no PÚBLICO
Não temos as férias que precisamos ou desejamos. São as possíveis e, muitas vezes, são impossíveis. São o reflexo de uma sociedade muito desigual e injusta.
1. Estamos em época de férias. O ser humano, para se respeitar a si próprio, tem de satisfazer várias dimensões da sua vida. O descanso, as férias, segundo as diferentes culturas, lembram que o ser humano não é só para trabalhar.
Não temos as férias que precisamos ou desejamos. São as possíveis e, muitas vezes, são impossíveis. Dependem de muitos factores: da idade, da saúde, da profissão, da capacidade económica, etc. A fragilidade das férias depende da fragilidade das pessoas, das situações e das instituições. À partida, são o reflexo de uma sociedade muito desigual e injusta. O direito a férias não as pode garantir.
Na aldeia em que nasci, ninguém sabia o que eram férias. Eram sobretudo as festas religiosas, muito frequentes a partir de Maio, que interrompiam a dureza do trabalho e incentivavam as expressões da cultura popular. É verdade que, semana a semana, o Domingo marcava o ritmo do tempo, chovesse ou desse sol. Nesse dia e nos dias “santos de guarda”, o trabalho era obrigatoriamente suspenso.