quinta-feira, 17 de abril de 2008

Não te esqueças do que estás para dizer…



Vi hoje o Jerónimo. Já não o via há muito. Estava à mesa do café a dormitar, como dormitam todos os velhos. Em qualquer sítio e a qualquer hora. Cá para mim, o Jerónimo estava a ensaiar mais uma das suas muitas histórias, para contar a quem se sentasse com ele à mesa do café.
O Jerónimo é um conversador nato. Basta uma palavra dita por um amigo, em qualquer circunstância, para logo ele disparar:
- Não te esqueças do que estás para dizer…
A partir daí, começava mais uma história de um rol enorme de recordações que não tinham fim. Mas as histórias saíam-lhe com graça. Uns esgares faciais, expressivos, e mãos que enriqueciam os pormenores davam-lhe uma dimensão única. Por vezes, os ouvintes, que outra coisa não podiam ser junto dele, ainda suportavam umas palmadinhas, mais ou menos agressivas, conforme a força das convicções do orador por vocação.
- Pois é, meu caro Jerónimo. Ontem encontrei um amigo que regressou da estranja…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Aconteceu-me precisamente a mesma coisa. Um dia destes também dei de caras com o Xico, que não via há anos.
E lá vinha a história do Xico, que só o Jerónimo conhecia e que dava para um romance, como costumava sublinhar. Com pormenores, ora tristes ora alegres, sempre ampliados ao jeito dos bons contadores de histórias, que, de uma palavra, podem muito bem ditar lindos contos. E no ar ficou perdida a conversa interrompida.
- Ó Jerónimo, ao jantar, com a fome que tinha, comi um frango que…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Um dia destes, à merenda, com a minha mulher a apreciar, comi um galo de uns dois quilos… Teimava que não era capaz de o comer e quis mostrar-lhe que à mesa ninguém me bate...
Ligadas a essa outras histórias de comezainas saíam cantadas da boca do nosso Jerónimo, qual delas a mais romanceada. É que o nosso homem não era pessoa para deixar para boca alheia a arte de convencer quem o ouvia. E a conversa interrompida lá ficava, mais uma vez, para quando o Jerónimo deixasse, se alguma vez deixasse…
Um dia também eu entrei no jogo do Jerónimo.
- Quer o meu amigo saber que há tempos, à entrada da Barra, um petroleiro…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer…
Ora o Jerónimo, um oficial náutico na reforma, não perdoou a minha ousadia de entrar nos seus domínios. Vai daí, entra a desfiar uma carrada de tempestades no mar alto, barcos que eram cascas de nozes, naufrágios e heroicidades de lobos-do-mar… Até que, cansados de o ouvir, o Jerónimo, voltando-se para mim, perguntou:
- Ó pá, então o petroleiro?
- Qual petroleiro, Jerónimo?

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia


15-0: Parabéns Magna Tuna Cartola

1. «Quinze a Zero». Foi este o irreverente resultado final escolhido para comemorar nestes dias (16 e 17 de Abril) o 15º Aniversário da Magna Tuna Cartola (http://www.magnatunacartola.net/) (MTC), núcleo cultural da Associação Académica da Universidade de Aveiro. O espectáculo, reflexo de muitos anos de inovação e criatividade na área musical académica, também já chegou à ilha virtual do Second Life da UA. Nesta hora aniversária, como em tudo na vida, vem à memória o caminho percorrido, os esforços, sacrifícios e vitórias alcançadas. Muito acima mesmo de todos os prémios recebidos, em que no panorama nacional (e mesmo internacional) as tunas de estudantes universitários em Aveiro têm merecido brilhantes reconhecimentos, os aniversários tornam-se oportunidade de apreciar e aplaudir o quanto a cidade, a vida académica e a comunidade em geral, beneficiam desta riqueza cultural que representam as tunas universitárias.
2. Para a sociedade em geral é importante dizer-se que as tunas, constituídas por estudantes, estabelecem uma ponte feliz para com a comunidade mais alargada. Essa sua dinâmica presença está espelhada em inúmeras actuações e animações ao longo de muitos anos, não só nos festivais da especialidade de tunas académicas por esse país fora e no estrangeiro, mas muito especialmente nas festas populares da região, em arraiais típicos e tradições comunitárias e, de salientar, no inestimável contributo que as tunas dão em relevantes iniciativas de solidariedade ao serviço de causas de todos. Todo o riquíssimo caminho cultural e académico realizado ao longo de muitos anos tem, neste sentido cívico de comunidade, o seu ápice como reflexo de uma visão da vida como sensibilizado serviço. Quantas actuações, noites, cansaços, viagens, ao serviço de causas de todos! Ousamos dizer que nestes 15 anos da Cartola e nas vésperas de condignas festas académicas, as tunas da UA (TUA, MTC e Tuna Feminina), que vivem o espírito de cooperação e unidade pelo bem comum, na riqueza da diversidade de cada uma, estão todas de parabéns!
3. Se formos a fazer o filme da vida, das pessoas, dos grupos informais como das associações e instituições, quase que poderíamos perguntar que seria de nós uns sem os outros? Que seria do espírito da vida académica sem as magníficas tunas? As coisas são como são, e a “energia positiva” que estes núcleos culturais trazem à comunidade universitária como animação e abertura de serviço à sociedade é um bem inestimável. Se fazer aniversário é reparar na história que vamos construindo, então será hora de apreciar as pontes que se foram criando pela mão de quem foi dando as ideias e a vida por grupos culturais estimulantes entre nós. Se 15 anos é muito tempo, todavia, é só o princípio! É bom sentir que um dia festejaremos os «30 a Zero»! A gratidão da história construída junta-se à expectativa de que comunidade que acolhe os valores da cultura e da participação é comunidade mais viva, por isso com mais futuro. É isso mesmo! Não há irreverência que (vos) pare! Venham mais 50!

Alexandre Cruz

É assim o desporto


Hoje li mágoas de benfiquistas, por causa da derrota, histórica, do Benfica. A tristeza de uns é a alegria de outros. Ensinaram-me, era eu criança, que perder e ganhar é tudo desporto. Mas a verdade é que a derrota custa sempre a engolir. É assim o desporto; é assim a vida. O importante é respeitar os adversários, que não são nossos inimigos. Mas ontem aprendi outra coisa importante. O Sporting perdia por 2 a 0 e eu perdi a paciência. Mandei-os todos à fava (os jogadores do Sporting, claro) e retirei-me para as leituras. Tempos depois recebo uma mensagem estranha no meu telemóvel: " E esta?" Mas que será isto? Ligo a televisão e a euforia, por banda dos sportinguistas, dominava os ecrãs. Vi logo... Conclusão: No futuro tenho de ter mais paciência, confiando em quem veste a camisola do Sporting!

FM

EUA: Papa fala dos abusos sexuais


“Responder a esta situação não tem sido fácil e, como o presidente da Conferência Episcopal indiciou, ela foi por vezes ‘muito mal gerida’. Agora que a dimensão e a gravidade do problema é mais claramente entendido, (os Bispos) têm sido capazes de adoptar soluções e medidas disciplinares mais direccionadas, promovendo um ambiente seguro que dê mais protecção aos menores”, disse.
Num encontro com os Bispos católicos do país, em Washington, o Papa lembrou “a dor que muitas comunidades experimentaram quando os clérigos traíram as suas obrigações sacerdotais e os seus deveres, com este comportamento tão gravemente imoral”, assegurando o apoio de toda a Igreja na tarefa de “eliminar este mal onde quer que ele ocorra”.
Num longo discurso, o Papa aprovou a política da Conferência Episcopal, que passou por dar prioridade ao cuidado das vítimas, “curando as feridas causadas por qualquer quebra na confiança”, “promovendo a reconciliação” e “indo ao encontro dos que foram tão seriamente atingidos, com carinhosa preocupação”.
Leia mais em Ecclesia

Imagens da Ria



Com organização da Escola de Vela do Sporting Clube de Aveiro e em colaboração com o Porto de Aveiro, decorreu no fim de semana de 5 e 6 de Abril a Regata “200 Anos da Abertura da Barra de Aveiro” – Vela Ligeira, enquadrada no Troféu Norte da Classe Optimist (6-15 anos). Esta regata, que se enquadra no “Projecto Aveiro Vela”, decorreu na Baía do Terminal de Granéis Sólidos do Porto de Aveiro, tendo reunido cerca de 60 velejadores Optimists dos grupos A,B e P, distribuídos por vários clubes da região norte e centro do país. De salientar a presença nesta regata de 19 velejadores da Escola do Sporting, verdadeira referência na formação de excelência de velejadores de todas as idades.

NB: Foto e texto cedidos pelo Porto de Aveiro

D. Manuel Almeida Trindade, 90 anos de vida


Se compararmos a vida a uma maratona, D. Manuel de Almeida Trindade está a entrar na recta final para o centenário do seu nascimento. Completará 90 anos de vida no próximo dia 20 de Abril. O seu natal foi em Monsanto, mas saiu de lá com apenas três anos de idade. No livro «Memórias de um bispo», da sua autoria, D. Manuel de Almeida Trindade realça: “Ficou-me na memória a configuração do penhasco recortado no horizonte azul do céu, e também a de alguns ciclópicos que eu avistava da janela da nossa casa”.


Pode ler todo o texto de Luís Santos, na Ecclesia e no Correio do Vouga

A CAMINHADA


Às vezes sentimo-nos meio perdidos, sozinhos, e sentimos a necessidade
de procurar novos caminhos para nossas vidas...
Nestas caminhadas encontramos muitas pedras...
Que lapidadas transformam-se numa jóia preciosa: a experiência!

Encontraremos pessoas mais novas...
E com elas reaprendemos a inocência perdida...
Encontraremos pessoas mais idosas e com elas aprenderemos a ser maduros...
Aprenderemos que o fogo, que queima, também esquenta as noites de frio...

Em algum momento nossa caminhada será interrompida e
aprenderemos que foi apenas uma pausa para o descanso da alma ...
Às vezes achamos que perdemos algumas pessoas,
mas depois percebemos que elas é que nos perderam.
Sentiremos medo e solidão, mas encontraremos sempre
a mão amiga d' Aquele que morreu por nós...

E se achamos que a caminhada é longa demais,
temos a garantia do abraço sempre aconchegante
daqueles que também dariam a vida por nós: nossos pais.
Ao final desta grande caminhada que se chama VIDA
percebemos que o que realmente importa são aquelas coisas
que podemos carregar dentro dos nossos corações.

Portanto, guarda somente os bons sentimentos.
Assim chegaremos com o coração leve e a mala cheia de boas lembranças...


Texto enviado pelo leitor e amigo João Marçal

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