sexta-feira, 11 de junho de 2021

Bispo de Aveiro: a Igreja não é mais do que caminhar juntos

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

«Cada vez mais se torna necessário fazer um caminho em conjunto, em colegialidade, tal como referem as respostas ao inquérito feito aos sacerdotes. A nossa diocese não pode ficar alheia à exigência que o Santo Padre faz a toda a Igreja no sentido de prepararmos o próximo Sínodo dos Bispos, que tem como título “Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão”», sublinhou o Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, na homilia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que se celebrou hoje na Sé aveirense.
Ao dirigir-se aos presbíteros, o nosso Bispo apontou a sinodalidade «como dimensão constitutiva da Igreja, frisando que «a Igreja não é mais do que este caminhar juntos, padres e leigos, ao encontro de Cristo Senhor».
Por outro lado, D. António Moiteiro disse que importa reconhecer «que depende de nós toda e qualquer renovação», ponto de partida «para um presbitério renovado».
D. António salientou que o ministério sacerdotal «exige que não nos conformemos a este mundo, mas que vivamos neste mundo», tendo em conta que somos «chamados a assumir uma atitude permanente de conversão pastoral». «Não é indiferente o que somos e o modo como vivemos. Entre o ser e o agir do ministério que assumimos deve existir sintonia, harmonia e coerência», referiu.
O Bispo de Aveiro disse que, para vivermos em comunhão, «é necessário conviver, concelebrar, aprender a trabalhar juntos, partilhar sucessos e fragilidades, nomeadamente com os colegas do arciprestado, para sermos o rosto fraterno Cristo». Para isso, é fundamental que o bispo, sacerdotes e diáconos suscitem a fraternidade «na construção da comunidade cristã». «É neste espírito de comunhão que, no dia 1 de dezembro, vamos realizar uma Assembleia de presbíteros, onde a presença de todos é imprescindível», adiantou.

Ler toda a homilia 

Feira do Livro à sombra de José Estêvão



Está a decorrer até domingo, em Aveiro,  a Feira do Livro, envolvendo a figura máxima da capital dos canais, José Estêvão. Quem lá for ou por lá passar, mesmo depois do evento, aproveite para ler o que ficou para a história do ilustre parlamentar.
Já fui à feira e tenciono voltar, não para comprar as últimas novidades literárias, que isso poderá acontecer no dia a dia, mas para descobrir obras que estão, imensas vezes, fora dos circuitos comerciais. Por exemplo, na visita que fiz à Feira do Livro, adquiri três livros, dois referentes a Vasco Branco, que todos os gafanhões conhecem, e outro da lavra do historiador aveirense, Amaro Neves, personalidade que muito estimo.
Amanhã, se Deus quiser, voltarei. 

A semente fecunda é a Palavra de Deus

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XI do Tempo Comum

A mudança de disposição interior representa o início de uma caminhada que, por vezes, vai prosseguir em novos passos de adesão à mensagem e de seguimento da pessoa de Jesus

Jesus anda em missão. Encontra-se com pessoas de diferentes níveis de compreensão. A todas respeita e procura ajudar. Recorre, por isso, a diversos modos de comunicar. Escolhe cada modalidade de acordo com a capacidade dos ouvintes. Para apresentar o reino de Deus a marítimos, serve-se das lições de quem trabalha com redes, anda na pesca, conhece os segredos do mar. De igual modo, faz com comerciantes, camponeses, escribas letrados, políticos de carreira, homens do culto oficial. Mc 4, 26-34.
É belo este modo de proceder! É exemplar esta pedagogia! É apelativa esta proximidade para todos os que são chamados a lançar a semente da Palavra no coração humano, tendo em conta o pulsar do seu ritmo, das suas alegrias e dores.
O Santo Padre, em variadíssimas ocasiões, fala-nos do matrimónio a ser considerado como um desafio, uma vocação a nascer, crescer e ser cuidada dentro da comunidade cristã. E lança o alerta para a falta de maior consciência que o matrimónio é uma vocação, um chamamento, um apelo de Deus a uma vida plena e feliz. Desafio que é processo em realização como o crescimento do reino de Deus anunciado em parábolas por Jesus.

Santa Maria Manuela regressa ao Porto de Aveiro

 

Segundo os meus registos, aconteceu no dia 2 de Maio de 2010, pelas 15h18. 

A cultura do coração trespassado pela lança

Reflexão de Georgino Rocha
para a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus


Como tudo seria diferente se houvesse na Igreja e no mundo uma autêntica cultura do coração, a sugerir no húmus do nosso coração atitudes de vida consoantes à Vida no Coração de Deus!

A melhor representação do Coração de Jesus é o Senhor crucificado, deixando sair do seu lado, aberto pela lança, o sangue e a água, figura dos sacramentos da Igreja e metáfora das feridas da nossa humanidade. Como figura exposta mostra o amor fonte de vida e de salvação; mostra, de forma sublime, a doação plena e perpétua de continuar na Igreja e de estar acessível a cada homem/mulher que, pela fé, O descobrem como salvador de quem se sente perdido e guia de quem procura um sentido digno para a vida, sua e de todos os humanos. Os sacramentos básicos da Igreja nascem de um facto histórico presenciado pelo autor do evangelho de São João: “Vendo-O já morto o soldado trespassou-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”. Estes sacramentos são a eucaristia e o baptismo, alicerces de toda a vida cristã.
José Manzano lembra que a mensagem deste dia espera resposta da nossa parte. “Hão-de olhar para Aquele que trespassaram”. Necessitamos ver com os olhos do coração e passar de cálculos e números a rostos humanos, com nome, voz e vez. Quando se olha com o coração, as pessoas deixam de ser estranhas e convertem-se em irmãos que reclamam, com a sua palavra ou com os seus silêncios, o nosso amor. Necessitamos viver de maneira nova, neste mundo e nesta hora, fazendo presente à nossa volta um amor parecido ao que Jesus mostra. Um amor desmedido, que não leve em conta os desprezos recebidos, mas que se viva com a força da generosidade; um amor paciente, um amor serviçal, um amor que tudo suporta e espera tudo…

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Faltará muito?

 
A quantos dias estaremos deste ambiente de veraneio? Por ele anseio como de pão para a boca em dia de fome!

Por umas gotas

"Tanta conversa sobre vacinas, marcas, efeitos secundários, marcações e filas de espera, e nem uma palavra para nos preparar para o choque de sermos confrontados com a nossa mortalidade. A umas míseras, porém admiráveis, gotas de distância."

domingo, 6 de junho de 2021

Como se Deus não existisse

A oração, como diz o Papa Francisco, não é para converter a Deus, mas para nos convertermos ao Seu amor que excede tudo o que poderíamos desejar e pedir.

1. O autor do título desta crónica é um mártir cristão, o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer (1904-1945). Deixo, aqui, um breve apontamento para situar essa expressão paradoxal que nada tem a ver com agnosticismo ou ateísmo.
No início de 1933, a ascensão de Hitler ao poder provocou uma disputa no seio da Igreja Evangélica Alemã, à qual Bonhoeffer pertencia. Muitos luteranos acolheram favoravelmente o advento do nazismo e, no Verão de 1933, alguns até propuseram uma resolução que impedia os “não arianos” de se tornarem ministros de culto ou professores de religião. Bonhoeffer opôs-se a essa tese, afirmando que a sua ratificação submeteria os ensinamentos cristãos à ideologia política: se os “não arianos” fossem impedidos de aceder ao ministério, então, os pastores teriam de renunciar, em sinal de solidariedade, e de fundar uma nova Igreja livre da influência do regime.
Em Maio de 1934, nasceu a Igreja Confessante, liderada pelo próprio Bonhoeffer em oposição aberta ao nazismo e ao silêncio da Igreja oficial. Em Agosto de 1937, foi publicada uma ordem de Himmler que declarava ilegal a actividade da formação de candidatos a pastores para a Igreja Confessante e, em Setembro, o Seminário de Finkenwalde foi fechado pela Gestapo.

Um poema de António Pina para este domingo

O Toti 

O NOME DO CÃO

O cão tinha um nome
por que o chamávamos
e por que respondia,

mas qual seria
o seu nome
só o cão obscuramente sabia.

Olhava-nos com uns olhos que havia
nos seus olhos
mas não se via o que ele via,
nem se nos via e nos reconhecia
de algum modo essencial
que nos escapava

ou se via o que de nós passava
e não o que permanecia,
o mistério que nos esclarecia.

Onde nós não alcançávamos
dentro de nós
o cão ia.

E aí adormecia
dum sono sem remorsos
e sem melancolia.

Então sonhava
o sonho sólido que existia.
E não compreendia.

Um dia chamámos pelo cão e ele não estava
onde sempre estivera:
na sua exclusiva vida.

Alguém o chamara por outro nome,
um absoluto nome,
de muito longe.

E o cão partira
ao encontro desse nome
como chegara: só.

E a mãe enterrou-o
sob a buganvília
dizendo: " É a vida..."



Manuel António Pina

primeiros poemas
todas as palavras
poesia reunida
assírio & alvim
2012

sábado, 5 de junho de 2021

Dia Mundial do Ambiente: Não deixemos um deserto aos nossos filhos

Das mãos de Deus recebemos um jardim; 
aos nossos filhos não podemos deixar um deserto.

Papa  Francisco 

Paisagem Açoriana 

Em mensagem em vídeo de lançamento da Plataforma de Ação Laudato si’, Francisco renova o apelo à humanidade para agir em prol de uma ecologia integral em favor da natureza e do homem na sua totalidade porque “o egoísmo, a indiferença e os estilos irresponsáveis estão ameaçando o futuro dos jovens”. Existe esperança, insiste o Papa, para “preparar um amanhã melhor para todos. Das mãos de Deus recebemos um jardim; aos nossos filhos não podemos deixar um deserto”.
O apelo do Papa será ouvido por todos os homens e mulheres do nosso tempo, numa perspetiva de garantirmos um mundo mais saudável, mais justo  e mais acolhedor? Ou continuaremos com uma economia desenfreada, consumista e mais poluidora? 
Confesso que não sei, nem estarei por cá para ver. Mas que gostaria de testemunhar alterações significativas nos nossos comportamentos, na linha de um ambiente mais saudável e mais solidário, lá isso gostaria.  

Amigos de Peniche


«Esta expressão fundamenta-se num facto histórico: quando do domínio filipino em Portugal, uma armada inglesa desembarcou em Peniche com a suposta intenção de avançar sobre Lisboa [para] ajudar o Prior do Crato a libertar a capital dos espanhóis. No entanto, por vicissitudes diversas, os ingleses nunca chegariam a Lisboa, pelo que a expressão "amigos de Peniche" passou a significar alguém que se diz amigo, mas não é de fiar.»

Nota. Confesso que não sabia... Estamos sempre a aprender.

Prémio Rainha Sofia para Ana Luísa Amaral

Ana Luísa Amaral recebeu esta semana o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, considerada a maior distinção para a poesia dentro daquele espaço geográfico, segundo li no PÚBLICO.
Sobre esta professora universitária, escreveu Lídia Jorge na Revista LER: “é necessário sair da esfera do conforto gramatical herdado, entrar no domínio da sua cultura e erudição, e, sobretudo, na intimidade de um sentimento capaz de passar do microcosmo da domesticidade para o domínio das esferas celestes, uma harpa de mil cordas coordenadas segundo um código que lhe é muito próprio”.

No seu livro Ágora, que li e reli com muito gosto, pode ler-se este poema:

A LESTE DO PARAÍSO

Antes ser tudo e livre
do que bom mas humilde

Assim pensara então

e agira

E o oriente lhe foi destinado:
terra de mil castigos
de difíceis colheitas; mais
suor

Só depois descobriu
que lá o sol nascia
e que podia falar das coisas
todas

                Mas com quem?

Hans Küng e Francisco

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

A Igreja não pode entender-se como um aparelho de poder ou uma empresa religiosa, mas como povo de Deus e comunidade do Espírito nos diferentes lugares do mundo

1 Faz amanhã dois meses que, como aqui dei a devida notícia, morreu Hans Küng, o teólogo católico mais conhecido dos últimos decénios e um pensador de influência mundial.
Küng tinha imensa esperança no Papa Francisco, que lhe escreveu duas vezes, inclusivamente a dizer que a infalibilidade pontifícia era questão a estudar, e lhe enviou uma bênção antes da morte. Lamentavelmente, talvez para não ferir Bento XVI, não o reabilitou de modo oficial. De qualquer forma, julgo que é inegável a influência do seu pensamento na primavera da Igreja prosseguida por Francisco, não só por causa das suas investigações sobre o cristianismo primitivo mas também do seu contributo incalculável para o encontro da fé com o mundo moderno e pós-moderno e um ethos (nova atitude ética) global.

ANDANÇAS - Caramulo

Na serra do Caramulo, não falta a água pura da fonte para matar a sede a quem passa. E não falta o suporte para pousar o cântaro enquanto a água corre sem parar. Água que vem da serra e à serra volta se ninguém dela precisar. A sua limpidez e sabor foram do meu agrado.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Pertencer à nova família que Jesus anuncia

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo X do Tempo Comum

Os que aderem à vontade de Deus estabelecem, entre si, um vínculo novo que fraterniza, responsabiliza e solidariza.

Jesus começa a ver o resultado da fase inicial da sua missão. O número dos que o acompanham é já multidão. O vigor físico cede lugar à fadiga e à fome. Os lugares públicos, as aldeias e os campos, são “momentaneamente” esquecidos e abandonados. Surge a casa emblemática da sua nova residência em Cafarnaúm, como espaço-abrigo e local de missão, como símbolo da realidade que estava a germinar, como indício da família “em gestação” constituída por laços originais únicos. Mc 3, 20-35.
A fama de Jesus atrai numerosas pessoas que recebiam, com agrado, a mensagem que lhes dirigia e ficavam admiradas com as obras que realizava. O estatuto social do Nazareno eleva-se acima do normal, atribuído a um artesão de aldeia. A relação de confiança entre o Rabi e os seus seguidores aumentava de forma visível e era publicamente reconhecida. O êxito parecia garantido, se ninguém travasse o dinamismo crescente. Mas houve e há, como nos narra o evangelho e a experiência demonstra.
O Papa Francisco, ao terminar a “maratona de oração” que durante o mês de Maio último percorreu santuários marianos de todo o mundo para pedir à Virgem Desata Nós o fim da pandemia do corona vírus, reza perante o ícone da Senhora nos Jardins do Vaticano: “Tu que sabes desatar os nós da nossa existência e conheces os desejos de nosso coração, vem em nossa ajuda.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Para pensar

"Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o sucesso,
mas conheço uma forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos."

Herbert B. Swope
NOTA: Li no Pensador

quarta-feira, 2 de junho de 2021

ÍLHAVO - O Homem do Gabão

Centro para a Valorização e Interpretação
da Religiosidade Ligada ao Mar


O espaço do antigo Quartel dos Bombeiros Voluntário de Ílhavo está a ser requalificado, no sentido de ali acolher o Centro para a Valorização e Interpretação da Religiosidade Ligada ao Mar, tendo já recebido um importante elemento que espelha a identidade das gentes ilhavenses. Trata-se de o Homem do Gabão, trabalho do escultor Euclides Vaz, uma peça em gesso, com três metros de altura, que ficará assente em pedestal pequeno de formato quadrangular - assim se lê no site da CMI.
A mesma fonte sublinha a figura masculina que enverga um gabão, peça de vestuário característica das gentes ilhavenses, confecionado em tecido grosso e composto por mangas compridas e capote, cingido na cintura por um cabo de sisal semelhante aos que segura com a mão direita.
Recorde-se que a escultura foi incorporada na coleção do Museu Marítimo de Ílhavo a 15 de maio de 1990, por doação do seu autor, Euclides Vaz (1916-1991).
Refira-se, ainda, que esta temática está igualmente presente na coleção do Museu Marítimo de Ílhavo, através da pintura a óleo intitulada Homem do Gabão, da autoria de Francisco José Resende (1825-1893), na qual são evidentes a indumentária característica dum ílhavo. 

Fonte: CMI 

terça-feira, 1 de junho de 2021

Política nas redes sociais

Mais uma preocupação para quem aprecia informação e opinião independentes.
Se é que tal é possível.

«O Twitter proibiu toda a propaganda política paga em todo o mundo, justificando que o alcance de tais mensagens "deve ser conquistado, não comprado". "Embora a publicidade na internet seja incrivelmente poderosa e muito eficaz para anunciantes comerciais, esse poder traz riscos significativos à política", tuitou o CEO da empresa, Jack Dorsey.

O rival Facebook descartou recentemente a proibição de anúncios políticos pagos. Dois anos depois dos escândalos por uso de dados irregulares dos utilizadores com fins eleitorais, a rede social anunciou que lançará uma ferramenta para tornar propagandas políticas mais transparentes.»

Li no DN

Miguel Torga para o Dia da Criança

 BRINQUEDO

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subido, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.

Miguel Torga

Andanças: Palácio do Buçaco

Palácio do Buçaco na serra do mesmo nome.  Sugestão para um passeio onde pode apreciar uma paisagem verdejante com história para recordar. Há museu sobre a Batalha do Buçaco que merece uma visita. 


Fazei isto em minha memória

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa do Corpo de Deus 


“Ámen” – responde o cristão a quem lhe apresenta o “corpo de Cristo” no rito da comunhão, expressando a sua fé orante no pão eucarístico que vai receber. É o corpo de Cristo real e não virtual, ressuscitado e não físico ou meramente aparente e convencional, sacramental e não carnal. É corpo pessoal sacrificado que, tendo nascido da Virgem Mãe, se faz “corpo entregue e sangue derramado” na ceia da instituição da eucaristia, corpo eclesial na assembleia convocada para a celebração, corpo cósmico nas realidades temporais que se vão conformando aos valores do projecto de Deus que quer ser tudo em todos. Tudo concentrado na pequena hóstia!
A Igreja nasce e vive da eucaristia e, por mandato de Jesus, realiza-a como fonte e o cume de toda a sua missão. “Fazei isto em minha memória” – ordena Ele aquando da instituição. E a Igreja assim faz, conservando o memorial eucarístico nas diversas formas de celebração e acolhendo modos vários de manifestar a “ressonância” suscitada na piedade popular.
A festa do Corpo de Deus foi instituída em meados do século XIII, época em que se comungava muito pouco e se levantavam dúvidas sobre a «presença real» de Jesus na hóstia consagrada depois da celebração da Eucaristia. “A Igreja respondeu, não com longos discursos, mas com um ato: sim, Jesus está verdadeiramente presente mesmo depois do fim da missa. E para provar esta fé, criou-se o hábito de organizar procissões com a hóstia consagrada pelas ruas, fora das igrejas”.

segunda-feira, 31 de maio de 2021

O meu irmão

Armando Grilo
Estou numa fase da vida em que saboreio as boas memórias, as que estão bem aconchegadas no coração, com um prazer inolvidável. As más, que as há, por vezes intrometem-se comigo, mas de imediato são repudiadas. Não tenho tempo livre para elas. Mas as boas, essas sim. Acolho-as e até as embalo como quem embala um bebé, na esperança de as ver crescer para me animarem na vida.
Vem esta reflexão a propósito do Dia do Irmão que hoje se celebra, como se tal Dia não fosse todo o tempo do mundo. Os irmãos, como os pais e depois os filhos e netos, fazem parte integrante do nosso ser e das nossas vivências quotidianas, felizes os menos felizes. Por isso, para alguns, celebrar o Dia Disto ou Daquilo, não faz sentido. Contudo, temos de reconhecer que as celebrações de datas marcantes têm um lado positivo. Como acontece hoje. Embora o meu irmão Armando, que eu amorosamente tratava por Menino, esteja sempre na minha vida, a realidade é que, se não houvesse o Dia do Irmão, talvez eu não estivesse aqui, no meu blogue, a evocá-lo, partilhando com os meus leitores o amor fraterno que nos unia. 
Se fosse vivo, o meu irmão teria hoje 79 anos (nasceu em 25 de Outubro de 1941 e faleceu em 27 de Março de 2007). Talvez trocássemos felicitações por telefone, talvez lhe enviasse um e-mail com um abraço, talvez conversássemos um pouco sobre a vida, talvez evocássemos momentos felizes, talvez falássemos dos nossos pais, talvez trocássemos impressões sobre as nossas famílias, talvez nos ríssemos das brincadeiras, sorrisos e marotices dos nossos netos. Que o meu irmão, o Menino, tinha uma rara habilidade para contar histórias dos netos. Era um autêntico ator. Estaria no palco da vida, que ele tanto amava, para a animar. E por aqui me fico. Hoje vou passar o dia com ele.

Um abraço

Fernando, 
o teu mano, como tu dizias

domingo, 30 de maio de 2021

Fazer acontecer

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Esta é a primeira vez que um Sínodo começa a partir da base. Isto pode significar que entrámos numa nova fase da vida da Igreja.


1. O Papa Francisco acaba de fazer oito anos de pontificado. Não é no espaço desta crónica que me atreveria a fazer o balanço do que representaram e representam esses anos no interior da Igreja católica, no movimento ecuménico, no diálogo inter-religioso, nas iniciativas para desenvolver uma nova ética económica, social, política e ecológica.
Teve de enfrentar resistências organizadas à reforma da Cúria romana, estancar os escândalos da banca do Vaticano e aplicar medidas drásticas para erradicar o cancro da pedofilia. Retomou de forma criativa as grandes intuições do Concílio Vaticano II. Mediante gestos, palavras, acções e iniciativas exemplares, mostrou o que deve ser uma Igreja de saída para todas as periferias. É a partir dessas periferias que a Igreja encontra o seu caminho e a sua missão no Mundo contemporâneo.
Os documentos que publicou abrangem as questões fundamentais do nosso tempo. Não é por acaso que vários líderes mundiais desejam que o Papa Francisco participe na Cimeira de Glasgow sobre a crise climática, em Novembro, pela “autoridade moral” da sua voz em relação à matéria e também por estar “acima da política e fora dos conflitos nacionais”.

Um poema para este domingo de Vitorino Nemésio

Senhor, nas minhas veias
Trago a morte medida.
Sou lâmpada de pobre:
Nem toda a noite a vida.

Já meu sangue estremece;
Veio uma asa ao lago.
Minha mão arrefece
Nestas coisas que afago.

Que maneira de amor
Fui, no menino ido!
Agora, seja o que for
Já no homem cumprido.

Até ao último fio
Poupei o dote divino.
O homem de Deus perdi-o;
Só salvei o menino.

Esse me leva e enche
Como uma onda do mar:
Minhas fraquezas preenche,
Que a grande força é brincar.

Já vai escurecendo;
O sangue pára de arder.
Agora, o que digo acendo
Para me não perder.


Vitorino Nemésio 

In VERBO - Deus como interrogação na poesia portuguesa 
 


ANDANÇAS: Farol do Cabo Mondego

 


O Farol do Cabo Mondego é mais antigo do que o Farol da Barra da Aveiro. O primeiro foi inaugurado em 1858 e o segundo em 1893.
O Farol do Cabo Mondego pode ser visto e visitado na Serra da Boa Viagem, onde nos oferece uma paisagem digna de registo.

sábado, 29 de maio de 2021

Santíssima Trindade regressa à Vera Cruz

Escultura da Santíssima Trindade 
regressa à igreja da Vera Cruz 
depois de trabalhos de conservação 

Batistério da Igreja da Vera Cruz

A escultura em barro da Santíssima Trindade regressou à Igreja da Vera Cruz. Depois de ter sido cedida, juntamente com outras obras de arte, para a exposição ‘Tesouros de Aveiro’, permaneceu no Museu de Aveiro em trabalhos de limpeza e conservação, retirando-se a sujidade e vernizes, que não permitiam ver o esplendor desta obra de arte sacra do melhor que Aveiro produziu. A Santíssima Trindade encontra-se no Espaço Museológico, regressando esta semana ao batistério depois de correções na estrutura que a apoiará.

Fonte: Texto: Canal Semanal. Foto: Google

Tudo e todos interligados. 2

4 Continuando a reflexão sobre a interligação de tudo e de todos, perguntamos: e para onde vamos? Sobretudo: para onde queremos ir? Que futuro?

Face ao futuro, é essencial pensar. E voltamos à escola, que vem do grego scholê, que significa ócio, não o ócio da preguiça, mas tempo livre para homens e mulheres livres pensarem e governarem a pólis (daí vem política): a Cidade, isto é, a Casa comum da Humanidade. Hoje o que mais falta é precisamente este ócio. Ora, sem ele, tudo se torna negócio (do latim nec-otium). A própria política tornou-se sobretudo negócio(s). Assim, sob o império da técnica e do(s) negócio(s), não se pensa, calcula-se: o filósofo M. Heidegger chamou a atenção para isso: a técnica não pensa, calcula, o mesmo valendo para os negócios.

5 Olhando para o futuro, o que nos vincula é a esperança. Mas, mais uma vez, não há esperança autêntica sem pensamento. Quando olhamos para o futuro, encontramos evidentemente, motivos para imensa satisfação - voltando à pandemia, não temos de agradecer à ciência, pois, para dar um exemplo, nunca se tinha conseguido tão rapidamente uma vacina, e foi por causa das novas tecnologias que pudemos continuar, apesar de tudo, com mais ligação nos diversos níveis e facetas da vida? -, mas é preciso tomar consciência também das ameaças e dos perigos, que são gigantescos e globais. Há problemas de tremenda complexidade, já presentes e que se agravarão.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Lugre Argus vai ser recuperado

Presidente da CMI, Fernando Caçoilo, apresenta o novo projeto museológico 

A Câmara Municipal de Ílhavo e a empresa Pascoal & Filhos assinaram um Protocolo de Doação, ao Município, do lugre Argus. Este é um importante marco que permitirá dar início ao processo de reabilitação desta emblemática embarcação, ícone da história portuguesa da Pesca do Bacalhau, com o objetivo de a transformar num equipamento museológico, a implementar no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, cidade bacalhoeira do Município.
Cabe agora  à Câmara Municipal a responsabilidade de encontrar, no âmbito do Quadro Comunitário Portugal 2030, o financiamento necessário para a sua recuperação, tendo em vista transformar o Argus em mais uma atração museológica num  espaço público e seco  do Jardim Oudinot. O investimento está estimado em cerca de 4 milhões de euros.

Chafariz - Assim já gosto

 

Passei há tempos pelo Farol da Barra e critiquei o mau aspeto em que se encontrava o chafariz acastelado, porventura por esquecimento. Hoje, porém, já está asseado para receber visitas. A época balnear está à porta. Gostei de o ver limpo e pintado de fresco.

Em nome da Santíssima Trindade, ide e fazei discípulos

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo IX do Tempo Comum


A festa da Trindade revela-nos a dignidade do ser humano, especialmente do ser cristão chamado a viver na confiança filial, na amizade fraterna e na doação generosa.

Após o Tempo Pascal, a liturgia retoma o tempo comum para nos proporcionar a oportunidade de celebrar o que Deus em Jesus faz por nós por meio do Espírito santo. No encontro da despedida Jesus, depois de afirmar a sua autoridade, diz aos discípulos: “Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. E dá-lhe a garantia de estar sempre com eles até ao fim do mundo. Grandiosa missão! Estimulante garantia! Mt 28, 16-20.
É missão que inicia os candidatos à vida cristã em dois “momentos” mais significativos do seu itinerário para a maturidade: o anúncio jubiloso da novidade de Cristo e a celebração do baptismo e do crisma. É missão a prosseguir na comunidade eclesial e sociedade civil, em todos os espaços de convivência humana. Assim, é em nome da Santíssima Trindade que a Igreja desenvolve a sua acção: aprendendo e ensinando, sendo santificada e santificando, deixando-se amar e irradiando o amor. A fonte original é Deus família, é trindade em relação, é cada pessoa em comunhão.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Encantos da Vagueira

Vagueira - Passadiço
Vagueira - Arte Xávega

Os residentes consideram-na como “a melhor praia do mundo” e quem vem de fora tende a concordar. O extenso areal da Praia da Vagueira conquista todos os que a visitam, em Vagos, no distrito de Aveiro.
Por aqui ainda se mantém a tradição da pesca com arte xávega. A mesma que coloca no pequeno mercado local o peixe mais fresco, capturado a pouca distância da costa e usado nos pratos que enchem as ementas dos restaurantes.
Muitas iguarias ganharam fama ao longo do tempo por aqui, como a caldeirada de enguias ou o marisco. Esses ingredientes vêm da Ria de Aveiro, ali mesmo ao lado.
Para conhecer estes dois mundos, entre o mar e a ria, estão os Passadiços da Vagueira, que atravessam um grande cordão dunar e se estendem até à Praia do Labrego.
Uma caminhada por esta estrutura de madeira é a oportunidade perfeita para respirar a brisa salgada e lançar o olhar sobre uma zona de sapal que atrai inúmeras espécies de aves.
Para fãs de desportos aquáticos, pode sempre optar por uma sessão de stand up paddle ou canoagem na ria, ou virar-se para o mar e experimentar surf, já que está numa das melhores praias da região para o fazer.

Fonte: Texto e fotos da Via Verde

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Folha seca



O vento atirou a folha seca para o meu caminho no Jardim Oudinot. Sinal de um Outono frio e rosto de morte iminente. Aqui lhe dou vida para que nos alerte para o Outono da nossa existência. 

Feira do Livro de Aveiro começa na sexta-feira

ABERTURA: 
28 de Maio, 18 horas


A 45.ª edição da Feira do Livro de Aveiro decorre num novo espaço, a envolvente do edifício ATLAS Aveiro, e tem inauguração agendada para as 18h00 do dia 28 de maio. A Feira estará de portas abertas de segunda a quinta-feira, das 15h00 às 20h00, sextas-feiras das 15h00 às 22h30, sábados e feriados das 10h00 às 22h30 e domingos das 10h00 às 20h00. Os standes de venda de livros estarão instalados na Praça de República, contando com representações da Livraria Santa Joana, Livraria ABC, Socodante Livraria Técnica Angels Formula-Alfarrabista, Ror de Livros, IBOOK, Livraria Bertrand, Livraria Gigões & Anantes, FNAC, CTT, CMA - Edições municipais. 
Destacando o Teatro, género literário, em homenagem à comemoração dos 140 anos do Teatro Aveirense, a programação cultural da feira abre, logo no primeiro dia, às 18h30, com um monólogo de Sara Barros Leitão, “Proclamação da existência”, seguindo-se uma conversa entre a atriz e José Pina, diretor do Teatro Aveirense.

NOTA: Notícia publicada no "Correio do Vouga"

terça-feira, 25 de maio de 2021

Comunicar

“Nem o regime mais repressivo consegue impedir os seres humanos de encontrar formas de comunicar e obter acesso à informação”

Mandela


Nota: Saiu no  PÚBLICO de hoje em Escrito na Pedra.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Jardim Oudinot: Caprichos da natureza

A natureza é capaz de tudo. Vejam as voltas que a árvore deu para sobreviver. Assim somos nós muitas vezes.

 

domingo, 23 de maio de 2021

Sopro criador vem

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Ainda nos custa lidar com o Espírito do Pentecostes: em nome da unidade, sacrificamos a diversidade; em nome da diversidade, não cuidamos da unidade. É assunto para futuras crónicas

1. Todas as celebrações cristãs implicam três dimensões: não perder a memória, enfrentar os desafios do presente e abrir o futuro. A essência do cristianismo não é uma ideia abstracta. Está intrinsecamente ligada a uma pessoa histórica viva: Jesus de Nazaré.
S. Paulo advertiu que ninguém pode colocar um alicerce diferente deste [1]​. Como observa Hans Küng, a vida, os ensinamentos e a actividade de Jesus de Nazaré destacam-se, claramente, em comparação com outros fundadores de religiões. Jesus não foi uma pessoa formada na corte, como aparentemente foi Moisés, nem filho de príncipe como Buda. Também não foi um erudito e político como K’ung Fu-tzu nem um comerciante rico e cosmopolítico como Maomé. É precisamente pela sua condição social tão insignificante que se torna tão espantosa a sua inultrapassável importância.
Não defende: a validade incondicional de uma lei escrita que se desenvolve sem cessar (Moisés); um modelo de vida monástico, dentro de uma comunidade regulamentada (Buda); a renovação da moral tradicional e da sociedade estabelecida, em consonância com uma lei cósmica (K’ung Fu-tzu); as revolucionárias conquistas violentas, em luta contra os infiéis, e a fundação de um Estado teocrático (Maomé).
Não se identifica com os poderosos, com os rebeldes, com os moralizadores nem com os submissos. A sua vida é um permanente desafio inovador [2].

Um poema de Jorge de Sena para este domingo

A escritora Lídia Jorge sugeriu há dias que os poemas seleccionados 
por José Tolentino Mendonça e Pedro Mexia, 
que fazem parte do livro "VERBO - Deus como interrogação na Poesia Portuguesa", poderiam ser incluídos nas Eucaristias. 
A título de exemplo, apresento, para este domingo, um expressivo poema de Jorge de Sena. 
SÚPLICA FINAL

Senhor: não peço mais que silêncio,
o silêncio das noites de planície como enevoadas águas,
o silêncio dos montes quando a tarde acabou e as pedras
se afiam na friagem que é azul-celeste,
o silêncio do sol encarquilhando as folhas,
e o vento na areia depois de ter passado,
o silêncio das ondas ao longe espumejando tranquilas,
o silêncio das mãos e o dos olhos,
e o das aves negras que pairam nas alturas
de um céu silencioso e límpido. Não peço
mais que silêncio. O silêncio das ideias que deslizam
no tecto escorregadio da memória silente.
E o silêncio dos sonhos coloridos, e o dos outros
a preto e branco imagens desejadas
que não pensei que desejava e esqueço
ao querer lembrá-las. E o silêncio
dos sexos que se possuem sem uma palavra.
E o do amor também, tão silencioso esse,
que não sei quem amo.

Não peço mais. Afasta
de mim o estrondo: não o das cidades,
ou dos homens, das águas, do que estala
na memória ou penumbra das salas desertas.
Afasta de mim o estrondo com que a vida
se acabará contigo, num rasgar de súbito
em que ficarei inerte e silencioso. O estrondo
em que não ouvirei mais nada. O estrondo
em que não mexerei um dedo. O estrondo
em que serei desfeito. O estrondo
em que de olhos abertos
alguém mos abrirá.

Senhor: não peço mais do que o silêncio do mundo,
o silêncio dos astros, o silêncio das coisas
que outros homens fizeram, e o das coisas
que eu próprio fiz. E o teu silêncio
de senhor que foi. Não peço mais.
Não é nada o que peço. Dá-me
o silêncio. Dá-me o que não fui:
silêncio (porque calei tanto):
o que não sou (pois que calo tanto):
o que hei-de ser (já que falar não adianta):
Silêncio.
Senhor: não peço mais.

Assis, 1961

sábado, 22 de maio de 2021

Há dez anos o FCP foi supercampeão

Há dez anos o FCP foi supercampeão. Como sou um verdadeiro desportista, felicitei o portista cá de casa, o meu filho Fernando Martins. Tem o meu nome porque foi o meu primeiro filho. Só que, por artes que ainda não descortinei, é adepto do Porto, contrariando a tendência paterna, seguida pelos outros filhos. Coisas difíceis de entender, mas aceitáveis, ou não vivêssemos nós numa democracia, em que o respeitinho pelas opções de cada um é norma a seguir. Curiosamente, a Lita, que é benfiquista, ri-se com as nossas piadas desportivas. E alinha sempre pelas vitórias para agradar a todos.
Será que o Fernando felicitou os sportinguistas da família? Não me recordo. Se o não fez, ainda está a tempo.

FM

NB: 
No que escrevi, logo no dia seguinte, o saudoso amigo Torrão Sacramento deixou este comentário:

«Pois, uma "grande" pessoa sempre tinha de ter algum "defeito" - ser do FCP. Mesmo assim, gosta-se do Fernando... porque se gosta!...
Abraço amigo dum Benfiquista de "asa" caída!...» 

Torrão Sacramento 

Tudo e todos interligados. 1

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Se algo se nos impôs de modo claro, com esta terrível pandemia, é que tudo e todos estamos interligados.

1. Constatámos que nos contagiamos uns aos outros, de tal modo que até foi e, por vezes, ainda é (por quanto tempo?), necessário desviarmo-nos uns dos outros, usar máscara, ficar confinados. Percebemos que precisamos de nos proteger uns aos outros: ou nos salvamos juntos ou podemos perder-nos todos. Aí está o exemplo das vacinas: basta um pouco de egoísmo esclarecido, para se perceber que elas têm de ser distribuídas por todos, pois enquanto houver alguém não vacinado no mundo a ameaça continua e tanto mais grave quanto irão surgindo variantes do vírus...

2. Cada uma de nós, cada um de nós é ela, é ele, único, única (cada uma, cada um diz "eu" como mais ninguém pode ou pôde alguma vez dizer). O enigma, o milagre espantoso do eu, ser autoconsciente, consciente de si, alguém como nunca houve outro ou outra!
Será que deste modo se está a afirmar o individualismo? De modo nenhum. Porque cada um de nós é um eu único, mas sempre na relação constituinte. Uma das características essenciais que nos distinguem dos outros animais é a neotenia (nascemos prematuros), que faz com que, vindos ao mundo por fazer, tenhamos de fazer-nos. O que andamos a fazer na vida? A fazer-nos, a partir de outros e uns com os outros. Quando olhamos para a neotenia, temos de concluir: ou a natureza foi madrasta para nós e não nos deu o que devia dar, como fez com os outros animais, ou esta é a condição de possibilidade de sermos o que somos: humanos, tendo de receber por cultura e produzindo cultura o que a natura nos não deu, sendo inventivos, criando o novo.

AVEIRO: Os primeiros Diáconos Permanentes

Ilustração de Jeremias Bandarra

Pelicano
No dia 22 de Maio de 1988, os primeiros diáconos permanentes de Aveiro foram ordenados na Sé, por D. António Marcelino, estando presente D. Manuel de Almeida Trindade, Bispo Emérito. Completam-se hoje, portanto, 33 anos. Foram eles José Joaquim Pedroso Simões, da Gafanha da Nazaré; Daniel Rodrigues, da Glória; João Afonso Casal, da Glória; Manuel Fernando da Rocha Martins, da Gafanha da Nazaré; Luís Gonçalves Nunes Pelicano, da Palhaça; Fernando Reis Duarte de Almeida, de Óis da Ribeira; Afonso Henriques Campos Oliveira, de Recardães; Augusto Manuel Gomes Semedo, de Águeda; e Carlos Merendeiro da Rocha, da Gafanha da Nazaré. 



Afonso
Destes, já partiram para o seio de Deus, ficando nós com muitas saudades dos seus exemplos de amor e dedicação à Igreja: Daniel Rodrigues, João Afonso Casal, Fernando Reis Duarte Almeida, Augusto Manuel Gomes Semedo e Carlos Merendeiro da Rocha.
Recordo, com a serenidade possível, o tempo de preparação e estudo, os convívios e conversas, as orações partilhadas e os entusiasmos com que enfrentámos as tarefas que nos foram atribuídas, numa Igreja ainda não habituada a perceber a função dos diáconos permanentes na vida das comunidades. Mas tudo se compôs e novas ordenações de diáconos permanentes foram surgindo, para servir, segundo o exemplo dos diáconos da Igreja nascente.

Simões
Evoco, com que saudade!, os que já regressaram ao aconchego maternal de Deus: Daniel Rodrigues, João Afonso do Casal, Fernando Reis Duarte de Almeida, Augusto Manuel Gomes Semedo e Carlos Merendeiro da Rocha.
Evoco, também, os Bispos que assumiram a nossa escolha e ordenação, D. Manuel de Almeida Trindade e D. António Marcelino, bem como os que contribuíram para a nossa formação, cujos nomes não cito para não correr o risco de deixar no esquecimento alguns. Cabe aqui uma palavra sentida por D. António Francisco, um bispo próximo e compreensivo, que Deus chamou a si tão cedo. E outra ainda para o atual Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, cujo dinamismo e serenidade aprecio.

Fernando 
Saúdo os diáconos permanentes do meu grupo que permanecem ativos, cada um à sua maneira, numa Igreja que aposta em servir os homens e mulheres, jovens e crianças, de todas as idades, e com quem me encontro com alguma frequência. Mas ainda os que constituem o corpo diaconal da Diocese de Aveiro, que prestam um inestimável serviço ao povo de Deus neste recanto do nosso país, procurando  todos vivenciar, no dia a dia, nos ambientes de trabalho, sociais, culturais e outros, os ensinamentos de Jesus.

Fernando Martins

sexta-feira, 21 de maio de 2021

A guerra no Médio Oriente


A guerra entre Israel e o Hamas parece não ter fim. Por mais promessas de paz que surjam nos horizontes, a devastação e a morte continuam no palco do Médio Oriente. Israel e Hamas não conseguem entender-se. Cessaram as armas pela pressão ocidental, mas tenho para mim que os ódios se mantêm. Oxalá me engane. Como não sou analista, socorro-me de leituras que vou fazendo, na esperança de perceber, minimamente, o que se passa, a partir do que se passou. Hoje recorro ao embaixador Francisco Seixas da Costa.

Salicórnia

Para recordar


Um vídeo antigo  sobre a salicórnia. 

O espírito que Jesus nos dá

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo VIII do Tempo Comum 

Vem Espírito e faz de nós agentes de transformação, profetas da civilização da justiça e do amor, mensageiros da alegria jubilosa e revigorante.

O acontecimento do Pentecostes, que celebramos no domingo VIII do Tempo Pascal, manifesta como o Senhor Jesus coopera com os seus enviados: enche-os do seu Espírito e traça-lhes, mais uma vez, os horizontes da missão. De outro modo, como seria possível àquele grupo ir por todo o mundo, anunciar o Evangelho de forma acessível em todas as línguas, semear a paz em gestos de perdão, garantir um futuro melhor, abrir as portas do amor misericordioso, criar condições para que todos se reconheçam como irmãos porque filhos do mesmo Deus Pai?! Linguagem entusiasmante e expressiva de um um projecto em realização. No imediato, era humanamente, impossível. O grupo estava ainda traumatizado pelas atrocidades da paixão, temeroso pelo que podia suceder-lhe, debilitado em forças e reduzido em número. Jo 20, 19-23.
Jesus, mais uma vez, faz do “pequeno enfraquecido” um protagonista vigoroso, um arauto destemido, um mensageiro ousado. E os discípulos “escancaram” as portas do coração e da casa onde se encontram e vêm para a rua, cheios de alegria e confiança, percorrem os caminhos do mundo, organizam comunidades e garantem a sucessão, confirmando os seus responsáveis.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré tem nova imagem

O Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré (AEGN) tem novo logótipo, da autoria da professora e ilustradora Helena Zália. A imagem foi aprovada pelo Conselho Geral do AEGN no dia 29 de abril.
Professora de Educação Visual na Gafanha da Nazaré, Helena Zália, que é natural de Guimarães, explicou na página do Facebook do AEGN o que significa o logótipo: “A forma estrutural do logótipo simboliza a horizontalidade física da Gafanha da Nazaré, onde se insere o Agrupamento de Escolas. Esta horizontalidade é acentuada pela existência de um linha imaginária — linha do horizonte — que cria dois ambientes, um inferior e outro superior”.
O “ambiente inferior”, em tons de azul, reporta-se ao enquadramento da Gafanha da Nazaré, “rodeada pela Ria de Aveiro e pelo Oceano Atlântico”, e à importância da pesca, da transformação do pescado e do porto para o desenvolvimento da terra. O “ambiente superior” tem a ver com os trabalhos agrícolas e os “jardins que salpicam esta terra e a área florestal da mata”.

Para recordar

 No PÚBLICO de hoje

1277 Morre, com 62 anos, Pedro Hispano, português, eleito Papa com o nome de João XXI
1498 Vasco da Gama chega a Calcutá, no final da viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia 1506 Morre o navegador Cristóvão Colombo
1974 Américo Thomaz e Marcello Caetano partem para o exílio no Brasil
1987 Otelo Saraiva de Carvalho é condenado a 15 de anos de prisão, por crime de organização terrorista 2002 Proclamada a independência de Timor-Leste
2002 Morre, aos 60 anos, o paleontólogo Stephen Jay Gould
2013 Morre, com 74 anos, Ray Manzarek,fundador dos The Doors
2019 Morre, aos 70, Niki Lauda, tricampeão mundial de F1

NB - Gosto destas sínteses diárias do jornal PÚBLICO. Ajudam-me a recordar pessoas e vivências que foram notícia ao longo do tempo. 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Aprender a viver

“Temos de aprender a viver todos como irmãos 
ou morreremos todos como loucos” 

Martin Luther King 
(1929-1968), 
Nobel da Paz


Fonte: PÚBLICO de hoje

Escravatura imperdoável e revoltante


Tenho andado a pensar na forma como o Governo de Portugal e muitos portugueses estão a reagir à situação incrível dos imigrantes que trabalham no nosso país. E ao lado deles, como trabalham e vivem muitos contemporâneos nossos em pleno século XXI. É uma desgraça carregada de injustiças. É uma escravatura imperdoável e revoltante.
Também me lembro bem dos tempos em que os portugueses iam a salto para França. Viviam em bairros da lata e comiam o pão que o diabo amassou. Fugiam da miséria e metiam-se noutra, imensas vezes.
Somos um país democrático e socialista, mas não passamos da cepa torta a nível dos respeitos humanos. E não há revolução de mentalidades e atitudes  que leve à prática a justiça social, com pão para todos.  Fala-se muito, mas faz-se pouco. Expliquem-me que eu não consigo compreender.
No mundo há dinheiro para tudo, até para ir à lua e dar um salto a Marte. No entanto, olhamos para as ondas de imigrantes que fogem da fome e nada fazemos, como sociedade, para os tratarmos como gente.

FM

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