domingo, 22 de junho de 2008

PONTES DE ENCONTRO

A Salvação de Deus e o poder dos homens
No passado dia 20, do corrente mês, escrevi, aqui, no blogue, um texto de partilha sobre umas, breves, declarações, proferidas pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa, ao jornal Expresso, do dia 13 de Junho, onde este fazia algumas referências a movimentos eclesiais de leigos que, ideologicamente, estão situados entre aquilo que, convencionou estarem à esquerda ou à direita do espectro político português. A meu ver, tais afirmações, não têm que ter quaisquer conotações partidárias, ainda que não seja de excluir tal hipótese. Pois bem, tive a bondade de algumas reacções a este texto e, algumas delas, interpelavam-me mesmo se existem ou não partidos políticos que se identificam mais com a Igreja Católica, do que outros, para logo me darem a resposta e a conclusão: existem estes partidos e é natural, por via disso, que os movimentos de leigos, ideologicamente próximos destes, tenham maior aceitação, compreensão e apoio no interior da Igreja. Sinceramente, creio que, quem assim pensa, não está a prestar um bom serviço à Igreja e à sociedade e ainda deve estar a pensar nos tempos em que o Estado português se dizia católico e reconhecia o catolicismo como a sua religião. Hoje, a sociedade, também religiosamente, é plural, pelo que o Estado não pode ter religião. Antes, tem que respeitar todas as confissões religiosas, através do reconhecimento dos seus plenos direitos. Por outro lado, a laicidade [do Estado] tem que se afirmar neutra em matéria religiosa, neutralidade esta que exige que a não religião ou o laicismo não se transformem em doutrina do próprio Estado. Estes pressupostos são a essência da separação entre Igreja e Estado, esteja este organizado da maneira que estiver, ainda que esta separação jamais possa significar que Igreja e Estado estejam de costas voltadas. Pelo contrário: tanto a Igreja como o Estado têm que estar ao serviço e em busca do bem da sociedade, no seu todo. Deste modo, num Estado democrático, como é o português, e citando D. José Policarpo, na sua mensagem “A Igreja no tempo e em cada tempo”, de 18 de Maio de 2008, "O único caminho democraticamente legítimo de a Igreja influir nas estruturas do Estado é a participação consciente dos membros da Igreja nos processos democráticos. A Hierarquia respeita a pluralidade de opções partidárias por parte dos católicos. Deve, entretanto ajudá-los a formar a sua consciência cívica e a visão dos problemas da sociedade em chave cristã.” (…) “A Hierarquia não deve intervir no processo democrático com métodos de confronto. Os católicos sim, esses podem e devem fazê-lo.” Mais à frente, na sua mensagem pastoral, o Cardeal-Patriarca escreve: “…a natureza da missão da Igreja na sociedade é a Igreja que a define e não o Estado.” Ir para além disto, para os cristãos, é confundir a autenticidade da missão da Igreja com uma qualquer ideologia ou um qualquer programa político-partidário, sempre passageiro, frágil e limitado às suas conveniências e circunstâncias de momento, que jamais a Igreja poderia aceitar ou apoiar, em nome da sua perene fidelidade evangélica “… para que todos sejam um só…” (cf.: Jo 17,21); da liberdade de cada cristão poder dar, segundo a sua consciência moral, formada pelos e nos valores cristãos, “…a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (cf.: Mc12, 17); não entender que a Igreja está para servir e não para ser servida (cf.: Mc 10, 42-45); que a mera lógica de poder e de domínio, no seu interior [da Igreja], ou deste para o exterior, é um pecado contra Deus e contra o homem, que o conduz à perdição eterna, pois ” Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se, depois, perde a sua alma?” (Cf.: Mt 16,26); que qualquer poder humano só vem de Deus (cf.: Jo 19,11), pelo que a liberdade do homem é finita e falível, o que o deve levar a ter consciência das suas próprias limitações, à medida que busca e descobre, por si próprio, a vontade de Deus e que “não há salvação em nenhum outro” [Jesus Cristo], pois “não há debaixo do céu qualquer outro nome dado aos homens que nos possa salvar” (Cf.: Act 4,12), ou seja, não é o poder, a riqueza ou os partidos que nos salvam, mas a forma como tratamos o nosso semelhante (cf.: 25, 34-40).
Vítor Amorim

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 83

A ALIMENTAÇÃO
Caríssima/o: Vontade de rir nos invade quando falamos sobre as nossas comidas desses recuados tempos de meados do século passado. [Concordemos ou não estamos em plena recuperação de juventude, atravessando eufóricos a terceira idade! Quem é que não rasgou a face quando um conhecido nos bate nas costas e diz prazenteiro “olha como fulano está velho... acabado!”... sabemos onde ele está a bater!...] Cum diacho, já meia dúzia de linhas e ainda não falámos na malga de sopas de café do almoço antes de irmos para a Escola; esclareça-se sopas de boroa! Ao meio-dia, ia-se a casa pelo jantar: um prato de caldo com um olho de azeite, couves e batatas; quando o rei-fazia-anos um naco de toucinho, melhor, de carne branca. Muitas vezes, íamos com sorte com o resto da ceia da véspera: umas batatitas com couves e um pedacito de peixe que escapou escondido em alguma folha verde. Nova corrida, que o botão ou o pião nos esperavam... O “problema” apareceu quando a Escola foi mudada para a Marinha Velha, para a Escola do Ti Lopes: era muito longe e não dava tempo para vir jantar a casa; levávamos a boroa e a sardinha que sobrou da véspera embrulhadas num papel de jornal. Como facilmente se adivinha fome era coisa que não se via, porque na altura se afirmava que era negra! Muitas vezes a enganávamos com mais uma golada de água. Temos de concordar que durante os exames a coisa mudava muito: sandes de marmelada e pirolito, pois então! Já do lado chamam que são horas da merenda e que fiz grande confusão com as refeições... Pelo sim pelo não, vou ao meu suplemento alimentar para manter a linha. Manuel

sábado, 21 de junho de 2008

ESTAR DO LADO DE JESUS

Não há alternativas. Estar ou não estar do lado de Jesus. Aqui, agora e sempre. A opção é nossa, de cada um. Pode tomar-se em qualquer ocasião. E refazer-se em todas as circunstâncias. “Quem se declarar por mim, eu me declararei por ele” é afirmação sentenciosa clara, firme e comprometedora. Estar do lado de Jesus é ser presença junto daqueles que Jesus ama: os construtores da paz, os mensageiros da justiça, os arautos das boas notícias do mundo, os voluntários de todas as causas humanitárias, os defensores da dignidade humana, os amantes de uma vida sóbria, os íntegros de carácter e honestos de atitudes, os transparentes e puros de coração. Estar do lado de Jesus é viver a confiança e cultivar o risco ousado, é alicerçar convicções nobres e nutrir emoções positivas, é preferir a promoção das pessoas à eficácia do êxito, é amar gratuitamente dando preferência aos empobrecidos de tudo, sobretudo de consideração, de estima, de atenção. Onde está Jesus está o melhor do ser humano, de toda a humanidade: respeito sagrado pela consciência, proximidade solícita face aos excluídos dos bens da vida, entrega generosa e abnegada pelos indefesos e perseguidos, perdão incondicional aos ofensores, amor sem limites aos inimigos. A pessoa humaniza-se na medida em que estiver ao lado de Jesus, cultivar a sua opção de vida, preferir o seu estilo de relação e assumir a sua forma de compromisso. A sociedade é espelho da condição humana que Jesus dignificou, repondo as leis ao serviço das pessoas, abolindo tradições sem sentido, transgredindo normas menores opressivas, abrindo horizontes de cooperação, dando espaço aos marginalizados, purificando as aspirações dos sonhadores e propondo a todos uma qualidade de vida de excelência no amor e na paz. Com Jesus nada se perde nem desvirtua. Tudo se assume e eleva, a fim de condizer com a nossa comum dignidade humana. Vale a pena estar do seu lado, apostar nele, correr o risco com ele. Georgino Rocha

Língua à Portuguesa

Reconhecer o valor estético da Língua
A língua não é apenas um veículo de comunicação. É também o meio pelo qual expressamos os nossos pensamentos, as nossas emoções, os nossos afectos... Eu diria que a língua não tem somente o género gramatical feminino; ela é 100% feminina, e, como tal, também ela é vaidosa! Por trás dos bastidores, que são as regras firmes da gramática, está também o encanto de ela aparecer em palco e mostrar a beleza das suas roupas, que são as palavras; das suas jóias, que são as figuras de estilo; da sua maquilhagem, que são as reticências e os pontos de exclamação a mais!! E ninguém ouse censurar esta vaidade de “alguém” que não envelhece, mas que, pelo contrário, rejuvenesce a cada dia que passa! Reconheceram o valor estético da língua?!!
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NOTA: Aqui ao lado, em CULTURA, coloquei um blogue que se dedica a questões da Língua Portuguesa, com saber, arte e bom humor. Como amostra do que pode ler em Língua à Portuguesa, ofereço aos meus leitores o texto desta página. Passe por lá para ver mais e para aprender.

Casa Gafanhoa

Há tempos escrevi aqui um texto, ilustrado com fotos da Casa Gafanhoa. Volto a ele e às fotos, por me parecer pertinente, neste início do Verão, época das férias grandes. Grandes significa com mais tempo para visitar o que há de importante.

Campos de Aveiro


Vejo os campos de Aveiro…
Árvores verdes, brancas velas
Em fugitivo idílio,
Na planície cortada de canais;
E no centro a lagoa, ébria de cor, dormindo.

Teixeira de Pascoaes

Manuela Ferreira Leite: o que mudaria com ela?


"Chegou a hora de Manuela Ferreira Leite nos dizer o que é que o país mudaria com um Governo seu".

João Marcelino, "Diário de Notícias", 21-06-2008

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NOTA: Ora aqui está uma boa questão, que aplaudo. Cansados de ouvirmos falar mal uns dos outros, chegou a hora de a nova líder do PSD (ou PPD-PSD, como alguns gostam) nos dizer, olhos nos olhos, o que é que faria ou fará se um dia estiver à frente do Governo. De diferente e melhor, já agora. Já estamos todos cansados de mais do mesmo..., deixando o país e os portugueses a ver passar o comboio do progresso, rumo a outras bandas.

FM

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