quinta-feira, 31 de março de 2022

Festival do Bacalhau

Na arrumação de fotografias, encontrei esta sobre o Festival do Bacalhau de saudosa memória. Será que vamos ter a festa e o convívio do festival no próximo mês de Agosto?

Árvores pedem chuva


 A seca foi agreste. Disso ninguém duvida. Entretanto, choveu um pouco. Mas se muita gente ficou indiferente à falta de chuva, ar árvores suplicaram às nuvens que enviassem a água que refresca e dá vida. 

quarta-feira, 30 de março de 2022

Um poema de Paula Pinto



QUERIA ...

Queria ser filha do vento
E do mar
Não ter amarras
Voar livre
Sem medos nem anseios
Sem ninguém
À minha espera.

Queria ser livre
Como a poeira do vento
Deixar no chão marcado o meu
Sorriso.

In Poetas de um tempo presente
Poetas Ilhavenses
Dia Mundial da Poesia
21 de março de 2016
Edição da Confraria Camoniana de Ílhavo

Chegou a hora de abolir a guerra

"Diante do perigo da autodestruição, a humanidade deve compreender que chegou a hora de abolir a guerra, de cancelá-la da história do homem antes que seja ela a cancelar o homem da história. Que cada responsável político reflita e se comprometa!"

Papa Francisco 
em 27 de março

Fábrica das Ideias - Cobertura vai ser reparada

Fábrica das Ideias (Antigo Centro Cultural)

É notícia que a cobertura da Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, antigo Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, vai receber obras de reparação. A Câmara Municipal de Ílhavo aprovou a abertura do procedimento de concurso público para a execução de obras de reparação da cobertura da Fábrica das Ideias,  pelo valor-base de 160 mil euros e um prazo de execução de seis meses. Esta obra visa a reabilitação dos sistemas de impermeabilização da cobertura do edifício e de drenagem de águas pluviais para resolver os graves problemas de infiltrações.

AVEIRO: Casa Diocesana vai acolher refugiados

Casa Diocesana de Aveiro (Albergaria-a-Velha) 

A Diocese de Aveiro dispõe-se a acolher refugiados da guerra na Ucrânia numa parte da Casa Diocesana, em Albergaria-a-Velha. O Bispo de Aveiro ofereceu a chamada “parte social” (salas e camaratas com acesso independente), colaborando deste modo no acolhimento de deslocados da guerra. 
Fernanda Capitão, coordenadora da Pastoral Sociocaritativa da Diocese de Aveiro, confirmou ao Correio do Vouga a decisão e acrescentou que o alojamento será feito em ligação com o Alto Comissariado para Migrações. A responsável alerta para a necessidade de uma coordenação mais efetiva e próxima por parte das autoridades civis, quando se trata de oferecer alojamento a refugiados: “Temos contactos de diversos padres, que nos dizem que nas suas paróquias há pessoas que se dispõem a acolher ucranianos, mas é necessário algum cuidado no acolhimento e há que prever uma série de situações”.

NOTA: Excerto do texto publicado no Correio do Vouga

Porto de Aveiro em maré de aniversário


O Porto de Aveiro celebra no dia 3 de Abril o seu aniversário e abre as portas à população para uma visita guiada às principais áreas do porto. Nesse dia, haverá 3 turnos para as visitas e é necessário inscrever-se através do site do Porto de Aveiro. A Junta de Freguesia poderá auxiliar os interessados que tiverem mais dificuldade na inscrição.

terça-feira, 29 de março de 2022

Pensamos demasiadamente


"Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá."

Charles Chaplin

segunda-feira, 28 de março de 2022

Dia Nacional dos Centros Históricos

Forte da  Barra - Gafanha da Nazaré

Comemora-se hoje, 28 de março, o Dia Nacional dos Centros Históricos, data do nascimento de Alexandre Herculano, seu patrono. A data foi instituída em 28 de março de 1993, tendo sido rapidamente adotada pela maioria das autarquias portuguesas. Contudo, é frequentemente esquecida por muito boa gente, mais preocupada com outras tarefas, porventura muito urgentes. Interessante seria as autarquias se envolvessem também, para além do dia a dia dos seus múltiplos projetos, na evocação das marcas que nos legaram os nossos antepassados.

Praedicate Evangelium

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO de domingo



Frei Bento Domingues
A nova Constituição Apostólica apresenta elementos decididamente inovadores. Um deles é o facto de que os leigos e leigas, na Cúria, podem assumir a liderança de Dicastérios ou outros organismos.

1. Ao fazer nove anos de pontificado, o Papa Francisco mostrou que os cépticos, acerca da possibilidade da reforma da Cúria, podem começar a rever a sua desconfiança.
Dizia-se que Bergoglio era muito corajoso nos discursos aos cardeais sobre a urgência da reforma – recorde-se o discurso à Cúria em Dezembro de 2016 –, mas sem consequências reais. Ele, no entanto, não apontou apenas os pecados curiais. Caracterizou, com lucidez, as diferentes atitudes perante as reformas necessárias: “Neste percurso, é normal e até salutar, encontrar dificuldades. No caso da reforma, poderiam ser apresentadas segundo diferentes tipologias de resistência: as resistências abertas, que nascem muitas vezes da boa vontade e do diálogo sincero; as resistências ocultas, que nascem dos corações assustados ou empedernidos que se alimentam das palavras vazias da hipocrisia espiritual de quem, com a boca, diz-se pronto à mudança, mas quer que tudo permaneça como antes.

domingo, 27 de março de 2022

O meu irmão morreu há 15 anos

Completam-se hoje, 27 de março, 15 anos sobre a partida do meu irmão, Armando da Rocha Martins, mais conhecido por Armando Grilo, para o aconchego maternal de Deus, deixando toda a família e imensos amigos com uma ferida aberta na alma. Tinha 66 anos de uma vida cheia, mas uma doença que não perdoa roubou-o ao nosso convívio. Ficou, para sempre, a sua vivacidade e alegria de conviver com familiares e muitos amigos que foi atraindo e cultivando durante a sua existência terrena. Contudo, se é verdade que o seu corpo nos abandonou, permanecerá em todos os que o conheceram, familiares e não só, o seu amor à vida. E se continuasse connosco teria hoje 80 anos, menos três do que eu.
Como não podia deixar de ser, a minha memória, apesar de cansada pelo tempo, está permanentemente, por isto ou por aquilo, a reviver acontecimentos do nosso  dia a dia: histórias que nos marcaram, brincadeiras das nossas meninices, projetos pessoais, anseios múltiplos, mas também desafios que soubemos enfrentar, cada um ao seu jeito.
O meu irmão era um precioso contador de estórias. E já avô, nem imaginam o enlevo com que ele reproduzia conversas e relatava momentos dos seus netos, imitando saborosos diálogos mantidos com eles.
Até um dia, Menino! (Como eu o chamava).

Fernando 

Beleza de uma flor em tempo de guerra

 

Para começar este domingo com algum otimismo, bem preciso em tempo de inesperada guerra quando tantos pregam e querem a paz, nada melhor que a beleza desta estrelícia, descendente de uma que trouxemos da Madeira, quando lá fomos há anos.
Boa semana para todos.

sábado, 26 de março de 2022

Francisco: há nove anos Papa

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



(Foto da rede global)
1. Fez no passado dia 13 nove anos que Francisco foi eleito Papa. Apresentou-se de modo simples na varanda de São Pedro à multidão, sem esplendor, apenas com a batina branca e uns sapatos toscos. E logo na saudação à multidão ficou claro ao que vinha: "Agora iniciamos este caminho, Bispo e povo..., um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja seja frutuoso para a evangelização. E agora quero dar a bênção, mas antes... peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim..."
Escolheu o nome de Francisco, o que nenhum Papa anterior tinha feito. Em ligação com São Francisco de Assis, o da simplicidade, da fraternidade universal, da paz, do vínculo com a Terra, do que tinha ouvido Cristo dizer-lhe: "Repara a minha Igreja em ruína..." Não foi viver para o Palácio Apostólico mas para a Casa de Santa Marta, utiliza um carro modesto, e é cristão - eu disse-o na televisão, logo quando foi eleito, causando imenso espanto e até perplexidade; mas, pensando bem, não é essa a causa de ele se ter imposto ao mundo como uma voz político-moral global, talvez a mais influente? Como cristão, bate-se pela paz, é simples, está com todos, a começar por aqueles e aquelas com quem ninguém está, é profundamente humano, o Deus que anuncia é o do Evangelho: o seu nome é Misericórdia...

sexta-feira, 25 de março de 2022

Miranda do Douro - Amendoeiras em flor





Apenas uma vez na vida passei por Miranda do Douro, novembro de 1995, uns meses  antes do espetáculo das amendoeiras em flor. Perdi a oportunidade de contemplar ao vivo a beleza das amendoeiras floridas, embora tenha lucrado com outra raridade no nosso país. Miranda do Douro é dona da segunda língua que se fala e escreve, oficialmente, em Portugal: Mirandês ao lado do Português. E aqui partilho hoje as amendoeiras em flor graças à gentileza do amigo Carlos Duarte, que possui uma sensibilidade apurada para tornar presente aquilo que está longe de nós ou o que os nossos olhos não enxergam.

Abraço do pai ao pródigo dá início à festa da família

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo IV da Quaresma 

O regresso do filho pródigo à casa paterna onde é acolhido com um abraço afetuoso do pai constitui o início da festa familiar que Jesus apresenta para mostrar a fariseus e escribas o rosto misericordioso de Deus em contraste com as crenças tradicionais por estes pregadas. Apresenta em género de parábola que Lucas narra após as da ovelha e da moeda perdidas e integram o capítulo 15 “verdadeiro coração do Evangelho”. E a Bíblia Pastoral comenta: “Com esta parábola, Jesus faz o apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar a alegria de Deus pelo regresso dos pecadores à dignidade da vida”. Lc 15, 11-32.
“É tão comovedor ver aquelas mães e filhos nas imagens da televisão, sozinhos porque para trás ficou a figura paterna para outra guerra, que não é a das lutas diárias, das coisas que é necessário para viver bem em família, mas nesta violência que não tem justificação, nem compreensão, à luz do que é a humanidade no século XXI e deve merecer toda a nossa oração e acompanhamento para que possam voltar dias de paz àquele território”, confessa à Ecclesia o padre Tarcízio Morais, conhecedor das comunidades salesianas na Ucrânia, que não consegue esquecer as imagens do país em guerra onde “a figura paterna é deixada para trás”. Sendo necessário reerguê-la, reconfigurá-la e dar-lhe o lugar que tem no sonho de Deus e Jesus “retrata” na parábola que estamos a meditar.

quinta-feira, 24 de março de 2022

FEIRA DE MARÇO abre amanhã


A Feira de Março, de tantas tradições em Aveiro, abre amanhã, depois de um interregno provocado pelo Covid-19.  Esta é a 586.ª edição. A responsabilidade é da Câmara Municipal de Aveiro, esperando-se que o nosso povo se divirta ou passe por lá para descobrir algumas inovações. Como é meu hábito, não faltarei para saborear uma boa fartura, desde que não tenha de caminhar muito.

Dia Nacional do Estudante

(Foto da rede global)

O Dia Nacional do Estudante (DNE) comemora-se anualmente no dia 24 de março, por decisão da Assembleia da República Portuguesa de 1987. Porém, o Dia Internacional do Estudante comemora-se em 17 de novembro.
O DNE relembra as dificuldades e obstáculos que os estudantes enfrentaram na década de 60 do século passado, aquando da crise académica vivida em Portugal.
Lembro-a aqui com o objetivo de propor a reflexão sobre os direitos e obrigações de quem estuda, numa perspetiva de todos contribuirmos para a qualidade de vida de quem se prepara para um futuro mais digno e mais feliz. E cada estudante, consciente desta realidade, deve dar o exemplo de trabalho, dedicação e responsabilidade, face aos que pouco ou nada estudam nas escolas portuguesas.

Uma cultura sinodal leva tempo

Miguel Panão
"A crise ambiental, ou até a que estamos a viver com a guerra na Ucrânia, têm a sua raiz numa crise antropológica mais profunda: uma cultura em que as pessoas deixaram de saber falar umas com as outras. Com tanta coisa que temos para fazer, pouco tempo sobra para um exame regular de consciência sobre o nosso modo de viver em Deus e sermos comunidade em Igreja. Se as coisas estão bem assim, por que razão haveremos de mudar? Mas com todos os escândalos a acontecer, o crescente desânimo espiritual, o acentuar das visões radicais de vivência da fé, a necessidade de mudar tornou-se uma exigência da consciência. Mas se cedermos à pressa com que queremos mudar, arriscamo-nos a manter o ritmo que levou à crise antropológica em que nos encontramos."

Ler toda a crónica em Sete Margens 

quarta-feira, 23 de março de 2022

As nuvens são um espetáculo


 Apesar das ameaças de chuva, tão esperada há tanto tempo, as nuvens não deixam de ser um espetáculo em constante mutação. Não há, por estranho que pareça, duas fotos iguais do céu que nos cobre. 

Convém escutar as crianças

(Foto da rede global)
"Quando os sábios chegam 
no limite da sua sabedoria,
convém escutar as crianças"

George Bernanos (1888 – 1948)



Pessoa dizia, com todo o seu saber e poesia, que o melhor do mundo são as crianças. George Bernanos vai mais longe ao afirmar que, depois do saber dos sábios, resta-nos escutar as crianças. Um bom conselho.

terça-feira, 22 de março de 2022

Igrejas cristãs condenam "agressão russa"

O Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), da Igreja Católica, e a Conferência das Igrejas Europeias (CEC) publicaram hoje uma declaração conjunta contra a “agressão russa” na Ucrânia.

(Foto da rede global)

“As religiões não podem ser usadas como meio para justificar esta guerra. Todas as religiões, e nós como cristãos, estamos unidos na condenação da agressão russa, dos crimes que estão a ser cometidos contra o povo da Ucrânia e da blasfémia que é o uso indevido da religião neste contexto”, li na Agência ECCLESIA.
A declaração surge da reunião do Comité Conjunto CEC/CCEE, que decorreu esta segunda-feira em Bratislava.
“Pedimos aos líderes das nações e da comunidade internacional que façam tudo o que estiver ao seu alcance para acabar com a atual guerra na Ucrânia, que está a destruir vidas e causa um sofrimento incalculável”, indicam os responsáveis cristãos.

Dia Mundial da Água


"Enquanto o poço não seca, não sabemos dar valor à água"

Thomas Fuller (1654-1734),
médico e orador inglês

Silvério da Rocha e Cunha e o Porto de de Aveiro

Efeméride

No dia 22 de março de 1876 nasceu o insigne aveirense Comandante Silvério Ribeiro da Rocha e Cunha, prestigiado impulsionador das obras do Porto de Aveiro, publicista distinto e ministro da Marinha, a quem a nossa região muito deve. 
Durante a sua vida, exerceu diversos cargos, tendo atingido o posto de Capitão de Mar e Guerra.

Caramulo — Penedo

Recordação — Março de 2015



Vá-se lá saber por que razão gosto eu tanto da serra, apesar de ter no sangue vestígios da maresia do nosso mar e da nossa ria. Sempre me seduziram as silhuetas das montanhas e a agressividade dos penedos, apesar da maresia ocupar espaço no meu ADN.
Este penedo da serra do Caramulo, provavelmente com milhões de anos, tem alma que o torna eterno, resistindo à inclemência do tempo, de sóis escaldantes e gelos duros de roer, mas ainda de fogos assassinos e da capacidade destruidora do homem. Ali está para nossa contemplação, com garantias de vida de anos sem conta.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Não precisamos de um Deus da guerra

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO de Domingo

O nosso atraso humano revela-se na capacidade louca de inventar sempre novas indústrias de guerra e violência. Nascemos, no entanto, para ajudar a construir um mundo de muitas formas de alegria.

1. Jesus de Nazaré, filho de José e de Maria, nasceu numa história marcada pela tradição religiosa de Israel. O Evangelho de S. Mateus veio dizer-nos que ele assumiu essa tradição, mas o horizonte da sua missão tornou-se universal. Em S. Lucas, assume todo o passado da história humana e entrega aos seus discípulos a missão de evangelizar o mundo. O Deus que se revelou em Jesus não faz acepção nem de pessoas nem de povos.
A organização litúrgica dos Domingos da Quaresma começa por falar dos humildes começos dessa história de Israel: Meu pai era um arameu errante que desceu ao Egipto com poucas pessoas e aí viveu como estrangeiro até se tornar uma nação grande, forte e numerosa. Os egípcios escravizaram-nos, mas Deus libertou-os e conduziu-os a uma terra onde corre leite e mel [1].
No 2.º Domingo, vem a história de que Deus fez, de forma estranha, uma aliança com Abraão e a sua numerosa descendência [2]. Neste Domingo – o 3º –, fala de Moisés, um pastor que, ao apascentar o seu rebanho, foi surpreendido por um fogo que o espanta e o seduz: viu uma chama ardente no meio de uma sarça que não se consumia.

Dia Mundial da Poesia - Navegar



NAVEGAR

Eu tinha um barco
um barquinho de navegar
Tinha balsas bóias e bandeiras a flutuar
tinha âncora cordas marinheiros e eu para comandar
e já tinha dito adeus adeus
aos lenços no cais a acenar

Eu tinha um barco
um barquinho de navegar
Tinha tudo
só me faltava
o mar

Orlando Figueiredo
In POETAS DE UM TEMPO PRESENTE
Poetas ilhavenses
Dia Mundial da Poesia
21 de março de 2016

domingo, 20 de março de 2022

UCRÂNIA: Papa denuncia massacre sem sentido

Foto da rede global

O Papa denunciou o “massacre sem sentido” da guerra na Ucrânia, apelando à intervenção da comunidade internacional para travar a agressão russa, li na Agência Ecclesia.
Sublinha o Papa Francisco  que “Não para, infelizmente, a violenta agressão contra a Ucrânia. Um massacre sem sentido, onde todos os dias se repetem destruição e atrocidades”. “Não há justificação para isto”, acrescentou.
Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, que saudaram a intervenção com várias salvas de palmas, Francisco pediu a todos os responsáveis da comunidade internacional que se “empenhem, realmente, para fazer cessar esta guerra repugnante”. E adiantou: “Esta semana, mísseis e bombas abaterem-se sobre civis, idosos, crianças, grávidas”, recordou.
“Fui a encontrar-me com crianças feridas, que estão aqui em Roma: a um falta-lhe um braço, outro ferido na cabeça. Crianças inocentes”, lamentou.
"Penso nos milhões de refugiados ucranianos, que têm de fugir, deixando tudo para trás, e sinto uma grande dor pelos que não têm sequer a possibilidade de fugir. Tantos avós, doentes e pobres, separados dos próprios familiares”, referiu o Papa.

A "Primavera" de Zé Penicheiro



Zé Penicheiro, o artista plástico que se radicou em Aveiro, pintou a nossa ria como poucos. Aqui fica, como homenagem, o seu acrílico s/tela, 35X27, intitulado "Primavera".

Nota: A Primavera entrou hoje, domingo, pelas 15h33

Primavera




Depois do Inverno, morte figurada,
A Primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.

Miguel Torga

sábado, 19 de março de 2022

Em memória de meu pai

Celebra-se hoje o Dia do Pai. Também a Igreja celebra S. José. Associo muito o meu pai, Armando Lourenço Martins, a S. José. Ambos trabalhadores com responsabilidades familiares. Ambos humildes e dados a um certo e normal silêncio. Ambos conscientes dos seus deveres sociais e religiosos. Ambos crentes num Deus Criador. Ambos disponíveis para enfrentarem dificuldades. Ambos com grande capacidade de sacrifício. E ambos capazes de amar muito.
O meu pai faleceu nos idos de 75 do século passado, mas permanece vivo na minha memória pela riqueza da sua humildade e nobreza dos seus sentimentos. 
O seu sorriso aberto e franco, a sua palavra oportuna, a sua capacidade de trabalho e o seu amor à família permanecem comigo. Capacidades que eu procuro seguir e imitar, mas fico sempre longe da sua sabedoria.
Crente em Deus, tal como eu, haveremos de nos encontrar para uma vida eterna lado a lado, no regaço maternal do Senhor da Vida.

Fernando Martins

Religião e sacrifício

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Quem diz que ama e não está disposto a sacrificar-se por aquele que ama anda enganado e mente a si próprio. Quem ama verdadeiramente está disposto a sacrificar-se por aquele, por aquela, por aqueles que realmente ama. É esse amor que salva o mundo.

Ele foi Auschwitz. Ele foi o Goulag. Ele foi e é a Ucrânia... Ele foi/é o abuso ignominioso de crianças pelo clero... A tantos homens e mulheres a quem foi prometida a liberdade, e eles desafiaram o medo! Depois, precipitaram-nos no inferno. Deportaram-nos, fuzilaram-nos, massacraram-nos. Eles gritaram, clamaram, já não havia lágrimas... O Calvário do mundo...
Onde está o Homem? Quanto vale um homem, uma mulher, uma criança? Perante tanta iniquidade e horror, assalta-nos a vergonha.
As palavras dignidade, indignidade, direito, justiça, injustiça, vergonha, bondade, civilização, honra, ternura, compaixão... ainda fazem parte das línguas dos humanos ou foram varridas dos dicionários?
"Senhora, tem piedade... Senhor, tem piedade de nós! Senhor, tem piedade do povo... Senhor, tem piedade de mim!"
Mas, aparentemente, também Deus se mantém mudo.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Não haverá sol para os que provocam a guerra


Em dias de frio, o sol tarda em aparecer. Só ele aquece verdadeiramente o ar que respiramos. Há o calor da fogueira que aquece os pés, o calor humano que reconforta a alma, mas o calor que nos vem do astro rei brilha nos nossos olhares. E no verão, quando ele é mais forte e poderoso, então deliciamo-nos numa das nossas praias.
Nas praias, sobretudo, todos somos iguais, todos olhamos, estirados na areia macia, o sol amigo que a todos trata com carinho. Não há reis, nem príncipes, nem ricos nem pobres. Todos somos amigos do sol e o sol gosta de todos.
Espero, por isso, o sol acariciador, que vem para os homens e mulheres livres e sonhadores, para os de consciência tranquila e alma lavada, para os puros de coração, para os generosos e amantes da liberdade. Para os solidários e justos. Para os amantes da paz.
Só não vem para os tiranos, para os que provocam guerras, para os que matam inocentes, para os que deixam sem abrigo e sem pão milhões de pessoas. Jamais  haverá sol para os que provocam a guerra. O povo nunca lhes perdoará.

Em Jesus, Deus dá sempre uma última oportunidade

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo III da Quaresma

Agora é tempo de dar frutos. Há que vencer resistências e fazer como o vinhateiro; apesar de tudo o que se vê e parece aconselhar outras atitudes. É possível dar frutos novos e saborosos. O amor transforma e faz ser ousado.

As notícias que circulam nos meios de comunicação indicam que há mais de 25 guerras mortíferas, sendo a da Ucrânia a que nos chega em directo, ao vivo, de modo que a temos em casa. Zenit 11.03.22. Dramática realidade que nos abre o coração para aceder ao Evangelho de liturgia de hoje. Com efeito São Lucas narra os episódios da matança dos galileus por Pilatos, procurador do imperador de Roma, por motivos políticos, e o desabar da torre de Siloé, em Jerusalém, que por casualidade esmaga 18 homens. E quem traz estas informações a Jesus pretende saber de quem era a culpa e o pecado. Pretensão que tem resposta em duas interpelações de Jesus e na parábola da figueira que vamos meditar. Lc 13, 1-9.
“No caminho da vida há acontecimentos trágicos, comenta a Bíblia Pastoral. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos factos e na urgência da conversão para se construir a nova história. A parábola salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última oportunidade”.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Incompetente

 
"A violência é o último refúgio do incompetente"

Isaac Asinov,

(1920-1992)

Escritor

Em Escrito na Pedra - PÚBLICO de hoje

A Primavera vem a caminho

 

Orquídea do nosso jardim

A Primavera vem a caminho. Diz o calendário e a ciência. Mas também o garante a natureza, um pouco por todo o lado. Esta orquídea  do meu jardim  está à vista. E eu, que tanto anseio pela mais linda estação do ano, quero antecipar-me. 

terça-feira, 15 de março de 2022

BERNARDO E MARIA – A família antes e depois

Humberto Vieira 
deu-nos uma excelente lição

Veio a lume, há dias, um livro de Humberto Vieira — BERNARDO E MARIA – A família antes e depois — que mostra à evidência um entusiasmo raro, entre nós, de pesquisa sobre as nossas origens. Diz o autor que o seu trabalho nasceu quando se questionou sobre os seus avós: quem foram, o que fizeram e de onde vieram; sobretudo quis saber se eram da Gafanha. Inicialmente, começou as suas pesquisas no Arquivo Distrital de Aveiro e posteriormente saltou para os arquivos digitalizados disponibilizados na NET. “É muito bonito e deu-me um certo gozo mexer nos papéis antigos dos registos”, disse ao TIMONEIRO.
Recorreu depois aos arquivos paroquiais, destacando o da Gafanha da Nazaré, “sem dúvida o mais organizado, com duas funcionárias, Margarida e Patrícia, que não param”, referindo ainda a simpatia que encontrou no nosso prior, o Pe. César Fernandes; “eu não fazia a mínima ideia do que era e é a nossa paróquia”, sublinhou. 
Zita Leal, professora do ensino secundário, prefaciou o livro, onde adiantou que o título deste trabalho podia ser “Um hino de amor”, manifestando o seu encantamento por esta escrita “que nos convida a partilhar locais de areias áridas de húmus e tão ricas de coragem e de amor”. 
Humberto Rocha, primo e padrinho de batismo do autor, afirma que “conhecer a nossa identidade e a nossa origem é uma bênção, “pois é da miscelânea das gerações anteriores e do que recebemos delas, que vamos moldando o nosso conhecimento, os nossos sonhos e as nossas ambições num futuro melhor”. 
Rosa Lídia Santos, prima e afilhada de Humberto Vieira, frisa que o seu padrinho “é um guardador da memória”, acrescentando que “recordar é abrigo de todos os ventos e cura para tantos males de quem sofre de saudade pela distância ou falta de quem partiu”. “Neste livro, há um mar, uma praia de junco e uma casa branca, onde todos, nestas páginas, retornamos”, disse. 
O livro, de 482 páginas, insere diversas fotografias, muitas a cores, e começa com uma resenha história sobre as origens de Portugal, prosseguindo até à União Europeia. Depois veio a Gafanha com notas importantes e interessantes, de que destacamos os primeiros dezoito casais que por estes areais se instalaram entre 1685 e 1713. E a seguir, como seria de esperar, iniciou a “viagem no tempo dos ascendentes e descendentes dos [seus] avós Bernardo e Maria, num percurso desde o século XVI aos dias de hoje, uma história de gente de origens muito humildes presenteada de determinação em vencer”. A primeira edição já está esgotada, mas o povo da Gafanha precisa de ler o livro para aprender a navegar na história dos seus antepassados e descendentes. 
O Humberto Vieira deu-nos uma excelente lição.

Fernando Martins

Nota: Publicado no TIMONEIRO

segunda-feira, 14 de março de 2022

Os últimos marinheiros

Um livro de Filipa Melo

“Os últimos marinheiros” de Filipa Melo é o livro que hoje recomendo aos leitores de o TIMONEIRO por apresentar um tema que diz respeito ao nosso povo. Trata-se de uma edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos e tem apenas 70 páginas, aparentemente muito poucas para um tema tão vasto e complexo, mas diz muito, apesar de tudo
O livro, que a autora assumiu como desafio, levou-a a contactar com marinheiros da marinha mercante e embarcou, em reportagem, “a bordo do navio de pesca do arrasto Neptuno, ao largo da Figueira da Foz, em março de 2015”, como se lê na Introdução. E acrescenta que o leitor tem nas mãos “uma tentativa de retrato do universo de alguns portugueses cuja principal fonte de sustento ainda é a navegação no mar”.
Filipa de Melo frisa que a ligação à marinha mercante (marinha de pesca ou marinha do comércio) de muitos portugueses “é uma herança familiar, vinda das duas gerações anteriores ou de tempos imemoriais”. “ Na dura solidão dos dóris bacalhoeiros ou no relativo conforto de modelos mais ou menos recentes de navios de pesca ou de carga, o respeito pelo mar perpetua as suas regras”, diz a autora. Noutra passagem do seu livro, lembra que “Portugal possui 2830 quilómetros de linha de costa e constitui a 3.ª maior Zona Económica Exclusiva europeia, 11.ª a nível mundial”.

F. M.

Rezar para quê?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

A oração não se destina a modificar a Deus. Não nos pode amar mais do que nos ama. O seu amor de misericórdia universal é ilimitado. A oração destina-se a modificar a nossa vida, segundo o Espírito de Cristo.

1. Faço parte de um grupo, bastante ecuménico que, antes da pandemia, se reunia todos os meses para debater questões levantadas, em cada reunião, pelos membros do grupo. Nem sempre se contava com uma agenda prévia. Esta resultava sobretudo das propostas que surgiam no começo de cada encontro.
Na semana passada voltámo-nos a reunir. Uma pergunta que ocupou quase toda a reunião foi provocada pela admirável jornada de oração e jejum pela paz na Ucrânia, na Quarta-feira de Cinzas, convocada pelo Papa Francisco.
Será que Deus está à espera das nossas orações para decidir o que deve fazer? Poderão as nossas orações alterar a vontade de Deus? No caso presente, a população ucraniana e russa é formada por povos maioritariamente religiosos e cristãos, embora de diferentes Igrejas. Deus por quem vai optar? Sendo Deus omnipotente, porque não acaba de vez com todas as guerras?

domingo, 13 de março de 2022

Problemas da Paz


"A guerra é a saída cobarde para os problemas da paz"

Thomas Mann,
escritor




Em Escrito na Pedra do PÚBLICO de hoje

sábado, 12 de março de 2022

Efemérides de Março: Estrada - Ponte - Farol

Primeiras estrada que atravessou a Gafanha
Ponte que ligou Ílhavo à Gafanha
Farol começou a ser construído 

Ponte e primeira estrada

Se pensarmos um pouco, descobriremos que uma terra, qualquer que ela seja, tem sempre efemérides que preenchem a sua história. E a Gafanha da Nazaré está carregada de eventos que ouso lembrar de quando em vez. 
Em março, no dia 12 de 1860, foi iniciada a construção da primeira estrada que atravessou a região da Gafanha até ao Forte e que foi batizada, em data posterior, com o nome de Av. José Estêvão. Contudo, é justo lembrar que esta estrada, bem como outras que se construíram naquela época, se ficou a dever à influência de José Estêvão. 

Farol em construção

Curioso será imaginar o movimento que esta longa estrada teve, em épocas de veraneio, com destino às praias da Barra e Costa Nova, sobretudo aos fins de semana. Na altura, dizia-se que era a estrada rural com maior trânsito no país. Será exagero, mas ouvi essa afirmação inúmeras vezes. 
Também neste mês, no dia 24 de 1862, se iniciou a construção da ponte que ligou Ílhavo à Gafanha. E em março de 1885 iniciou-se a construção do nosso Farol, que foi inaugurado em 31 de agosto de 1893.
Interessante seria que nos debruçássemos, de vez em quando, sobre o progresso da nossa terra, a partir de datas marcantes da nossa caminhada na história.

As tentações do poder e a tragédia

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

"Sr. Putin, permita que lhe pergunte: afinal, quem é? Nasceu de pai e mãe? Tem coração que bate? Pensa? Sente? Já alguma vez sofreu? Já chorou? Como é possível sob o seu comando tanta gente perder a vida, perder a paz, ter de abandonar as suas casas, fugir das armas e tanques de guerra, tudo sob o seu comando? Como pode ver crianças a sofrer, a chorar assustadas, crianças mortas? Crianças a nascer em bunkers, mulheres a ver os seus maridos e filhos a morrer? Quem é afinal, Sr. Putin?


Perante os horrores que estamos a viver, escrever o quê? O meu desejo era tão-só pôr como título - Ucrânia: o horror. Depois, pedir para colocarem na página em branco a imagem de uma cruz e, no fundo, à direita, duas palavras: lágrimas e solidariedade. E era tudo.
Mas estamos na Quaresma e, no Domingo passado, o Evangelho narrava as três tentações de Jesus, tentações que, lá no fundo, não são senão uma só: a tentação do poder total enquanto domínio: o poder económico - o diabo disse a Jesus: "Diz a estas pedras que se transformem em pão" -, o poder religioso - levou-o ao pináculo do Templo e disse-lhe: "Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, os anjos levar-te-ão nas suas mãos" -, o poder total - "o diabo mostrou-lhe todos os reinos do universo: Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória; se te prostrares diante de mim, tudo será teu".

sexta-feira, 11 de março de 2022

Escutar Jesus, o Filho Amado de Deus Pai

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Segundo Domingo da Quaresma 

A transfiguração faz-nos ver a autenticidade de Jesus, o Filho de Deus, dá lucidez e coragem aos seus amigos e seguidores para verem a outra face da vida, abre horizontes de ressurreição aos acontecimentos “negros” da paixão injusta e da morte aniquiladora

“Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor». A vossa face, Senhor, eu procuro; não escondais de mim o vosso rosto”. É esta a antífona de entrada da celebração litúrgica do domingo da Transfiguração de Jesus, ocorrida no monte Tabor. Antífona que desvenda o íntimo do coração humano desejoso de ver o rosto de Deus e, cheio de confiança, Lhe suplica que se mostre. Antífona que nos predispõe a acolher a mensagem das leituras de hoje. Em sintonia com a Igreja, vamos fazer o percurso dos discípulos eleitos de Jesus para serem testemunhas da sua transfiguração e revigorarmos a nossa fé. Lc 9, 28b-36.
Ao desejo do coração humano responde Deus Pai indicando o caminho seguro de escutar Jesus, seu Filho amado. Escutar é uma constante bíblica que desvenda a relação humana que sintoniza com o preceito divino. Escutar com o coração disponível a acolher e com todas as faculdades humanas despertas e prontas a corresponder. “Quem dera ouvísseis hoje a voz do Senhor” exorta o salmista ao começar a oração da manhã da Liturgia das Horas.

Os Irmãos

Da Ucrânia com amor, crónica 
de Adriano Miranda no PÚBLICO

Fixo um jovem fardado e hirto. Tem consigo a bandeira que jurou defender. É parecido com o meu filho mais velho. Recordo o rosto do João. Recuso-me a imaginá-lo de arma em punho.

O autocarro com militares está estacionado numa rua perto da igreja. Alguns comem. Imagino que o pequeno-almoço no quartel tenha sido madrugador. Uma bandeira da Ucrânia está enrolada num pau grosso e castanho. Fazem um compasso de espera. Chegará em breve o camarada. Ou dois camaradas. Ou três camaradas. Morto, ou mortos, na linha da frente. Será a hora da despedida. De homenagear com flores e lágrimas. São os novos heróis do país. Anónimos com bravura ou sem bravura.
Alinhados, os jovens militares comungam da oração. O que será uma bala? O que será um estilhaço? Como será a dor da pele a estalar e da carne a abrir? Qual o sentido desta guerra? Mas que guerra faz sentido? Fixo um jovem fardado e hirto. Tem consigo a bandeira que jurou defender. É parecido com o meu filho mais velho. Recordo o rosto do João. Recuso-me a imaginá-lo de arma em punho. Vestido de farda e colete à prova de bala. A matar para não morrer. O soldado do outro lado da trincheira também mata para não morrer. Afinal, são ambos soldados e juraram defender uma bandeira. Mas antes do juramento, são filhos do ventre de mães felizes na hora do primeiro choro e na alegria do primeiro banho. Depois virão os vermes. Sentados em luxuosas cadeiras, com dedos grossos e cachuchos reluzentes. As mães terão de dar os seus filhos. Será o juramento da hipocrisia e da vergonha. Os vermes riem de prazer. Terão carne para se defender.
Militares mortos entrarão pela cidade com grande frequência. A cidade ganhará nova rotina. Haverá muitos pais sem filhos e muitos filhos sem pais. Nervos contidos. Impotência devastadora. A guerra continua. As vidas estão suspensas ou desfeitas. A dor tomou conta de tudo e de todos. É a luta de irmãos contra irmãos. De mães contra mães. No horizonte, não se vislumbra o mastro da bandeira branca. Ninguém tem imaginação suficiente para adivinhar o fim. A guerra não é um conto de fadas.

Adriano Miranda no PÚBLICO   de  ontem

quinta-feira, 10 de março de 2022

A Lita celebrou mais um aniversário

Celebrar um aniversário é sempre um motivo, cá em casa, para evocar momentos felizes. E para mim é ainda um desafio para retroceder no tempo e reescrever, na minha memória, tantas horas felizes de partilha de sentimentos e emoções. 
Hoje foi a Lita a aniversariante e para além dos parabéns pelos seus 82 anos de vida, quase 60 comigo a seu lado, dirigi a Deus uma prece para que a conserve lúcida e ativa como sempre a vi, senti e apreciei.
Os filhos e netos também não esqueceram a mãe e a avó, que tem uma habilidade rara para escrever bilhetinhos com recados para tudo e mais alguma coisa e para colher a flor certa para ofertar na hora própria.
Apesar do otimismo que apostamos em cultivar, sentimos o peso da carga dos anos e procuramos, por isso, a entreajuda como paradigma do nosso amor. E a vida, assim, continuará até Deus nos chamar para o seu regaço maternal.

Fernando