domingo, 9 de janeiro de 2022

Lurdes Castro - Aprende tudo o que há por aí


"Ou tu és um pintor primitivo, e estás no teu cantinho, ou, se estás de olhos abertos, trata de aprender tudo o que há por aí"

Lurdes Castro
(1930 - 2022)

Em "Escrito na Pedra" 
no PÚBLICO de hoje

Nota: A artista faleceu ontem com 91 anos

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«A sua obra torna-se um rito de elogio do vivo e de louvor do dom da vida, que nos propõe comungar tanto numa manifestação simples e rigorosa da alegria, quanto no crescimento do amor para a eternidade. Como evidenciam várias das suas mais significativas criações e algumas imperecíveis experiências de irradiação espiritual na receção da sua obra – veja-se, por exemplo, o grande painel na parede por trás do altar da Capela do Rato”»

Ler mais aqui

Os Navios dos Descobrimentos – Memórias e Modelos


Ler “Os Navios dos Descobrimentos – Memórias e Modelos” de António Marques da Silva, editado por Amigos do Museu de Ílhavo, com data de Novembro de 2021, é ficar a saber mais sobre os “navios que se admite terem sido utilizados pelos portugueses, desde que decidiram dobrar o malfadado Cabo Bojador”, afirma o autor na Introdução a esta obra de excelente apresentação. Trabalho que dedicou "aos amigos do modelismo náutico, que com os seus pequenos modelos perpetuam as imagens dos navios que pelo valor que representam não devem ser esquecidos".
Diz mais adiante, no mesmo espaço, que “os modelos desta coleção foram construídos na escala 1/75, para que melhor se possa apreciar e comparar a grande diferença que existia entre a pequena barca com que Gil Eanes dobrou o cabo Bojador e a nau que foi construída na ribeira de Lisboa para que Vasco da Gama chegasse por mar, à tão desejada Índia das especiarias”.
No Prefácio, Luís Miguel Correia, antigo aluno do autor, refere que neste livro estão “reunidos os navios que se criaram e desenvolveram especificamente para o século de ouro da navegação portuguesa, começando pela modesta barca de vela e remo, as caravelas pescaresa, de dois mastros, de três mastros e redonda e culminando na nau S. Gabriel da armada de Vasco da Gama”.
Na ficha técnica indica-se que a coordenação da edição foi de Tito Cerqueira, sendo as fotografias de Joaquim Marques da Silva e João Martins Silva.
Para além das belas ilustrações dos navios, não faltam especificações claras e projetos, bem como um Glossário esclarecedor.
O livro está à venda no MMI.

Fernando Martins

Gafanha do Carmo - Pe. José Lourenço

José Soares Lourenço nasceu a 14 de julho de 1923, no lugar do Brunhido, Valongo do Vouga (Águeda). Filho de Artur Lourenço e de Maria Dias Soares. Da sua formação consta a frequência dos Seminários de Coimbra, de Santa Joana (Aveiro) e dos Olivais (Lisboa).
A 13 de julho de 1947, foi ordenado presbítero, na Igreja de Vagos, numa cerimónia presidida pelo Bispo D. João Evangelista de Lima Vidal.
José Lourenço teve uma longa carreira ao serviço da Igreja, na sua primeira nomeação (1947) foi colocado ao serviço da Paróquia de S. Salvador, Ílhavo, sendo depois transferido para a Murtosa. No ano de 1950 foi nomeado vigário paroquial da Gafanha da Encarnação e Capelão da Gafanha do Carmo. A 6 de novembro de 1957, com a criação da Paróquia da Gafanha do Carmo, da qual o presbítero foi um dos grandes impulsionadores, tornou-se o seu primeiro pároco. Ali serviu até 1986, assumindo também a paróquia da Gafanha da Boa-Hora a partir de 1975. Em 1986 foi transferido para Silva Escura. Exerceu, ainda, o múnus de arcipreste de Sever do Vouga (1993-1996) e vigário paroquial de Águeda (1996-1999). Em 2013, regressou a Ílhavo coadjuvando o Padre Urbino Pinho.
Durante os diversos anos que esteve à frente da Paróquia da Gafanha do Carmo iniciou a construção da nova Igreja paroquial, inaugurada a 17 de novembro de 1974, e foi o assistente fundador do Agrupamento de Escuteiros deste lugar.
Faleceu a 27 de agosto de 2016, aos 93 anos. Encontra-se sepultado no Cemitério da Gafanha do Carmo.

NOTAS:
1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo) da CMI, integrado no projeto "Se esta rua fosse minha";
2. Na Gafanha do Carmo, na fronteira com a Gafanha da Encarnação, encontramos a Rua Padre José Lourenço. Este topónimo foi aprovado pela Câmara Municipal de Ílhavo a 31 de maio de 2013 (Ata CMI N.º 31/2013), sendo atribuído à antiga Rua P;
3. Foto do Pe. José Lourenço do meu arquivo.

sábado, 8 de janeiro de 2022

O Papa Francisco em tempo natalício

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Apesar dos seus 85 anos, Francisco continua atento aos problemas da Humanidade e incansável na sua missão. Mostrou-o de modo exemplar neste tempo natalício. Ficam aí apontamentos, extractos de mensagens, chamadas de atenção...

1. Lembrou: "O nascimento de Jesus é um acontecimento universal que afecta todos homens." "Para chegar a Belém é preciso pôr-se a caminho, correr riscos, perguntar e até enganar-se." "Hoje, quereria levar a Belém os pobres e também aqueles que julgam não ter Deus, para que possam compreender que só n'Ele se realizam os nossos desejos e se chega a ser profundamente humano". "Os Magos representam também os ricos e os poderosos, mas só aqueles que não são escravos da posse, que não estão "possuídos" pelas coisas que julgam possuir."

2. Migrantes e refugiados. "A família de Nazaré experimentou na primeira pessoa a precariedade, o medo e a dor de ter de abandonar a sua terra natal.
"São José, tu que experimentaste o sofrimento dos que têm de fugir para salvar a vida dos seus entes mais queridos, protege todos os que fogem por causa da guerra, do ódio, da fome. A História está cheia de personalidades que, vivendo à mercê dos seus medos, procuram vencê-los exercendo o poder de modo despótico e realizando actos de violência desumanos."

Dia da Rotação da Terra

Um simples curiosidade


O Dia da Rotação da Terra celebra-se a 8 de janeiro, data que evoca a demonstração pública da rotação da Terra, em 1851, pelo físico francês León Foucault.
O físico suspendeu uma esfera de bronze de 30kg cheia de chumbo, por um fio de 67 metros de comprimento, no topo do Panteão em Paris. Com este dispositivo, agora chamado de pêndulo de Foucault, o físico francês demonstrou que o plano do balanço do pêndulo girava em relação à rotação da Terra.
Newton tinha descoberto previamente a gravidade, mas ainda ninguém tinha demonstrado a sua causa, a rotação da terra.
A demonstração  da rotação da Terra, hoje incontestada, pode ser apreciada em museus de ciência de todo o mundo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Admirar Jesus, a ternura de Deus Pai

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa do Baptismo do Senhor


O baptismo de Jesus oferece-nos uma bela e cativante mensagem, que nos faz mergulhar no nosso próprio baptismo. Após o rito das águas no Jordão, uma série de ocorrências manifestam o alcance dos gestos e, sobretudo, a “categoria” do baptizado. Abre-se o Céu, desce o Espírito, ouve-se uma voz que diz: “Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus a minha complacência”. Entretanto, Jesus permanece em oração. Lc 3, 15-16. 21-22.
A conjunção destes sinais evidencia a realidade profunda do que acontecia: Deus, trindade de pessoas, está presente e actuante no início da “vida pública” de Jesus de Nazaré, envolve-se na sua missão, compraz-se nas suas opções e credencia o seu estilo de vida. Deixa-se ver e ouvir de forma eloquente e envolvente. Mais tarde, voltará a manifestar-se no silêncio confiante do agonizar no Calvário: “Pai, nas tuas mãos, entrego o meu Espírito”. Silêncio e palavra, ocultamento e manifestação, constituem modos humanos de comunicação divina e convidam-nos a mergulhar nos ensinamentos que a mensagem comporta: A ternura do Pai que se compraz no Filho, bem-amado, a atitude filial de Jesus que se recolhe em oração, a suavidade da presença do Espírito que desce em forma corporal, como uma pomba. A voz que proclama, o silêncio que escuta, a mansidão que acolhe.

Rangel de Quadros - Governador do Castelo da Gafanha

Efeméride
1809
7 de Janeiro



João Rangel de Quadros, capitão de cavalaria, foi nomeado governador do “Castelo da Gafanha” ou “Forte Novo”, assim denominado para o distinguir do “Forte Velho” que existia junto da barra, quando esta ficava a sul da Vagueira, próximo de Mira (Marques Gomes, Memórias de Aveiro, pg. 118; Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, Manuscrito, I, fl. 172) — A.

Calendário Histórico de Aveiro 
de António Christo 
e João Gonçalves Gaspar 

Gatinho dorminhoco

 
Todos os dias, mais hora menos hora, este gatinho gosta de passar pelas brasas neste vaso do nosso jardim. Aproximei-me para aprecias as flores que se renovam frequentemente no arbusto envasado e o gatinho dorminhoco nem deu sinal de vida. O sol aquecia-o nesta manhã friorenta e ali ficou indiferente à fotografia que registei e à vida em seu redor. 
Bom fim de semana para todos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Não se realiza o Cortejo dos Reis

A pandemia dita as suas leis




Este ano, devido à pandemia, não haverá o tradicional Cortejo dos Reis. Contudo, querendo lembrar o bonito ato dos nossos antepassados, quando levavam à Igreja as suas ofertas, vamos assinalar da forma possível no próximo domingo, dia 9 de janeiro, esta tradição tão arreigada nas gentes da nossa paróquia. Assim, voluntariamente, podemos entregar as nossas ofertas até ao dia 8 de Janeiro no Cartório Paroquia.
Não podendo haver leilão das ofertas, o Conselho Económico e Pastoral encarrega-se de, no domingo, dia 9 de Janeiro, no fim das Eucaristias, atender no hall da entrada do Auditório Mãe do Redentor todos os que pretenderem comprar alguma oferta para ajudar nas despesas da paróquia. Agradecemos a colaboração de todos e pedimos que os bens perecíveis que queiram oferecer, como merendas e doces, sejam entregues no dia anterior ou no próprio dia.

Nota da Paróquia  

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A paróquia de Nossa Senhora da Nazaré tornou público, no final das Eucaristias do passado fim de semana, que este ano não se realizará o tradicional Cortejo dos Reis, tão apreciado e participado pelo nosso povo. Todos compreenderão as razões, mas também percebem que um dos objetivos da festa dos reis é a angariação de fundos para as múltiplas despesas da nossa comunidade paroquial. Daí acreditarmos que todos se mobilizem para entregar os seus contributos como se recomenda. 

Nota: Fotos de Cortejos anteriores 

Gafanha da Nazaré - Rua Trindade Coelho

José Francisco Trindade Coelho nasceu em Mogadouro, a 18 de junho de 1861. Filho de João Trindade Coelho, negociante, e Narcisa Rosa.
No seu percurso académico frequentou o ensino primário e secundário na sua terra natal, em Travanca e depois num colégio do Porto. A 15 de outubro de 1879 matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde se licenciou a 16 de junho de 1885.
O período em Coimbra foi conturbado. No seu primeiro ano chumbou e como punição, o pai cortou-lhe a mesada. Trindade Coelho decidiu enfrentar esta contrariedade, continuando os estudos a expensas próprias através de explicações e escrevendo para jornais, usando o pseudónimo de Belistírio. Fundou ainda dois periódicos – Porta Férrea e Panorama Contemporâneo. Entretanto, contraiu matrimónio, do qual nasceu o seu primeiro filho.
Após a conclusão da licenciatura ainda se dedicou, por um breve período, à advocacia, mas os rendimentos eram escassos e decidiu enveredar pela carreira administrativa, sendo nomeado Delegado do Procurador Régio do Sabugal e depois de Portalegre.

Sabemos que para conseguir o cargo, Camilo Castelo Branco, um amigo próximo, teve de intervir junto do Ministro, mas Trindade Coelho superou as expetativas revelando-se um magistrado notável.
Em 1891, foi transferido para Ovar com o objetivo de ser elegível como deputado, porém recusou o mandato. Foi depois transferido para Lisboa para o Tribunal Auxiliar do 2.º Distrito, onde colaborou com os Conselheiros Neves e Sousa e Francisco Maria Viegas. Com este último fundou a Revista de Direito e Jurisprudência.
Durante o período do Ultimatum Inglês a sua função passava por fiscalizar a imprensa, algo que lhe valeu duras críticas e o colocou numa posição muito desconfortável. Como forma de se afastar desta situação, solicitou a sua transferência para Sintra, para só regressar à capital em 1895, onde pediu a exoneração dois anos depois.
Além da carreira jurídica, dedicou-se ainda ao jornalismo, fundou os periódicos Gazeta de Portalegre e Comércio de Portalegre. Colaborou com diversos jornais como Portugal, Novidades e Repórter e fundou a Revista Nova. Na literatura destacam-se obras como: Os Meus Amores (1891) e In Illo Tempore (1902).
Apesar de ter uma carreira de sucesso como magistrado, um casamento feliz e um elevado prestígio como escritor, vivia constantemente atormentado e inconformado, sendo talvez essa uma das razões que o conduziu ao suicídio.
Trindade Coelho faleceu, em Lisboa, a 9 de junho de 1908.

 NOTAS:

1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo) da CMI, integrado no projeto "Se esta rua fosse minha";

2. Na Gafanha da Nazaré encontramos a Rua Trindade Coelho. Este topónimo é referido pela primeira vez na ata de reunião da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré de dia 15 de abril de 1983 (Ata da JFGN n.º 6/83, de 15 de abril de 1983). O arruamento figura no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas da Câmara Municipal de Ílhavo de 1984;

3. Pode ler um bonito conto de Trindade Coelho aqui.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Porto de Aveiro com novo recorde


No passado dia 29 de dezembro, o Porto de Aveiro atingiu um novo recorde anual, ao atingir a marca de 5,632 milhões de toneladas movimentadas, data em que entrou um navio proveniente do Brasil carregando 27 915 toneladas de toros de madeira. Para conseguir esse resultado, foi determinante a entrada de navios de maiores dimensões de boca e comprimento. O anterior melhor ano de sempre no Porto de Aveiro tinha sido se registado em 2018 com a marca de 5,623 milhões de toneladas movimentadas.
Sou dos que acompanharam de perto o crescimento do Porto de Aveiro, em diversos setores (Porto de Pesca Longínqua, Porto de Pesca Costeira, Porto Comercial e Industrial), todos instalados na Gafanha da Nazaré, o que me leve a sentir a obrigação de sublinhar este recorde. Tenho dito e redito que a cidade da Gafanha da Nazaré é, de certa forma, filha do Porto de Aveiro. Há, no entanto, quem goste de inverter as posições. Tudo certo.

F. M.

D. João Evangelista faleceu neste dia

EFEMÉRIDE
1958
5 de Janeiro

No dia 5 de janeiro de 1958, pelo meio-dia, faleceu no hospital da Santa Casa da Misericórdia, onde se encontrava internado desde 11 de dezembro anterior, o arcebispo-bispo de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal. A infausta notícia espalhou-se rapidamente, causando profunda consternação.
D. João Evangelista foi o primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro. Quando ele faleceu já eu tinha 19 anos e conheci-o por força da minha ligação, desde a minha adolescência,  à Ação Católica.
D. João escrevia primorosamente e nas crónicas que publicava utilizava um estilo muito poético. Mons. João Gaspar publicou vários livros alusivos ao nosso primeiro Bispo da restaurada Diocese de Aveiro. Aproveitem para ler D. João  Evangelista. 

Visita à Livraria Lello





Tenho ido ao Porto, cidade a que me ligam gratas recordações, mas há cerca de quatro anos que não visito a célebre e histórica Livraria Lello. Não estará tão recheada como os espaços mais modernos vocacionados para a venda de livros, mas quem lá vai sente uma satisfação especial que nem sabemos explicar muito bem.
Já estive várias vezes na famosa Lello e senti realmente um prazer diferente, daí o vir hoje com esta evocação. Deduzo que este meu gosto terá a ver com o ambiente artístico e arquitectónico que acolhe as estantes com os mesmos livros que poderemos encontrar em qualquer outra livraria.
Há uns quatro anos a entrada era franca, mas agora e desde há anos é preciso comprar bilhete que será abatido na hora de pagar o que se adquiriu.
Na minha agenda registarei uma recomendação para na Primavera visitar a Lello no Porto. Tentarei cumprir.

F. M.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Vamos ter mais frio

A Nina já está no seu lugar
Vamos ter mais frio! Esta informação chegou aos meus ouvidos ao jeito de quem me anuncia uma grande novidade. Mas como poderia ser diferente se o Inverno começou há dias? Foi o que esclareci.
Fiquei com a impressão de que as pessoas associam à expressão Ano Novo Vida Nova a ideia da eterna primavera com os seus dias amenos e naturalmente agradáveis. 
O Inverno é a estação fria, ventosa e chuvosa pelas leis da natureza e da situação geográfica em que assentamos os pés e respiramos. E não há volta a dar.
A solução está em usar roupa adequada, procurar o aconchego do lar, sentir o crepitar das achas nos borralhos ou nas salamandras e, sobretudo, saborear o calor humano que dimana da alegria de viver. Umas boas risadas não afugentarão o Inverno? E não podemos esquecer que a estação mais fria só vai pregar para outras bandas lá para fins de Março.

F. M.

Gafanha da Nazaré - Rua Cesário Verde



José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa, a 25 de fevereiro de 1855. Filho de José Anastácio e de Maria da Piedade, família de comerciantes e lavradores.O seu pai era proprietário uma loja de ferragens na Rua dos Bacalhoeiros, em Lisboa, onde em 1872, Cesário Verde começou a trabalhar.
No ano letivo de 1873-1874 ingressou no Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa, que nunca chegou a terminar. Mas a frequência daquele estabelecimento de ensino permitiu-lhe estabelecer relações de amizade com outros escritores, em particular Silva Pinto.
Em dezembro de 1873, iniciou a sua colaboração com o Diário de Notícias e mais tarde, com Diário da Tarde, do Porto, onde publicou muitos dos seus poemas.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

PATRIMÓNIO - Lugre Gafanhoto

Ex-voto ao Senhor Jesus dos Navegantes



O lugre “Gafanhoto” saíra do Porto carregado de cimento com destino à barra de Aveiro. Ao aproximar-se de Aveiro foi colhido pelo mau tempo e, fazendo-se ao largo, nunca mais foi visto. Sem mantimentos, sem meios de segurança, a sua sorte começou a preocupar toda a gente. Confiava-se na valentia do capitão, mas, perante os elementos desencadeados, a esperança de salvamento desvanecia. Passado uns dias atracou em Leixões com grave avaria. Renasceu a alegria em muitos corações e secaram-se em muitos olhos as lágrimas. No momento agudo do perigo os tripulantes ajoelharam no convés do barco e prometeram mandar celebrar missa e sermão ao Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo, promessa que cumpriram no dia 29 de janeiro de 1933. O Gafanhoto foi construído em 1919 por Joaquim Dias Ministro, em Pardilhó, e teve como primeiro armador Bagão & Ribaus, Lda. Após este episódio foi reparado e rebatizado de San Jacinto e motorizado para a campanha de 1934. Navegou até 1952. Depósito da Igreja Paroquial de Ílhavo em exposição no Centro de Religiosidade Marítima.

Fonte: Agenda "Viver em Janeiro" da CMI

Dia do Festival do Sono - 3 de Janeiro


Celebra-se hoje, 3 de janeiro, o Dia do Festival do Sono. Não pense que estou a brincar ou que estou a sonhar, depois de uma noite mal dormida por força da agitação provocada pelos festejos da passagem do ano. Nada disso. Não me excedi com os festejos nem abusei nas comidas e bebidas. Porém, admito que o Dia do Festival do Sono possa estar ligado à agitação própria das passagens do ano, com excessos de quem quer afogar tempos tristes. Ou então quererão alguns desforrar-se por não terem gozado a vida por causa dos trabalhos e preocupações.
Seja como for, a verdade é que umas boas sonecas dão jeito para recuperar energias de um ano inteiro de lutas e canseiras.
Se puderem, aproveitem, à conta deste Festival, e durmam hoje, descontraidamente, um sono reparador. Eu farei isso logo à tarde. Garantidamente.

domingo, 2 de janeiro de 2022

A fortuna é cega

"Não somente é cega a fortuna, como ainda, geralmente, traz cegos aqueles a quem favorece"

Cícero (106 - 43 a. C.), 
advogado e político romano

Em Escrito na Pedra do PÚBLICO

sábado, 1 de janeiro de 2022

Reassumi a vida pela positiva

º
Com os anos a passar em louca correria, as festas já me cansam. Sinto-as, talvez contagiado pelo fervor dos mais jovens, mas logo desligo preferindo as memórias, apesar de algumas sombras de permeio. E é nelas que me instalo com algum regalo, tantas vezes. Hoje também assim foi.
A passagem do ano, com a família presente e à distância, que os modernos meios de comunicação aproximam, dão azo à partilha de saudações na hora própria. Num já, ficámos em 2022 e consciente ou inconscientemente voltei aos projetos ou sonhos de projetos. E foi aqui que reassumi a vida pela positiva, recusando o desânimo e apostando em ânsias de trabalhos e canseiras que me hão de rejuvenescer.
O primeiro sol do ano novo deu um ar da sua graça, sem me dispensar de agasalhos, e à noitinha, o ambiente aconchegante da salamandra acesa animou-me a escrever esta nota para o meu blogue. E que contas darei aos meus seguidores daqui a um ano? Na altura falaremos.

Fernando Martins

Ano Novo: 2022

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Os fenomenólogos da religião fazem notar que, mesmo nas sociedades secularizadas, encontramos ainda algo dos mitos cosmogónicos, nomeadamente nos festejos da passagem de ano: folguedos e licenças, uma certa tonalidade orgiástica, alguma "confusão" social na noite de passagem de ano, simbolizam o regresso ao estado indiferenciado e caótico de antes da formação do mundo pelos deuses. Volta-se, portanto, de algum modo ao caos das origens, para que o mundo se regenere e se reponha o cosmos: um mundo outra vez novo, ordenado, belo.
Aparentemente, é a repetição. Mas, de facto, é mesmo no novo que nos encontramos: 2022. Nunca houve nem nunca haverá um ano como este em que acabamos de entrar. É novo e único na História da Humanidade e do mundo.
Depois dos eufóricos festejos - neste ano, por causa da pandemia, quase nada -, também haverá alguns pensamentos de meditação.

Miguel Torga para abrir o ano

SÍSIFO 

Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo 
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar 
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Do Livro "Miguel Torga - Poesia Completa"

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Um 2022 cheio de paz

Daqui a momentos vamos dizer adeus a 2021 e saudar 2022, com votos das maiores venturas para todos. Vamos esquecer o que foi menos agradável e lembrar o que de bom nos foi dado viver. A minha balança inclina-se, notoriamente, para o lado positivo. Então, sinto que é minha obrigação formular votos a todos os meus leitores e amigos de um 2022 cheio de paz, porque só a partir daí contribuiremos para um mundo mais harmonioso e mais fraterno.
Bom ano para todos.

Fernando Martins

Acolher o Ano Novo como Maria, a Mãe de Deus

Reflexão de Georgino Rocha
para o Dia Mundial da Paz

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, e valei-nos nos esforços e acordos que somos chamados a fazer para a construção da paz, obra artesanal de todos os dias, suavizando tensões e acalmando conflitos, sanando feridas, promovendo a justiça e a solidariedade, educando as relações humanas e laborais, assumindo o compromisso da não-violência activa e alicerçando a firmeza das nossas convicções em Jesus Cristo, vosso filho, o príncipe da paz.

Tendo a esperança como estrela que ilumina o nosso caminhar, iniciamos o Ano Novo, invocando a Bênção divina, a protecção da Mãe de Deus e o Dom da Paz. Bênção que é Jesus que veio trazer a paz à humanidade (Jo 14, 27); Mãe de Deus é Maria que a liturgia da Igreja apresenta como mãe da humanidade a abrir-se ao Ano Novo que se inicia; Dom da Paz que é a plenitude do bem-estar global e da felicidade humana e a harmonia do universo.
“O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor para ti os seus olhos e te conceda a paz”, proclama-se na primeira leitura.
Maria surge no Evangelho, numa atitude modelo para todos os que buscam Jesus: contempla o seu Menino, escuta os dizeres dos pastores, guarda-os no seu coração e medita a mensagem contida nestes acontecimentos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Padre João Gonçalves — Memórias Biográficas

Um livro para nos inspirar e ensinar

Foi lançado recentemente, em Aveiro, um livro que tem o condão de nos inspirar e ensinar a agir solidariamente. Trata-se de "Padre João Gonçalves — Memórias Biográficas 1944-2020", uma obra que não pode nem deve ficar escondida nas prateleiras das nossas estantes.  Logo na capa, ao cimo para se ver bem, há uma frase bíblica — “Fiz-me tudo para todos” 1Cor 9,22 — que se aplica, muito justamente, ao biografado, o Padre João Gonçalves, natural da Gafanha do Carmo.
O livro foi coordenado pelo diácono permanente José Carlos Costa e editado pela Tempo Novo – Diocese de Aveiro, oferecendo aos seus leitores os testemunhos de 44 conhecedores das múltiplas tarefas do Padre João, que se deu, em plenitude, aos mais desprotegidos da sociedade. Viveu sempre ao lado dos doentes, dos privados da liberdade, dos moradores nas ruas, dos excluídos da sociedade, mas também animou a cidade com espírito evangélico e solidário, com festejos que gerassem proximidade e até cortejos carnavalescos, inéditos na Igreja Católica, tanto quanto sabemos.

Pórtico de Entrada no Ano Novo

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa da Sagrada Família

Família humana, comunidade natural recriada pelos seus responsáveis onde velhos e novos, frágeis e fortes, sãos e doentes, homens e mulheres, crescem na bondade e alimentam a alegria de viver.

O pórtico do ano novo na liturgia da Igreja abre com o domingo da Festa da Sagrada Família. É pórtico de entrada no lar de Nazaré, no estilo de vida de Jesus, Maria e José, no ambiente relacional com a vizinhança, na oração doméstica, no trabalho honrado, na harmonia e na paz. Estes são alguns dos valores que mais brilham e podem servir de referência para as nossas famílias. Lc 2, 41-52.
Valores altamente humanizantes para todos os tempos. Consciente de que “nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada de uma vez para sempre” (Papa Francisco «A Alegria do Amor» 325), enuncio, apenas alguns, em jeito de bem-aventuranças e faço votos para que a família, estruturada e feliz, continue a atrair os Jovens e a mobilizar as energias de quem se dispõe a promover o bem integral da humanidade.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Estou à espera de ser zaragatoado


Ainda não chegou a minha hora de ser zaragatoado, mas deve estar para breve porque o Covid-19 e seus irmãos ou filhos não param de se multiplicar pela humanidade. Estou então preparado para enfrentar a zaragatoa.
Já estamos habituados ao surgimento de novos vocábulos a partir de novas situações, como está a ser o caso da colheita de resíduos nas narinas dos humanos, com o objetivo de descobrir se o vírus está por ali escondido e à espera de atacar.
Como sou curioso, consultei o dicionário que me esclareceu, não de forma tão simples como seria de esperar. Zaragatoa: pequena haste ou vareta com uma porção de material absorvente numa das extremidades, que se usa para efetuar colheitas de exsudados, aplicar colutórios, etc.
O dicionário que consultei adianta mais umas informações, mas fica o essencial. E eu que nunca tinha ouvido tal vocábulo!

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

À espera de melhores dias


Tenho andado por aqui a olhar o tempo e à espera de melhores dias para poder sair sem restrições, mas as condições impostas pelo coronavírus e suas variantes assustam. A ciência bem se esforça por dominar o "bicho", única forma de nos tranquilizar, mas o problema não está fácil. Pode ser que, de um dia para o outro, todo o mundo possa ficar descansado.
Durante a minha longa vida passei por receios semelhantes e por momentos complicados, mas tudo foi ultrapassado, apesar de muitas famílias enlutadas. Hoje, com a ciência a bater recordes mundiais na descoberta e produção de vacinas, creio que o coronavírus mais dia menos dia será derrotado. Vamos acreditar nisso, alimentando o nosso espírito de otimismo.
Que 2022 seja muito melhor para todos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Tantas razões sugerem esta imagem

 

Solidão? Procura de paz? Hora de descanso? Leitura tranquila? Oração? Fuga ao barulho ensurdecedor do mundo? Meditação?

O tempo

Para começar a semana

"Não há poder maior no mundo que o do tempo: tudo sujeita, tudo muda, tudo acaba."


Padre António Vieira
(1608-1697)

Em Escrito na Pedra do PÚBLICO

Natal e Novo Ano

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

O Papa Francisco não manifesta muito apreço pelo reino das abstracções. Os seus textos referem-se sempre a situações concretas que procuram socorrer o presente e abrir o futuro.

1. O Natal de Jesus de Nazaré inspirou, em todas as épocas, as mais belas obras de arte – música, literatura, pintura, arquitectura – e é possível encontrar nelas uma fonte de alegria porque, como diz Emir Kusturica, a felicidade produzida pela arte é o maior feito dos seres humanos [1]. Inspirou, sobretudo, uma nova arte de viver.
Como escreveu Frederico Lourenço, na Introdução aos Quatro Evangelhos [2], “Na segunda metade do século I da era cristã, o manancial (já de si tão rico) de textos em língua grega veio a enriquecer-se ainda mais com o aparecimento de quatro textos que mudaram para sempre a História da Humanidade. Nesses textos, o leitor escolarizado da época ter-se-ia confrontado com uma temática muito diferente da que conhecia de Homero, Sófocles ou Platão. Pois nestes quatro textos não se falava das façanhas heróicas de reis e de guerreiros, nem se reportavam as conversas de aristocratas atenienses com o lazer e o dinheiro para se dedicarem à filosofia. Aqui falava-se de pescadores e de leprosos; falava-se de pessoas desprezadas pela baixa condição na sociedade, pelas suas deficiências físicas, pelos seus problemas de saúde mental; falava-se de figuras femininas que não eram as rainhas e princesas da epopeia e da tragédia gregas, mas sim mulheres normais da vida real (a queixarem-se da lida da casa ou a exercerem, talvez, a mais antiga profissão do mundo).

domingo, 26 de dezembro de 2021

Dá-me a alegria


dá-me a alegria, a sem razão nenhuma que se veja,
dou-te alegria, a sem caminhos na clareira,
a de nenhum sinal em terra nua.
dá-me a tristeza, a toda certa sem fronteiras.
dou-te tristeza, a cinza em cinza devastada,
a oiro no silêncio debruada.

por águas me verti, por rios, sementes.
de terra me vestes, a sombra do dia,
o sítio das flechas no corpo, na árvore.
no sossego das chuvas me reparto.
ficas no escuro, nos ramos nos frutos,
embrulho novelo a desajeito.

a porta quase aberta diz que me recebes,
quase fechada diz que me visitas.
assim te visite, assim te receba.
nenhuma palavra que o gesto não faça.
de águas me vista, em terra me vertas.
no corpo das flechas o sítio, nos rios.

António Franco Alexandre, Poemas 

Assírio & Alvim, pág 290

sábado, 25 de dezembro de 2021

Natal: a dignidade infinita de ser Homem

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

"O Natal do comércio chega de um dia para o outro. Fácil, tilintante, confuso, pré-fabricado. É um Natal visual. Um amontoado de símbolos. Dentro de nós, porém, sabemos que não é assim. Para ser verdade, o Natal não pode ser só isto. Não pode ser apenas para uma emoção social, para um corrupio de compensações, compras e trocas. Para ser verdade, o Natal tem de ser fundo, pessoal, despojado, interpelador, silencioso, solidário, espiritual. Acorda em nós, Senhor, o desejo de um Natal autêntico."

José Tolentino Mendonça

A festa do Natal tem de ser, é, mais do que o festival do comércio natalício. Há pessoas que chegam à noite de Natal cansadas e desfeitas, por causa dos presentes. No último instante, ainda tiveram de ir à última loja aberta, por causa de mais uma compra. Há inclusivamente pessoas para as quais o tormento das compras natalícias começa logo em janeiro, uns dias após o Natal: o que é que vão dar como presente àquele, àquela, no Natal seguinte?!...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Bom Natal para todos

Para mim, a quadra mais bonita do ano é a que estamos a viver. O Natal, e nele incluindo o Dia de Ceia, como antigamente se dizia, mexe comigo e até me comove. Tantas recordações povoam o meu espírito  e tantos familiares e amigos, que já estão em Deus, voltam hoje para a ceia da consoada, em jeito de ensaio para a confraternização universal. E se à mesa me calar, não se assustem, estou à conversa com alguém de quem tenho tantas saudades!

Bom Natal para todos

Fernando Martins

O regresso do irmão pródigo

Um conto de natal - 2007


Nas vésperas da noite de consoada falta sempre qualquer coisa mais ou menos importante para a festa da família, associada, há muito, ao nascimento de Jesus. Prendas, sobretudo. Porque não se contava com a visita de um familiar, porque as destinadas ao filho mais velho ou mais novo não se coadunavam, afinal, com os seus desejos ditos em jeito de brincadeira, porque a filha precisava de algo diferente para decorar a sala.
Não cultivo muito o gosto de fazer compras, excepto de livros, mas acompanhei uma familiar pelas lojas mais na moda ou mais agressivas na publicidade aos seus produtos. Essa minha pouca apetência pelas compras não foi fruto de uma qualquer catequese mal alinhavada, que leva à conta de puro consumismo tudo o que diz respeito a dar lembranças em datas marcantes das nossas vidas, mas, sim, a uma inexplicável falta de habilidade. As prendas, no fundo, e em especial as de Natal e Páscoa, são normalmente sinais dos nossos afectos e do nosso amor para quantos nos rodeiam. Por isso, até foi com satisfação que acompanhei, também com a minha opinião, as últimas aquisições para a noite de consoada.

O SOL BRILHOU ABRIU-SE O DIA


O SOL BRILHOU ABRIU-SE O DIA

Obrigada, Senhor
porque abriste o dia
como quem abre a porta de um sacrário.
O sol brilhou e em curtos instantes
tudo se coloriu em sintonia.
As flores sorriram, as árvores bailaram
num véu de alegria os pássaros voaram.
O que meus olhos viram
me encheu de esplendor.
O pavor fugiu
só o medo ficou escondido num canto
à espera de ver se podia ficar
mas logo lhe disse que não tinha lugar
porque o sol me lembrara
que mesmo não vendo vizinho ou vizinha
em momento algum eu estava sozinha.
A causa do medo volveu-se em vigor
por sentir a presença de Ti, Meu Senhor.
E neste Natal, esqueçamos o medo
Pensemos no muito que já se venceu
E junto ao presépio cantemos com os anjos
Em doce alegria, Hinos de louvor.


Aida Viegas

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O Palheiro de José Estêvão

Gravura retirada da revista 
Arquivo do Distrito de Aveiro


NOTA: Uma curiosidade para quebrar alguma monotonia. 

Corro as portadas do meu Presépio


NATAL

Corro as portadas do meu Presépio
Aqui pousado,
Debruçado sobre a ria que lhe corre à porta.
Com os meus vivos já escassos,
Sentados em volta da mesa,
Convido os meus mortos
A entrar.

Há um rio amargo de silêncio
Que corre por todos nós.
A mesa está limpa de manjares;
Apenas as minhas lembranças
Navegam nela.
Verdadeiro maná sagrado de uma vida,
Banquete irreal de iguarias
Que partilho hoje com todos.
Já longa vai a minha jornada,
Nem sei se rasto nela deixo,
Tantas foram as vezes que bati em seixo
Esquecido no leito da estrada.

Deitaram-me à vida...
Não vieram reis, nem magos, nem estrelas
Para adoçar meu caminho magoado
Feito de rumos errantes em mar irado,
E por vezes enevoado.
Apenas me foi dito:
Vai! e sê tu todo, verdadeiro.
Nunca mostres as sombras de que és feito
Os caminhos tropeçam e enganam,
E ainda que os horizontes te pareçam negros
Nunca lhe vires as costas.
A vida é uma dança,
Depois da tempestade vem a bonança.
-------------------------------------------------------
Mãe?!... porque é que tu
E todas as «Marias»,
Pariram filhos «adormecidos»,
Sem ao menos os acordar,
E lhes perguntar
Se viver lhes era apetecido...

SENOS DA FONSECA

A maravilha de crescer em humanidade

Reflexão de Georgino Rocha
para a Missa da Aurora

 
NATAL DE ONTEM, NATAL DE HOJE

O nascimento de Jesus suscita um dinamismo extraordinário que Lucas narra de forma sóbria e discreta. Maria e José aconchegam o Menino e vêem realizadas as promessas feitas há meses pelo enviado de Deus. Contemplam-no, mais com o coração do que com os olhos, e deixam que seja o silêncio a falar. Acolhem quem O visita e ouvem quanto se diz a respeito do recém-nascido. Lc 2, 1-20.
Os pastores acorrem apressados e expectantes. Querem confirmar o que lhes havia sido anunciado. Os magos, despertos e orientados na sua curiosidade, põem-se a caminho e, errantes, vagueiam até chegar ao local do encontro. Herodes e os seus conselheiros reúnem de emergência e, temendo o pior, armam ciladas a quem os consulta e procuram eliminar a presumida ameaça ao poder. O Céu une-se à terra em admirável exultação festiva e maravilhosa coincidência.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O Moliceiro dá espetáculo

 

Ao passar hoje pela versão do meu Pela Positiva no Sapo, encontrei na primeira página esta foto que exibe um moliceiro a dar um espetáculo. Vejam como é bonito!

SONHEI...

Sonhei:
que os corações
tinham mudado;
que havia lugar na estalagem
em qualquer lado;
que a Luz dissipara as trevas
por todo o descampado;
que o Sol da Justiça
aquecera a Humanidade,
alegre, feliz,
na humildade de acolher
o Verbo da Verdade!…

O que encontrei?
Portas fechadas,
corações empedernidos. 
Barreiras levantadas;
muros de exclusão,
arame farpado;
preconceito, intolerância,
violência, perseguição;
um mar imenso
feito sepulcro de sonhos,
túnel de trevas, solidão;
multidões errantes 
em busca da Estrela,
sedentas de um bafo
terno e carinhoso…
 
Afinal,
o Meu Presépio continua!
Mas não desisto 
de sorrir e contagiar
tantos pastores multiplicados,
muitos reis magos animados,
todos disponíveis
para fazer vencer a Luz,
para fazer crescer o Amor,
para fazer sentir
que, mesmo assim,
Eu sou o Emanuel,
que sempre estou no seio
deste Mundo que caminha,
em busca de novos Céus e nova Terra,
sem dor, sem luto, sem guerra,
de vida plena e gloriosa.

Sonhei e sonharei…
E o sonho será realidade
em cada Natal
que deixes acontecer!

Querubim Silva

Participação e corresponsabilidade na Igreja

Flausino Silva
Está em marcha a caminhada sinodal desencadeada pelo Papa Francisco. É, na opinião de muitos, o maior acontecimento eclesial, depois do Concílio Vaticano II. Pela sua oportunidade, num momento conturbado da vida da Igreja (o problema da pedofilia e outros afins) e do Mundo (o terrível fenómeno dos campos de imigrantes e refugiados) e pelo modo de preparação, extensivo e aberto, desafiando leigos e cristãos das margens a dar o seu contributo. 
Desde logo nas Paróquias e suas estruturas de participação - Conselhos de Pastoral, as mais das vezes fechados, passivos e inoperantes. Mas também no plano diocesano, em que se questionam os Conselhos Presbiterais e de Pastoral, que frequentemente rodam em círculo fechado, assemelhando-se, em muitas circunstâncias, às estruturas de gestão do Estado com as suas portas giratórias. 
O êxito da caminhada também depende de cada um de nós! Tudo começa por mim, ou não começa!

Flausino Silva

NOTA: Publicado no "Correio do Vouga"