quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Entrevistas a figuras públicas, todos os dias, no jornal i

Mia Couto
Laurinda Alves entrevistou Mia Couto para o jornal i. É um dos meus escritores preferidos. "Jesusalém", o seu mais recente livro, que ando a ler, mostra a razão da minha preferência. Diz a jornalista que "Mia Couto fala devagar e quase sempre em voz baixa. Ri com a mesma facilidade com que se distrai com tudo e todos. É um escritor apaixonante e um homem fascinante". Leia aqui.

Crónica de Férias: "POMBINHOS"

Quando, mais uma vez, cumpria o ritual de visitar as cabrinhas...
E assim acabou o idílio
daquele “casalinho de rolas”
Era um regalo para os olhos, ver aquele casalinho tão unido! Não podiam ver-se um sem o outro e até a dormir ficavam coladinhos, no leito! As mais das vezes, assim acontecia, excepto quando a “menina” saltarica como todas as meninas-rapaz, pulava para o beliche que ficava por cima da cama comum! Era uma cesta de verga, semelhante a uma alcofinha de bebé, a que só faltavam os lençóis de fina cambraia! Talvez nas noites muito quentes, ela tivesse necessidade de mais espaço, de poder esticar-se à vontade, sem importunar o companheiro que permanecia fiel ao seu leito nupcial! Se calhar....até ressonava e queria poupá-lo a esse incómodo (!?) Por várias vezes, a “pastora” a surpreendeu nesta pose e não resistiu a fixar a imagem para deleite futuro. Sim, constituía um espectáculo de rara ternura, ver uma cabrinha anã, deitada dentro dum cabaz comprido, e dormir o soninho dos justos nesse aconchego de verga. Quando os ia colocar de manhã, no pasto, tinha que levar um de cada vez e isso era um problema, pois a privação do outro era um sofrimento tal, que originava um balir dolente e contínuo, até se encontrarem os dois pombinhos, outra vez juntos. Para abreviar esta eternidade, (!!!) a cabrinha era transportada ao colo da dona, que a segurava como uma peninha! Tão leve, tão delicada, tão franzina no seu corpinho de bonequinha de pêlo! Era uma delícia contemplá-la nas suas quatro patinhas, tão fininhas que se surpreendia como seguravam aquele corpito irrequieto. O companheiro, ávido de rever a “menina”, corria à frente da dona, quase se escapulindo pelo meio da erva circundante. Um dia, sem terem reivindicado nada, foi-lhes alargado o espaço de circulação e passaram a andar sem freio, sem limites, sem cordas. Foi a alegria consumada, do “casalinho de rolas”, que pôde dar largas à sua sede de liberdade! De vez em quando, uma rola que nidificara por ali, vinha partilhar do bebedouro franco, colocado no bosque, para mitigar a sede a todos os visitantes. A água quando nasce é para todos e ali se fazia prova do mesmo. A dona deliciava-se nesta contemplação e até quase invejava a felicidade daquele parzinho amoroso! Tinham espaço amplo, sombra com abundância e comidinha fresca e variada. Até lhes era oferecida, à sobremesa, um petisco que devoravam num ápice. Um prato, de maçã laminada, descia até às cabrinhas, que lhes chamavam um figo! Têm boa boca as “meninas”! Boa e pequenina, por isso a dona tinha o cuidado de lhes preparar a iguaria, com o mesmo requinte que se deve a convidados especiais. Sempre que se aproximava da entrada do bosque, lá lhes cheirava a petisco e era vê-las a correr em direcção à paparoca! E tinham razão, pois vinha mesmo coisa boa! Um dia, de manhã, quando mais uma vez cumpria o ritual de visitar as cabrinhas e de lhes franquear a saída para o seu repasto, a pastora teve uma alucinação! Uma alma penada, vinda dos confins dos infernos, entrara, à socapa, no ovil e arrebatara consigo a companheira fiel. Não sabe por que purgatório, ou inferno terá passado a criaturinha de Deus, antes de entregar a alma ao Criador, mas uma certeza ficou. Uma mágoa enorme, pelo desaparecimento duma coisinha tão pura, tão fofinha e sobretudo tão fiel ao seu companheiro de jornada! Este, não se viu derramar lágrimas como os humanos, mas no seu semblante, outrora tão gaiato, tão feliz, pousou uma enorme tristeza! Nos primeiros dias, quase não arredava pé do mesmo sítio e pouco ou nada comia. Como acontece a muitos seres humanos, foi condenado, sem culpa, a uma pena de solidão.....que segundo peritos na matéria.....mata! E assim, acabou o idílio daquele “casalinho de rolas”, que para a dona era um parente próximo -os pombinhos!
Mª Donzília Almeida 04 .08.09

Voltar atrás?...

Voltar atrás?... Ao olhar para mim não me revejo No petiz que eu fui, jovem que sonhou, Parecendo que a fé já se esfumou Na tortuosa estrada em que mourejo. Em adulto perdi todo o ensejo De fazer o que sempre me animou E a vida tão sonhada se mudou De grande sinfonia em fraco harpejo. No tremor alquebrado dos joelhos Sinto que foram vãos esses conselhos Que tanto me previram este fim. Tentar voltar atrás de nada vale Por não haver regresso que me cale A saudade que sofro já por mim! Domingos Freire Cardoso

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE


Desejar, desejar desesperadamente 

Desejar, desejar desesperadamente 
desejar até à dor e à angústia 
até ao grande vazio amargo 
desejar que seja de outro jeito 
desejar o fim das crueldades das loucuras, da estupidez, do abjecto, 
desejar a satisfação, a luz, a ternura 
ter muita fome, ter muita sede do mundo diferente 
e de si-mesmo diferente. 

Maurice Bellet

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O GALO

D. Carlos gostava de histórias e do exemplo que são. Esta contava-a ele e, depois, contava-se dele. O rei fora visitar um manicómio. À hora marcada, chegou gordo, louro e solene. Estavam a recebê-lo ministros e médicos. Os loucos olhavam-no à distância, muitos deles não percebendo sequer quem era aquele que viam. Até que, quando cumprimentava e fazia perguntas, se chegou junto dele um doente que tinha conseguido furar o cordão que protegia o monarca. Era um homem de meia-idade. Dirigiu-se ao rei com modos reverentes (fez uma vénia) e palavras respeitosas (Majestade, Meu Senhor), pedindo compreensão e clemência. Contou que estava preso naquele hospício por uma escura maquinação da família, que assim lhe tinha ficado com os bens e lhe gastava a fortuna. Fixou D. Carlos com os olhos serenos e sinceros, exclamando: "Eu não estou louco! Sou um homem são e só Vossa Majestade me pode salvar, ordenando que se faça justiça."
José Manuel dos Santos
Leia tudo no EXPRESSO

Leituras nas Praias da Barra e da Costa Nova

Biblioteca na Praia da Barra
:
BIBLIOTECA: BOA ALTERNATIVA
AO NÃO FAZER NADA
Há iniciativas que merecem aplausos. Destaco, desta vez, a Biblioteca de Praia 2009, um projecto da Biblioteca Municipal, da responsabilidade da Câmara de Ílhavo. Boa ideia, sim senhor. E já vem de anos atrás, certamente para continuar. Passei por lá para ver o ambiente. Havia sempre alguém que procurava um livro para ler, em qualquer posição, sentado, recostado ou deitado no areal, recebendo o ar carregado de iodo e o sol benfazejo. Pelas informações que colhi, junto de uma funcionária simpática, sempre de sorriso aberto, há livros para todas as idades e dos mais variados autores, nacionais e estrangeiros. E quando algum veraneante procura um livro que não está disponível, é certo e sabido que no dia seguinte já está na Praia da Barra, porque a Biblioteca Municipal está preparada para atender as solicitações dos que optaram pelos nossos areais junto ao oceano. Disse na Praia da Barra, mas o mesmo acontece na da Costa Nova, da área do município. Entretanto, crianças desenhavam e pintavam em mesas montadas junto à Biblioteca. Outras liam, concentradas. A funcionária adiantou-me que está para chegar um contentor para proporcionar actividades lúdicas, no sentido de espevitar a criatividade das crianças, adolescentes e jovens, que frequentam as praias ilhavenses, durante este verão. Boa alternativa ao não fazer nada... FM

MAR AGOSTO '09

28 de Agosto
LUIS REPRESAS
NA COSTA NOVA
Diz um velho ditado, com alguma lógica, que “tristezas não pagam dívidas”. E um outro refere que “Mais vale rir que chorar”. Partindo destes pressupostos, vamos tentar viver as férias com a alegria possível e desejável. Para este mês de Agosto, a autarquia ilhavense fez uma programação abrangente, chegando a todo o concelho, que não é assim tão grande, geometricamente falando. Há festas para todos os gostos, para todas as idades e para todas as sensibilidades. Também não deve faltar ânimo para participar, até porque é quase tudo oferecido. Os comes e bebes, como é óbvio, têm de ser pagos. Mas como cada um pode comer à medida do seu bolso, penso que o assunto, em princípio, está resolvido. Música a rodos mais espectáculos variados enquadram uma panóplia de diversões. Mas permitam-me que destaque a I Semana Náutica do Município de Ílhavo, o Festival e Marisco na Costa Nova, as comemorações do 72.º Aniversário da Fundação do Museu Marítimo de Ílhavo, o Festival do Bacalhau, a Rota das Padeiras e o grande concerto com Luís Represas.
Ver programa detalhado aqui

Fotografias de Carlos Duarte na Costa Nova

É hoje inaugurada, às 17h, a exposição de fotografia de Carlos Duarte sobre a Ria, na Residencial Azevedo na Costa Nova. São cerca de 50 trabalhos, representando vários temas da nossa Ria, vistos pelo olhar atento deste fotografo natural de Coimbra, mas que desde 1978 tão bem tem retratado toda a região de Ílhavo e em especial a zona lagunar. Esta exposição está patente durante Agosto e Setembro.

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE

Barcos de Monet
Trabalhar com as próprias mãos Trabalhar com as próprias mãos em tarefas caseiras, na costura, no seu ofício, na bricolagem e fechar o rádio e todo o zunzum interior escutar o que fala sem palavras enquanto as mãos se ocupam e ocupam a superfície da alma. Ou então, conduzir um automóvel muito distendido, atento, delicado uma vez que essa ocupação deixa livre um pensamento sem pensamento que amadurece algures Maurice Bellet

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Marina no Jardim Oudinot

Será que há alguém capaz de me explicar por que razão a Marina do Jardim Oudinot, no Forte da Barra, se apresenta, normalmente, sem sinais de embarcações, que lhe dêem motivos para existir? Foi inaugurada há um ano e ainda não foi utilizada. Será que não tem condições para isso?

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