domingo, 26 de maio de 2024

COLHEITA DE SANGUE - 1 de Junho de 2024

 

Dois Estados. E Jerusalém?

Creónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Segundo as Nações Unidas neste ano de 2024 há - imagine-se! - 64 conflitos armados no mundo É o horror, pura e simplesmente.
A opinião pública estará sobretudo voltada para os conflitos na Ucrânia e em Gaza. Deixo aí, com repetições, uma breve reflexão concentrada no confronto entre palestinianos e judeus, pois está a ser objecto da atenção pública, também por causa das intervenções recentes do Papa Francisco, em Verona, e do bispo José Ornelas em Fátima. Sem esquecer, evidentemente, que o ataque terrorista do Hamas no passado dia 7 de Outubro é pura e simplesmente inqualificável. Não há realmente palavras para aquele horror monstruoso.

sábado, 25 de maio de 2024

Emigrante na Austrália

Maria Aldina Santos 
- Não ter saudades é não se sentir português

Maria Aldina com seu marido

Numa entrevista à distância, via e-mail, “conversámos” com a nossa conterrânea emigrante, Maria Aldina de Oliveira Marçal Santos, radicada na Austrália. É assinante do nosso Timoneiro e sente, inevitavelmente, saudades dos seus familiares e amigos, residentes entre nós.
A Maria Aldina nasceu na Cale da Vila e é filha de Laurinda de Oliveira e de João Maria Marçal. Conheceu o seu futuro marido, Pedro Santos, quando ele, emigrante na África do Sul, veio a Portugal em 1971. Naquele país permaneceu até 1979. Depois surgiu a oportunidade da Austrália, onde reside com a família e amigos.
Como era a filha mais nova, nunca exerceu na Gafanha qualquer profissão porque “tinha de ajudar em casa" onde tirou “vários diplomas”. Na África do Sul trabalhou “num atelier de costura” e na Austrália “na Indústria hoteleira”. Presentemente está reformada.
Naquele país, a Aldina está integrada na Paróquia de Santa Teresa, participando nos eventos sociais e religiosos. Tem dois filhos, Pedro João, nascido na África, e Belinda, na Austrália. Sente-se orgulhosa dos seus filhos que frequentaram escolas onde se ensinava a Língua Portuguesa.
A nossa entrevistada sublinhou que sempre procuraram envolver-se em organizações de divulgação da cultura portuguesa, nomeadamente, no Rancho Folclórico Aldeias de Portugal, no Clube Português de Sydney e no Museu Etnográfico, entre outros. Ainda participa em eventos comunitários, apresentando comida e artes da nossa região.
A Aldina tem saudades de Portugal; “Não ter saudades é não se sentir português”, disse. E adiantou: “Sempre que nos é possível, viajamos para Portugal, porque é na Gafanha da Nazaré que “temos o nosso ninho, onde recebemos os amigos de várias partes do mundo”.
Maria Aldina recorda a sua experiência de emigrante: “Sair da casa dos pais aos 19 anos para encarar nova vida, conhecer novas culturas, aprender nova Língua, tudo para se poder defender dos desafios que aparecem, é muito difícil.” E ainda lembrou que é realmente importante o “safe-se como puder”.

Fernando Martins

Nota:Entrevista publicada no Timoneiro de Maio.

A NATUREZA QUE ME ENVOLVE

 Todos sabemos que a beleza da Natureza nos eleva o astral. Foi o que senti hoje, quando, um tanto ou quanto abúlico, passeei pelo nosso quintal, à procura da estabilidade mental, mas não só. Foi por ali que acordei para a dinâmica do dia a dia com mais vida. 
Apreciei o ambiente, senti o odor das plantas e suas flores e confirmei que vamos ter mais fruta nas épocas próprias. Depois, fotografei o que achei mais expressivo e regressei à comodidade dos meus aposentos para partilhar otimismo.
Bom fim de semana para todos.

Liberdade de expressão

"Se a liberdade de expressão consiste em pronunciar as frases aceites e os conceitos admitidos não há liberdade. Temos eventualmente um belo coro, mas liberdade, não."

António Barreto,
no PÚBLICO de hoje

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Passagem por Estrasburgo - Visita de Jornalistas



Não tendo sido muito viajado, tive o privilégio, há anos, de integrar uma delegação de jornalistas portugueses ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Um Postal Ilustrado, encontrado numa caixa, lembra o facto. Hoje, a visita estaria guardada num PC, Pen, Blogue ou noutro registo qualquer, porventura mais acessível.
A viagem foi normal e as paragens muitas, que os jornalistas são curiosos. Mas hoje fico apenas pelo Postal Ilustrado que mostra a imponente Catedral com torre de 142 metros de altura, mais de dois faróis de Aveiro.

Nota: A torre foi o ponto mais alto do mundo de 1625 a 1874.

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Diáconos Permanentes ordenados há 36 anos

Há 36 anos, na Sé de Aveiro, foram ordenados os primeiros Diáconos Permanentes da nossa Diocese, em cerimónia presidida por D. António Marcelino.
Na altura, foi editado o cartão que ilustra esta página, elaborado por Jeremias Bandarra, um amigo sempre disponível para colaborar com a Igreja Aveirense, e não só.
Alguns já partiram para o regaço maternal de Deus. Vivos e atuantes, cada um com as forças possíveis, restam: Afonso Henrique Campos Oliveira, Luís Gonalves Nunes Pelicano, José Joaquim Pedroso Simões e eu próprio, Manuel Fernando da Rocha Martins.

terça-feira, 21 de maio de 2024

Dia Internacional do Chá

O chá é uma bebida deliciosa marcada pelos mais diversos sabores. Para além dos convívios que pode proporcionar, à volta de uma mesa, com amigos e conhecidos, o chá faz bem à saúde. Há chás para tudo. Por mim falo: quando estou com azia, tomo chá e de imediato fico bem disposto.  
Todos sabemos que entre nós o chá já foi substituído pelo café, mas estou em crer que haverá, entre senhoras mais idosas, o hábito do chá a meio da tarde, tendo por companhia um docinho caseiro.
A data foi comemorada oficialmente pela primeira vez em 2005, em Deli, na Índia, e desde então foi ganhando relevo a nível mundial. E entre nós? Temos de pensar nisso.
Bom apetite.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Um conto de vez em quando



Não te esqueças do que estás para dizer…

Vi hoje o Jerónimo. Já não o via há muito. Estava à mesa do café a dormitar, como dormitam todos os velhos. Em qualquer sítio e a qualquer hora. Cá para mim, o Jerónimo estava a ensaiar mais uma das suas muitas histórias, para contar a quem se sentasse com ele à mesa do café.
O Jerónimo é um conversador nato. Basta uma palavra dita por um amigo, em qualquer circunstância, para logo ele disparar:
— Não te esqueças do que estás para dizer…
A partir daí, começava mais uma história de um rol enorme de recordações que não tinham fim. Mas as histórias saíam-lhe com graça. Uns esgares faciais, expressivos, e mãos que enriqueciam os pormenores davam-lhe uma dimensão única. Por vezes, os ouvintes, que outra coisa não podiam ser junto dele, ainda suportavam umas palmadinhas, mais ou menos agressivas, conforme a força das convicções do orador por vocação.
— Pois é, meu caro Jerónimo. Ontem encontrei um amigo que regressou da estranja…
— Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Aconteceu-me precisamente a mesma coisa. Um dia destes também dei de caras com o Xico, que não via há anos.

sábado, 18 de maio de 2024

O Diabo e o Pentecostes

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Volto ao tema, porque permanentemente a questão está aí nos meios de comunicação social e há quem me telefona a perguntar o que é que eu penso. Um dos casos mais recentes tem a ver com um homem que envenenou os pais (felizmente sobreviveram) a mando de uma bruxa que lhe disse que eles tinham o diabo no corpo e era preciso matá-lo. Claro, o homem sofre de problemas psiquiátricos… E lá vêm os rituais satânicos... Depois, perante a tragédia do nosso mundo hoje, com horrores sem conta e à beira do abismo, ouvimos: “Isto é o diabo, um inferno...”.
O Papa Francisco refere-se-lhe com frequência, para que as pessoas estejam atentas e evitem o que é obra do Maligno: o mal, o ódio, a guerra, as intrigas… O padre G. Amorth, falecido em 2016, exorcista na Diocese de Roma e fundador da Associação Internacional de Exorcistas, que fez milhares de exorcismos, chegou a dizer que ele andava à solta no Vaticano e denunciou seitas satânicas instaladas na Cúria e servidas por membros da Igreja, incluindo “monsenhores e até cardeais”. Ele lá saberia do que estava a falar!...

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Liberdade Religiosa no Mundo


 A que nível estamos da Liberdade Religiosa no Mundo? Excelente pergunta para todos refletirmos sobre o assunto. 

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Imagem da nossa Terra



Gosto de passar por ali. De um lado o largo 31 de Agosto, do outro a Fábrica das Ideias.É, realmentente, uma importante centralidade da Gafanha da Nazaré.

A pergunta por Deus: uma questão infinita

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias


Tem-se frequentemente a ideia de que, à partida, o ateu, quando nega a existência de Deus ou quando afirma que, com a morte, acaba tudo, tem do seu lado a razão, ficando o crente sob a suspeita de não-racional, de tal modo que é a ele apenas que compete ter de apresentar razões da sua fé
Ora, as coisas não são assim, de modo nenhum. Por paradoxal que pareça, também o ateu assenta a sua negação da existência de Deus ou da vida depois da morte num acto de fé, melhor, numa crença. “Em qualquer das suas formas, o ateísmo é uma crença e não uma evidência, escreveu o filósofo Pedro Laín Entralgo, um ‘creio que Deus não existe’ e não um ‘sei que Deus não existe’.”

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Contos e outras histórias de Fernanda Reigota

Para surpresa minha, encontrei ontem, na Livraria Leya do Centro Comercial Glicínias, um livro em exposição — OS PÁSSAROS QUE ME HABITAM — de Fernanda Reigota, que adquiri de imediato. Conheço  a autora há bons anos e tenho apreciado a sua cultura e labor profissional.   Em casa iniciei a leitura. Do livro falarei mais tarde.

Apresso-me a noticiar a publicação desta obra de Contos e Outras Histórias para anunciar que o lançamento do livro será na referida livraria, no próximo dia 11 de Maio, pelas 17 horas.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Grafites com arte

 

Quando passar pelo largo 31 de Agosto, junto à igreja matriz da Gafanha da Nazaré, não deixe de apreciar esta ilustração. Há grafites com arte.

domingo, 5 de maio de 2024

Dia da Mãe - Recordações

Celebra-se hoje, 5 de Maio, o Dia da Mãe. Como um filme, vejo a minha mãe, Rosa da Rocha, como sempre a conheci. Mulher determinada, trabalhadora e poupada. Governava a casa com determinação, sem mexer no dinheiro que o pai ganhava no mar alto da Terra Nova e da Goenlândia.

Era conhecida por Rosita Facica, talvez por ser de estatura mediana. Crente, herança que herdei. Era muito de dar conselhos, por vezes ao jeito de sermões. Todos os domingos me levava à Igreja Matriz da nossa paróquia, Gafanha da Nazaré. Sentado no chão, lá ia  ouvindo o latim do nosso prior e os cânticos do povo. Já agora, recordo que no corpo da igreja ficavam as mulheres. Os homem na parte de traz e nas laterais. Havia uns bancos nessas zonas. Um lavrador muito respeitado, João Catraio,  tinha uma cadeira especial que dava para se sentar ou ajoelhar.

Além do amor ao trabalho e às tarefas do dia a dia, da minha mãe herdei ainda o gosto pela verdade, pela humildade, pela poupança, pela atenção aos mais pobres, pelo respeito por nós próprios e pelos demais, pela honradez sem hesitar.

Fernando Martins

Para mais tarde recordar


 
Daqui a uns tempos haverá outras formas, porventura ainda por descobrir, que nos permitam recordar o passado. Por enquando, os blogues talvez sirvam para mais tarde evocarmos pessoas, usos e costumes, modas e tradições.
Hoje, por exemplo, dediquei algum tempo às fotografias com mais de 60/70 anos. E a Lita lá está a apreciar um canário ou outro passarinho qualquer numa  gaiola.

A questão do Homem: a questão de Deus

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Ainda ecoa aquela proclamação que Nietzsche em A Gaia Ciência (1882) colocou na boca de um louco: “Deus morreu! Deus está morto!” Desde então o mundo não é o mesmo. É certo que para Nietzsche Deus tinha de morrer, pois o que a religião proclamava é contra a vida, de tal modo que, com a proclamação da morte de Deus, é o mar infindo das novas possibilidades do sim à vida que se abre. No entanto, à morte de Deus não se seguiria a morte do Homem e do sentido último de toda a realidade?
Segundo as análises de Gilles Lipovetsky, “Deus morreu, as grandes finalidades extinguem-se, mas toda a gente se está a lixar para isso. O vazio do sentido, as derrocadas dos ideais não levaram, como se poderia esperar, a mais angústia, a mais absurdo, a mais pessimismo”: isto escreveu ele em A era do vazio - presentemente, parece que já não pensa exactamente da mesma maneira.
De qualquer forma, os espíritos mais atentos julgam que é necessário dar antes razão a L. Kolakowski, o filósofo polaco agnóstico, já falecido, quando afirmou que, desde a proclamação da morte de Deus por Nietzsche, nunca mais houve ateus serenos: “Com a segurança da fé desfez-se também a segurança da incredulidade.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

O deus Twasti criou a mulher...

Foto Google


Twasti – o deus – tomou a forma redonda da lua e as curvas das trepadeiras
e o enroscar-se entre si dos vimes do bosque
e o tremor da erva
e a esbeltez da cana de bambu
e as flores
e a delicadeza das folhas
e o olhar do veadinho
e o rodopiar das abelhas
e a alegria risonha dos raios do sol
e o sonho inconsolado das nuvens
e o oscilar suave do vento
e a timidez da lebre
e a frivolidade do pavão real
e a suavidade da asa do papagaio
e a dureza do diamante
e a doçura do mel
e a crueldade do tigre
e a luminosidade confortável do fogo
e o frio da neve
e o palrar da gralha
e o arrulhar da pomba
e a adulação dos cisnes.
E juntando tudo isto criou a mulher e apresentou-a ao homem.

Nota: Poema hindu. Li em Estudos Teológicos

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Dia Mundial da Dança


"A dança consegue revelar tudo o que a música esconde misteriosamente, tendo mais mérito de ser humana e palpável. A dança é poesia com braços e pernas, é a matéria, graciosa e terrível, animada, embelezada pelo movimento".

Charles Baudelaire

Funeral Marítimo


«Foi no “Santa Mafalda”. O homem apareceu morto de manhã, no beliche: Doença súbita.
O navio estava no alto mar, a mais de vinte e quatro horas de navegação para terra: era pois indicado preparar-lhe um funeral marítimo.
Assim, o cadáver foi envolto em serapilheiras e ligado com ferro, como manda a lei. Depois colocaram-no sobre um estrado, improvisado no meio do convés.
Pesarosos e confusos, os homens da companha, todos presentes, olhavam o camarada morto…
Só a liberdade bulhenta e garrida das gaivotas rasgava, com roucos gritos quase ferozes, o silêncio total a lívido.
Na ponte, o capitão leu e fez assinar por oficiais e mestres o “o protesto do mar”.
Finalmente, quem sabia ou sentia rezou pela salvação daquela alma.»

In Nos Mares do Fim do Mundo

de Bernardo Santareno

Notas: 
1- Penso que a pesca do bacalhau estará  mais humanizada;
2 - De qualquer modo, é sempre oportuno lenbrar as agruras sentidas pelos  nossos conterrêneos, mas não só, na pesca do fiel amigo.

AVEIRO - Encerramento Ano Jubilar

 


Declaração sobre a dignidade humana. 2

Crónica de  Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Como vimos, segundo Dignitas infinita (Dignidade infinita), Declaração aprovada pelo Papa Francisco, a dignidade humana é "ontológica", inalienável.
Infelizmente, essa dignidade nem sempre é respeitada. E o documento dá exemplos de "violações graves": "Tudo o que atenta contra a própria vida, como todo o tipo de homicídio, o genocídio, o aborto, a eutanásia e o próprio suicídio deliberado", tudo o que atenta contra a integridade da pessoa, como as mutilações, as torturas infligidas ao corpo e ao espírito, as coações psicológicas, as condições de vida infra-humana, as detenções arbitrárias, a deportação, a escravatura, a prostituição, "as condições laborais ignominiosas, nas quais os trabalhadores são tratados como meros instrumentos de lucro, e não como pessoas livres e responsáveis.", a pena de morte aqui, não posso deixar de lamentar que até muito recentemente o Catecismo da Igreja Católica a defendeu.

domingo, 28 de abril de 2024

A GAFANHA FOI À BULHA


A Gafanha foi à bulha
E a Barra foi acudir;
S. Jacinto teve medo,
Costa Nova pôs-se a rir...

Ó pinheirais da Ganfanha,
botai fora o nevoeiro;
quero ver o meu amor
que anda no largo de Aveiro

In Cancioneiro de Aveiro, João Sarabando; 1966

"Gafanha da  Nazaré"
Escola e comunidade numa sociedade em mudança

Jorge Carvalho Arroteia
Luís António Padal
Jorge Adelino Costa
António Maria Martins
António Neto Mendes

sábado, 27 de abril de 2024

SONETOS - Camões


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Luís de Camões

NOTA: De "Os grandes livros portugueses" tentarei mostrar retalhos de vez em quando.

Depois da Festa - A vida continua

Festa na Gafanha da Nazaré

Depois da Festa, a vida continua. A Festa foi digna da efeméride que os portugueses celebraram com brio. Todos sentimos, porém, que a Abril, sinónimo de liberdade e de democracia, não é estável. É caminhada com rumo, mas sem fim à vista. O rumo está na felicidade que almejamos para TODOS.
Bom fim de semana.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

25 DE ABRIL - A FESTA VOLTOU À RUA


Ontem, celebrámos o quinquagésimo aniversário do 25 de Abril como se fosse o Dia da Revolução. Diversas estruturas nacionais deram o seu melhor, mas o povo, tal como há 50 anos, mostrou à evidência que é quem mais ordena. Porque, meus amigos, se o povo se refugiasse na sua comodidade a festa não teria sentido. Palmas para todos os que conseguiram manter viva a chama da alma da Pátria, sustentada pela liberdada, pela democracia e pelo progesso. Tão protegida que se reacendeu com colorido e calor fraterno meio século depois.
Os cravos repartidos de mãos em mãos, as memórias frescas e genuínas dos amantes da liberdade, as canções e as vozes dos poetas que souberam refletir os apelos de paz, de democracia e de fraternidade sonhados durante décadas, voltaram a encher as nossas almas. Tudo isto aconteceu no 25 de Abril de 1974 e se repetiu ontem um pouco por todo o país e no coração de amantes da paz, da justica social, da democracia e do progresso sustentado.
Urge dar as mãos aos sem-abrigo e sem-pão para poderem suportar a caminhada da vida, em liberdade e paz. 
Viva o 25 de Abril!

Fernando Martins

quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 de Abril - Um poema Sofia

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
0 dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sofia Mello Breyner

Onde estava eu no 25 de Abril?



Manhã cedo, saio de casa rumo a Sever do Vouga. Rádio ligado era o meu companheiro de viagens. Uma boa forma para estar atento ao mundo. Estranhamente, enquanto metia gasolina na Cale da Vila, Gafanha da Nazaré, ouvi uma notícia que recomendava que nos mantivéssemos por casa. Havia problemas em Lisboa com militares. Uma professora de Ílhavo, que lecionava na Gafanha da Nazaré, estava a abastecer o seu carro, no sentido contrário ao meu. E dei-lhe a notícia que ouvira. — Não sei de nada… Eu vou para a escola. E foi.
Eu segui para Sever do Vouga. O que lá fiz está nos meus blogues. Pode ler, por exemplo, aqui.

O 25 de Abril foi, sem dúvida, o mais marcante acontecimento histórico da nossa  geração, mas não só. A criação de novas mentalidades, as transformações profundas a todos os níveis, a tomada de consciência dos direitos e deveres individuais e coletivos, bem como as aprendizagens do viver democrático surgiram aí.

Hoje, cinquenta anos passados, devemos à revolução dos cravos a consciência de que a marcha da história continuará a iluminar os nossos horizontes até desaparecerem as fomes, os sem-abrigo, os explorados e os perseguidos.


terça-feira, 23 de abril de 2024

Na casa de Afonso Lopes Vieira


Sempre gostei de visitar museus e outros espaços de arte. Passei umas três vezes pela Casa Museu Afonso Lopes Vieira, situada na Praia de São Pedro de Moel, onde registei alumas fotografias. Uma delas aqui exibo para matar saudades.

Dia Mundial do Livro

 


Grandes livros portugueses

Os Lusíadas – Luís de Camões
Os Maias – Eça de Queirós
Amor de Perdição – Camilo Castelo Branco
Mensagem – Fernando Pessoa
Auto da Barca do Inferno – Gil Vicente
Memorial do Convento – José Saramago
Sermão de St. António aos Peixes – Padre António Vieira
Peregrinação – Fernão Mendes Pinto
As Pupilas do Senhor Reitor – Júlio Dinis
Bichos – Miguel Torga
Viagens na Minha Terra – Almeida Garrett
Aparição – Vergílio Ferreira
Rimas – Bocage
O Livro de Cesário Verde – Cesário Verde
Clepsidra – Camilo Pessanha
Gaibéus – Alves Redol
Balada da Praia dos Cães – José Cardoso Pires
Mau Tempo No Canal – Vitorino Nemésio
As Mãos e os Frutos – Eugénio de Andrade
A Sibila – Augustina Bessa-Luís
Pena Capital – Mário Cesariny
O Medo – Al Berto
A Colher na Boca – Herberto Helder
Felizmente Há Luar! – Luís de Sttau Monteiro
Sinais de Fogo – Jorge de Sena
Charneca em Flor – Florbela Espanca
Poesia – Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 22 de abril de 2024

DIA DA TERRA

 



O Dia da Terra,  que hoje celebramos, é um alerta para os nossos comportamentos, face às obrigações que temos para quem tudo nos dá.  O ar que  respiramos, a água que bebemos  e o pão que comemos deviam levar-nos a refletir sobre os nossos comportamentos agressivos. 

Um dos meus prazeres é apreciar a natureza  na sua pureza virgem. Como o Caramulo que aqui deixo como desafio  aos meus amigos leitores,   para que o visitem.

Conduz-nos, Deus

"Conduz-nos, Deus,
de questão em questão,
de fogo em fogo,
sem satisfações que ao tempo bastem
e a nós assombrem

que passemos da catalogação
do que julgamos conhecer
ao poço dos enigmas infindáveis
onde o rosto é para sempre fundo,
desmentido, diferido

não nos mure a estrutura em espelho
que escamoteia a procura da verdade,
mas que o dom da tua palavra nos visite
como o cantar do galo,
a lembrar o dia novo,
o perdão e a graça."

José Augusto Mourão,

O Nome e a Forma,
Pedra Angular

domingo, 21 de abril de 2024

Flores do nosso jardim

 

Quando cirando à volta da nossa casa não resisto aos desafios que a natureza me lança. Hoje não pude passar indiferente à beleza das flores.


Ler faz bem

Frequentemente aparecem por aqui uns papéis publicitários com dizeres interessantes. O que tenho à mão diz uma coisa óbvia: "Ler faz bem". Pois é verdade, mas ainda há quem nunca tenha lido um livro. E diz mais: "Ler é sonhar pela mão de outrem", conforme sublinha Fernando Pessoa. E Voltaire garante que "A leitura engrandece a alma".
Querem um conselho? Aqui vai: Comecem a ler um livro que tenham por aí esquecido em qualquer canto. Bom domingo.

Declaração sobre a dignidade humana. 1

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

No passado dia 8, o Vaticano publicou, com a aprovação do Papa Francisco, a Declaração Dignitas infinita (Dignidade infinita), um documento elaborado ao longo de 8 anos pelo Dicastério da Doutrina da Fé, presidido desde 2023 pelo teólogo argentino cardeal Victor Manuel Fernández. Nela, que lembra que este ano se celebram os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde a palavra dignidade aparece cinco vezes e é declarada como “intrínseca a todos os membros da família humana” e que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, tudo gira, como diz o título - Dignidade infinita - à volta da dignidade humana, “uma questão central no pensamento cristão”, como sublinhou o prefeito do Dicastério. De facto, o que é o Evangelho senão uma notícia boa e felicitante: Deus é bom, Pai e Mãe, tendo todos os homens e mulheres a dignidade soberana de filhos de Deus?

“Fenómenos de ausência de liberdade”

Razões, esperança, sonho para 
«os próximos 50 anos de democracia em Portugal»




«Juntos, construímos os próximos 50 anos de Democracia e Liberdade». Hoje, domingo, é o primeiro dia da semana que nos leva até aos primeiros 50 anos do 25 de abril de 1974.
“Apesar dos desafios da nossa época, 50 anos volvidos sobre o 25 de Abril, há razões para termos esperança e para sonharmos os próximos 50 anos de democracia em Portugal” - Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP)
Este organismo laical da Igreja Católica em Portugal alertou, numa nota, para a persistência de “fenómenos de ausência de liberdade”, como o aumento da intolerância.
“A sociedade portuguesa viveu grandes transformações positivas nos últimos 50 anos. Que este aniversário de abril nos reanime e comprometa na construção diária da liberdade que assenta na fraternidade, na justiça e na paz.”

NOTA: Ao abrir o PC, hoje de manhã, deparei com esta mensagem. 

sábado, 20 de abril de 2024

Lição para todos os dias


Todos sabemos que há pensamentos que são extraordinárias lições de vida. Quando procurava umas fotos nos meus desorganizados arquivos encontrei estas. Bom fim de semana.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Sara Raquel Reis da Silva - Um percurso académico notável

Sara Raquel nas provas de agregação perante o júri


Sara Raquel 
Não é todos os dias que sabemos de provas de agregação de conterrâneos nossos nas Universidades Portuguesas ou Estrangeiras, abarcando os mais diversos saberes. E quem gosta dos que mais alto conseguem subir, nas áreas académicas, mas não só, não pode ficar indiferente ao labor de Sara Reis da Silva, que há anos tem estudado e trabalhado na Universidade do Minho.
Sara Raquel Duarte Reis da Silva, cujo percurso de vida académica, em especial, tenho acompanhado com respeito e muita admiração, prestou provas de Agregação, que decorreram nos últimos dias de fevereiro, em Braga, sobre o Ramo do Conhecimento em Estudos da Criança, Especialidade de Infância, Desenvolvimento e Aprendizagem. E a Sara Raquel, como era de esperar, foi aprovada por unanimidade, podendo, a partir de agora, lecionar em qualquer universidade na qualidade de docente altamente qualificada.
As minhas felicitações trouxeram-me à memória os seus trabalhos académicos refletidos em publicações, que mostram à saciedade um esforço notável, não só de investigadora, mas também de divulgadora do que se diz e sabe sobre crianças, que necessitam de ser acompanhadas nos primeiros anos de vida, rumo a uma formação integral.

Celebrar a cidade sem esquecer o passado


A Gafanha da Nazaré é cidade há 23 anos. Não é número redondo, mas nem por isso deixará de ser celebrada a efeméride. Freguesia em 1910, Vila em 1969 e Cidade em 2001. Posto isto, com ou sem foguetes, as nossas autoridades e o povo não deixarão de respeitar a data.
É certo que as efeméridas devem ser honradas no dia a dia pelos nossos comportamentos cívicos entre outros gestos sociais. Quando nos comportamos dignamente estamos a celebrar a nossa terra e o nosso povo. Coisa simples, afinal.
Há anos, evoquei o espírito de entreajuda vivido no dia a dia, nas mais diversas tarefas. A luta pela sobrevivência a isso obrigava.
Podem ler aqui.

GAFANHA DA NAZARÉ - CIDADE HÁ 23 ANOS


 
FREGUESIA - 31 de Agosto de 1910

VILA - 29 de Outubro de 1969

CIDADE - 19 de Abril de 2001

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Versos de Vidal Oudinot: Caldeirada



CALDEIRADA

... ... ... ... ... ...
«– Disseram-me e eu creio ser verdade
Que tens um jeito para a caldeirada
Como ninguém e, como novidade,
Quem provar esse manjar de fada...»


«Ria-se, ria. Há-de lamber-lhe os dedos,
Há-de chorar por mais e não rirá...
«– Mas dize lá: como se faz...»
«Segredos!...
Muitos segredos qu'isso tem, verá...


«Vamos. No rio há pouco vento agora.
Eu levo o meu rapaz, e no moliço
Bota-se a rede e é só puxar p'ra fora
Qu'é pescaria que já dá p’ra isso.


*


«Chegamos. Eh! rapaz de mil diabos
Tu lança a rede. Eu desenrolo-a e marco.
Bonda, Manuel, aí. Agarra os cabos...
Lance o senhor a vara e empurre o barco...


«Salte p'ra terra. Anda rapaz! T’aquenha!
E agora é só puxar. Vamos depressa.
Traze a marmita, a bilha d'água, a lenha,
Essa pimenta e o sal que não te esqueça.


*


«– Ricas enguias! Que tainha boa!
Linda manhã com este sol de Maio!
«Eh! Manuel andas c'a tola à toa!
Olh'esse barco qu'anda à rola, raio...


«Acende o lume enquanto amanho o peixe.
Cruze o senhor as varas... Nessa cruz
Pendure essa marmita. Agora deixe...
Há-de fazer-se um jantarão de truz...


«É só temp'rá-Ia bem. Não ficam mal
Miga's de pão. É bom?»
– «Eu nem te conto!
Nunca, na vida, comi cousa igual!
Mais outra malga, meu Francisco...»
«– Pronto.»

Na revista Aveiro e o seu Distrito, n.º 21, junho de 1976

terça-feira, 16 de abril de 2024

D. João Evangelista e Mestre Mónica


«Parece-me que respiro melhor, quando vou à Gafanha benzer os barcos de Mestre Mónica. Mas não é só o ar da ria que tem o dom de nos abrir os pul­mões. É não sei que fulgor de abundância, de riqueza nacional, de vitorioso progresso que por ali passa e nos bate em cheio no peito. É um milagre de beleza que Mestre Mónica sabe extrair de troncos rudes, de matéria informe. 
Quando passam os carros a gemer sob o peso morto daqueles pinheiros, quem imagina a elegância e a majestade, a doçura e a força, a maravilha e a arte que dali vão sair? 
Vai, Ilhavense; vai, Santa Joana; vai, Santa Mafalda; vai, Avé-Maria, desce imponente a húmida calha, entra nas águas, encanta os mares, recolhe a presa, e depois, ao regresso, entra airosa na barra, ao som da orquestra, ao flutuar das bandeiras, à alegria das multidões!»

Aveiro, 5 de Abril de 1957.

JOÃO EVANGELISTA
Arcebispo-Bispo de Aveiro

NOTA: É sempre agradável ler a prosa poética  de D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro Bispo da restaurada Diocese de Aveiro.
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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Forte da Barra mais uma vez


 O Google - Fotos estilizou esta minha fotografia. Eles, entendidos nestas artes, lá sabem as razões.

Vamos aos cricos!

O "Vamos aos Cricos! - Festival Gastronómico de Produtos da Ria" - regressou aos restaurantes, petisqueiras e cafés do município de Ílhavo, até ao dia 1 de maio. Esta é mais uma aposta da Câmara de Ílhavo na promoção dos produtos da ria e da economia local.
Das águas da ria chega às mesas o crico (ou berbigão), o mexilhão, a navalha (longueirão ou lingueirão), a amêijoa, o choco e a ostra.

Saúde, medicina, salvação

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Os doentes estiveram entre as preocupações e cuidados maiores de Jesus. A saúde é, de facto, um bem precioso, mas só damos por isso, quando a perdemos.
A saúde tem um carácter pluridimensio- naJ. No sentido autenticamente humano inclui vários níveis:
a)a saúde somática: o bom estado físico, portanto, um organismo capaz de desempenhar normalmente as suas funções;
b)a saúde psíquica: autonomia mental para enfrentar as dificuldades do meio e capacidade para estabelecer relações gratificantes interpessoais e com o ambiente;
c)a saúde social: se não cuida do meio ambiente, da habitação, da alimentação, da harmonia social, da saúde pública, como salvaguardarão as pessoas a sua saúde?
d)a saúde ecológica: se o homem é solidário da biosfera em geral, a sua saúde dependerá da saúde ambiental: ar puro e não-contaminado, água limpa, ambiente belo, sem poluição sonora;

sábado, 13 de abril de 2024

Hoje, sim…. Está um dia lindo


Hoje, sim…. Está um dia lindo. Sol a brilhar e o vento ainda não chegou. Chama-se a isto um sábado a sério. O pessoal corre para as praias com água fresquinha, indiferente ao sol que queima. São os escaldões, mas tudo bem. E por enquanto as praias ainda são de borla. Aproveitar é agora, mesmo que não haja um metro quadrado por pessoa.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Uma história da Economia social

Este livro conta a história das organizações que deram origem ao conceito de «economia social»: das corporações medievais às misericórdias, das organizações mutualistas às cooperativas, do paternalismo patronal do século XIX aos seguros sociais.
Em Portugal, esta «ideia nova» transformou-se num variado movimento associativo, pouco suscetível de enquadramento nas diversas versões do Estado-Providência. A sua história permite identificar as tensões que surgiram entre um estado social mais ou menos ausente e uma economia social vigorosa.
Partindo das ideias, utopias e práticas da economia social na Europa, Álvaro Garrido, historiador natural de Estarreja e diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, esclarece neste livro o contexto português e traça o seu percurso do século XIX ao pós-25 de Abril.

NOTA: Texto transcrito de uma página publicitária.