Falta de alimentos e respostas, porquê?
Tanto no dia 27 de Março como no dia 17 de Abril, do corrente ano, tive a oportunidade de partilhar dois textos sobre dois bens que estão a influenciar, cada vez mais, o destino do mundo: o preço do petróleo e a escassez e o aumento dos cereais. Em ambos os casos, procurei transmitir uma ideia que me parece óbvia: o mundo entrou em “roda-livre” e ninguém parece entender-se nele, ou seja, nem nos mercados mais liberalizados e concorrenciais pode valer tudo.
Agora, ninguém assume responsabilidade por nada e quando são tomadas algumas medidas têm, sempre, um carácter pontual e temporário, pelo que a necessária estratégia global e concertada, com líderes capazes de a executarem, está na casa dos sonhos.
Mesmo nas economias de mercado-livre e concorrencial, mais ou menos liberais, tem que haver regras e regulamentos a cumprir, para além dos organismos de supervisão que têm que fiscalizar e regular os próprios mercados.
Parece, no entanto, que alguém se “esqueceu” destes princípios básicos da economia liberal ou neoliberal e, outros, aproveitando esta “amnésia”, trataram de se governar a si mesmos. A criação de redes económicas fortes e impenetráveis, que fogem ao controle de tudo quanto é autoridade, é uma realidade indisfarçável. As margens de especulação tornaram-se a rainha dos negócios e ninguém parece saber quem são os especuladores e por onde anda o dinheiro.
Se tudo isto já era péssimo, as coisas agravaram-se com o preço abrupto dos cereais, em nome da produção dos biocombustíveis. Mas, também aqui, as causas não são pacíficas.
Sendo a alimentação um bem de consumo, sem qualquer equivalência com qualquer outro bem – ou se come ou se morre –, custa a crer como é possível dar mais valor a um biocombustível, para fazer andar um automóvel, do que a uns quilos de milho, para alimentar uma pessoa e ela possa viver.
No passado dia 24 de Abril, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, alertava para os perigos que milhões de pessoas correm, se a falta de alimentos se mantiver. ONU que, por sua vez, necessita de ser reformada, onde os países emergentes terão um novo papel a desempenhar e o poder de veto do Conselho de Segurança tem que ser revisto.
Também, no mesmo dia, era noticiado, no jornal Público, que, nos EUA, um dos mais importantes retalhistas do Grupo Wal-Mart, o Sam´s Club, passou a restringir a venda de arroz, coisa que não acontecia desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945)!
Igualmente, no dia 24, no Parlamento Europeu, vários deputados pronunciaram-se sobre estas questões. No entanto, não surgem respostas credíveis e tudo parece andar ao sabor das circunstâncias de cada momento.
Neste mesmo dia 24, a Agência Ecclesia noticiava que a AEFJN (Rede África-Europa Fé e Justiça) está a desenvolver uma campanha que visa alertar para os riscos da aposta nos biocombustíveis, sobre as populações mais pobres, frisando que a nova política energética europeia pode colocar em causa “o direito à alimentação dos africanos e dos países mais pobres.”
A Rede África-Europa Fé e Justiça foi criada, em 1988, por vários Institutos Religiosos e Missionários, que trabalham na África e na Europa, e pretendem promover a justiça nas relações entre os dois continentes, inspirada na doutrina social da Igreja Católica.
Será tudo isto apenas alarmismo? Se o é, porque é que ninguém parece em condições de dar respostas cabais ou fazer desmentidos, mesmo a nível da ONU?
Hoje, 230.000 portugueses ainda receberam comida, que lhes é fornecida, diariamente, pelo Banco Alimentar Contra a Fome, sendo os idosos os mais vulneráveis.
E, amanhã, como será? Creio que esta resposta, ainda, pode ser dada pelos homens!
Tanto no dia 27 de Março como no dia 17 de Abril, do corrente ano, tive a oportunidade de partilhar dois textos sobre dois bens que estão a influenciar, cada vez mais, o destino do mundo: o preço do petróleo e a escassez e o aumento dos cereais. Em ambos os casos, procurei transmitir uma ideia que me parece óbvia: o mundo entrou em “roda-livre” e ninguém parece entender-se nele, ou seja, nem nos mercados mais liberalizados e concorrenciais pode valer tudo.
Agora, ninguém assume responsabilidade por nada e quando são tomadas algumas medidas têm, sempre, um carácter pontual e temporário, pelo que a necessária estratégia global e concertada, com líderes capazes de a executarem, está na casa dos sonhos.
Mesmo nas economias de mercado-livre e concorrencial, mais ou menos liberais, tem que haver regras e regulamentos a cumprir, para além dos organismos de supervisão que têm que fiscalizar e regular os próprios mercados.
Parece, no entanto, que alguém se “esqueceu” destes princípios básicos da economia liberal ou neoliberal e, outros, aproveitando esta “amnésia”, trataram de se governar a si mesmos. A criação de redes económicas fortes e impenetráveis, que fogem ao controle de tudo quanto é autoridade, é uma realidade indisfarçável. As margens de especulação tornaram-se a rainha dos negócios e ninguém parece saber quem são os especuladores e por onde anda o dinheiro.
Se tudo isto já era péssimo, as coisas agravaram-se com o preço abrupto dos cereais, em nome da produção dos biocombustíveis. Mas, também aqui, as causas não são pacíficas.
Sendo a alimentação um bem de consumo, sem qualquer equivalência com qualquer outro bem – ou se come ou se morre –, custa a crer como é possível dar mais valor a um biocombustível, para fazer andar um automóvel, do que a uns quilos de milho, para alimentar uma pessoa e ela possa viver.
No passado dia 24 de Abril, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, alertava para os perigos que milhões de pessoas correm, se a falta de alimentos se mantiver. ONU que, por sua vez, necessita de ser reformada, onde os países emergentes terão um novo papel a desempenhar e o poder de veto do Conselho de Segurança tem que ser revisto.
Também, no mesmo dia, era noticiado, no jornal Público, que, nos EUA, um dos mais importantes retalhistas do Grupo Wal-Mart, o Sam´s Club, passou a restringir a venda de arroz, coisa que não acontecia desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945)!
Igualmente, no dia 24, no Parlamento Europeu, vários deputados pronunciaram-se sobre estas questões. No entanto, não surgem respostas credíveis e tudo parece andar ao sabor das circunstâncias de cada momento.
Neste mesmo dia 24, a Agência Ecclesia noticiava que a AEFJN (Rede África-Europa Fé e Justiça) está a desenvolver uma campanha que visa alertar para os riscos da aposta nos biocombustíveis, sobre as populações mais pobres, frisando que a nova política energética europeia pode colocar em causa “o direito à alimentação dos africanos e dos países mais pobres.”
A Rede África-Europa Fé e Justiça foi criada, em 1988, por vários Institutos Religiosos e Missionários, que trabalham na África e na Europa, e pretendem promover a justiça nas relações entre os dois continentes, inspirada na doutrina social da Igreja Católica.
Será tudo isto apenas alarmismo? Se o é, porque é que ninguém parece em condições de dar respostas cabais ou fazer desmentidos, mesmo a nível da ONU?
Hoje, 230.000 portugueses ainda receberam comida, que lhes é fornecida, diariamente, pelo Banco Alimentar Contra a Fome, sendo os idosos os mais vulneráveis.
E, amanhã, como será? Creio que esta resposta, ainda, pode ser dada pelos homens!
Vítor Amorim