segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Fotografia de Carlos Duarte na Costa Nova

Aspecto da exposição
.
Carlos Duarte tem sabido
partilhar o que vê e sente
,
Com mais de 40 anos dedicados à fotografia, como amador de qualidade indesmentível, Carlos Duarte tem sido presença assídua na comunicação social, cumprindo, com oportunidade, um bom trabalho de repórter fotográfico. Cruzei-me com ele várias vezes no serviço de reportagem e conheço, por experiência própria, a importância do seu contributo na divulgação de acontecimentos e pessoas marcantes da nossa região. Quando completou quatro décadas de profícuo trabalho, veio a público um livro com alguns registos por ele captados, onde mostrou uma sensibilidade muito própria, com sinais claros da sua paixão pela ria, com mar à vista. Com as suas fotografias, desde a era analógica até à digital, que hoje domina quase em absoluto a arte fotográfica, Carlos Duarte tem sabido partilhar, com o público da região, o que vê e sente, através de exposições individuais, mostrando à saciedade quanto rejubila com máquina na mão e olhos atentos. Mais alma que põe em tudo quanto aprecia e o seduz. Nesta exposição, patente na Residencial Azevedo, a quarta da sua carreira, Carlos Duarte teve a oportunidade de chamar a minha atenção para algumas fotografias, só possíveis de captar quando deambula de bicicleta e atravessa a ponte que nos liga às Praias da Barra e da Costa Nova. Quem anda apressado, normalmente, não tem tempo para ver a paisagem que o circunda. Lá estive no dia da abertura da exposição e tenciono voltar para, com mais calma, apreciar, fotografia a fotografia, mais pormenores de cada uma, a beleza do seu trabalho, sem arranjos que alteram, por vezes, o que a natureza assume como coisa sua. Ria e mar, barcos e moliço, redes e vieiras, velas e proas, ondas com reflexos e nuvens espelhadas na laguna, de tudo um pouco ali está. Os preços são acessíveis. FM

domingo, 9 de agosto de 2009

Passeios de Férias: São Pedro de Moel

Afonso Lopes Vieira
:
Visita para repetir? Claro!
Quando, há anos, visitei São Pedro de Moel, fiquei com a ideia de que se tratava de uma terra arejada, encravada entre o Pinhal de Leiria e o Mar, onde veraneia gente de haveres. Vivendas recentes que casam bem com moradias de traça antiga mostram que houve cuidado com a urbanização e com o asseio. Bom sítio para umas boas férias à beira-mar, com ladeiras a exigirem boas pernas para subir e descer. Durante esta visita, confirmei que se tem mantido o rigor na manutenção da povoação, imposto desde há muito. Hotéis e residenciais, restaurantes e pensões, estabelecimentos preparados para atender os residentes e visitantes, tudo serve para garantir uma ambiência que pode ser desfrutada por muita gente, principalmente no Verão, época de maior afluência.
Na praça, qual varanda virada para a praia, pontifica o busto da figura maior desta terra – Afonso Lopes Vieira – que o soube respeitar, tanto quanto o poeta a soube amar. Mas dele, da sua obra e do seu museu, falarei, com mais pormenor, num próximo registo. Se o não fizesse, seria crime de lesa-poesia e de lesa-solidariedade.
:
Nessa varanda, com tendas de artesanato variado, mais doces regionais, como penso, até nem faltou a propaganda política, da CDU, com o ainda bem conhecido homem da Rádio, Cândido Mota, a debitar os slogans do partido que mais lutas políticas apoiou ou promoveu na Marinha Grande, sede do concelho a que pertence São Pedro do Moel e centro vidreiro de renome internacional, embora, segundo penso, a entrar em decadência nos últimos anos. Não sei se agora estará em recuperação… Deus queira que sim. A marca do poeta está em cada canto. No restaurante Brisamar, premiado pela gastronomia, higiene alimentar e profissionalismo, onde degustei uma bem composta cataplana, acompanhada por um branco do Ribatejo, de nome e preço a condizer com o repasto, apreciei uma quadra de Afonso Lopes Vieira, que ali está há 45 anos, como me informaram. Mais ainda: um quadro, em jeito de tríptico, de Carlos Reys, e uma vitrina de peças de vidro dignas de museu. Visita para repetir? Claro! FM

Raul Solnado

Na galeria dos inesquecíveis A meio da manhã, ligou-me o António Macedo, da Antena 1, com a voz tensa e a notícia de um rumor: constava que tinha morrido o Raul Solnado. Perturbado e um tanto incrédulo, dado que os nossos últimos encontros não pressagiavam tão brutal novidade, procurei informações junto de um amigo comum que o acompanhava sempre: o Manolo Bello. Era verdade. Duas horas antes destas amargas conversas, perdêramos do nosso convívio um homem raro, alguém que não fazia apenas parte de um círculo de amigos mas da existência dos portugueses todos. E nessa manhã negra de ontem, em homenagem à memória do Raul, tomei dois whiskies como tantas vezes fizemos juntos. E entristeci. Mário Zambujal, no PÚBLICO de hoje, Caderno Principal, 3.ª página

Um bocadinho de Jacinto Lucas Pires

Jacinto Lucas Pires
:
Era uma vez um menino ou uma menina, quem lê é que escolhe, que ia por uma floresta ou uma rua ou um deserto com céus mais que gigantes. Era noite fria lá nesse lugar. Uma noite fria e bonita mas também meio triste, porque tudo é triste se estamos tristes, e as coisas bonitas então são as mais tristes, e o menino ou menina não estava contente. Ia sozinho ou sozinha sem companhia ou coragem para ir assim por ali, na floresta ou na rua ou no deserto dos céus. A noite caindo, um silêncio bem mau, e ele ou ela a tremer. O menino ou menina é mesmo igual a nós. Estrangeiro ou estrangeira, pequeno ou pequena, muito fraco ou fraca e sem nada saber. Vai agora na estrada toda feita de escuro ou chuva ou vento ou talvez tempestades. Ao longe, uma luz. E o menino ou menina sofre um medo terrível. E de repente essa luz afinal é uma casa e de repente essa casa afinal é a nossa e de repente o medo é afinal alegria. Uma alegria-alegria ou qual outra palavra? Quem lê é que escolhe, quem lê é que escolhe.

sábado, 8 de agosto de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 143

BACALHAU EM DATAS - 33
.

Santa Joana

O SANTA JOANA

Caríssimo/a:
1935 - «...[P]erante a incapacidade dos estaleiros navais portugueses em satisfazer as necessidades da frota, apesar da necessária autorização prévia do Ministro da Marinha, os armadores portugueses recorreram à aquisição de unidades usadas no estrangeiro, onde os preços de navios usados oscilavam entre os 150.000$00 e os 200.000$00. Aquisição do lugre em ferro JOSÉ ALBERTO, para a praça da Figueira da Foz e dos lugres em madeira SANTA QUITÉRIA, para a praça do Porto, e LABRADOR, para a praça de Lisboa. Ainda no mesmo ano e para a praça de Aveiro, foi comprado em França o lugre NORMANDIE e na Irlanda o lugre SENHORA DA SAÚDE.» Oc45,109
«O JOSÉ ALBERTO, adquirido na Dinamarca pela Sociedade de Pesca Oceano, L.da, em 1935, se[rá] o primeiro lugre-motor de pesca à linha, totalmente feito em ferro, a ser integrado na frota de pesca do bacalhau.» Oc45, 111
«17 de Fevereiro - Entrou na barra da Figueira o lugre com motor de 4 mastros JOSÉ ALBERTO, construído em chapa de aço em 1923, na Dinamarca. Propriedade da Sociedade de Pesca Oceano, o lugre foi considerado "o maior e mais elegante navio da frota bacalhoeira portuguesa". A maioria das casas comerciais da zona ribeirinha fecharam, para que o seu pessoal pudesse observar este momento histórico.»
«Neste ano a frota bacalhoeira portuguesa era composta por 46 navios, sendo 11 da Figueira da Foz.»
1936 - «O segundo marco de inovação [das características técnicas introduzidas nos navios bacalhoeiros da frota portuguesa do bacalhau] foi o começo da pesca com arrastões clássicos ou laterais, em 1936, com o célebre SANTA JOANA.» [v. 1932 ] Oc45, 100
«Por encomenda da Empresa de Pesca de Aveiro, foi construído nos estaleiros de Nakskow, na Dinamarca, um arrastão em aço, o SANTA JOANA, que viria a ser o primeiro barco em Portugal a utilizar o sistema de pesca do bacalhau por arrasto. Era de aço, com 66 metros de comprimento e 17 pés de calado. A sua tonelagem bruta atingia as 1198 t e a sua capacidade de pesca ia até às 1080 t. Com uma tripulação de 58 homens, possuía frigorífico, TSF e um motor Guldner que debitava 900 CV. Este motor permitia-lhe fazer duas safras por ano, a primeira entre Março e Junho, a segunda de Setembro a Dezembro. O SANTA JOANA era um navio sofisticado e bem equipado, numa época em que o preço de um arrastão com estas características rondava os 8.500 contos.» Oc45,111
«O SANTA JOANA foi o primeiro arrastão português da pesca do bacalhau. Pertencia à Empresa de Pesca de Aveiro e era considerado, na sua época, uma das maiores unidades do arrasto na pesca do bacalhau.» Oc45,119 n. 5
«Esta modalidade [o arrasto] firma-se entre nós nesse ano de 1936, com a construção dinamarquesa do SANTA JOANA para a Empresa de Pesca de Aveiro, na gerência de Egas Salgueiro. Assume o comando do navio o Capitão João Ventura da Cruz, veterano dos lugres bacalhoeiros, um dos que, em 1931, demandaram pela primeira vez os bancos da Gronelândia.» HDGTM, 7
«Em 1936, foi adquirido o lugre MILENA, em Génova, também para engrossar a flotilha aveirense [para a Indústria Aveirense de Pesca].» Oc45, 109
Manuel

Raul Solnado: A Guerra

A minha homenagem a um humorista inesquecível da minha geração.

Museu Marítimo de Ílhavo em Festa

Com 72 anos de vida, 
cada vez mais tem mais para dar

Não há dúvida. O Museu Marítimo de Ílhavo, com os seus 72 anos de vida, cada vez mais tem mais para dar. O mar e a ria, mais as gentes que lhe estão ligadas, marcam presença indelével, há muitos anos. Numa procura de actualização permanente, graças também aos Amigos do Museu, que muito o continuam a enriquecer, este espaço museológico é, de forma indesmentível, um excelente pólo de desenvolvimento cultural. A Faina Maior, representativa da saga dos bacalhaus, em que os ílhavos foram muito grandes, é bem digna de ser revisitada, a par da Sala da Ria e de outras colecções que situam o nosso Museu num patamar alto dos melhores museus do mundo, no seu género. Do edifício, podemos salientar que tem sido premiado, com títulos de que nos podemos orgulhar. Hoje está em festa, mas se quisermos, e decerto queremos, a festa continuará com as nossas visitas e os nossos estímulos.

FM

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue