domingo, 27 de abril de 2008

ESTÔMAGOS VAZIOS GERAM REVOLUÇÕES

O trigo subiu 130 por cento

O problema da escassez de alimentos começa a inquietar o mundo. O tema já foi abordado, com oportunidade, pelo meu colaborador Vítor Amorim, hoje e aqui no meu blogue, mas será sempre bom voltarmos a ele, porque tudo quanto se disser não será demasiado.
Em opinião, na coluna lateral, Ferreira Fernandes, do Diário de Notícias, lembra até que “o estômago vazio é que dá horas às revoluções, não a falta de liberdade”. E é verdade.
O PÚBLICO de hoje dedica umas boas seis páginas ao assunto, porque é importante reflectir com muita seriedade, sob pena de perdermos a carruagem da busca de soluções, que são inadiáveis.
Ao abordar a questão da fúria dos pobres, lembra que ela já está em campo, prenunciando revoluções sociais de consequências imprevisíveis, apoiadas, essencialmente, na falta de pão. Recorde-se, antes de mais, que os preços baixos da alimentação duraram 40 anos e que, de um dia para o outro, as subidas foram simplesmente brutais, segundo o PÚBLICO: o milho aumentou 31 por cento, o arroz 74 por cento, a soja 87 por cento e o trigo 130 por cento.
Paralelamente, os protestos não param: México, Marrocos, Mauritânia, Guiné, Camarões, Senegal, Costa do Marfim, Madagáscar, Moçambique, Etiópia, Haiti, Indonésia, Iémen e Paquistão dão, entre outros países, o tom ao descontentamento. Alguns países já suspenderam as exportações e noutros começaram as restrições à venda de alguns produtos alimentares. Tudo, ao que se diz, por causa do aumento das populações, dos biocombustíveis e do preço petróleo, que não pára de crescer.
FM

CHINA ACEITA DIALOGAR COM DALAI LAMA


Afinal, os protestos sempre surtiram efeito. A China já aceitou dialogar com Dalai Lama, o líder espiritual tibetano. No entanto, a imprensa chinesa não desarma e prossegue com os seus ataques, dando pouca importância à oferta do regime de Pequim. Dalai Lama, contudo, já afirmou que quer discussões "sérias" com a China, porque em causa está a liberdade e a defesa da cultura tibetana. Vamos esperar para ver. De qualquer forma, o facto de Pequim acolher os próximos Jogos Olímpicos, já por si pode estar na base deste diálogo. Ainda bem.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 75

Prova caligráfica de João Simões Amaro, em 9 de Julho de 1930, na escola da Cambeia.
O professor atribuiu-lhe a classificação de Bom. (clicar na foto para ampliar)






TINTEIROS, CANETAS E APAROS

Sentados nas carteiras, dois a dois, três a três ou mesmo quatro a quatro, começávamos por gatafunhar com os lápis de bico mais ou menos rombudo. Falaremos deste e de outros lápis quando nos dedicarmos ao desenho; hoje fiquemos pela escrita no papel... Durante largos meses, os nossos dedos faziam equilíbrios mirabolantes no lápis (por mais que esticássemos o dedo indicador nunca estava na posição correcta! Que martírio...)
Quando, por alturas do Carnaval, passávamos para a letra miudinha do livro de leitura, a nossa Professora mandava-nos comprar uma caneta! No nosso tempo na loja só havia daquelas redondas e coloridas. O primeiro encantamento era pois para os “traços e arabescos” que atravessavam ou corriam ao comprido do nosso novo e mágico instrumento; depois era o aparo a que se chamava “bico”. Quanta arte e feitiço nestes apetrechos metálicos: uns redondos e curvos, outros mais esbranquiçados mas direitos e duros; aguçados estes, largos e achatados aqueles...
Havia situações do arco da velha: quando o dinheiro não chegava para pôr de lado os tostões que custava a caneta e não havia possibilidades de ter acesso a uma por empréstimo ou por herança, o caso levava os pais a fazer a tal caneta... A obra até podia ser prima mas o “sortudo” não achava piada nenhuma, porque fugia da norma e, pior do que isso, quase nunca o bico se segurava direito! Era um tormento!
Não queria afastar-me do assunto... Primeiro dia de escrita com a caneta: nós, os que passámos por ele, ainda nos lembramos dos dedos pintados de azul e dos pingos de tinta que caíam (como?) no papel e inutilizavam todo o trabalho realizado até essa altura; havendo borrata tinha de se repetir tudo desde o princípio!
Em cada carteira, dois tinteiros esperavam sempre de boca aberta que molhássemos os aparos. E muita tinta se gastava! De quando em vez, os alunos da quarta renovavam a reserva nos frascões enormes, desfazendo o anil na água que se ia buscar ao vizinho ou se trazia de casa.
Diga-se, porém, que o uso destas canetas levava as crianças a desenvolverem certo gosto artístico. Como as provas de passagem e de exame tinham uma componente que se chamava “Caligrafia”, era forçoso praticar; se o/a Professor/a tivessem veia, era certo e sabido que os alunos logo aí deixavam marcas de bela e perfeita letra, com finos e cheios, com hastes e barrigas elegantes...
Só mais uma imagem: a escrita nos dias gelados de Inverno! Bem, só de pensar em tal, o computador até se engasgou e, deu-me a impressão, que lágrima furtiva caiu do tinteiro automático... Para quê mais tormentos?!

Manuel

BICENTENÁRIO DA ABERTURA DA BARRA DE AVEIRO - 7


As comemorações do Bicentenário da abertura da Barra de Aveiro prosseguem. A Secção Filatélica e Numismática do Clube dos Galitos associa-se à efeméride, com a realização da Mostra do Mar – mostra filatélica subordinada ao tema Mar.
Esta iniciativa realizar-se-á de 2 a 7 de Maio, nas instalações da antiga Capitania do Porto de Aveiro (no centro da cidade).
O carimbo comemorativo será lançado sábado, dia 3 de Maio, pelas 14h00, no local da Exposição.
A partir das 15h30m, realizar-se-ão três palestras subordinadas aos seguintes temas:
- “Os Estaleiros dos Mónicas na história da construção naval na Ria de Aveiro”, pelo Capitão João Batel;
- “História Postal – Correio Marítimo”, pelo Dr. Luís Frazão;
- “Pesca do Bacalhau – uma viagem”, pelo Capitão Marques da Silva.

Aveiro, o Clube dos Galitos, a Secção Filatélica e Numismática e a Comissão das Comemorações do Bicentenário da abertura da Barra aguardam pela vossa visita.

PONTES DE ENCONTRO


Falta de alimentos e respostas, porquê?

Tanto no dia 27 de Março como no dia 17 de Abril, do corrente ano, tive a oportunidade de partilhar dois textos sobre dois bens que estão a influenciar, cada vez mais, o destino do mundo: o preço do petróleo e a escassez e o aumento dos cereais. Em ambos os casos, procurei transmitir uma ideia que me parece óbvia: o mundo entrou em “roda-livre” e ninguém parece entender-se nele, ou seja, nem nos mercados mais liberalizados e concorrenciais pode valer tudo.
Agora, ninguém assume responsabilidade por nada e quando são tomadas algumas medidas têm, sempre, um carácter pontual e temporário, pelo que a necessária estratégia global e concertada, com líderes capazes de a executarem, está na casa dos sonhos.
Mesmo nas economias de mercado-livre e concorrencial, mais ou menos liberais, tem que haver regras e regulamentos a cumprir, para além dos organismos de supervisão que têm que fiscalizar e regular os próprios mercados.
Parece, no entanto, que alguém se “esqueceu” destes princípios básicos da economia liberal ou neoliberal e, outros, aproveitando esta “amnésia”, trataram de se governar a si mesmos. A criação de redes económicas fortes e impenetráveis, que fogem ao controle de tudo quanto é autoridade, é uma realidade indisfarçável. As margens de especulação tornaram-se a rainha dos negócios e ninguém parece saber quem são os especuladores e por onde anda o dinheiro.
Se tudo isto já era péssimo, as coisas agravaram-se com o preço abrupto dos cereais, em nome da produção dos biocombustíveis. Mas, também aqui, as causas não são pacíficas.
Sendo a alimentação um bem de consumo, sem qualquer equivalência com qualquer outro bem – ou se come ou se morre –, custa a crer como é possível dar mais valor a um biocombustível, para fazer andar um automóvel, do que a uns quilos de milho, para alimentar uma pessoa e ela possa viver.
No passado dia 24 de Abril, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, alertava para os perigos que milhões de pessoas correm, se a falta de alimentos se mantiver. ONU que, por sua vez, necessita de ser reformada, onde os países emergentes terão um novo papel a desempenhar e o poder de veto do Conselho de Segurança tem que ser revisto.
Também, no mesmo dia, era noticiado, no jornal Público, que, nos EUA, um dos mais importantes retalhistas do Grupo Wal-Mart, o Sam´s Club, passou a restringir a venda de arroz, coisa que não acontecia desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945)!
Igualmente, no dia 24, no Parlamento Europeu, vários deputados pronunciaram-se sobre estas questões. No entanto, não surgem respostas credíveis e tudo parece andar ao sabor das circunstâncias de cada momento.
Neste mesmo dia 24, a Agência Ecclesia noticiava que a AEFJN (Rede África-Europa Fé e Justiça) está a desenvolver uma campanha que visa alertar para os riscos da aposta nos biocombustíveis, sobre as populações mais pobres, frisando que a nova política energética europeia pode colocar em causa “o direito à alimentação dos africanos e dos países mais pobres.”
A Rede África-Europa Fé e Justiça foi criada, em 1988, por vários Institutos Religiosos e Missionários, que trabalham na África e na Europa, e pretendem promover a justiça nas relações entre os dois continentes, inspirada na doutrina social da Igreja Católica.
Será tudo isto apenas alarmismo? Se o é, porque é que ninguém parece em condições de dar respostas cabais ou fazer desmentidos, mesmo a nível da ONU?
Hoje, 230.000 portugueses ainda receberam comida, que lhes é fornecida, diariamente, pelo Banco Alimentar Contra a Fome, sendo os idosos os mais vulneráveis.
E, amanhã, como será? Creio que esta resposta, ainda, pode ser dada pelos homens!

Vítor Amorim

sábado, 26 de abril de 2008

Um poema de Orlando Figueiredo


Um navio de rosas

Como se fosse o princípio do mundo
olhei o mar dos teus pensamentos
e decidi construir
um navio de rosas

Tinha duas rotas
qual delas a mais bela

O navio quedou-se
encalhado nos teus dedos

As rosas
dormem comigo
todas as noites

Orlando Jorge Figueiredo

CALORZINHO: Como ele sabe bem!


Hoje, o calorzinho encheu-me as medidas. Quase nem podia sair de casa, tão forte é ele. E alguém se me queixou, dizendo que estava insuportável. Respondi que assim é que está bem, desde que chova de quando em vez, de preferência à noite. À noite, para podermos usufruir da natureza acolhedora que nos envolve. E como a Net está a dormitar, decerto com o calor, dando-me cabo da cabeça, por aqui me fico com votos de bom fim-de-semana, se possível em espaços verdes, como este que vos ofereço.

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