sexta-feira, 11 de julho de 2008

PONTES DE ENCONTRO

Muhammad Yunus: o banqueiro dos pobres! Numa época tão conturbada em que a esperança parece que nos foge pelo meio dos dedos, como se de areia fina se tratasse, há que recordar e reconhecer, publicamente, aqueles que ainda acreditam que a esperança existe, porque o homem é o seu único fiel depositário e impulsionador, pelo que só depende dele fazer com que ela surja e nos surpreenda, sempre pela positiva, como é seu apanágio. Felizmente, ainda existe bastante gente boa e com um profundo sentido de bem querer e bem fazer pelos que mais sofrem e que se comprometem em acções que possam, decididamente, contribuir para minorar o sofrimento de alguns e apontar novos horizontes de que é possível, quando se quer, percorrer novos caminhos. Entre estas pessoas recordo o nome de Muhammad Yunus (1940), também conhecido pelo “banqueiro dos pobres”. Muhammad Yunus nasceu num dos países mais pobres do mundo – o Bangladesh –, ainda que a sua situação social nada tenha de comum com o país que o viu nascer. Formou-se em economia e doutorou-se nos EUA. No ano de 2006, ganha, juntamente com o Grameen Bank, o Prémio Nobel da Paz. Foi o primeiro economista, a nível mundial a receber este galardão, pelo que esta distinção deverá ser entendida como uma crítica e reprovação à maneira como a generalidade dos países ricos (não) olham e tratam a pobreza global e também aos sistemas económicos e políticos que mantêm esta situação inalterada, naquilo que lhe é essencial. Muhammad Yunus e o banco que fundou, em 1976, procuram dar algumas condições, através do acesso ao microcrédito, àqueles que vivendo em situação de pobreza extrema possam a ele recorrer, para terem uma vida mais digna, através da criação de pequenas empresas (em regra, artesanais), das quais se tornam seus proprietários. Até agora o total de microcréditos concedidos é superior a 5,72 biliões de dólares, para um total de 6,61 milhões de clientes. Como ele diz, o fundamental é “oferecer às pessoas condições mínimas e elas tratarão de si próprias”, em contraponto com aqueles que preferem continuar, de forma sistemática, a terem as pessoas, hipócrita e interesseiramente, dependentes de si, através de ajudas passageiras, como é o caso dos bens alimentares, na vez de lhes darem a cana e as ensinarem a pescar. Ao contrário do que se possa pensar, a taxa de cumprimento das obrigações destes empréstimos pedidos é de 98,85%, percentagem esta que faz morrer de inveja qualquer outro banco, cujo objectivo é, natural e compreensivelmente, não perder dinheiro, mesmo que para isso se ponha na miséria quem tiver que ser. São homens como este que nos renovam a esperança de que é possível fazer diferente e melhor. A pobreza não é uma fatalidade que não se possa combater, antes exige um combate permanente, da parte de quem tem condições e obrigações para tal fim. E como se isto já não fosse pouco, há que não esquecer que pobreza e paz estão intimamente ligadas, pelo que falar de paz com pobreza à mistura é incompatível, ainda que alguns nos queiram fazer acreditar que estas duas realidades podem coexistir. Recordo, por último as palavras, profundamente humanas e carregadas de uma grande sensibilidade pelo sofrimento dos mais pobres, que Muhammad Yunus proferiu, no dia 10 de Dezembro de 2006, em Oslo, por ocasião da entrega do Prémio Nobel da Paz: “Para mim, os Pobres são como as árvores bonsai. Quando se semeia a melhor semente da árvore mais alta, num vaso, obtém-se uma réplica da árvore mais alta, mas só com uns centímetros de altura. Nada há de errado com a semente que se semeou, apenas o solo onde foi plantada não é o adequado. Os Pobres são com os bonsais. Não existe nada de errado com as suas sementes. A sociedade é que não lhes proporcionou as bases para crescerem. Tudo o que é preciso para tirar os Pobres da pobreza é criarmos um ambiente que lhes seja favorável. Uma vez que eles consigam libertar a sua energia e criatividade a pobreza desaparecerá muito rapidamente.” Mais palavras para quê?
Vítor Amorim

quinta-feira, 10 de julho de 2008

REFLEXÃO TOTAL

Um poema de António Gedeão

Recolhi as tuas lágrimas
na palma da minha mão,
e mal que se evaporaram
todas as aves cantaram
e em bandos esvoaçaram
em torno da minha mão.
Em jogos de luz e cor
tuas lágrimas deixaram
os cristais do teu amor,
faces talhadas em dor
na palma da minha mão.

A MINHA ORQUÍDEA

Convivo diariamente com uma orquídea que marcou o seu lugar na cozinha onde apareceu bonita com uma coroa de flores brancas. Habituou-se ao espaço, gostou da luz, mas o tempo não perdoa e as flores foram caindo uma atrás da outra até que ficou sozinha pegada, apenas, à sua haste e sustentada por duas folhas. Fui acreditando que não seria o seu fim, mas, dia após dia, nada de novo acontecia. Cortei-lhe um pouco da haste e mantive a esperança, aliada à caridade, que me levava a olhá-la, pôr-lhe um pouco de água e acreditar que um dia... E esse dia aconteceu quando naquela manhã surgiu uma borbulha, depois outra e outra e a esperança avivou e as borbulhas foram crescendo, calmamente, insensíveis à vontade que eu tinha que fosse de um dia para o outro. Das borbulhas vieram botões, dos botões desabrocharam flores e lá está ela, junto da janela, a emprestar a sua beleza de três hastes que encanta quem pára para a observar. Como a orquídea é a minha Igreja a princípio florida na manhã da Páscoa depois feita caminho e amassada no pó e no sangue a que Pedro e Paulo deram vida com as suas vidas na esperança de que ela voltasse a florir. Tempo de espera e contrariedades, tempo de encontros e desencontros, mas tempo de esperança e certeza de que o Senhor, o justo juiz, compensará com a coroa da justiça mesmo que conquistada no cepo do cadafalso ou no patíbulo da cruz. Esta Igreja percorreu as estradas do Império e fez-se Aveiro pela mão de tantos, Bispos, padres, diáconos e leigos que lhe emprestaram beleza e a tornaram diocese, sempre mais renovada, em cada dia da Igreja Diocesana quando as suas flores invadem o Santuário da Senhora de Vagos e no vaso da comunidade, fiéis ao apelo do Sr. Bispo, nos tornamos mais Igreja porque mais ao serviço dos mais pobres. Por fim, esta Igreja tornou-se vizinha de cada um de nós e veio viver no meio das nossas casas, em terras da Vera Cruz. Como a orquídea, paremos para contemplar a sua beleza feita de tantos gestos e acções que este ano de pastoral envolveram a nossa comunidade e, em cada pétala, agradeçamos a beleza que saiu da inocência das nossas crianças, da alegria dos nossos jovens, do esforço e partilha dos adultos e do sofrimento e das lágrimas de cada doente. É assim a minha Igreja... como a orquídea.
Manuel J. Rocha

FESTA DA RIA - 11 a 20 de Julho

De 11 a 20 de Julho, a Festa da Ria, promovida pela Autarquia Aveirense, com o apoio da Região de Turismo Rota da Luz, pretende potenciar as mais-valias da Ria de Aveiro e do Barco Moliceiro, com a realização de diversas actividades junto à Ria – zona do Rossio – e outras que se desenrolarão nos canais – Regata de Barcos Moliceiros, Raid Cataramarãs “Ria de Aveiro”. Pretende-se proporcionar à população Aveirense e a todos os turistas diversas actividades, nomeadamente, divulgar mais-valias da Ria de Aveiro; dinamizar as noites de Verão, proporcionando-lhes acções relacionadas com a Ria de Aveiro; encher de colorido o Canal Central da Ria de Aveiro, através dos seus moliceiros; consciencializar a população para a importância da Ria de Aveiro; valorizar a cultura e o património existente relacionado com a Ria de Aveiro; dar a conhecer o artesanato da região aveirense; e dar possibilidade às Associações do Concelho de divulgarem os seus trabalhos. Fonte: “Site” da CMA Ver programa

OUVIR OS PROFETAS, UM CAMINHO DE RENOVAÇÃO

O profetismo verdadeiro é sempre um dom a favor de uma comunidade concreta, que vive e se constrói em cada dia, sente interpelações novas, é convidada a tomar iniciativas e a correr riscos, e se sente, pela sua missão, obra inacabada, mas nunca instalada, desanimada ou vencida. O Deus da fé, em relação ao Seu povo, serviu-se dos profetas para mostrar caminhos, animar percursos, julgar passos andados, convidar à fidelidade, corrigir desvios, acordar compromissos. A presença activa dos profetas no meio do povo, provocava alegria e gratidão, porque Deus continuava presente. O seu silêncio dava ocasião à tristeza e desolação, porque o povo se julgava esquecido e abandonado, embora nem sempre os ouvisse. Ontem, como hoje, na Igreja nunca faltaram profetas. Muitos deles sentiram, e sentem a indiferença e, por vezes, o abandono e o despeito dos chefes medrosos, detentores de uma autoridade que não dialoga, ou são esquecidos e perseguidos por um povo que não se quer converter e não suporta o incómodo de profetas que ousam dizer aquilo que não lhe agrada. Por vezes e só depois de muitos anos aparece quem acorde para as palavras do profeta. Então pode-se ver que alguns, ontem perseguidos, são reabilitados e até canonizados, como santos de altar. Recordemos Rosmini que ousou falar das chagas da Igreja. Foi por isso perseguido e agora elevado aos altares. Nos tempos que correram temos visto de tudo isto. Não era de esperar, dado que o Vaticano II deu consciência aos membros da Igreja de que, como baptizados, todos participam do profetismo de Cristo, acordando-os, assim, para o essencial, um aspecto em que o profetismo tem papel insubstituível. Não têm faltado, também, aqui e ali, falsos profetas com interesses que não são os de Cristo. Ele advertiu-nos disso.O cardeal Martini, arcebispo emérito de Milão, biblista reconhecido em toda a Igreja, optou por terminar os seus dias em Jerusalém, “a sua pátria antes da pátria eterna”. Com a liberdade interior que sempre teve e a humildade real e discreta que o torna corajoso e construtivo, continua a exercer o profetismo, como luz do Espírito e dom à Igreja. Assim o fez antes em sínodos, simpósios, congressos, no dia-a-dia do seu ministério episcopal em Milão e como presidente do Conselhos das Conferências Episcopais da Europa. Conheci-o ao longo de vários anos e de muitos encontros regulares. Aprendi com ele a crescer no amor à Igreja de Cristo e na liberdade de a servir. Vi no seu profetismo corajoso um modo de agir em consciência, sem depender de críticas ou de elogios e ousando sempre pagar o preço de todos os profetas. Diz-nos ele agora que “sonhou com uma Igreja que segue o seu caminho na pobreza e na humildade… uma Igreja que não depende dos poderes deste mundo… uma Igreja que dá espaço às pessoas que pensam mais longe… uma Igreja jovem, onde não há lugar para a desconfiança…” Anuncia uma série de temas em aberto, campo de muito sofrimento e alguma esperança, para os quais a Igreja deve de ter coragem profética e ser capaz de ouvir os profetas, que o Espírito suscita. De há muito vem falando neles. Insiste que não basta dizer, à maneira de Cristo, que o caminho da Igreja é o homem e que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, mormente dos mais pobres e de todos os aflitos, são também as dos discípulos de Cristo, e que nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no seu coração”. Nada disto se compadece com o alheamento em relação aos profetas, se por ventura se querem caminhos inovadores e não apenas a receita de conselhos piedosos. O cardeal Martini incomoda muita gente instalada, mas fala apenas, eu o posso testemunhar, por fidelidade ao homem e à missão da Igreja. São assim os verdadeiros profetas: livres, corajosos, comprometidos com o essencial, nunca desistindo. António Marcelino

NA LINHA DA UTOPIA

Chimpanzés Cidadãos?!
1. A notícia desperta e desafia a curiosidade do bom senso e do verdadeiro sentido de humanidade: «parlamento espanhol debate “chimpanzés como pessoas”». Confunde-se aquilo que são os maus-tratos, algo sempre a condenar seja em que realidade for, com a assumpção a uma qualidade de dignidade reservada para os humanos. A questão, embora parecendo simplista, é bem séria e profunda. A proposta do grupo Parlamentar Esquerda Unida junto com a Iniciativa Catalunya Verds, representa a fronteira do essencial debate contemporâneo sobre a hierarquia de verdades e sobre o lugar do ser humano no seio de todas as realidades criadas. São já muitos os sistemas de pensamento em movimentos internacionais que, defraudados com a maldade dos humanos, adoram tanto a natureza que detestam as pessoas; este próprio panteísmo vai-se assumindo, à revelia descomprometida das religiões que estimulam ao compromisso histórico, como nova forma de religiosidade, quase natural e misticista, que misturando de tudo um pouco dá um chamado “Cokteil”, uma miscelânia que pode ter o nome de New Age (a Nova Era do Aquário), nascida pelos anos 60. 2. Esta complexidade das novas formas de compreender a “liberdade” pós-humana, sem hierarquia de valores, tem mesmo fundamentação científica: está provado que os chimpanzés têm memória e que o homem partilha «98,4 % dos genes com os chimpanzés, 97,7 % com os gorilas e 96,4 % com os com os orangutangos. (…) Uma organização internacional com o mesmo nome do projecto procura uma declaração da ONU sobre os direitos dos símios e defende direitos iguais aos dos “menores de idade e aos incapacitados mentais da nossa espécie”, segundo os responsáveis do projecto.» Na internet, uma leitura de relance dos comentários ao projecto espanhol, é um profundo alerta sobre o que está a acontecer no mundo, nomeadamente em termos dos pilares fundacionais da humanidade. Por exemplo, o uso descontextualizado da dignidade da pessoa humana transferida para o mundo animal, ou mesmo dos seres vivos e coisas em geral, são reflexo de grave pobreza de valores e de humanidade. 3. Alguns manifestam que a ideia não é nova e que, finalmente, um país tomou a dianteira. Sublinhe-se que não chega o comprovar-se científico da comum pertença de genes entre o ser humano e o chimpanzé; ser humano científico que fica aí perdeu a noção do seu lugar. É indescritível e preocupante o significado (e as consequências) do que esta simples proposta espanhola representa como iceberg de uma imensa conjuntura de questões decisivas quanto ao futuro. É oportunidade para sublinhar e fundamentar o lugar único do ser (do sentir) humano como obra-prima de todas as realidades existentes, estas a merecerem todo o zelo e protecção, precisamente, por parte dos humanos. Estamos diante de uma questão de absoluta fronteira na qual a generalizada indiferença é o terreno favorável à perca da própria identidade humana. Os acontecimentos obrigam ao despertar ético para o que está a acontecer.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

NA LINHA DA UTOPIA

Sacerdotisas?
1. A sábia prudência pode conduzir a não problematizar. Mas o encarar os horizontes de futuro obriga a reflectir. Nem seguir as euforias do progressismo nem o fechar da reflexão como se a história não fosse por essência (divina) aberta e à descoberta. Não é novidade para ninguém a matriz patriarcal como noção de “serviço/poder” do judeo-cristianismo, factor que presidiu à configuração das religiões monoteístas e igrejas ao longo dos tempos, mas que retardou mesmo a assumpção social e cultural do horizonte do feminino nas sociedades. A própria possibilidade de um debate teológico aberto, metódico e coerente, no seio das instâncias do Vaticano é ainda uma miragem; a noção de uniformidade de pensamento num dado tão acessório como a “ordenação de mulheres” é bem pesada, o que condiciona toda a estrutura eclesial a não poder dizer outra coisa senão o que diz a estrutura superior: que o assunto está bem como está e que não é sequer para pensar nele! 2. Se se fosse, efectivamente, a pensar a sério nestas questões concluía-se algo tão simples como que Jesus Cristo não fez acepção de pessoas em termos de género (masculino ou feminino) e que escolheu, naturalmente, condicionado pela cultura patriarcal sua contemporânea, e que hoje escolheria seis homens e seis mulheres; ou melhor convidaria culturalmente em função da competência e liderança e não de qualquer outro critério como o de género ou de raça. Esta conclusão, tão simples, a par de outras mais complexas obrigaria a terminar o “discurso da compensação”, quando se procura “iludir o sol com a peneira” ao dizer-se que «a mulher tem na Igreja um papel fundamental» e possui mesmo uma «visibilidade muito grande», como se refere nestes dias (pelo presidente da CEP), fundamentando a rejeição ao pensar da ordenação de mulheres e, ainda, dizendo que entre a própria comunidade protestante o assunto não é pacífico… 3. Sente-se que o mundo precisa mesmo de profetas. A admissibilidade da ordenação de mulheres (e referimo-nos exclusivamente a esta matéria), assunto sensível que vem à tona da água em momentos em que a comunidade anglicana antecipa o futuro, simboliza hoje a necessidade de ir à essência do Cristianismo. O ano dedicado a São Paulo, que faz 2000 anos de nascimento, poderia ser oportunidade de abrir, ao jeito ousado de Paulo, alguns “dossiers” de algumas “questões” absolutamente acessórias (que continuam a ser faladas nos bastidores), mas hoje mais importantes que nunca, em relação à força central da Mensagem de que as igrejas são na história o esforço da presença viva. A sociedade civil, nesta questão concreta da coerência de género, vai muitíssimo à frente. É, naturalmente, preciso coragem (Paulina) para aprender dos valores do bem comum sabendo situar-se no tempo cultural presente. É evidente que não dizemos que tudo o que é tido de “moderno” é bom, de maneira nenhuma… 4. Também há quem veja nesta questão uma dimensão de reivindicação feminista; de maneira nenhuma, não é isso. Será sim, a necessidade séria, coerente e urgente de aprofundar o essencial do Cristianismo, de “joeirar” o que foi sendo a “ferrugem” da história e aceitar a conversão no novo e desafiante tempo do séc. XXI (B. Haring). Esta questão do sacerdócio feminino, com seriedade e serenidade, talvez seja uma dessas questões decisivas. Não a querer ver, primeiramente como sério debate, é fechar a portas ao presente-futuro. E tanto que o mundo precisa de “ar fresco”! A prudência, quando apreendida da viagem da história, conduzirá à abertura de espírito nas grandes questões; até porque o que se deseja para o mundo tem de ser viver “ad intra”. Toda esta reflexão no “princípio da racionalidade” (ponto de contacto com o mundo que se procura servir), que tudo sabe fundamentar e debater, não é nada de novo…

FILARMÓNICA GAFANHENSE - 2

Os primeiros passos da que é hoje a Filarmónica Gafanhense podem ser lidos em Galafanha.

Obra do Apostolado do Mar na Diocese de Aveiro - 1

Subsídios para a história do Clube Stella Maris, da Obra do Apostolado do Mar, em galafanha.

PONTES DE ENCONTRO

Paulo e a universalidade do cristianismo Como estava anunciado, há muito, pela Santa Sé, iniciou-se, no passado dia 28 de Junho, a celebração do Ano Paulino, que coincide com o bimilenário do nascimento do Apóstolo Paulo. Para o efeito, O Papa Bento XVI deslocou-se, nesse dia, à Basílica de São Paulo Fora de Muros, onde presidiu à celebração das primeiras Vésperas da Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. Nesta cerimónia estiveram presentes delegações de outras confissões cristãs, para além do Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I. Gestos que se traduzem num expressivo sinal de universalidade e de sentido ecuménico da fé em Jesus Cristo, através do testemunho do Apóstolo das Gentes. Nesta comemoração de fé e júbilo, Bento XVI teve ocasião de dizer, a propósito de Paulo, que: “A sua fé é o ser atingido pelo amor de Jesus Cristo, um amor que o abala até às entranhas e o transforma. A sua fé não é uma teoria, uma opinião sobre Deus e sobre o mundo. A sua fé é o impacto do amor de Deus sobre o seu coração. E, assim, esta mesma fé é amor por Jesus Cristo.” Também, o Patriarca Bartolomeu I se referiu a Paulo como o homem que estabeleceu a aliança entre a língua grega e a mentalidade romana do seu tempo, “despojando a cristandade, de uma vez para sempre, de qualquer estreiteza mental, e forjando, para sempre, o fundamento católico da Igreja ecuménica.” Paulo, como ninguém, até aí, não só tem a experiência e a vivência contínua de que é amado por Cristo, como ele próprio afirma: “vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a Si mesmo por mim” (Gal 2,20), bem como sente a universalidade deste mesmo amor, pelo que a mensagem que proclama só adquire o seu pleno sentido desde que ultrapasse todo o tipo de fronteiras existentes e vá ao encontro de cada um homem e mulher, sem limites geográficos, distinção de estatuto económico-social ou origem cultural. “Não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo” (Gal 3,28). Num mundo, como eram as cidades greco-romanas, onde os escravos, as mulheres e as crianças eram humanos, mas não pessoas, pois só os cidadãos livres eram pessoas com plenos direitos e deveres, o cristianismo, através de Paulo, não só ultrapassa estas fronteiras sociais e culturais como oferece, a cada cidadão, uma nova consciência de si próprio, que se traduz numa nova pertença real, solidária e simbólica. Esta nova pertença a uma nova Humanidade tem o seu centro comum no baptismo, ou seja, na decisão de cada pessoa colocar a sua existência sob o amor incondicional de Jesus, crucificado e ressuscitado, e a aceitação de um novo caminho para a sua vida. “Foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados, a fim de formarmos um só corpo, quer de judeus, quer de gregos, quer escravos, quer livres…” (1º Cor 12,13). A esta dimensão comum e universal do amor de Cristo por todos os homens e da opção, livre, destes, através do baptismo, acederem a um novo caminho e a uma vida nova – “Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova” (Rm 6,4), Paulo acrescenta aquilo que será o centro imutável da sua fé, ao longo de toda a sua pregação e ressurreição de Jesus “E se Cristo não ressuscitou, é vã nossa pregação e vã a nossa fé” (1º Cor 15,14). Contudo, para Paulo, este centro fixo não lhe tira o discernimento nem a capacidade de ter um pensamento móvel; antes o reforça. Tudo isto permite-lhe estar sempre atento às circunstâncias e necessidades, sobretudo doutrinais e catequéticas, de cada momento e local, onde o cristianismo estava a florescer, através da genialidade e da singularidade com que se expressa na pregação transformadora e salvífica da Boa Nova.
Vítor Amorim

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