garante que não é milagreiro

"É útil dizer que não há milagres 
e tenho a certeza de que não sou milagreiro"


«"Sei que a forma como o processo de eleição decorreu gerou muitas expectativas. Acho que é útil dizer que não há milagres e tenho a certeza de que não sou milagreiro", disse o português.
"A única forma de atingir os nossos objetivos é trabalhar juntos, como equipa, e ganhar o direito de servir os valores globais consagrados na Carta, que são os valores da ONU e os valores que unem a humanidade", acrescentou.
O antigo primeiro-ministro português, que entrou em funções no primeiro dia do ano, falava a várias dezenas de funcionários que o aguardavam no momento em que entrou na sede da ONU em Nova Iorque.
"Não devemos ter ilusões, estamos a enfrentar tempos muito desafiantes", começou por dizer, lembrando o ataque terrorista na noite de passagem de ano em Istambul que vitimou 39 pessoas.»

Ler mais no DN

NOTA: À natural euforia dos portugueses pela eleição de António Guterres para o alto cargo de Secretário Geral da ONU, passámos à realidade. Oficialmente, Guterres entrou hoje em funções e a partir de agora só contarão os resultados concretos de negociações que levarão, ou não, ao fim dos conflitos dolorosos das guerras e terrorismos.
Eu  acredito que António Guterres tentará tudo para que haja paz, justiça social e diálogo entre nações e povos nas mais diversas latitudes. Mal seria que não acreditasse. Mas não deixo de reconhecer que o novo Secretário Geral das Nações Unidas vai encontrar muitos ódios e raivas recalcados, guerras intermináveis, terrorismos ignóbeis, crimes hediondos. E a paz, tão desejada por tantos,  talvez continue uma miragem terrível. Que Deus e homens bons o ajudem nesta hora difícil.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Cortejo dos Reis — Festa de generosidade e alegria

Próximo domingo
8 de janeiro 

No cortejo não podia faltar a sagrada família com o Menino sorridente

Músicos e cantores, apesar da chuva

Nem as  crianças faltaram com tempo agreste


E a juventude também não faltou

No próximo dia 8 de janeiro, os gafanhões vão ter o privilégio de participar, novamente, no mais que centenário Cortejo dos Reis, manifestando a sua alegria pela caminhada que a todos conduz ao Menino Deus. E para essa alegria ser mais expressiva, ninguém recusará um presente, por mais simples que seja, na hora da adoração, que terá lugar na chegada à nossa igreja matriz, por entre cânticos de louvar e de ternura. É assim desde que a comunidade cristã da Gafanha da Nazaré se uniu para, em conjunto, todos os seus membros testemunharem, daquela maneira, a fé herdada dos seus e nossos antepassados.
O cortejo inicia-se no lugar de Remelha, mas a aparição do Anjo, que convida os presentes a porem-se a caminho para adorar o Menino, só acontecerá algum tempo depois, junto à Pastelaria Primavera. E a caminhada, ao som dos cânticos natalícios, recomeça, rumo à nossa igreja matriz.
Os participantes apresentam-se vestidos com trajes representativos de outras épocas e profissões, ora cantando ora pedindo a quem assiste um contributo para o Menino, e a todos anima a vontade de encher as sacas de moedas que a boa vontade dos gafanhões nunca recusará. Alguns, em grupos de quatro jovens ou adolescentes, seguram nas extremidades de uma colcha convidando quem está a olhar a tirar do bolso umas moedas que, multiplicadas por um bom número, dá uma boas notas.
Pelo caminho, há sítios estratégicos onde são representados outros autos de Natal, que culminam no palco principal, junto à igreja, para que todos ouçam o Rei Herodes que esconde as suas artimanhas, no diálogo com os Reis Magos, para mandar matar o Menino Deus, com medo que Ele lhe roube o trono. Os Reis Magos, astutos, trocaram-lhe as voltas e nunca mais apareceram para indicar a Herodes onde estava o anunciado Salvador do povo de Israel.
O momento culminante, desejado por todos os participantes, é a entrada na igreja. Portas fechadas, Reis Magos, pastores, cantoras à frente, tudo a postos, e a um sinal a porta é aberta e todos entram no templo, ao som das mais lindas melodias desta época. Mais um auto com os pastores e Magos a adorarem o Deus Menino e logo depois o nosso prior, Padre César, com o Menino acalentado nas suas mãos, oferece-O a quem quiser beijá-Lo.
Segue-se o leilão no salão Mãe do Redentor.
O rendimento do Cortejo dos Reis reverte para a requalificação que foi operada nos templos da paróquia.

Fernando Martins 

NOTA: As fotos são do meu arquivo

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