quinta-feira, 30 de abril de 2020

DIA INTERNACIONAL DO JAZZ E JACINTA



O Dia Internacional do Jazz é celebrado neste dia, 30 de abril. Começou a celebrar-se em 2012 com o objetivo de lembrar a importância deste género de música, mas também para promover a aproximação de cultura de diversos povos do mundo. 
O Jazz está associado à luta pela liberdade e à abolição da escravatura. 
Nesta data, permitam-me que evoque neste meu recanto a Jacinta, da Gafanha da Nazaré, cantora e docente universitária de Jazz, com voz e expressão que muito aprecio e de cuja amizade me orgulho. 

Fernando Martins

quarta-feira, 29 de abril de 2020

DIA MUNDIAL DA DANÇA - 2020



Para todos os que apreciam a dança e gostam de dançar, 
mesmo em tempo de COVID-19 ou talvez por isso.

PARÓQUIA DA VERA CRUZ TEM NOVO SITE


Foi com gosto que registei nos meus destaques o novo site da paróquia da Vera Cruz, cuja visualização me agradou bastante. Vai ser, para mim, de visita frequente porque naquele espaço noto dinâmica, à partida, e ares modernos capazes de nos abrir a novos horizontes nos campos da paroquialidade, espiritualidade, harmonia e humanidade. 
Há muito que defendo na Igreja a ligação ativa e empenhada ao ciberespaço, fonte inesgotável de comunicação multifacetada, onde as comunidades religiosas têm lugar para o diálogo permanente com as mais variadas formas de pensar e agir. 
Tenho para mim que o confinamento provocado pelo COVID-19 terá levado a Igreja a descobrir o peso das novas tecnologias na vivência expressiva da fé e na forma de a partilhar. 
Daqui, deste meu cantinho com mais de 15 anos, formulo votos dos maiores sucessos à paróquia da Vera Cruz, na esperança de que venha a inspirar outras paróquias. 

F. M.

15 MILHÕES PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL


É público que o Governo vai apoiar com 15 milhões de euros a comunicação social, pagando publicidade institucional, anunciou o Ministério da Cultura. Pretende assim ajudar um setor que se tem tornado cada vez mais deficitário, o que levaria a uma morte sem honra nem glória. É claro que haverá regras a cumprir, não vá dar-se o caso de o dinheiro cair em saco roto, não contribuindo para um jornalismo de qualidade, como é lógico. 
A comunicação social, em geral, está a confrontar-se com a concorrência dos órgãos digitais, que operam em cima da hora, através de textos, imagens e sons quase em direto, um progresso indiscutível a nível informação e formação, que nos satisfaz, embora, como é o meu caso, a nostalgia do jornal e revista em papel não tenha desaparecido. Um diário e um semanário digitais garantem-me janelas bastante amplas para o mundo, estando em permanente atualização. O semanário, no fundo, é diário. Contudo, a saudade e o cheiro do papel ainda não se diluíram. De vez em quando volto a eles, mas o treino ajudar-me-á a esquecer a comunicação social escrita, em papel, até porque já me custa folhear os jornais, sobretudo os que saem com formatos muito grandes para o meu gosto. 
O Governo vai, portanto, ajudar os jornais, revistas, rádios e televisões, esperando eu que não se estabeleça uma espécie de compadrio que suscite obrigações para quem recebe os apoios, coisa muito ruim no jornalismo. A independência é um princípio sagrado. Por cá andaremos para ver, se Deus quiser. 

Fernando Martins

terça-feira, 28 de abril de 2020

A FARMÁCIA - TEMPLO ILUMINADO DENTRO DA NOITE



A Farmácia Morais veio para a Gafanha da Nazaré na década de 40 do século passado. Ficava na atual Av. José Estêvão, perto da nossa casa. A Dona Ester Morais, bem conhecida por todos os gafanhões, era a diretora técnica e proprietária. Chegou a ser, como há dez anos averiguei, a proprietária e diretora técnica mais idosa do país, em atividade. Entretanto, cumpriu a sua missão neste mundo, aconselhando os que recorriam à sua experiência de farmacêutica para curar certas maleitas. Até me explicou como fabricava os comprimidos...
Há anos, vi e li, na Farmácia Morais, um poema curioso e expressivo que se apresentava encaixilhado. Tentei saber da origem, mas nada encontrei. Com o telemóvel, registei o que foi possível captar, mas hoje, a atual proprietária, Maria de Lurdes, teve a gentileza de me enviar uma cópia do original. E diz assim: «“Mais vale tarde… que nunca”. Ao rever pastas antigas de documentos, ainda dos meus pais, encontrei o prometido... E, como diz o ditado, “O prometido é devido”, aqui envio com todo o carinho e amizade, “A Farmácia”». Não faltaram, ainda, os votos de boa saúde. 
Muito obrigado pela amizade  e simpatia. 

Fernando Martins

VISITA GUIADA NO MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO


Ontem à noite tive o prazer de ver na RTP2 mais um programa da série “Visita Guiada”, todo ele passado no Museu Marítimo de Ílhavo. Paula Moura Pinheiro falou e entrevistou Álvaro Garrido, que foi diretor e consultor do museu ilhavense, cargo que deixou de exercer recentemente por razões profissionais no âmbito académico. Profundo conhecedor dos meandros da pesca do “Fiel Amigo”, Álvaro Garrido elucidou a entrevistadora e o público onde chega a RTP2, com notas históricas e humanas que não podem cair no esquecimento. 

Podem ver aqui

segunda-feira, 27 de abril de 2020

RETOMA DAS CELEBRAÇÕES CATÓLICAS SERÁ GRADUAL

Nota Pastoral do Bispo de Aveiro

O Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, publicou uma Nota Pastoral — A vida pastoral em tempos de pandemia —, na sequência da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal (CPCE) que se realizou no passado dia 21, para «preparar orientações gerais, em diálogo com as autoridades governamentais e de saúde, para quando terminar esta terceira fase do estado de emergência, com a retomada das celebrações comunitárias da Eucaristia e outras manifestações cultuais». 
O nosso bispo realçou na sua NP que a Diocese de Aveiro, tal como o CPCE, «também está solidária com tantos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares da ação médica...) que dão o melhor de si mesmos nesta situação tão difícil; com tantos responsáveis de lares e outras instituições, onde o Covid-19 entrou e aumentou o sofrimento daqueles que já estavam tão frágeis». 
«Temos consciência de que a retoma das celebrações comunitárias será lenta e gradual, e, tendo vários sacerdotes contactado os serviços centrais da Diocese para conhecimento de algumas orientações para os próximos tempos, julgamos que estamos num tempo de muita incerteza e devemos estar sempre em comunhão com as determinações que as autoridades sanitárias possam indicar. Apesar de toda esta incerteza, aqui ficam as orientações possíveis», afirmou D. António Moiteiro na sua NP.

NADA SERÁ COMO DANTES



Nada será como dantes. O antes e o depois ficaram separados pelo surgimento devastador do COVID-19. O antes sabemos como foi, cada um à sua medida. Os mais velhos contam a história que viveram; os mais novos dizem do próximo-passado que lhes foi descrito. Ambos, por mais conjeturas que se elaborem, nunca terão certezas do que realmente possa brotar das cinzas que agora enxameiam o mundo. Esta será uma visão pessimista. A visão otimista ainda não se encaminha para nos embalar num sono tranquilizador. Mas quando ele vier e dele acordarmos, talvez possamos dizer: Afinal, tudo se resolveu a bem. 

Fernando Martins

domingo, 26 de abril de 2020

Primavera que tarda


AGORA

Abre-te, Primavera!
Tenho um poema à espera
Do teu sorriso.
Um poema indeciso
Entre a coragem e a covardia.
Um poema de lírica alegria
Refreada,
A temer ser tardia
E ser antecipada.

Dantes, nascias
Quando eu te anunciava.
Cantava,
E no meu canto acontecias
Como o tempo depois te confirmava.
Cada verso era a flor que prometias
No futuro sonhado…
Agora, a lei é outra: principias,
E só então eu canto confiado.

Miguel Torga

Em "POESIA COMPLETA"

NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

«A nova prioridade vai ser a mais complicada. Será possível vencer a exuberância das manifestações recíprocas e espontâneas sem anestesiar a cordialidade?»

1. Certos acontecimentos pedem-nos disponibilidade para intervir e pensar o mundo de novo. Diz-se que os portugueses são repentinos perante desafios inesperados, mas pouco constantes em se manterem abertos aos problemas novos que acontecem na vida social, política, científica e cultural do nosso tempo.
Desconfio destas caracterizações algo aforísticas. Parece-me que os nossos decisores políticos, sem autoritarismo, foram acertando o passo para tentar um objectivo complexo sintetizado pelo primeiro-ministro: “A primeira prioridade foi conter a pandemia sem matar a economia. A nova prioridade que temos agora é a de reanimar a economia sem deixar descontrolar a pandemia. Há uma coisa que sabemos: não podemos morrer da cura.” [1]
A nova prioridade vai ser a mais complicada. Será possível vencer a exuberância das manifestações recíprocas e espontâneas sem anestesiar a cordialidade? Já teremos interiorizado que, à solta, continuamos a ser uma ameaça de contágio e de sermos contagiados, deitando a perder o que foi conseguido no isolamento?
Perante esse perigo não se pode obedecer apenas aos impulsos do sentimento e ao arbítrio individual. As orientações elaboradas, de forma convergente, pela DGS e pelas diversas instâncias dos poderes legítimos, devem merecer a nossa atenção. Dado que a liberdade de expressão, em Portugal, não está posta em causa, é sempre possível apontar o dedo aos abusos. Mas o mundo não se reduz a Portugal, à União Europeia, aos paraísos dos ricos, nem às ânsias das confissões religiosas – que têm manifestado um sentido exemplar da responsabilidade – em reabrir as suas portas.

Conversão, Dia da Terra, 25 de Abril

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Numa experiência diferente do tempo, um tempo parado, vazio, parece, por um lado, que nada acontece de especial, por outro, na medida em que se está atento, percebe-se que a vida está aí para ser vivida e em interrogação constante. O vírus invisível e global isso fez: obrigou a parar e a pôr as perguntas essenciais. O que aí fica são algumas notas sobre este tempo novo. 

1. São muitos os que se perguntam se vamos sair melhores, na convicção de que sim. Por mim, espero que sim, mas temo que, passada a catástrofe, tudo volte exactamente ao mesmo. Não esqueço aquelas palavras de Primo Levi que, ao sair de Auschwitz, constatou que “não saímos nem melhores nem mais sábios”. E viaja pelas redes sociais uma “graça”, talvez, infelizmente, verdadeira: “Vamos sair melhores?” – “Não. Porque isto é um vírus, não é um milagre”. 
No entanto, é de um milagre que precisamos, ao sair deste pesadelo: sair melhores e mais sábios. Para isso, não se trata de mudar apenas isto ou aquilo, é urgente mudar o modo de pensar. Precisamos de uma conversão, como manda o Evangelho. Frequentemente, traduz-se essa conversão por “fazei penitência”, mas o que lá está é o verbo grego: metanoiête, que quer dizer: mudai o vosso modo de pensar, mudai a vossa mentalidade, começai a pensar de modo outro e a agir em consequência. Qual é o propósito da vida, o seu sentido mais profundo? É enriquecer, produzir cada vez mais, consumir sempre mais? Ou o bem-estar, o viver bem, num mundo que é de todos, na entreajuda para maior alegria e mais felicidade no sentido autêntico? Queremos continuar na religião de um progresso sem limites, que aliás não é possível num mundo que é finito, limitado? Não queremos viver melhor, com moderação, sem explorar a Mãe Terra nem os outros nem a nós, dentro de um modelo de progresso que assenta num montão crescente de vítimas? Talvez o nosso engano seja este: em vez de vivermos aqui, agora, vivermos, alienados, numa concepção de tempo, que é o tempo que a modernidade inventou: o passado é apenas o ultrapassado e o presente apenas a rampa de lançamento para um futuro de progresso sem fim. Mas, assim, neste modelo, quando vivemos e somos verdadeiramente?

sábado, 25 de abril de 2020

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU


Celebra-se hoje o “25 de Abril”, a revolução dos cravos de 1974 que pôs fim a uma ditadura de quase meio século. Já não serão muitos os que viveram aquela data que tem marcado as mais recentes gerações em espírito democrático. Há eleições a nível nacional e local que todos conhecem, mas nem sempre agem com a participação cívica que a democracia merecia e merece. Se é verdade que uma elevada percentagem de portugueses vive indiferente às eleições, também é certo que o direito de escolha não está vedado a ninguém. Isso significa que muitos compatriotas precisam de ser esclarecidos a partir das famílias, dos bancos das escolas e por todas as formas de convencimento, até porque só terá o direito de contestar os serviços prestados pelos eleitos, nos diversos cargos autárquicos ou de âmbito nacional, quem vive com autenticidade a democracia. 
O 25 de Abril abriu portas outrora trancadas a muitos homens e mulheres: o direito à liberdade de opinião e de expressão, oral e escrita, à escolha democrática, à participação cívica, à livre associação, ao culto religioso, à frequência escolar de todos os níveis, ao sindicalismo, ao respeito pelas ideias próprias e dos outros; homens e mulheres passam a viver em pé de igualdade com direitos e deveres no campo da intervenção profissional, empresarial, social, desportivo, artístico, académico e familiar. Seria interminável a lista das portas que o 25 de Abril abriu. 
Em 2010, aquando da celebração dos 100 anos da nossa freguesia, escrevi um texto alusivo ao “25 de Abril” que pode ser lido aqui.

Fernando Martins

sexta-feira, 24 de abril de 2020

CORAÇÃO HUMANO AO RITMO DO RESSUSCITADO

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo III da Páscoa 

A distância geográfica de Jerusalém a Emaús é relativamente curta, mas simboliza um itinerário exemplar de iniciação que, normalmente, os candidatos à vida cristã e inserção eclesial estão chamados a percorrer. Outrora, os discípulos eram Cléofas (que significa celebração) e o seu inominado companheiro/a (talvez cada um/a de nós, ao longo dos tempos).
Regressam à aldeia, após o fracasso das suas expectativas provocado pelo desfecho trágico da vida do seu mestre, Jesus de Nazaré. Dão largas a este estado de espírito, lamentam o sucedido e “sonham” retomar um passado que não volta. Alimentam e ampliam a amargura da frustração, “curtida” em conversas e atitudes. Sem horizontes de futuro onde brilhe qualquer “semáforo” de esperança. Amarrados a um presente marcado pelas chagas ainda em ferida viva e sangrante, carregam as gratas recordações de um tempo feliz e vivem à procura de sentido para a etapa que se avizinha. Têm memória e, com tom de amargura, relatam os factos em pormenor! Lc 24, 13-35.
O diálogo com o desconhecido, que se faz companheiro, mostra a dolorosa situação em que se encontram e os rumores incríveis que começavam a surgir. Constitui uma excelente amostra do sentir de tantos contemporâneos nossos, uma boa referência para lançar pontes de contacto e iniciar uma viagem comum, com o ritmo cadenciado dos passos de cada um e com a franqueza do coração aberto de todos. Agora somos nós os peregrinos de Emaús. Que tempos felizes recordamos da nossa experiência de Jesus?

quinta-feira, 23 de abril de 2020

DIA MUNDIAL DO LIVRO

Singela homenagem ao grande Camilo
Dia Mundial do Livro celebra-se hoje, 23 de abril, com o objetivo de sublinhar a importância da leitura e de lembrar que os livros são fontes extraordinárias de formação, informação e cultura. 
Como leitor diário, não ficaria de bem com a minha consciência se não alertasse os meus amigos para a mais-valia que os livros representam na minha formação a diversos níveis. Ajudam-me a compreender o mundo, a aceitar o pensar e o agir das pessoas pela positiva, a valorizar a sensibilidade criativa dos poetas e romancistas, a descobrir o trabalho incansável dos historiadores, a perceber a oportunidade e cultura de cronistas, a aceitar a capacidade de síntese dos contistas, a saborear a espiritualidade dos místicos, contemplando-me com a arte, enfim, de todos os que, com paixão, me brindam com livros que ocupam cantinhos especiais das minhas estantes. 
Não seria preciso dizer que há livros que me marcaram para a vida, que outros mereceram o caixote do lixo, que vários me deram alegrias, que bastantes me comoveram, que outros me fizeram pensar imenso, que tantos me desiludiram, mas faço-o para mostrar a minha convicção. 
Os livros são, realmente, os nossos grandes amigos: São pacientes, disponíveis, silenciosos, fontes de saber, generosos, sempre jovens mesmo quando antigos, mas ainda são conselheiros prudentes e inspiradores. 

Fernando Martins

quarta-feira, 22 de abril de 2020

DIA MUNDIAL DA TERRA - A TERRA PRECISA DE CARINHO

O planeta terra precisa do nosso carinho
O Dia Mundial da Terra celebra-se neste dia, 22 de Abril, tendo sido criado em 1970 para sensibilizar todo o mundo para a defesa de um planeta sem poluição, como garantia de um ambiente onde os seres vivos possam usufruir de melhores e mais dignas condições de felicidade. Importa, todavia, sublinhar que tudo seria mais fácil se a humanidade se envolvesse em pleno para levar por diante esse desiderato, mas há sempre quem ponha de lado tais propósitos, olhando apenas para o desenvolvimento económico a qualquer custo no imediato, sem pensar no dia de amanhã. A ganância economicista tudo amarfanha, sem olhar às consequências desregradas da produção industrial e do consumo egoísta e sem regras. 
Apesar de tudo isso, não têm faltado campanhas e alertas que envolvem milhões de pessoas de todos os continentes na ânsia de travar o caos no máximo a nível do ambiente e da qualidade de vida dos seres vivos sobre a Terra, mas não falta quem teime em ignorar todas as recomendações que saem periodicamente das assembleias organizadas para o efeito e subscritas em convenções pela maioria dos países do mundo. 
Instituições, escolas, igrejas, organizações de todo o tipo e famílias podiam e deviam pensar na defesa do ambiente durante todos os dias de todos os anos e não apenas no dia 22 de Abril... A Terra tem inúmeras capacidades, mas o desgaste é notório em vários quadrantes. A Terra precisa do nosso carinho.

F. M.

terça-feira, 21 de abril de 2020

FALAR COM AS FLORES

Flor do nosso jardim
Tenho para mim que as flores, de jardim ou silvestres, têm algo de divino. Quando passo por elas, não resisto à tentação de parar para as contemplar. E depois das formas, tonalidades e cheiros que inebriam, até sinto vontade de lhes falar. Bagão Félix, um profundo conhecer, mesmo apaixonado, de plantas, disse um dia, numa entrevista, que costuma falar com elas e acariciá-las. E ainda afirmou que pressente que as plantas o entendem. Não cheguei a esse ponto, mas que gosto de flores, lá isso gosto. 
Boa semana, de preferência a passear por um jardim, quando puder, e a tentar falar com as flores. 

F. M.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

IDOSOS: GENTE QUE AINDA QUER SER GENTE

A propósito do Covid-19


«O que não é normal é o discurso da clausura dos idosos por tempo indeterminado como se gente acima de certa idade, que vive em contextos muito diferenciados, não tivesse autonomia individual, autodeterminação, capacidade de tomar decisões, incluindo a capacidade de escolher quais os riscos de saúde que quer ou não assumir.
Não se pode esperar com enorme tranquilidade que homens e mulheres acima de 65 anos fiquem fechados em casa ou em lares por meses e meses, sem direito ao mundo exterior, sem direito ao afeto, sem direito a escolher. Quando estivermos em período de regresso à normalidade, as pessoas idosas não podem ser condenadas a morrer da precaução. Pelo contrário, temos de as respeitar enquanto cidadãos e cidadãs capazes de fazerem as suas escolhas, livres naquilo que não afete terceiros, gente que ainda quer ser gente.»

no EXPRESSO 

domingo, 19 de abril de 2020

GAFANHA DA NAZARÉ - CIDADE HÁ 19 ANOS

Recanto no Oudinot com navio-museu Santo André e Forte da Barra à vista 
A Gafanha da Nazaré celebra hoje, 19 de abril, o 19.º aniversário da sua elevação a cidade. Sendo certo que esta efeméride evoca um crescimento a vários níveis, não podemos ignorar que a valorização duma cidade segue um processo sem fim à vista... 

Recordemos um pouco de história

Criada freguesia em 23 de Junho de 1910 e paróquia em 31 de Agosto do mesmo ano, a Gafanha da Nazaré é elevada a vila em 1969. A cidade veio em 2001 por mérito próprio. O seu desenvolvimento demográfico, económico, cultural e social bem justifica as promoções que recebeu do poder constituído no século XX, a seu tempo reclamadas pelo povo.
A Gafanha da Nazaré é obra assinalável de todos os gafanhões, sejam eles filhos da terra ou adoptados. De todos os pontos do País, das grandes cidades e dos mais pequenos recantos, muitos chegaram e se fixaram, porque não lhes faltaram boas condições de vida.
A Gafanha da Nazaré é, hoje, uma mescla de muitas e variadas gentes, que, com os seus usos e costumes e muito trabalho, enriqueceram, sobremaneira, este rincão que a ria e o mar abraçam e beijam com ternura.
O Decreto-lei n.º 32/2001, publicado no Diário da República de 12 de Julho do mesmo ano, foi aprovado pela Assembleia da República em 19 de Abril de 2001, registando em 7 de Junho desse ano a assinatura do Presidente da República, Jorge Sampaio.
O povo comemorou a elevação a cidade com muita alegria, precisamente no dia da aprovação, pelo Parlamento, do desejo das autoridades e de quantos sentem esta terra como sua. A legitimidade popular consagrou essa data, 19 de Abril, como data de festa, sobrepondo-se à assinatura do Presidente da República. 
O título de cidade colocou a nossa terra com mais propriedade nos mapas e roteiros. Mas se é verdade que o hábito não faz o monge, temos de reconhecer que pode dar uma ajuda. Como cidade, passou a reivindicar infraestruturas mais consentâneas com esse título, podendo os gafanhões assumir este acontecimento como marco histórico da sua identidade, como cidadãos de pleno direito.

Do livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida"

A VIDA TEM DE VOLTAR À NORMALIDADE


Habituados que estamos ao confinamento, nem sei como vai ser quando retomarmos a normalidade, isto é, quando pudermos fazer uma vida com liberdade, dentro dos parâmetros estabelecidos há tantas décadas, como é o meu caso. A ideia que já expressei de que tudo será diferente depois do Covid-19 não me sai da cabeça e tenho dificuldades em compreender como é possível aceitar uma vida sem liberdade plena de sair de casa, de passar por um café, entrar num restaurante, assistir a um espetáculo, visitar amigos ou participar numa cerimónia religiosa... 
Diz-se que a máscara passa a ser peça obrigatória do nosso dia a dia, que evita males maiores, que é fundamental para impedir contágios ou para os provocar... Também se diz que é complicado visitar ou receber amigos porque desconhecemos quem é portador de vírus ou de doenças facilmente transmissíveis. 
Realmente, o futuro é uma incógnita, mas a inteligência humana, que tem resolvido obstáculos aparentemente intransponíveis, saberá dar a volta por cima... E a vida tem de voltar à normalidade. Temos mesmo de acreditar e lutar por isso. 
Bom domingo. 

F. M.

ANTROPOLOGIA DA ESPERANÇA ACTIVA

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

Frei Bento Domingues
«O ser humano é estruturalmente desejo. A antropologia, antes de o tentar explicar, deve saber reconhecê-lo.»

1. De uma descendência de animais, hoje desaparecidos, na qual se incluíam geleias marinhas, vermes rastejantes, peixes viscosos, mamíferos peludos, este neto de peixe, este sobrinho-neto de lesma, tem direito a um certo orgulho de alguém bem sucedido. De uma certa descendência animal, que em nada parecia votada a um tal destino, saiu o animal extravagante que viria a inventar o cálculo integral e a sonhar com a justiça [1].
A este delicioso texto do biólogo Jean Rostand (1877-1977) junto outro mais recente – situado em plena crise provocada pela covid-19 – e um pouco menos eufórico de Arlindo Oliveira, professor do IST:
“A espécie humana tem, do seu lado, uma capacidade única para perceber os mecanismos usados pelas outras espécies. É essa capacidade, a inteligência, que nos distingue dos outros animais e dos outros organismos. É essa capacidade que nos permitirá ultrapassar, sem danos significativos para a civilização, mais esta batalha pela sobrevivência. Que não será a última, nem a mais severa. Outros vírus, outras bactérias e outras doenças, potencialmente mais letais, continuarão a ameaçar a nossa sobrevivência como indivíduos e, no caso mais dramático, como espécie. Mas a inteligência humana coloca do nosso lado um arsenal de capacidade inigualável, que permitirá combater qualquer ameaça desta natureza.

O CONTÁGIO DA ESPERANÇA

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias 

Anselmo Borges
1. Naquele fim de tarde escuro do passado dia 27 de Março, quando a chuva começava a cair, o Papa Francisco, sozinho, concentrado, em passos lentos, quase alquebrado como se transportasse aos ombros a cruz da Humanidade toda, atravessou, em silêncio, uma Praça de São Pedro deserta e subiu os degraus para uma plataforma fragilmente iluminada e rezou, sozinho. Uma imagem que fica na memória de todos quantos assistiram àquela caminhada lenta, uma das imagens marcantes desta catástrofe. A apontar para a solidariedade mundial de todos e para a esperança. E disse: “Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair da noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem; pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos.” Aludindo à imagem do Evangelho, acrescentou: “Fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda”. Constatando que “nos demos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários”, continuou, sublinhando o que desde a deflagração da pandemia tem sido uma constante sua: “Somos todos chamados a remar juntos, todos carecidos de encorajamento mútuo.” “Estamos juntos neste barco”, ninguém poderá vencer a tempestade sozinho, “só conseguiremos todos juntos”. E incutiu esperança e abençoou o mundo: “Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus.” 

sábado, 18 de abril de 2020

MONUMENTOS E SÍTIOS HISTÓRICOS

Farol da Barra de Aveiro
Forte da Barra 
Celebra-se hoje, 18 de Abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios Históricos, com o objetivo de alertar as pessoas para a importância dos mesmos, a partir da história que lhes deu e continua a dar vida. É que, como é normal, nem sempre valorizamos os monumentos e os sítios que existem desde há muito, por tão preocupados andarmos com as nossas tarefas quotidianas. No caso concreto da nossa terra, sabemos da existência do nosso Farol e do nosso Forte da Barra, mas passamos ao largo sem ao menos os fixarmos com atenção. E muito menos pensamos na sua divulgação por diversas formas. 
Penso que este Dia Internacional dos Monumentos e Sítios nos deve sensibilizar para a importância da sua conservação e embelezamento circundante, mas também para a necessidade da sua divulgação, pois tudo isso contribuirá para a valorização. 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

CARAVELA VERA CRUZ NA GAFANHA DA NAZARÉ


O confinamento dá nisto: Perdemos os habituais horizontes, dando-nos a sensação de nos sentirmos isolados neste mundo que nos tem dado tantos anos de sonhos, alegrias e ânsias de viajar. Não podendo fazê-lo, limitamo-nos aos desejos de dar umas voltas. Quando pudermos...
Viajar é o sonho de muitos de nós, ou não fosse isso uma forma de nos sentirmos parte integrante do universo. Mas deixemos por ora estas minhas deambulações de uma pessoas confinada às paredes de sua casa e aos muros do seu quintal. 
Hoje, ao tentar pôr em ordem o meu principal computador, que me tem incomodado com avaria que me dá cabo da cabeça, já que de informática não percebo nada, encontrei esta foto da caravela Vera Cruz que fez escala na ria de Aveiro a convite da CIRA, em 2009, para formação das crianças das nossas escolas. Recordo que foram lições vivas direcionadas para as viagens oceânicas dos portugueses de há séculos. E aqui fica a Caravela que ainda deve permanecer na memória dos alunos e professores que a visitaram.

F. M. 

JESUS ESTÁ VIVO NO MEIO DE NÓS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo da Divina Misericórdia

Jesus ressuscitado realiza várias iniciativas para desvendar aos discípulos, e por eles, a toda a humanidade, a novidade do seu ser e do seu agir: Encontros pessoais e comunitários, marchas e refeições, diálogos e provações. Presenças surpreendentes, ausências súbitas e apresentação das cicatrizes da paixão. Hoje, o relato do Evangelho oferece-nos uma “amostra” de algumas destas iniciativas que realçam a sua divina misericórdia. (Jo 20, 19-31).
A desolação dos discípulos contrasta fortemente com a coragem de Jesus ressuscitado. Eles, amedrontados, estão refugiados em casa trancada, a temerem o que lhes podia acontecer na sequência da condenação do seu Mestre. Este, destemido, apresenta-se no meio deles, sereno e ousado, e saúda-os amigavelmente, desejando-lhes a paz. O contraste não pode ser mais radical e provocador. A atitude de Jesus surpreende-os completamente e deixa-os expectantes. Eles ainda não o haviam reconhecido. Que carga de medo inibidor! Que urgência da “purificação” do coração e da mente para iniciar o caminho da fé no ressuscitado! Que importância atribuída à jovem comunidade reunida em assembleia neste “arranque” decisivo!
“Normalmente vemos e cremos. Esse é o nosso processo de encontro com a realidade, afirma o Cardeal Tolentino de Mendonça no comentário a este Evangelho. O Ressuscitado, inaugura uma nova metodologia. Devemos crer para poder ver. Devemos não tocar para poder tocar. Devemos aceitar o silêncio e a distância para viver de verdade a nova relação que nos traz a Páscoa”.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

A CHUVA E O FRIO


Eu aceito a chuva como fundamental à vida. Sem ela, os campos ficariam tristes, desolados, ressequidos, estéreis. Chuva, sim, com conta peso e medida, nas épocas próprias, um pouco, se fosse possível, ao jeito do velho ditado que diz “Sol na eira e chuva no nabal”. Mas do frio tenho um medo que me pelo. Com ele, sofro imenso e fico sem saber que pensar e dizer. 
Hoje, chuva agora e logo um ar do rei sol, lembrei-me dos tempos em que, de bicicleta ou motorizada, normalmente de regresso a casa, apanhava molhas de tal monta que só com a ajuda da minha saudosa mãe conseguia livrar-me da roupa encharcada. A velha estrada de Aveiro à Gafanha da Nazaré era desabrigada e não havia qualquer hipótese de escapar da chuva, muitas vezes tocada por ventos fortes próprios do inverno. Só por sorte conseguíamos um deficiente abrigo encostados aos palheiros das marinhas. E mesmo entre a Cale da Vila e a Cambeia, lugar onde morava, não havia forma de sair ileso. Hoje, seria quase impensável. Muitos alunos, presentemente, podem contar com o apoio dos pais, sobretudo dos que possuem carro próprio. 

F. M. 

GAFANHA DA NAZARÉ NA CAPA DO CORREIO DO VOUGA



A capa do "Correio do Vouga", órgão oficial da Diocese de Aveiro, ofereceu aos seus leitores um conjunto de fotografias tiradas nas ruas da Gafanha da Nazaré, dando a informação de que «as famílias foram convidadas a pôr uma cruz nas suas casas a partir do Domingo de Ramos.» Há gestos que merecem ser sublinhados, como foi o caso. E o responsável pela edição do semanário diocesano mostra que é um jornalista atento e sensível.
Como é notório, o meu digitalizador não foi capaz de apanhar toda a capa. 

DEUS JÁ ACOLHEU EDUARDO RODRIGUES

O diácono permanente Eduardo Rodrigues foi ordenado em 15 de Agosto de 1993, com 68 anos, por D. António Marcelino, juntamente com mais sete colegas. Era o mais idoso dos ordenados nesse dia. 
Natural e residente em Tamengos, dedicou toda a sua vida de diácono a servir as paróquias do Arciprestado de Anadia. Foi colaborador do Padre Rei na paróquia da Moita, além de ser o grande timoneiro das paróquias confiadas ao Padre Vilarinho, durante a prolongada doença deste, que o obrigou a ausentar-se para a Gafanha da Nazaré, onde faleceu. 
Colaborador incansável do Pároco de Arcos, Tamengos e Aguim — Padre Torrão —, tinha ainda a responsabilidade do cartório destas paróquias, além de ser o responsável da pastoral sócio-caritativa do Arciprestado. 
Até ao momento em que a falta de vista e de equilíbrio o obrigou a deixar as funções pastorais, por volta de 2012, era um dos diáconos mais assíduos à formação permanente, sendo apreciado pela partilha das suas reflexões escritas, bem elaboradas, pois tinha muito gosto em escrever numa prosa bastante erudita. 
Confinado à sua residência até que, há mais ou menos cinco anos, teve de ir para o Lar da Moita com a esposa. O seu estado de saúde foi-se agravando com Alzheimer, mas quis voltar para a sua residência, onde foi assistido pelo Lar cerca de dois anos. 
Faleceu na sua casa com 95 anos no dia 13 de Abril e o seu funeral, com a presença do nosso Bispo, D. António Moiteiro, realizou-se no dia 15 para o cemitério de Tamengos. 
Que o Senhor o recompense com a Sua glória, por tudo o que fez pelas gentes das terras de Anadia, onde era muito considerado.

Manuel Carvalhais, 
Diácono Permanente

terça-feira, 14 de abril de 2020

TRANQUILIDADE



Às vezes imagino-me a gozar uma tranquilidade como a que este meu registo sugere. Tranquilidade, em dias agitados, deve ser assim, longe do bulício dos nossos quotidianos. Envolvido pelo silêncio, embalado pelo arvoredo, um bom livro para enriquecer o espírito com uma história bem urdida, o chilrear da passarada que por ali ciranda e que mais precisaria eu?

AS MÁSCARAS



Está decidido: Temos todos de usar máscaras. Só falta o decreto para regulamentar o seu uso. Quando e onde ou sempre. Sem ela, pelo que ouço, jamais. Mais vale prevenir que remediar. E se é certo que o Covid-19 continua por aí, então todo o cuidado é pouco. Realmente, temos que nos habituar à ideia de que a vida tem de prosseguir a marcha, pois parados não chegaremos a lado nenhum. Com a pandemia o mundo parou. Comeu-se e bebeu-se o que se poupou... e se não arrepiarmos caminho teremos como meta um fim sem honra nem glória. Todos precisamos de trabalhar. As indústrias e comércios têm de abrir portas.Têm de produzir. E nós necessitamos de comprar. As escolas têm de preparar para a vida os que estão com idade para isso. O futuro do mundo está nos que as frequentam hoje. E se a máscara nos pode defender de alguns perigos, por que razão as havemos de rejeitar? Perigoso é andar sem ela... Quem me dá umas dicas para fazer as minhas máscaras?

domingo, 12 de abril de 2020

A MORTE NÃO PODE SER A ÚLTIMA PALAVRA

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

"Não vale a pena repetir que o ser humano não tem conserto. Estamos sempre a tempo, em qualquer idade, de nascer de novo."

1. Não há liturgia cristã que suspenda as leituras do Antigo e do Novo Testamentos, por vezes acompanhadas pela grande música e integradas numa celebração ritual. Na Semana Santa são, por regra, muito mais abundantes. Exigem o auxílio de uma boa cultura bíblica, bastante ausente da maioria das assembleias. Não se deve confundir uma celebração litúrgica com uma imaginária reconstituição do passado, do mundo que já não existe. É certo que algumas homilias tentam situá-las no presente mediante considerações e aplicações, muitas vezes de pendor pietista e moralizante que amortecem a imaginação em vez de a incendiar. Existem e sempre existiram belas excepções.
O mundo desses textos, a história turbulenta e dilacerada da Cristandade em que foram acolhidos, pensados, celebrados, traídos e retomados como fonte de luz, não fazem do Cristianismo uma religião do Livro como acontece, por exemplo, com o Islão.
Não pode haver culto da Sagrada Escritura. Sagrado é Aquele de quem elas testemunham, Aquele que se fez “carne”, isto é, fragilidade humana. O Verbo de Deus não se fez Livro.

O CALVÁRIO DO MUNDO E A SANTA ESPERANÇA

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

1. Pascal, um dos maiores matemáticos e cristãos de sempre, tinha prevenido nos Pensamentos: "Jesus estará em agonia até ao fim dos tempos. É preciso não dormir."
Na Paixão de Jesus, estamos todos, pois os figurantes são exactamente os mesmos: Judas que não percebeu Jesus (esperava um messianismo de poder político) e o entregou; os sacerdotes do Templo, Herodes, Pilatos, que o condenaram à morte e morte de cruz; Pedro, o homem generoso, mas que, por cobardia, o negou; os discípulos que, apavorados, fugiram; os soldados que o torturaram, cumprindo ordens; o Cireneu que, embora um pouco forçado, o ajudou; os dois, talvez "terroristas", que o ladearam na cruz: um continuou a blasfemar, o outro compreendeu e Jesus prometeu-lhe o Paraíso com ele naquele próprio dia; o centurião reconheceu:"Verdadeiramente este homem era Filho de Deus"; as mulheres nunca o abandonaram e ali estiveram em pé. E Jesus, que, no Getsêmani sentiu pavor e pediu, em lágrimas e suando sangue, a Deus, seu Pai, que, se fosse possível, o libertasse daquele horror, talvez, transportando a cruz, o tenha assaltado a dúvida: valeu a pena?; morreu, perdoando a todos; sentindo-se abandonado e só, gritou aquela oração que ecoa através dos séculos: "Meu Deus, meu Deus, porque é que me abandonaste?", mas continuando a confiar: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito".

A HUMANIDADE RESSUSCITARÁ PARA UM ESTILO DE VIDA RENOVADOR

O grupo com a Cruz que nos visitou em 2017 (foto dos meus arquivos)

Neste Domingo de Páscoa, que hoje se celebra no recolhimento interior e no confinamento por força do COVID-19, levantei-me mais cedo. Quis aproveitar o dia todo para o saborear em plenitude, evocando pessoas, familiares e não só, que foram e ainda são, algumas, companheiras de jornada, nos caminhos de oito décadas. Como num filme a cores, ouço as suas vozes e os seus cantares, recordo conversas com histórias que perduram na minha já cansada memória e revivo tradições que se foram alterando no tempo até caírem em desuso. 
No Domingo de Páscoa, logo de manhã, era preciso assinalar que em nossa casa morava gente cristã do rito católico à espera da visita pascal. Uns verdes na porta de entrada que dá para a rua assinalava o desejo de receber a Cruz com o Cristo enfeitado com flores. Já não era o Cristo do Calvário. A Ressurreição, que a Páscoa celebra festivamente, era sinal de alegria e de fé para quem acredita que o Mestre se tornara no Salvador. Este ano, porém, o coronavírus veio ditar leis impensáveis há umas semanas. A visita das Boas Festas anunciadas pela campainha não terá lugar. As famílias não se reúnem, as inquietações abafam convívios tão enriquecedores, os temores fecham portas à alegria, os afilhados não podem visitar os padrinhos, o almoço festivo passa a almoço sem risos e sem expressão. Nuvens negras ameaçam o futuro de todos. Resta-nos a certeza de que a humanidade ressuscitará para um estilo de vida renovador. 

Fernando Martins

sábado, 11 de abril de 2020

QUEM FOI O PINTOR QUE TAIS TINTAS USOU?


Quem foi o pintor que tais tintas usou? E quem o inspirou? A natureza fez tudo.

COM JESUS RESSUSCITADO, VENCER AS SITUAÇÕES DE MORTE

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo da Páscoa

"A Páscoa de Jesus, afirma o bispo de Aveiro, é uma ocasião propícia para pensarmos a sociedade e a nossa vida cristã de uma forma diferente"

A manhã de Páscoa desperta serena com Madalena agitada a correr para o túmulo de Jesus. Era ainda escuro. Mas já raiava o clarão da aurora que se avizinha. Corre para sintonizar com o ritmo do seu coração, com o desejo de prestar os últimos cuidados ao cadáver de Jesus, com a vontade de certificar mais uma vez o sucedido, com o “pressentimento” de que algo de novo pode acontecer, pois o amor é mais forte do que a morte. A saudade revela-se um bom caminho para o encontro da verdade. Jo 20, 1-9.
Chegada ao local, depara-se com o sepulcro vazio e tudo arrumado “a preceito”. Pelo seu espírito perpassa a certeza afirmada: Levaram o Senhor e não sabemos onde O puseram, certeza que transmite a Simão Pedro e ao discípulo amado. Estes partem imediatamente para confirmar a notícia, seguindo cada um a cadência do seu passo. Chegam, aproximam-se, observam, entram no sepulcro e vêem que a realidade condizia com o que lhes havia dito Maria Madalena.

A UM CRUCIFIXO

Cristo que muda de expressão (Museu de Aveiro)
1

Abençoada a morte que sofreste...

Mil vezes santo, Jesus.
o peso da Tua cruz
e santa a esponja de fel
que Te chegaram aos lábios...
E os pregos que Te pregaram as carnes...
Ah!, que eu bendiga todos os insultos,
todas as troças e todas
as pedradas...

Como saber de Deus e amá-Lo, sem ter visto
esse olhar de piedade e de perdão
por tudo que Te fizeram?

2

Em que sítio, em que tempo,
tive eu assim um Irmão
Que olhava assim como Tu?

Mas em que longe,
em que tão longe dia.
que, se não fosse agora o Teu olhar
a despertar
minha memória adormecida,
nunca mais me lembraria
de que tivera um Irmão?

         -  Abençoada vida,
          abençoada a morte que sofreste...


Sebastião da Gama
in “Serra-Mãe”
Poemas

sexta-feira, 10 de abril de 2020

NÃO É NADA FÁCIL O MOMENTO QUE ESTAMOS A VIVER

Não é nada fácil o momento que estamos a viver. Não tanto pelo isolamento que nos foi imposto, mas pelas incertezas que pairam sobre nós. Sabemos como tudo começou, mas nada sabemos sobre o fim do pesadelo. 
Já disse por aqui que até gosto de silêncios, de refúgios e de alguma solidão, desde que me não sejam impostos. A liberdade de ser e estar, de poder escolher e decidir, de ficar isolado e de sair faz parte da minha real independência. Nunca gostei de ser agrilhoado, dependente, menorizado. Contudo, nesta altura da pandemia sinto-me triste por não vislumbrar no horizonte saída para este estado de alma. 
Leio e ouço pregar que depois deste pico nas curvas incertas dos atingidos pelo COVID-19, provavelmente ou garantidamente, como já ouvimos, outras se seguirão sem datas marcadas. E o medo que nos assalta a toda a hora, com notícias de terror, qual filme macabro para apreciadores, não deixam dúvidas de que a pandemia está para durar. 
Para já, prometo que tenciono reduzir ao mínimo a informação sobre a guerra provocada por um vírus mais poderoso que todas as bombas atómicas e outras que a humanidade já sofreu. 

Fernando Martins

quinta-feira, 9 de abril de 2020

PAPA ELOGIA PROXIMIDADE SACERDOTAL

Papa Francisco na Missa da Ceia do Senhor
Participei hoje, em espírito, via televisão, à Missa da Ceia do Senhor, presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, sem a participação do povo. As imposições do COVID-19 determinaram que assim fosse, mas não quebraram o simbolismo da cerimónia. Talvez por isso, até me senti mais concentrado, fixando a postura do Papa Francisco com muito respeito e grande admiração. 
Na homilia, proferida de improviso, o Santo Padre homenageou todos os sacerdotes que «ofereceram a vida pelo Senhor». «Nestes dias, morreram mais de 60 padres, na Itália, ao serviço dos doentes, nos hospitais», disse o Papa Francisco. 
O Santo Padre salientou a necessidade de estarmos mais atentos aos «santos da porta do lado», aos padres que «deram a vida» e aos médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, cuja entrega aos outros tem estado bem patente no contexto da pandemia devastadora, sem fim à vista. 
Depois de sublinhar que «todos somos pecadores», recordou os capelães prisionais, os missionários que morreram longe da sua pátria, os sacerdotes anónimos, os padres das aldeias, que «conhecem as pessoas» pelo nome, num elogio à «proximidade sacerdotal», que todos reconhecemos como fundamental nos tempos atuais.
Francisco recordou ainda os sacerdotes que são «caluniados», insultados na rua, por causa da crise dos abusos sexuais de menores; os padres que sofrem com alguma crise interior; os sacerdotes «pecadores», para que não se esqueçam de «pedir perdão».

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A BELEZA E O SEU CONTRÁRIO



Para a história do Moliceiro: A beleza do ex-líbris da ria e o seu contrário.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

A FÉ NÃO É COISA ADQUIRIDA

“Muitas vezes pensamos que a fé é uma coisa adquirida, uma espécie de assentimento da alma que permanece intocado, sem variações, ou então que é um bem que nos foi transmitido e que transmitiremos a outros ou então é um elemento de cultura que nós herdamos, como se a fé nunca atravessasse o drama, como se a fé não fosse o que ela é: um palco onde, no estremecimento, o sim ou o não se decidem, o seguimento ou a recusa de Jesus podem e estão sempre a acontecer” 

Cardeal  José Tolentino

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terça-feira, 7 de abril de 2020

ESTOU EM DIA NÃO...


Estou em dia não. Deduzo isso pela falta de vontade de fazer seja o que for. Também ainda não consegui ler nada de jeito. Muito menos escrever e falar. Há dias assim... e o coronavírus nada tem a ver com isto. Se fosse supersticioso, diria que adivinho coisa ruim. Como não sou, admito um certo cansaço. 
Teimando comigo, insisto em escrevinhar estas linhas para demonstrar a mim mesmo, se é que tal é preciso, que a nossa força de vontade tem de superar sempre alguma tendência para o nada fazer. Se pudesse, faria como o cidadão da foto. Fica para outro dia.
Boa preparação para a Semana Santa. 

F. M. 

JUNTOS PODEMOS FAZER GRANDES COISAS


«Eu posso fazer coisas que tu não podes, tu podes fazer coisas que eu não posso; juntos podemos fazer grandes coisas.» 

Madre Teresa de Calcutá 
(1910-1997), religiosa 

In Escrito na Pedra do PÚBLICO de hoje

segunda-feira, 6 de abril de 2020

FAROL DEBAIXO DO GUARDA-CHUVA...


Sem contar, fotografei o nosso Farol e por pouco não o abriguei da chuva que caía. Fica para a próxima...

O TEMPO QUE AÍ ESTÁ!



O tempo que aí está! Chuva e frio em plena Primavera. Triste como o Inverno rigoroso que não queremos aceitar. É como a tristeza da Semana Santa que nos abre as portas à alegria da ressurreição. Ressurreição que é vida renovada na fé dos crentes e na natureza que floresce para frutificar nas épocas próprias.
Boa Semana Santa para todos.

domingo, 5 de abril de 2020

TECER REDES DE ESPERANÇA

Crónica de Bento Domingues 


«A morte não podia ser a última palavra porque, na sua morte, Jesus deu futuro àqueles que o matavam.»

1. Li comovido e meditei a homilia do Papa Francisco, do dia 27 de Março, na praça vazia de S. Pedro, cheia do mundo inteiro. Dou graças a Deus pela presença activa desta voz que congrega as energias de todas as pessoas que tecem redes de esperança, neste tempo ferido de guerras, fomes, exclusões e agora pelo devastador covid-19.
Essa voz de um corpo fragilizado reúne, no mesmo cuidado, os povos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, crentes e não crentes, a começar pelos mais pobres, doentes e desprotegidos, acompanhados pelas pessoas que arriscam a própria vida para não deixarem esse vasto mundo sem protecção e consolo.
São estas pessoas que estão a incarnar, de forma heróica, nestes meses de Março e Abril – e não sabemos por quanto tempo ainda serão indispensáveis – a ética samaritana a que me referi nesta coluna [1].
Esta pandemia está a precisar de muitas redes de cirineus que ajudem a levar a cruz das suas inumeráveis vítimas, agora e no futuro. Também elas precisam da manifestação da solidariedade agradecida de todos os cidadãos de alma magnânima.
Hoje, é Domingo sem Ramos das muitas comunidades cristãs de todos os continentes. Pode-se falar de Semana Santa por causa do infinito perdão pedido por Jesus Cristo, do alto da cruz, para todos os que colaboraram no seu assassinato legalizado com apoio popular. É uma celebração que nasce das narrativas do Novo Testamento, acerca das quais dispomos de excelente produção de crítica histórica, exegética, teológica e litúrgica, bastante ignorada [2].
Como escreveu Frederico Lourenço, na sua introdução aos Evangelhos, é provável que estes quatro textos nem merecessem, ao leitor culto da época, o alto estatuto de literatura. No entanto, estes textos conquistaram o mundo antigo, tanto grego como romano.

A SABEDORIA DE VIVER. 2

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias


Como prometido, dou continuidade à crónica da semana passada, com pensamentos, estórias, contos..., a partir das “sabedorias do mundo”. 
Atendendo à situação de confinamento em casa, resumo, numa segunda parte, dez conselhos do dominicano Frei Betto, que, durante a ditadura brasileira, esteve detido em celas de isolamento. 

I. A sabedoria de viver (continuação) 

4. Paciência inteligente 

4.1. “A paciência é um remédio universal para todos os males”. (Provérbio nigeriano). 
4.2. “Um adolescente japonês foi ter com um mestre de artes marciais e perguntou-lhe quanto tempo seria necessário para aprender esta arte. 
— ‘Dez anos’, disse-lhe o mestre. 
— ‘Dez anos? É demais. Nunca terei força para esperar!’. 
— ‘Então, vinte anos’, disse-lhe o mestre.” (Conto japonês). 
4.3. “Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora consagrava a sua vida a ensinar o budismo zen aos jovens. Apesar da sua idade, murmurava-se que era ainda capaz de enfrentar qualquer adversário. Um dia chegou um guerreiro conhecido pela sua total falta de escrúpulos. Era célebre pela sua técnica de provocação: esperava que o seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência rara para aproveitar-se dos erros cometidos, contra-atacava com a rapidez do raio. Este jovem e impaciente guerreiro nunca tinha perdido um combate. Como conhecia a reputação do samurai, tinha vindo para vencê-lo e aumentar a sua glória. 
Todos os estudantes se opunham a esta ideia, mas o velho mestre aceitou o desafio. Reuniram-se todos numa praça da cidade e o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre. Atirou-lhe pedras, cuspiu-lhe na cara, gritou dizendo todas as ofensas conhecidas, incluindo ofensas contra os seus antepassados. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. Ao cair da noite, esgotado e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

sábado, 4 de abril de 2020

ACHEI AS PÉROLAS QUE TINHA PERDIDO



Em 7 de maio de 2008, registei, no Forte da Barra, esta imagem que guardei num recanto qualquer dos meus caóticos arquivos. Não sei se a publiquei. Só sei que a perdi, mas dela me lembrei algumas vezes. Na hora do batismo dei-lhe o nome de pérolas, penso que com oportunidade. Hoje reencontrei-me com ela, partilhando-a agora com os meus amigos,  com desejos de uma Páscoa sem o bicho horrendo que dá pelo nome de COVID-19.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

PRÉMIO ÁRVORE DA VIDA PARA EDUARDO LOURENÇO

«O ensaísta Eduardo Lourenço foi distinguido com o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes 2020, atribuído pela Igreja católica, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, para destacar um percurso ou obra que, além de atingirem elevado nível de conhecimento ou criatividade estética, refletem o humanismo e a experiência cristã.
«Numa atenção compreensiva e crítica aos problemas culturais e sociais emergentes no mundo contemporâneo e numa renovadora mitografia do ser lusíada, desde há meio século Eduardo Lourenço constituiu-se no mais reputado pensador português da atualidade», destaca a justificação do júri, que atribuiu o Prémio por unanimidade (texto integral nos artigos relacionados).»

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RAMAL DO PORTO DE AVEIRO CELEBROU ANIVERSÁRIO


A institucionalização do Dia do Porto de Aveiro ocorreu a 3 de abril de 2006, data que evoca a abertura barra naquele dia e mês de 1808, graças ao saber e arte de Luís Gomes de Carvalho. Na altura, o acontecimento foi considerado por ele como o 2.º Dia da Criação, como se lê na carta que endereçou ao príncipe regente D. João, futuro rei D. João VI, que se encontrava no Brasil para aí manter as chaves do poder, ameaçadas pelos tropas napoleónicas. 
Desde então e até aos nossos dias, o Porto de Aveiro tem contribuído para o desenvolvimento da região e do país com projeção em vários quadrantes mundiais, movimentando mercadorias e apoiando pescas, com registos que não param de crescer. 
Presentemente, o Porto de Aveiro já ocupa um honroso 4.º lugar no ranking dos portos nacionais, depois de Lisboa, Leixões e Sines, sendo justo salientar que o nosso porto tem quatro grandes valências: Porto Comercial, Industrial, Pesca Costeira e Pesca Longínqua. 
No passado mês de março, no dia 27, cumpriram-se dez anos da inauguração do Ramal Ferroviário que nos liga à Europa, depois de um moroso processo de mais de três décadas que fez parte integrante do Plano Diretor de Desenvolvimento e Valorização do Porto e Ria de Aveiro, elaborado em 1974. 
A APA (Administração do Porto de Aveiro) refere, em nota alusiva à efeméride, que nesta década circularam pelo Ramal 6225 comboios, tendo chegado a atingir o valor de quatro composições diárias no período de um ano, o que equivale a uma cota modal de 30% para a exportação e 15% para o total do tráfego. Sublinha a mesma nota que a eletrificação do Ramal do Porto de Aveiro ficou concluído em 2015, o que permite a mudança para locomotivas elétricas, que potenciam o desempenho ambiental daquela via. 
Refere ainda que estimativas de meados de 2016 apontavam para perto 5900 veículos (50 por dia) e uma redução de cerca de 90% de CO2, tendo em conta o padrão de veículo normalmente utilizado para o trânsito de mercadorias em causa. 
É oportuno frisar que o Porto de Aveiro tem dialogado com autarquias e instituições voltadas para as questões ambientais, nomeadamente a ADIG (Associação para Defesa dos Interesses da Gafanha) e departamentos estatais, no sentido de preservar a qualidade do ar, no respeito pelas pessoas das freguesias vizinhas das áreas portuárias. 

Fernando Martins