sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Forte da Barra de Aveiro já pode ser transformado num hotel

Reportagem de Maria José Santana no PÚBLICO



«Imóvel edificado no século XVII, e situado de frente para a ria, terá de ter utilização turística. Concurso público para a concessão a privados, no âmbito do programa Revive, acaba de ser lançado.

É o primeiro forte a ser alvo de concurso público para concessão ao abrigo do programa Revive. Edificado no século XVII, o Forte da Barra de Aveiro, situado na Gafanha da Nazaré, pode estar prestes a ser requalificado e a dar lugar a uma unidade hoteleira. Tudo depende, agora, do interesse que ele venha a suscitar junto dos privados. O concurso para a sua concessão - lançado esta quinta-feira pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques - prevê um prazo de 90 dias para a apresentação de propostas. E ainda que esta não seja a primeira vez que o imóvel é alvo de uma tentativa de alienação, as entidades envolvidas no processo mostram-se optimistas quanto ao seu desfecho.»

Ver texto completo no PÚBLICO

NOTA: Congratulo-me com esta decisão por me parecer a mais viável e atrativa. Muitos sugeriam mais um museu aquele espaço Seria mais um museu às moscas... Mas é óbvio que no projeto deveria ficar exarado a criação de um espaço museológico aberto a todos, incluindo os turistas. Hoje há muitas formas de expor o que temos de valioso, do passado distante e mais próximo. Assim espero.

Simeão, o idoso, vê, em Jesus Menino, o Salvador

Georgino Rocha
Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa da Apresentação do Senhor 

"Um povo que não respeita os avós 
é um povo sem memória e, portanto, sem futuro"

Papa Francisco 

A apresentação de Jesus, no Templo de Jerusalém, constitui um acontecimento marcante na série de factos que manifestam a sua identidade e missão. É uma nova Epifania que está centrada no encontro de Simeão e de Ana, símbolos de uma humanidade insatisfeita com o presente e aberta ao futuro da esperança. É uma festa judaica que contém em gérmen e desvenda em profecia o propósito que dá sentido à vida de Jesus: “Estar na casa do Pai”, fazer a sua vontade e anunciar o Evangelho do Reino. É um ritual familiar que celebra uma etapa significativa na inserção religiosa e social de Maria e José que vão apresentar o seu Menino ao Senhor e serem reconhecidos pela autoridade do Templo, cumprindo os preceitos da Lei. Que belo exemplo deixam aos pais que sentem o impulso natural de apresentar os seus filhos a Deus, agradecer o dom da vida e pedir a bênção para a aventura iniciada!
Peregrinos, como quaisquer outros, que alegria e gratidão não sentiriam ao empreenderem a viagem a Jerusalém e ao entregarem, ao Senhor, aquele que haviam recebido e estava confiado aos seus cuidados! Que surpresa e admiração teriam ao ver o gesto acolhedor e abençoado de Simeão e ao ouvir o que, entusiasmada, dizia Ana a respeito do que via! Que força discreta esconde Maria e que silêncio eloquente anima José, neste encontro recheado de novidades inquietantes! Lc 2, 22-40.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Gripe da China – Todo o cuidado é pouco


Andamos todos aflitos por causa da gripe da China que ainda não chegou. Não se fala noutra coisa cá por casa, não vá ela entrar por qualquer frincha da porta ou da janela. Tanto se  fala e teme a sua chegada, que não faltou quem avançasse com a ideia de comprar máscaras para toda a gente que mora cá por casa. Só não sabe se as máscaras que por aqui temos  servem ou não. E lançou a dúvida... Ninguém soube responder, mas tenho para mim que algum de nós vai averiguar isso. 
É certo que estamos vacinados contra a gripe, mas também sabemos que em cada época gripal há estirpes novas. De modo que nem sei que fazer... Só sei que todo o cuidado é pouco e mais vale prevenir que remediar. 
Vamos ouvindo, lendo e vendo as notícias sem conseguirmos afugentar o perigo. Eu bem digo que ainda não há registos dessa gripe entre nós, mas os meios de comunicação social deixam-nos inquietos por tanto falarem do assunto,  sugerindo ainda os maiores cuidados com tudo o que vem ou possa vir de fora. O melhor talvez seja ficar por aqui, tranquilamente, a ver passar a carruagem, na certeza de que, pessoa prevenida vale por duas. 

Rui Pinto - Como descalçar este par de botas?

Rui Pinto volta ao Twitter: 
“Há ainda muita coisa que os portugueses 
merecem saber”


A Justiça Portuguesa tem agora em mãos um caso muito bicudo. Rui Pinto, com ou sem razão, afirma que “Há ainda muita coisa que os portugueses merecem saber”. O problema é que ele garante que conhece casos criminosos que descobriu fraudulentamente. E agora? Agora não os poderá divulgar porque vai agravar a pena a que está sujeito. E a Justiça nada pode fazer porque não o pode imitar nem tem meios para investigação. A não ser que um juiz decrete e dê liberdade ao Rui Pinto ou a um seu semelhante para agir, em nome da luta contra a corrupção. As escutas telefónicas não são autorizadas pelos juízes? E não houve escutas à margem das leis? Quem vai e de que forma descalçar este par de botas?
Eu tenho muita dificuldade em aceitar crimes de qualquer ordem e nunca concordarei com a devassa pública da vida de qualquer cidadão. E aquando das escutas telefónicas sempre me repugnou que alguém pudesse ouvir e registar o que os cidadãos conversam ao telefone. Mas também não compreendo como é que há negócios à vista de todos envolvendo milhões e milhões de euros que, ao abrigo de paraísos fiscais,  passam impunes durante tanto tempo.

Fonte: PÚBLICO 

Para não esquecer Aleixo

Vinho que vai p'ra vinagre
Não retrocede o caminho
Só por obra de milagre
Pode de novo ser vinho

Vós que lá, do vosso império
Prometeis um mundo novo
Calai-vos que pode o povo
Querer um mundo novo, a sério!

Aquele que trabalha e come,
Não come o pão de ninguém.
Mas quem não trabalha e come,
Come sempre o pão de alguém!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Evocando um escritor que muito apreciei


António Alçada Baptista nasceu neste dia do ano 1927. Oriundo da Covilhã fixou-se em Lisboa onde desenvolveu intensa atividade cultural, em especial depois de pôr de lado a advocacia. Começou a escrever com notoriedade na década de 70 do século passado. E eu comecei a lê-lo nessa altura, graças à fama que o seu primeiro livro, “Peregrinação Interior – Reflexões sobre Deus”, suscitou no mundo  livreiro. 
Aquele primeiro livro despertou em mim imensa curiosidade por abordar um tema, “reflexões sobre Deus”, que sempre me entusiasmou. O  mesmo aconteceu com os demais que escreveu e que li com avidez. Depois, não mais deixei de o ler e reler, chegando a recomendá-lo  a bons amigos, alguns muito jovens. Para além dos livros, que ocupam um lugar especial nas minhas estantes, não perdia as suas crónicas, dispersas por revistas e jornais e, se bem me lembro, também na rádio e na televisão. 
Apreciava neste escritor o sentido intimista da vida, graças ao dom que possuía de grande memorialista que sobressaía na sua escrita. As suas personagens tornaram-se próximas na minha vida. E ainda viajei com Alçada Baptista sentado e debruçados sobre os seus romances,  com tal realismo que ainda hoje me encantam com a força da sua simplicidade  e originalidade. 
Lembro, por exemplo, que no Dia de Portugal, Camões e das Comunidades, de que foi o principal orador, em Chaves, defendeu a alteração da letra do Hino Nacional, porque não fazia sentido “lutar contra os canhões”, e noutra livro entendeu que a conhecida oração, “Salve Rainha”, precisava de ser alterada, porque este mundo não é um “vale de lágrimas” nem “um desterro”. 

Nesta data, em que evoco o nascimento de um escritor que tanto me entusiasmou, ocorreu-me oferecer aos meus leitores uma história retirada de um dos seu livros. Aqui fica. 

«O meu querido Raul Solnado quis ser simpático com o filho de um amigo, um rapaz de 23 anos. Achou que se devia interessar pelas suas preocupações. Disse-lhe: 
— Então, rapaz, tens lido alguma coisa? Gostas de ler? 
Ele pensou só um bocadinho e respondeu: 
— Evito.»

Rua Francisco Xavier entrou em obras


A Rua Francisco Xavier entrou hoje em obras. Diz assim o aviso da CMI: 

«A Câmara Municipal de Ílhavo vai dar início, hoje, dia 29 de janeiro, à execução das obras de reparação da conduta de águas residuais da Rua Francisco Xavier, na Gafanha da Nazaré. 
A empreitada tem a duração de 2 meses, a partir desta data, e um investimento de 74.800 euros, permitindo restabelecer as condições adequadas à circulação naquele importante arruamento. 
Neste sentido, a Rua Francisco Xavier terá a circulação rodoviária condicionada ou suspensa, indicando-se, no local, percursos alternativos, em especial através dos arruamentos envolventes ao troço sujeito às obras, sendo ainda garantidos acessos provisórios às habitações.» 

A partir do que li e esperava há muito, penso que teremos de refletir um pouco sobre os arruamentos das nossas terras. É evidente que eles são fundamentais à vida de toda a gente. Imaginem o que seria se não possuíssemos facilidades de ligações uns com outros, dentro ou fora da nossa freguesia! O caos seria catastrófico. Imaginem também os estragos que provocam os arruamentos esburacados e de pisos irregulares nas viaturas que passam, quantas vezes apressadas! 
A estrada Francisco Xavier é a primeira ligação entre o centro da Gafanha da Nazaré e as demais Gafanhas do concelho de Ílhavo. Isto quer dizer que esta rua, em especial, devia merecer das nossas autarquias um cuidado especial.  Deixá-la cair na situação de Pavimento Degradado é muito grave. A meu ver, claro. 

F. M. 

NOTA: Foto da CMI

Filarmónica Gafanhense - Concerto na Igreja Matriz

2 de fevereiro 
16 horas 


A Orquestra Filarmónica Gafanhense vai apresentar um concerto no dia 2 de fevereiro, às 16 horas, na Igreja Matriz, para todos os amantes da música, a rainha das artes, na opinião de muitos. Todos estamos convidados a participar.
Este convite é um desafio a cada um dos gafanhões, e não só, para se deleitarem com a harmonia da nossa filarmónica, que passa por fase de grande crescimento aos mais diversos níveis. E se dirigentes, maestro, professores e executantes se têm esforçado para nos oferecerem boa música e posições de relevo, cabe-nos a obrigação e o gosto de os aplaudirmos.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

AMOUR - Um filme para meditar...



Ontem, na RTP2, revi o filme Amour, de Michel Haneke, contemplado com vários prémio. Vi-o na altura do seu lançamento por sugestão da notoriedade que alcançou. 
Nos papéis principais, distinguiram-se Jean-Louis Trintignant, nascido em 1930 e, ao que suponho, ainda vivo, e Emmanuelle Riva (1927-2017). 
Tal como da primeira vez, gostei do filme. Marido e esposa eram professores de piano já retirados do ensino, mas com memórias que marcavam os seus quotidianos. A esposa, atingida por doença grave, provavelmente um AVC, acamada e dependente do marido, vai definhando, olhar perdido e sem futuro. Perde o gosto pelo que a rodeia, mas ainda consegui pedir a um ex-aluno, pianista, que visitou o casal, que interpretasse  uma melodia dos primeiros tempos da aprendizagem. E a indiferença recai, inevitavelmente, sobre a professora. 
O marido, com uma serenidade impressionante, é o seu apoio de todas horas, dia e noite. O agravamento da doença exige profissionais assíduos. E a filha única visita os pais, mas leva como temas de conversa os seus problemas do dia a dia. Soluções não estão nos seus propósitos. Há mais que fazer...
Deixo o final dramático para quem quiser e puder ver o filme. Os dramas são terríveis. É o dia a dia de um casal de idosos no fim da sua existência terrena. Tal como decerto os temos nas sociedades atuais. Solidão, abandono, sofrimento, desespero  e morte.

Fernando Martins

SNS - Uma grande aposta da nossa democracia


O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma grande aposta da nossa democracia. Importa dizê-lo para que tomemos a peito a obrigação  de o divulgar, sublinhando o que tem de meritório. Haverá falhas e algo a melhorar, como em qualquer serviço público ou privado. Utilizo-o quando preciso, embora tenha alternativas no privado, mas não posso deixar de reconhecer que, como português, me orgulho desta extraordinária conquista de Abril. 
Vem isto a propósito do atendimento de que tenho beneficiado nos últimos tempos para tratar de um problema oftalmológico dispendioso e urgente. A visão é importantíssima, todos o sabemos, mas nem sempre apreciamos as pessoas cegas que são capazes de viver o dia a dia normal, adaptando-se às circunstancias com recurso a diversas tecnologias, podendo ver a vida com os olhos de outras sensibilidades e sentidos. 
Tenho um amigo no Facebook, arqueólogo, historiador, escritor e guia turístico que me deu, nas férias, em São Pedro do Sul, uma excelente lição de história e de adaptação às circunstâncias. Só descobri que era cego quando alguém pretendeu ajudá-lo a mudar de sala. E de vez em quando lá está a manifestar o seu interesse sobre o que se escreve no FB. 
Voltando ao SNS, que hoje me atendeu e tratou no Hospital de Águeda, quero salientar o acolhimento, a atenção, a simpatia e os cuidados dos médicos, enfermeiros, técnicos e demais funcionários de serviço, sentindo, da parte de todos, a assunção plena, das suas tarefas profissionais e humanas. O meu bem-haja. 

Fernando Martins

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Domingo muito agradável




O fim de semana que acaba de ficar para trás foi muito agradável para mim. Ainda bem que tal aconteceu para me sentir reanimado. A modorra mata e eu amo a vida. Culminou com uma passagem pela Costa Nova do Prado, apenas conhecida por Costa Nova. Afastando-me das ruas apinhadas de carros, com estacionamentos bem cheios, dirigi-me para o encanto da Ria de águas límpidas a meus olhos e nitidamente serenas. Do outro lado, as silhuetas do casario das Gafanhas completavam a paisagem. E por ali fiquei a olhar os horizontes sempre apetecíveis. Voltei-me para as casas para turista apreciar e percebi o fascínio que este recanto suscita em todas as pessoas.

domingo, 26 de janeiro de 2020

Não às canonizações apressadas

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO de hoje

«Enquanto esta narrativa não for o guia de todos os ministérios na Igreja, ordenados ou não, masculinos ou feminismos, nenhuma reforma será possível.»

1. Eugenio Scalfari é um filósofo italiano e co-fundador do jornal La Republica. Não é crente nem ateu ou, melhor, tem outra maneira de ser crente. Continua a ser um aturado estudioso das questões religiosas e teológicas e cultiva um relacionamento muito intenso com o Papa Francisco. Por causa da interminável e ridícula telenovela em torno de um livro muito publicitado [1] que pretende fazer do celibato dos padres um assunto sagrado – publicado em francês e inglês com a assinatura de Bento XVI e do Cardeal Robert Sarah –, procurou conhecer a reacção e o estado anímico do seu amigo Francisco. Marcou com ele, por telefone, um encontro que se realizou no dia 14 deste mês, em Santa Marta.
Entretanto, Ratzinger já tinha desmentido, através do seu secretário particular, o arcebispo Georg Gänswein, que tivesse sido co-autor dessa obra com R. Sarah. Este cardeal manteve que tinha havido troca de correspondência com Ratzinger em relação ao livro que surgiu, por essa razão, com dupla assinatura: “Afirmo solenemente que Bento XVI sabia que o nosso projecto tomaria a forma de um livro. Posso dizer que trocámos várias provas para fixar as correcções.” Agora, “considerando as controvérsias que a publicação do livro Desde o mais profundo dos nossos corações provocou, decide-se que o autor do livro será, para futuras edições, o Cardeal Sarah, com o contributo de Bento XVI. O texto completo permanece sem alterações.” Desmente assim o desmentido apresentado pelo secretário pessoal de Ratzinger.

Cardeal Sarah, Papa emérito e Francisco

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 


«Não temos dois Papas, existe apenas um, Francisco»

1. Julgo que nunca no Vaticano a Cúria tinha ouvido tais denúncias como as que tem ouvido da parte do Papa Francisco. Que "a corte é a peste do papado", que sofre de doenças terríveis como "sentir-se imortal, indispensável", "uma Cúria que não se autocritica, que não procura melhorar é um corpo doente", "a fossilização mental e espiritual", "Alzheimer espiritual", "a rivalidade e a vanglória", a doença da "esquizofrenia existencial", que é a de "quem vive uma vida dupla", a doença dos "rumores, mexericos, murmurações, má-língua", que pode levar ao "homicídio a sangue frio", a doença de "divinizar os chefes"...
Estas foram as críticas elencadas logo na saudação natalícia de 2014. Têm-se sucedido ao longo dos anos. Neste Natal, Francisco avisou de modo frontal: "Hoje não somos os únicos que produzem cultura, nem os primeiros nem os mais escutados". Mais: "Já não estamos num regime de cristianismo, porque a fé, especialmente na Europa, mas inclusivamente em grande parte do Ocidente, já não constitui um pressuposto óbvio, e ela até é frequentemente negada, gozada, marginalizada e ridicularizada." Por isso, concluiu, citando o cardeal Carlo Martini, outro jesuíta, que foi arcebispo de Milão: "A Igreja anda com duzentos anos de atraso. Porque não se mexe? Temos medo. Medo em vez de coragem? No entanto, o cimento da Igreja é a fé, a confiança, a coragem... Só o amor vence o cansaço."

sábado, 25 de janeiro de 2020

Bom e oportuno conselho



Bom e oportuno conselho. Todos podem enfiar a carapuça. Mesmo com erros ortográficos, toda a gente entende. Sigam esta proposta neste fim de semana. E depois digam alguma coisa... 

Foto captada no google

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Gafanha da Nazaré - Rua do Casqueirita

A propósito do Armando Ferraz, 
um amigo evoca o Tio Casqueirita,
nome de rua na Marinha Velha  

Ontem, ao editar um texto alusivo a um projeto da Câmara de Ílhavo, no qual se falava de Armando Ferraz, o último fantocheiro, como um dia o designei num escrito que elaborei para o recordar, apontei um link para mais informações sobre o seu trabalho de artista popular, muito querido na terra. E ao revisitar o que então escrevi sobre o Armando Ferraz deparei com um comentário, muito oportuno e desafiante. Veio de Nelson Calção e de sua esposa Teresa, pessoas amigas que muito estimo, residentes nos Estados Unidos da América. 
No comentário em que aplaudiam o que eu havia escrito sobre o último fantocheiro, referiram outra figura que também devia merecer a minha atenção, o que não fiz na altura, nem sei porquê. A vida às vezes ocupa-nos com tantas banalidade que nem tempo nos dá para o essencial.  E disseram assim:

«Obrigado por dedicares este teu blog a uma pessoa [Armando Ferraz] tão simples, mas em meu ver muito merecida.
Outras personagens não menos castiças da nossa terra, merecem de igual forma o seu espaço neste magnifico "forum".
E porque recordar é viver, aqui vai mais uma dica: lembras por certo, tão bem ou melhor do que eu, do "ti Casqueirita", que como o Armando Ferraz se envolvia praticamente em tudo: lembro-me dos ranchos folclóricos, do futebol, e se não estou em erro foi também o dono do primeiro carro de praça como então era chamado, da nossa terra, e muitas outras coisas que agora não me vêm à mente.
Talvez num futuro próximo, alguém se debruce sobre a sua história, para que todos conheçamos melhor essa personagem castiça da nossa gente, e não caia no esquecimento.
Uma vez mais um sentido obrigado pela tua dedicação.
Um abraço amigo para todos.» 

Nelson P. Calção 

NB: Ora aqui está uma boa achega sobre uma figura típica da nossa terra, que em devido tempo foi homenageada pela nossas autarquias, ao atribuírem-lhe a honra de ser nome de uma rua na Gafanha da Nazaré, Rua do Casqueirita. O seu filho emigrou  para o Brasil. 
Realmente, o Tio Casqueirita, de seu nome Manuel Casqueira,  merecia-a, bem perto da casa em que viveu, na Rua Padre Américo, na Marinha Velha. E sublinho que, para além do rancho folclórico e do clube de Futebol, o Atlético Clube da Marinha Velha, ainda cultivava e vendia  flores, mas ainda  fazia caixões. A sua residência era conhecida por Casa das Flores, assinalada, bem à vista, em painel de azulejo. 

F. M.

Resposta pronta a Jesus que chama

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo da Palavra de Deus, 
III do Tempo Comum

“Precisamos de entrar em confidência assídua com a Sagrada Escritura"

Papa Francisco 

“Imediatamente” é a expressão usada no Evangelho de Mateus para indicar a reacção dos irmãos Pedro e André, pescadores do mar da Galileia, ao apelo/convite de Jesus para o seguirem. O mesmo acontece a outros dois irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu. “Vinde e segui-me”, diz-lhes Jesus indicando o que pretendia confiar-lhes: serem pescadores de homens, libertos da estreiteza da faina enredada e abertos à largueza dos horizontes da missão itinerante. - Mt 4, 12-23.
A que se deverá esta prontidão? À vontade de aliviar o cansaço da rotina sem futuro, à fama incipiente de Jesus, em Cafarnaum, à novidade da mensagem anunciada na pregação, ao desejo secreto do coração humano sempre inquieto na busca da verdade e do bem, ao olhar penetrante de Jesus e à força convincente do seu apelo? Será difícil apontar uma razão objectiva, mas o narrador do episódio destaca que “Jesus viu” e, assim, despertou energias adormecidas e motivou decisões ousadas.
“Precisamos de entrar em confidência assídua com a Sagrada Escritura, afirma o Papa Francisco na Carta Apostólica em que institui o Domingo da Palavra de Deus que hoje ocorre; caso contrário, o coração fica frio e os olhos permanecem fechados, atingidos, como somos, por inumeráveis formas de cegueira”.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Gafanha da Nazaré - Robertos e Marionetas


O Palheta, festival de Robertos e Marionetas, regressa de 5 a 8 de março sob o mote da viagem, na Gafanha da Nazaré, «uma cidade em que as pessoas se movimentam cada vez mais de bicicleta, mas também num Município que se abre cada vez mais para acolher outros lugares no seu projeto através da cultura». Trata-se de uma organização do 23 Milhas, um projeto cultural da CMI que pretende animar a nossa terra, envolvendo toda a comunidade. E não faltará um percurso artístico orientado pela artista Vera Alvelos, lê-se no site da autarquia ilhavense. 
Ainda está agendada «uma exposição permanente sobre a relação da Gafanha da Nazaré com os Robertos e as Marionetas, sem esquecer um dos seus grandes impulsionadores, Armando Ferraz; a outra, praticamente inédita em Portugal, é uma exposição de marionetas do Oriente, as “Vozes da Terra”, através do espólio de Elisa Vilaça, uma viagem fascinante numa forma alternativa de construir e contar o teatro de marionetas.»

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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Saramago - Aí para baixo é a ria de Aveiro


«É um momento solene. Aí para baixo é a ria de Aveiro, quarenta quilómetros de costa, vinte quilómetros para o interior, terra firme e água rodeando, todas as formas que podem ter as ilhas, os istmos, as penínsulas, todas as cores que podem ter o rio e o mar. O viajante fez bem as suas orações: não há vento, a luz é perfeita, as infinitas águas da ria são um imóvel lago. Este é o reino do Vouga, mas não há-de o viajante esquecer as ajudas da arraia-miúda dos rios, ribeiras e ribeirinhos que das vertentes das serras da Freita, de Arestal e do Caramulo avançam para o mar, alguns condescendendo afluir ao Vouga, outros abrindo o seu próprio caminho e encontrando sítio para desaguar na ria por conta própria.
Digam-se os nomes de alguns, de norte para sul, acompanhando o leque desta mão de água: Antuã, Ínsua, Caima, Mau, Alfusqueiro, Águeda, Cértima, Levira, Boco, fora os que só têm nome para quem vive à borda deles e os conhece de nascença. Se este tempo fosse de estivais lazeres, estariam as estradas em aflição de trânsito, as praias em ânsia de banhos, e nas águas não faltariam as embarcações de folguedo mecânico ou à vela. Mas este dia, mesmo de tão formoso sol e de tão aberto céu, é de alto Inverno, nem sequer está a Primavera em seus primeiros ares. 
O viajante, pelo menos assim quer acreditar, é o único habitante da ria, além dos seus naturais, homens e bichos da água e da terra. Por isso (todo o bem há-de ter sua sombra) estão as salinas desertas, os moliceiros encalhados, os mercantéis ausentes. 
Resta a grande laguna e a sua silenciosa respiração azul. Mas aquilo que o viajante não pode ver, imagina, que também para isso viaja. A ria, hoje, tem um nome que bem lhe quadra: chama-se solidão, fala com o viajante, ininterruptamente fala, conversas de água e limosas algas, peixes que param entre duas águas, sob a reverberação da superfície. 
O viajante sabe que está a querer exprimir o inexprimível, que nenhumas palavras serão capazes de dizer o que uma gota de água é, quanto menos este corpo vivo que liga a terra e o mar como um enorme coração. O viajante levantou os olhos e viu uma gaivota desgarrada. Ela conhece a ria. Vê-a do alto, risca com as pendentes patas a polida face, mergulha entre o moliço e os peixes. É caçadora, navegante, exploradora. Vive ali, é ao mesmo tempo gaivota e laguna, como laguna é este barco, este homem, este céu, esta profunda comoção que aceita calar-se.» 

José Saramago 
“Viagem a Portugal”, 1981 

Isabel dos Santos e as fortunas fáceis

Isabel dos Santos 
Com razão, criticamos os que enriquecem rapidamente sem possuírem ordenados por aí além, sem grandes heranças e sem negócios reconhecidamente rentáveis. De um dia para o outro, apresentam-se  na praça pública de brutos carros, férias de sonho, moradias de luxo e hábitos de vida sumptuária. De onde lhes vem o suporte para tudo isso? Está no segredo dos deuses. 
Porém, quando se trata de figuras públicas, nomeadamente, políticos e empresários, ninguém escapa à possível denúncia do povo que se sente traído pela confiança nelas depositada. E a comunicação social encarrega-se de denunciar segredos, que os poderes judiciais não terão tempo nem pessoal para investigar ou sequer procurar saber a origem dos rendimentos patentes aos olhos de toda a gente.
O caso de Isabel dos Santos saltava à vista. Todos se espantavam com os seus investimentos e negócios de projeção internacional, mas ninguém ousava alertar o mundo para o que se passava em Angola. Seu pai,  José Eduardo dos Santos, seria o escudo oficial que protegia fortunas acumuladas por sua filha, deixando na miséria milhões de angolanos. Sem dó nem piedade. O ex-presidente até poderá declarar que nunca se meteu em negócios nem rascunhou cartas de recomendação para sua filha Isabel singrar na alta finança. Nem seria preciso. O apelido “dos Santos” seria o suficiente. 
Felizmente, a democracia conseguiu impor-se e o novo Presidente da República, João Lourenço, abre as portas dos cofres fortes para mostrar que estão vazios. 
Há, como não podia deixar de ser, cúmplices em Portugal e um pouco por toda a parte, alguns dos quais terão comido do mesmo saco, direta ou indiretamente. E agora, curiosamente, não sabem de nada.
Aguardaremos as conclusões das investigações em curso com serenidade. Não podemos acreditar que tudo venha a cair em saco roto.

Fernando Martins

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Para recordar Camilo Castelo Branco

Coloquei, na coluna lateral do meu blogue,  o rosto da capa de uma antologia com textos da obra do conhecido [julgo eu] escritor Camilo Castelo Branco, autor que tanto me fascinou na minha juventude. Importa, porém, sublinhar que esta antologia — Histórias do meu tempo — foi organizada e prefaciada por José Viale Moutinho para a editora Temas e Debates, merecendo o meu aplauso, em jeito de quem recomenda a sua leitura aos que leram, há muito,  o consagrado homem de letras, um tanto ou quanto caído no rol do esquecimento. 
Numa época, como a nossa, tão cheia de propostas de leitura, entre outras tão envolventes como TV, cinema, teatro, revistas, jornais em papel e online, mais telemóveis, mais novos escritores, etc., não há, realmente, tempo para reler os nossos clássicos. Algumas editoras, contudo, têm sabido dar a volta à nossa distração, oferecendo-nos antologias que nos permitem matar saudades. 
A edição, diga-se de passagem, é excelente.

F. M. 

O Dia Mundial da Religião quer promover a paz entre os povos


Hoje, 21 de janeiro, celebra-se  o Dia Mundial das Religiões (DMR). A palavra religião provém do latim e significa a restauração da relação entre o Homem/Mulher e o Universo Sagrado de diversas sensibilidades, culturas e povos. 
O DMR celebra-se desde 1949 com a preocupação de promover a união das religiões, na convicção de que, deste modo, o mundo poderá vir a ser mais fraterno. 
Infelizmente, por muito que se fale e escreva com aquela preocupação, a verdade é que, neste universo de tantos povos e tantas religiões, ainda há quem mate e explore em nome de Deus.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Azulejos na Gafanha da Nazaré


Distingui hoje, na "Fotografia da semana", azulejos da nossa terra, como sinal de interesse para a cultura das Gafanhas. Tenciono fotografar outros quando os topar a jeito nas minhas curtas caminhadas. E pergunto: Haverá algum estudo sobre os azulejos ainda existentes em moradias da Gafanha da Nazaré? Gostaria de o conhecer. 

Saudades

Praia da Vagueira
Com o frio que sentimos, tenho saudades destas paisagens quentes que a maresia torna apetecíveis. Falta muito para as podermos usufruir? Quem espera sempre alcança.
Boa semana.

Moliceiro - Fim sem honra nem glória



Decerto depois de uma vida longa ao serviço dos homens e das paisagens lagunares, o velho moliceiro foi abandonado sem honra nem glória. Assim os objetos e as pessoas... Terminada a beleza, acaba a vida, na opinião de muitos...

domingo, 19 de janeiro de 2020

Despoluir a natureza e a Igreja

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

Sem o sentido do sagrado, do mistério, sem sabedoria e ética, 
consentimos, dia a dia, em degradar a natureza que nos degrada a todos.

1. O poema bíblico da criação, ao celebrar a vitória sobre o caos e ao exaltar a harmonia humana e divina do universo, é fundamental para não desesperarmos dos trabalhos que exige a sua urgente recriação [1].
O desequilíbrio ecológico tem muitas causas. Mas as crenças que exaltam o individualismo, o progresso ilimitado, a concorrência irracional, o consumismo, o mercado sem regras movido apenas pela ganância, tendem a ignorar que não vale tudo. Esquecem que não dispomos de outro universo suplente como alguma imaginação delirante supõe.
Sem o sentido do sagrado, do mistério, sem sabedoria e ética, consentimos, dia a dia, em degradar a natureza que nos degrada a todos. Dispomos, no entanto, de recursos científicos e técnicos para poder dizer que, hoje, pode ser mais harmonioso do que ontem.
As televisões encheram-se de imagens do fogo que, em Portugal no longo verão de 2017, dizimou a floresta em grande escala associada à tragédia da morte de dezenas de pessoas. A destruição em curso da Amazónia, pulmão da humanidade, foi ridicularizada pelo próprio Presidente do Brasil. A Austrália em chamas tornou-se irreconhecível. Como se tornou hábito repetir, sem grande convicção, a crise climática tornou-se a questão incontornável. O próprio Papa a propôs na Encíclica Laudato Si’, que explicita contributos fundamentais sobre a educação ambiental e a conversão ecológica [2]. Lamentavelmente, ainda não penetrou na pastoral constante das paróquias e dos movimentos da Igreja Católica.

Ir visitar os outros é que é o Colégio Diaconal

Gafanha da Encarnação
Encontro anual 
de Diáconos Permanentes de Aveiro 


São Vicente
“Ir visitar os outros, tentar perceber como se encontram e convidar para o evento a viúva e filhas do diácono permanente Arnaldo Almeida, isto é que é o Colégio Diaconal”, referiu o Pe. Manuel Joaquim Rocha, Vigário Geral da Diocese, no encerramento do almoço-convívio dos Diáconos Permanentes, que se realizou na Gafanha da Encarnação, no domingo, 19 de janeiro. O encontro, ano após ano repetido,  evoca o padroeiro dos diáconos, São Vicente, que é, também, padroeiro de Lisboa.
O Vigário Geral valorizou o facto de o segundo grupo dos diáconos da Diocese de Aveiro ter visitado os colegas doentes e idosos, frisando a importância de os outros grupos procederem do mesmo modo. Disse que há alguns homens em escola de formação, programada para três anos, de onde poderão eventualmente surgir vocações para o ministério diaconal. Ainda informou que o nosso Bispo, D. Manuel Moiteiro, não pôde marcar presença nesta celebração por razões pastorais, já programadas.
A Eucaristia, presidida pelo Vigário Geral, foi concelebrada pelo pároco da Gafanha da Encarnação, Pe. Gustavo Fernandes, e pelo assistente dos diáconos, Pe. José Manuel Pereira, e nela participaram 16 diáconos permanentes e esposas, bem como membros da comunidade local. Foram evocados os diáconos já falecidos, os doentes e impossibilitados por outras razões.
No momento próprio, os diáconos permanentes renovaram as promessas diaconais, assumindo “viver mais intimamente unidos a Cristo”, configurando-se “com Ele que veio para servir e não para ser servido”. Comprometeram-se, entretanto, a permanecer fiéis ao serviço da Igreja, “na proclamação do Evangelho, no serviço do altar, no exercício da caridade verdadeira e na solicitude por todas as formas de pobreza”.
O almoço, num restaurante local, culminou com algumas notas históricas referentes à Gafanha da Encarnação, incluindo a Costa Nova do Prado, parte integrante daquela freguesia, sob o ponto de vista civil. 
O diácono António Delgado, que organizou o encontro-convívio, com colegas e esposas  do segundo grupo,  mostrou-se agradado pela forma como tudo decorreu, louvando a colaboração do seu pároco, Pe. Gustavo, que até conseguiu uma imagem de São Vicente para estar connosco nesta celebração.

Fernando Martins

A pessoa e a dinâmica religiosa. 2

Crónica de Anselmo Borges 

"A vida é exaltante, mas também é terrível por vezes - traz exigências, dificuldades, opções que exigem algo de heróico"


O Homem tem uma constituição paradoxal. Por vezes, constata que fez aquilo de que se espanta negativamente, erguendo, perplexo, a pergunta: como foi possível eu ter feito isso? - aí, não era eu. Há, pois, o "isso" em nós sem nós, de tal modo que fazemos a experiência do infra ou extrapessoal em nós. Talvez fosse a isso que São Paulo se referia quando escreveu: "Que homem miserável sou eu! É que não faço o bem que eu quero, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico." Por outro lado, o Homem dá consigo como sendo mais do que o que é: ainda não é o que quer e há-de ser. Ainda não sou o que serei. Uma das raízes da pergunta pelo Homem deriva precisamente desta experiência: eu sou eu, portanto, idêntico a mim, mas não completamente idêntico, porque ainda não sou totalmente eu. Então, o que sou?, o que somos?, o que é o Homem? O Homem não se contenta com o dado. Quer mais, ser mais, numa abertura sem fim. Exprimindo esta abertura ilimitada, há uma série de expressões famosas: citius, altius, fortius (mais rápido, mais alto, mais forte), o lema olímpico; o Homem é bestia cupidissima rerum novarum (animal ansiosíssimo por coisas novas), dizia Santo Agostinho; Max Scheler definiu-o como "o eterno Fausto", e Nietzsche, como "o único animal que pode prometer"; Unamuno escreveu: "Mais, mais e cada vez mais; quero ser eu e, sem deixar de sê-lo, ser também os outros." Mesmo na morte, o Homem não está acabado, pois é o animal do transcendimento e sempre inconcluído.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Av. Lourenço Peixinho - Rostos conhecidos de gente anónima

Avenida (foto dos meus arquivos) 
Ontem fui a Aveiro sem pisar os trilhos habituais — grandes superfícies e equiparados. Andei pela Avenida Dr. Lourenço Peixinho, que já foi a sala de visitas da cidade, onde noutros tempos havia as novidades, que não foram nem são, aliás, o meu forte. Há imensos vestígios do passado, mas a modernidade persiste em se impor. E gostei, apesar de tudo. Porém, muito se fala da modernização da Avenida para a restituir ao esplendor de antigamente, mas tudo tarda. 
Contudo, o que mais me impressionou não foram as modas, nem os prédios antigos, nem as lojas modernas, nem a gente moça que por ali caminha apressada. O que me suscitou mais atenção foram os rostos  de gente anónima e de alguns conhecidos que, sem darem por mim, passavam encasacados com o frio e indiferentes a quem está ou vai de viagem à cata de um café quentinho em qualquer esquina. 
Rostos de outrora que mantêm os traços essenciais: os mesmos sorrisos, os mesmo olhares, os mesmos tiques, porventura menos expressivos, mas vivos. É pela avenida que os aveirenses da minha geração mais passeiam; é nos cafés, pastelarias e bares que conversam; outros, olhos perdidos, dão uma vista de olhos ao passado. Regresso a casa com a promessa de que tenho de voltar. 

Fernando Martins

O bacalhau tradicional já merece uma comenda

No PÚBLICO
Texto de José Augusto Moreira



«Não é saudosismo, mas antes uma questão de qualidade e sabor. Para ser bom e ter aquele gosto que identifica a tradição portuguesa, o bacalhau tem as suas regras. “Quer-se bem seco. De cor amarela palha. Deve ter a forma de uma asa e o tradicional corte em três bicos que mostra que a cabeça lhe foi retirada mal foi pescado”, como nestas páginas explicou David Lopes Ramos, naquela sua inconfundível pedagogia do bem comer.
Não é saudosismo, mas antes uma questão de qualidade e sabor. Para ser bom e ter aquele gosto que identifica a tradição portuguesa, o bacalhau tem as suas regras. “Quer-se bem seco. De cor amarela palha. Deve ter a forma de uma asa e o tradicional corte em três bicos que mostra que a cabeça lhe foi retirada mal foi pescado”, como nestas páginas explicou David Lopes Ramos, naquela sua inconfundível pedagogia do bem comer

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Monumentos - Obelisco

OBELISCO
Praceta Carlos Roeder
Praia da Barra

Gafanha da Nazaré


Silhuetas de Aveiro, há anos...


Estando no sítio certo, à hora certa, foi possível registar o pôr do sol momentos antes de mergulhar no mar, lá para a banda da Costa Nova e Barra. A preto e branco, com toda a naturalidade, e as silhuetas denunciam a fonte da minha atenção, há anos. 

A Vista Alegre continua a impor-se no mundo



Claudia Schiffer desenhou jarras e fruteiras para a Vista Alegre. As peças estão a ser exibidas num salão em Paris, como constatou a correspondente da RTP na capital francesa, Rosário Salgueiro.
(...)
A Vista Alegre, uma instituição com projeção internacional, continua a impor-se no mundo da arte das porcelanas. 

Rir ainda não paga impostos

Dia Internacional do Riso 









Hoje, 18 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional do Riso. Rir faz bem à saúde, afugenta o stresse, alivia o cansaço, cria bom ambiente, diverte, atira para trás a timidez, consola os tristes,  Etc... Etc... Etc. Riam-se hoje e sempre e façam rir os outros, grandes e pequenos, novos e velhos, felizes e infelizes... Rir ainda não paga impostos! 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Jesus, é Ele o Filho de Deus

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo II do Tempo Comum

Georgino Rocha

“Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto… Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!"

Papa Francisco 

A Igreja, após o ciclo das festas natalícias, inicia uma nova fase na celebração da sua Liturgia. Designa-a por tempo comum e vai repassando de forma global a realização do projecto de salvação da humanidade que Deus tem em curso. Hoje, centra-nos no testemunho de João, após o baptismo de Jesus.
No dia seguinte ao baptismo, narra o Evangelho, viu João que Jesus ia ao seu encontro. E dá voz ao que antes tinha vivido no Jordão. Liberta as energias acumuladas e, sem rodeios, confessa: “Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”. Jo 1, 29-34.
Esta declaração manifesta a convicção profunda a que chega João Baptista, após um processo lento de busca e reconhecimento. Processo que fica como exemplo de quem se sente peregrino na fé e assume o desafio de procurar resposta para as interrogações do coração humano. Processo que revela, de modo especial, a inter-acção fecunda de Deus com o homem/mulher e a qualidade do encontro pleno desejado.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

GAFANHAS - Deserto enorme de areias soltas

Para os mais novos ficarem a saber 


«[A Gafanha] Era um lençol desolador de areia branca, de dúzias de quilómetros quadrados, que os braços da laguna debruavam a norte, a leste e a poente, isolando do contacto da vida a solidão árida do deserto. 
Lá dentro, longe das vistas, bailavam as dunas, ao capricho dos ventos, a dança infindável da mobilidade selvagem dos elementos em liberdade. 
Brisas do mar e brisas da terra, ventos duráveis do norte em dias de estabilidade barométrica, e rajadas violentas de sudoeste a remoinharem no céu enfarruscado de noites tempestuosas, eram quem governava o perfil das areias movediças cavadas em sulcos e erguidas em dunas de ladeiras socalcadas a miudinho. 
Era assim a Gafanha do tempo dos nossos bisavós: deserto enorme de areia solta, a bailar, ao capricho dos ventos, o cancan selvagem de uma liberdade sem limites. 
Um dia, não longe ainda, um homem atravessou a fita isoladora da Ria e pôs pé na areia indomável. Não sabe a gente se o arrastava a coragem do aventureiro, se o desespero do foragido. De qualquer modo, ele fez no areal a sua cabana, à beira da água, e principiou a luta de gigantes do Gafanhão contra a areia.» 

Joaquim Matias, 
Arquivo do Distrito de Aveiro, 
vol IX,1943, página 317

Políticos e lugares-comuns

O discurso de grande parte dos políticos é feito de lugares-comuns, incapazes de entenderem a complexidade da condição dos nossos países e dos nossos povos. A demagogia fácil continua a substituir a procura de soluções. 

Mia Couto (1955-), escritor 

Li no "Escrito na Pedra" PÚBLICO de hoje

NOTA: Mia Couto é um escritor conceituado que muito aprecio. Homem culto, esclarecido e capaz  de dizer, com toda a naturalidade, o que pensa. Partilho a sua opinião porque concordo com o que afirma. É óbvio que há políticos capazes e conhecedores da nossa realidade social, mas também creio que muitos não passam de uns oportunistas... Depois, naturalmente, vem por arrasto a corrupção e  o compadrio. 

Oitavário de oração pela unidade dos cristãos

A Sé de Aveiro 
acolhe o início do Oitavário de oração 
pela unidade dos cristãos




D. Manuel Felício, Bispo da Guarda e Vogal da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, preside este sábado pelas 21h00 ao momento de oração ecuménico que conta com a presença de D. António Moiteiro – bispo de Aveiro, D. Jorge Pina Cabral – bispo da Igreja Lusitana, D. Sifredo Teixeira – bispo da Igreja Metodista, Representantes da Igreja Presbiteriana e Clérigos do COPIC. 
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é anualmente celebrada entre os dias 18 e 25 de janeiro, no hemisfério norte, e este ano tem como lema ‘Trataram-nos com uma amabilidade fora do comum’, do livro dos Atos dos Apóstolos [Atos 28,2]. 

Subsídios para a Semana de Oração 
pela Unidade dos Cristãos em 2020 

Os materiais para a Semana de Oração pela Unidade Cristã de 2020 foram preparados pelas Igrejas cristãs em Malta e Gozo (Cristãos Unidos em Malta). Em 10 de fevereiro, muitos cristãos em Malta celebram a festa do naufrágio de São Paulo, destacando e agradecendo a chegada da fé cristã nessas ilhas. A leitura de Atos dos Apóstolos usada na festa é o texto escolhido para a Semana de Oração deste ano.A história começa com Paulo sendo levado a Roma como prisioneiro (At 27,1ss). Paulo está preso, mas mesmo numa viagem que se torna perigosa, a missão de Deus continua através dele.Essa narrativa é um clássico drama da humanidade confrontada com o aterrorizante poder dos elementos. Os passageiros do navio estão expostos às forças dos mares abaixo e das poderosas tempestades que se erguem ao seu redor. Essas forças os levam a um território desconhecido, onde estão perdidos e sem esperança.

Fonte: Diocese de Aveiro

HISTÓRIA - Jornal de Notícias


Gosto de História, mas devo dizer, antes de mais, que gostar de... não significa, à partida, saber de... E leio, regularmente, livros, revistas e textos relacionados com o assunto. Há gostos que não sabemos explicar... e talvez nem valha a pena ir por aí. Por isso, de dois em dois meses, compro a revista “HISTÓRIA - Jornal de Notícias”, que leio com avidez. Depois, volto ao normal, isto é, a outras leituras. 
Neste número, a título de exemplo, a revista oferece, como habitualmente, assuntos interessantes: A Madeira, o Infante e o início da Expansão, 600 anos depois; O sistemas político-eleitoral do vintismo; Caminhos de Santiago na planura alentejana; entrevista a M. de Fátima Bonifácio; e Guernica: terror e manipulação. 
Bem ilustrada, edição cuidada, elucidativa e merecedora de atenção, na minha ótica. 

F. M.

Priores na toponímia da nossa terra

Priores: Sardo, à esquerda, Rubens, em cima e Guerra, em baixo

Quem circula pela Gafanha da Nazaré, naturais, residentes ou visitantes, cruza-se com mais de 260 arruamentos (alamedas, ruas, largos, travessas, becos e parques) batizados com nomes de figuras importantes da história pátria, mas também de pessoas ilustres da nossa terra e região que mereceram a atenção dos nossos autarcas, os primeiros responsáveis pela toponímia. Concorde-se ou não, a verdade é que esses batismos, uma vez aprovados, dificilmente poderão ser substituídos por outros pelos transtornos que isso causaria aos moradores e não só. 
Na toponímia da Gafanha da Nazaré há três priores que dão nome a uma alameda e a duas ruas. Alameda Prior Sardo e Ruas Prior Guerra e Padre Rubens, já falecidos, que deixaram rastos indeléveis da sua dedicação à nossa terra e suas gentes.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Agrupamento 588 - Os primeiros passos

Para a história do Agrupamento n.º 588 do CNE, 
na Gafanha da Nazaré

(Foto dos meus arquivos)

Em 29 de Julho de 1979 dá-se a oficialização do Agrupamento do CNE (Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português), ao qual foi atribuído o n.º 588. Na véspera, na noite de 28, fizeram a sua promessa os três primeiros dirigentes: Carlos Alberto Borges Ferreira (Chefe do Agrupamento), Orlando Leitão de Figueiredo (Secretário), e Fernando Alberto Borges Ferreira (Chefe de Grupo). Era assistente o Padre Miguel Lencastre. Logo de seguida, iniciaram a preparação com vista à chefia da Alcateia (Lobitos) as futuras chefes Madalena Matias, Maria Ana Cunha Pereira, Maria do Céu Gandarinho Lopes e Custódia Lopes Caçoilo. 
A primeira promessa de Lobitos ocorre a 2 de Maio de 1982, depois da necessária preparação. Em 1981, o chefe Carlos Alberto Ferreira deixa o Agrupamento e em 10 de Julho do mesmo ano assume a chefia Fernando Alberto Ferreira. Em 25 de Setembro de 1982, os responsáveis do Agrupamento n.º 588 são já os seguintes: Orlando Leitão de Figueiredo - Chefe do Agrupamento Padre Rubens António Severino – Assistente Fernando Martins - Adjunto do Assistente Carlos António da Silva Loureiro – Secretário Madalena Matias - Chefe da Alcateia Eunice Rodrigues da Silva - Chefe do Grupo Júnior.

Nota: Quem dá sugestões sobre a data deste foto?
:

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

A Ria a Preto e Branco


Para variar, uma foto a preto e branco, que a beleza não está só no colorido com todos os seus cambiantes. A Ria, independentemente da cor, é sempre bela.

Porto de Aveiro - Uma referência como centro logístico

Artigo de Isabel Moura Ramos 
na Revista da Marinha

Aspeto do Porto de Aveiro 


O Porto de Aveiro é uma referência como centro logístico para o tecido industrial da região Centro. Ao assegurar a prestação de serviços portuários e marítimos eficientes, orientados para as necessidades logísticas das empresas exportadoras da região, tem contribuído significativamente para o aumento da competitividade do tecido empresarial instalado no seu hinterland.

Ler artigo no Porto de Aveiro