para o Dia Mundial da Paz
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, e valei-nos nos esforços e acordos que somos chamados a fazer para a construção da paz, obra artesanal de todos os dias, suavizando tensões e acalmando conflitos, sanando feridas, promovendo a justiça e a solidariedade, educando as relações humanas e laborais, assumindo o compromisso da não-violência activa e alicerçando a firmeza das nossas convicções em Jesus Cristo, vosso filho, o príncipe da paz.
Tendo a esperança como estrela que ilumina o nosso caminhar, iniciamos o Ano Novo, invocando a Bênção divina, a protecção da Mãe de Deus e o Dom da Paz. Bênção que é Jesus que veio trazer a paz à humanidade (Jo 14, 27); Mãe de Deus é Maria que a liturgia da Igreja apresenta como mãe da humanidade a abrir-se ao Ano Novo que se inicia; Dom da Paz que é a plenitude do bem-estar global e da felicidade humana e a harmonia do universo.
“O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor para ti os seus olhos e te conceda a paz”, proclama-se na primeira leitura.
Maria surge no Evangelho, numa atitude modelo para todos os que buscam Jesus: contempla o seu Menino, escuta os dizeres dos pastores, guarda-os no seu coração e medita a mensagem contida nestes acontecimentos.
“Para acolher tudo o que isto significa e abrir caminho à admiração e louvor, necessitamos de fazer uma pausa no fluir do tempo e nas rotinas diárias e dar voltas no nosso coração ao que vivemos, como fazia Maria”. Homilética. Sobretudo nestes tempos tão agitados, em que tudo corre tão depressa.
O povo cristão acolheu-se à protecção de Maria como Mãe de Deus, afirmando esta verdade, invocando o seu valimento para suas necessidades com a bela expressão: “ Santa Maria Mãe de Deus”.
Esta invocação abre a segunda parte da Ave-Maria, oração decorrente do diálogo do Anjo Gabriel com ela aquando da anunciação. Nasce e flui como resposta do povo cristão perante a contemplação das maravilhas enunciadas na primeira parte: Maria, a cheia de graça, convidada a alegrar-se, que fica surpreendida e preocupada com a mensagem recebida, que é escolhida para ser a Mãe de Jesus, o filho do Altíssimo, que quer saber o como de tudo isso que contrasta com a sua opção de noivado com José, que confia na verdade narrada, que se disponibiliza para ser a obediente serva e assumir tão grandioso projecto. Maria, a reconhecida por Isabel como Mãe do Senhor, a bendita entre as mulheres que gera no seu ventre um fruto precioso, Jesus.
“Rogai por nós, Santa Mãe de Deus” reza, na Salve-Rainha, a fé do povo cristão em súplica confiante ao sentir as aflições da vida e os males do mundo, ao fazer a experiência da fragilidade humana e das provocações adversas, ao dar largas às aspirações do coração que quer ser fiel à Palavra do Senhor e à Igreja que a proclama, e participar da sua missão na terra e gozar da sua recompensa no Céu.
Maria é a Mãe de Deus por ser a Mãe de Jesus, seu filho carnal. No seu seio, Deus adquire forma humana, faz-se um de nós, humaniza-se. Faz-se célula germinal e vive as fases marcantes da concepção à idade adulta, da criança adolescente ao jovem amadurecido. Nada do que é genuinamente humano lhe é estranho. Até a experiência da morte, berço da vida nova, a feliz ressurreição.
Maria é a garante da maravilha de Deus humanado. Nela, o encontro foi tão envolvente e fecundo que gerou, deu à luz e educou Jesus, o anunciado filho do Altíssimo e, depois, o ressuscitado para glória de Deus Pai. Nela, a aliança de amor é tão vinculante que dá um novo rumo ao noivado com José e constitui a família humana e legal de Jesus. É esta maravilha que a Igreja celebra em tempo de Natal e coloca como pórtico do Ano Novo que desponta como aurora promissora, como agenda aberta e limpa a preencher com abundantes gestos de amor em prol de cada pessoa e da humanidade. (Lc 2, 16-21).
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, e valei-nos nos esforços e acordos que somos chamados a fazer para a construção da paz, obra artesanal de todos os dias, suavizando tensões e acalmando conflitos, sanando feridas, promovendo a justiça e a solidariedade, educando as relações humanas e laborais, assumindo o compromisso da não-violência activa e alicerçando a firmeza das nossas convicções em Jesus Cristo, vosso filho, o príncipe da paz.
Fazei, Senhora, que atendamos o pedido do Papa Francisco na sua mensagem de Ano Novo: “Todos desejamos a paz; muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para a construir. No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da acção, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações, palavras e gestos, a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz”. Com coragem e criatividade.
Pe. Georgino Rocha