quarta-feira, 29 de março de 2006

Um artigo de Pedro Rolo Duarte, no DN

Se fosse nos EUA, era igual 

Vou poupar pormenores e sentimentos profundos, íntimos e pessoais, nos dois mil e poucos caracteres desta coluna, e tentar ser objectivo e claro: na semana passada, perdi o meu irmão António na sequência de uma operação que começou por ser "delicada mas comum" e rapidamente se transformou numa tragédia sem fim. Tanto quanto percebi das palavras sempre rigorosas do professor Diniz da Gama, o tabaco esteve presente na origem da doença que obrigou à operação - e depois também no falhanço da própria operação. Julgo não exagerar se disser que o tabaco matou, aos 51 anos, o meu irmão.
O meu irmão António era um fumador inveterado. Como o meu pai. Como eu. No meio daqueles dias devastadores, ouvi alguém dizer perto de mim: "Se fosse nos Estados Unidos, a família ficava rica. Processava a Tabaqueira e ganhava de caras." A frase ficou a ecoar na minha cabeça até à noite em que estou a escrever. "Se fosse nos Estados Unidos..." Se fosse, era tudo diferente? 
Provavelmente, não. Advogados e dinheiro, tempo e dinheiro, lentidão e dinheiro. Esperar a exasperar. Não confiar. Perder a força e a vontade. Não acreditar. Desistir. Penso nesse quadro e desisto antes mesmo de me perguntar sobre a eventual imagem do Dom Quixote a lutar contra moinhos de vento. 
Prefiro lutar comigo próprio e deixar de fumar. Há 35 anos, quando o meu irmão António começou a fumar, ou há 25 anos, quando eu comecei, ninguém dizia que o tabaco matava. Dizia-se que era "coisa para adulto" (como beber café ou sair à noite). O meu irmão António, como eu, foi "apanhado" na teia de um vício que, no que à dependência diz respeito, em nada difere da mais dura das drogas. E ficou refém do seu vício até ao último minuto. Quem não fuma, nunca entenderá este drama. 
Ser nos Estados Unidos ou em Portugal é absolutamente indiferente: o meu irmão António, cá ou lá, não está mais por perto a contar piadas e a inventar histórias divertidas. Cá ou lá, nas Tabaqueiras todos continuam a trabalhar tranquilamente. Impunemente. O Estado, cá ou lá, cobra para se sentir aliviado do fardo. 
E cá ou lá, há uma pergunta que há 25 ou 35 anos não fazia sentido, mas hoje faz: quem pode não começar a fumar, num tempo em que toda a informação é taxativa sobre a matéria, porque o fará?

Museu de Aveiro

Botica Conventual Oficina: Mezinhas e unguentos, remédios de outros tempos. Um projecto destinado aos alunos dos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico : A visita oferece o desenvolvimento do tema “Botica Conventual”, salientando a sua importância dentro e fora do Convento. A visita tem como espaço central o “armário da farmácia” e um herbário, através do qual é possível a identificação de certas plantas e a sua aplicação nas práticas curativas, nos cuidados de higiene e na culinária da época. Na oficina complementar os alunos podem manusear plantas permitindo-lhes assim fazer o reconhecimento de texturas e cheiros, bem como manipular diversos componentes naturais usados na época. Horário das visitas escolares: De terça a sexta-feira, das 10:00 às 12.30 e das 14 às 17.30 horas A marcação de visitas deverá ser feita com duas semanas de antecedência.
:
Contactos:
Museu de Aveiro
Avenida Santa Joana Princesa
3810–329 Aveiro
Tel. 234 423 297
Fax. 234 421 749

Uma reflexão da CNJP para a Quaresma

"Recuperar a alegria de viver e o nosso compromisso com o mundo"
"Que existam pessoas – e estimam-se em cerca de dois milhões, no nosso País – com rendimentos insuficientes para garantir um padrão de vida decente é, certamente, uma situação que não podemos tolerar. Antes do mais, por razões de dignidade humana; mas também porque um tão elevado número de excluídos é, obviamente, um factor de tensão e conflitualidade, com inevitáveis consequências para a coesão social e para um desenvolvimento humano e sustentável.
A pobreza e a exclusão social não podem ser vistas apenas à luz fria dos indicadores estatísticos. Por detrás dos números, estão rostos e vidas de homens, mulheres, crianças, jovens e idosos.
Pessoas a quem a falta de recursos monetários, a doença, a precariedade do trabalho e os baixos salários, o reduzido nível de escolaridade, a desintegração familiar e outros factores, não permitem que, por si sós, vençam as barreiras da pobreza e da exclusão.
Pessoas que não encontram habitação digna a preço acessível, ainda que, nas nossas cidades, vilas e aldeias, muitos alojamentos estejam por utilizar.
Pessoas a quem a escola não conseguiu cativar e preparar para a vida.
Pessoas vítimas de exploração no trabalho por parte de alguns empresários sem escrúpulos e de um sistema socio-economico-político que não previne – antes produz – exclusão social.
Pessoas que vieram de outros países em busca de melhores condições de vida, mas que, também aqui, ou não conseguiram singrar ou porque, tendo perdido as raízes dos seus países de origem, não se sentem integradas na sociedade em que vivem.
Pessoas sem-abrigo e vivendo da esmola ou do furto.
Pessoas frágeis na sua relação com o álcool, a droga, a promiscuidade, etc.
Pessoas para quem a pobreza é persistente e conhecida desde tenra idade; uma herança que receberam de seus pais.
Pessoas para muitas das quais pobreza significa morte."
:
(Para ler toda a mensagem da CNJP (Comissão Nacional Justiça e Paz), em espírito de reflexão e de compromisso para o tempo que vivemos, o nosso tempo, clique aqui)

AVEIRO: Imagens doutros tempos

Posted by Picasa
Aveiro: Quartel de Sá (Início do século XX).
À direita vê-se o fontanário

Um artigo de António Rego

A geração MP3 Bill Gates já tinha profetizado, há algum tempo, que o DVD – sucedâneo das cassetes de imagem – estava em vias de extinção porque a magia do computador aliada à televisão interactiva alcançaria uma solução mais perfeita (e certamente mais rentável). Agora voltou atrás subscrevendo um dos modelos de disco com maior capacidade e qualidade, a chegar ao mercado. Tudo isto não passaria de mais um evento técnico e comercial se se não inscrevesse na panóplia de peças que se escondem na mochila e na cabeça da juventude de hoje, que alguém já classificou de “chipada”. Parece, à primeira vista, que durante muitos séculos, havia um gráfico homogéneo que definia as diversas gerações. Certamente durante milénios os adultos pensaram o mesmo dos jovens. E os jovens terão dito o mesmo dos mais velhos. Pelo menos dentro dos padrões culturais mais próximos e a que fomos tendo acesso mais pelas histórias do que pela História. Não é muito fácil definir “novas tecnologias” na área dos consumíveis. Trata-se de instrumentos com uma curtíssima esperança de vida. Envolvidos no mercado, nascem com estonteante pressa de morrer, para dar lugar a uma nova geração ou topo de gama que deve ter os dias contados, para se tornarem rentáveis e competitivos. E assim sucessivamente.Que usam hoje os adolescentes e jovens? Um emaranhado infindável de siglas numéricas que significam som, imagem, comunicação, grafia, resposta, pressa, instinto, sensibilidade, prazer, interacção. Um compêndio de filosofia e moral em módulos e chips. A maior parte acedida pela Net, ou televisão, ou grupo, ou por um amigo. E propaga-se alegremente em pirataria, espécie de truque dos pobres e mercado clandestino que afecta os criadores e os vendedores. Este pacote de levíssima ponderação tornou-se companhia e centro de procuras, trocas, prendas e negócios, consoante as idades.
Que benefícios e estragos gera toda essa tralha nos neurónios e afectos dos utentes? Possivelmente molda uma juventude como Presley marcou a de cinquenta e Dylan a geração seguinte. E correm, entretanto, décadas marcadas pelo rap, pelos dinossauros, pela mecânica, pela tatuagem, pelas cores, pelos jogos electrónicos, pelos grafiti, pelos códigos, pelo imediato, pela transgressão como forma de originalidade. E por muito mais, que não é nem soma nem subtracção de análises sempre imperfeitas. Estamos perante uma sequência aparentemente incontrolável de evoluções rápidas que parecem fazer estremecer os valores patrimoniais lentamente cotejados pelas evoluções dos milénios que nos precederam. A análise mais simplista reconduz sempre à lamúria clássica de no meu tempo não era assim ou os jovens de hoje não cultivam valores. É preciso ir paciente e inteligentemente mais longe para compreender que as gerações e culturas não se edificam nem tombam com duas palavras de ordem. A humanidade é um contínuo vaivém mesmo no meio de convulsões que parecem radicais. O desafio cristão implica a pesquisa de padrões mais sólidos que a comparação moralista com as gerações mais recentes. Tentando sobretudo compreender o que pretendem exprimir em tantos gestos e palavras que surgem simplesmente como absurdos à análise de superfície. E aprendendo com eles os valores que, desarrumadamente, nos transmitem. É um erro primário dizer que os jovens de hoje não cultivam valores. É preciso descobri-los no meio dos decibéis do MP3 e das senhas que, continuamente, trocam entre si e com os que com eles procuram dialogar. Sem diabolizar nem beatificar pelas primeiras impressões.

terça-feira, 28 de março de 2006

CNIS apresenta nova direcção aos partidos

Padre Lino Maia encontrou-se com o PCP O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Pe. Lino Maia, encontrou-se hoje com Jerónimo de Sousa na sede do PCP, em Lisboa.
O líder comunista argumentou que a Constituição da República prevê o carácter complementar das acções das instituições de solidariedade e manifestou a disponibilidade do grupo parlamentar do PCP para “contribuir para clarificar o estatuto legal e o papel” daquelas instituições.
Por seu lado, o Pe. Lino Maia, que pediu a reunião com o PCP e com os outros partidos para apresentar os novos órgãos sociais da CNIS, eleitos em Janeiro, destacou a necessidade de o Governo fazer uma “diferenciação positiva” nos acordos de cooperação com as instituições.
A CNIS é a principal organização representativa das instituições particulares de solidariedade social – IPSS’s – em Portugal. Congrega milhares de associações que operam no apoio aos idosos, à infância e aos deficientes e a outras situações de carência, como populações de bairros desfavorecidos.
:
Fonte: Ecclesia

Ainda o caso do afegão convertido

Afegão convertido
ao cristianismo
pede asilo no estrangeiro
O afegão Abdul Rahman, ameaçado com a pena de morte por se ter convertido ao cristianismo, pediu asilo no estrangeiro, anunciou ontem a ONU em Cabul.
"Abdul Rahman pediu asilo fora do Afeganistão", indicou um porta-voz das Nações Unidas, Adrian Edwards, acrescentando que o afegão espera que um dos países interessados o acolha para "dar uma solução pacífica ao seu caso".
O Supremo Tribunal afegão decidiu este Domingo suspender o processo do muçulmano convertido ao cristianismo. A Santa Sé divulgou algumas passagens da carta que o Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, enviou em nome do Papa a Hamid Kazai.
Na missiva, com data de 22 de Março, afirma-se que o apelo de Bento XVI em favor de Rahman é baseado numa “profunda compaixão humana”, na “firme convicção na dignidade da vida humana” e no “respeito pelo direito à liberdade de consciência e religião de cada pessoa”.
Abdul Rahman, 41 anos, foi detido há três semanas em Cabul porque, quando trabalhava no Paquistão, há 16 anos, abandonou o Islão e converteu-se ao cristianismo, um acto que é passível de pena de morte, segundo a ‘sharia’ (lei islâmica), que vigora no Afeganistão.
:
Fonte: Ecclesia

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue