domingo, 11 de julho de 2021

O PROFETA - Do casamento


Então Al-Mitra falou de novo e disse:
E a propósito do casamento, Mestre?
E ele respondeu:
Nascestes juntos e juntos permanecereis para sempre.
Juntos estareis quando as brancas asas da morte tiverem despedaçado os vossos dias.
Sim, juntos estareis mesmo na memória silenciosa de Deus.
Mas que na vossa união haja espaços.
E deixai, entre vós, dançar os ventos dos céus.

Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão: 
Que seja antes um mar em movimento entre as margens das vossas almas.
Que um encha a taça taça do outro, mas sem beber pela mesma taça.
Dai um ao outro o vosso pão, mas sem comer o mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos e alegrai-vos, mas que cada um de vós seja um, 
como as cordas de uma lira que, embora isoladas vibram ao som de uma  mesma melodia.

Entregai os vossos corações, mas sem que um se feche sobre o outro.
Pois só a mão da Vida pode conter os vossos corações.
E mantendo-vos juntos, mas não demasiado perto um do outro:
Pois os pilares do templo elevam-se à distância, 
e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.

Em “O Profeta” de Khalil Gibran

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