Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO
Devemos reflectir sobre a prática actual da nomeação dos bispos e encontrar mecanismos, mais explicitamente sinodais, para incluir os fiéis nos processos de discernimento das nomeações episcopais
1. Quando se pede, a certas pessoas, uma informação ou uma opinião, a resposta é sempre a mesma: não sei nem quero saber e tenho raiva de quem sabe.
Se não fosse uma brincadeira, seria uma recusa definitiva de aprender. Quem nunca se engana pode repousar, para sempre, na sua ignorância. Sente-se dispensado de investigar, de estudar e também dispensa assessores. Ficará sempre infalivelmente ignorante.
Quando, no Vaticano I (1870), foi definida a chamada infalibilidade papal, para muitas pessoas, isto equivalia a dizer: sabe tudo e não precisa de aprender, de investigar e, como é crente, pensa que o Espírito Santo o defenderá de todo o erro. Alguém reagiu que, com tanta infalibilidade, já não seria preciso reunir mais concílios ecuménicos. As bibliotecas podiam ser queimadas e encerrar, definitivamente, todas as faculdades de teologia. Bastava uma central telefónica ligada à infalibilidade pontifícia.