sábado, 4 de dezembro de 2021

Defeito de fabrico

Para variar neste sábado
com sonhos no meu horizonte


O enigma do tempo e a eternidade no instante

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1- Uma característica essencial do ser humano é que conjugamos os verbos no passado, no presente e no futuro.
Há quem julgue que a salvação está no passado. Há sempre os saudosistas do passado: antigamente é que era bom. É a saudade do Paraíso perdido. Também há aqueles que não querem preocupar-se nem com o passado nem com o futuro. O que há é o presente, o aqui e agora, o agora a que se segue outro agora: a salvação consiste no amor e fruição do presente. Depois, há os sonhadores e os ascetas. Fogem do agora, para refugiar-se no amanhã. Nunca estão no presente, pois a sua morada é só o futuro...
Ora, pensando bem, se, por um lado, não podemos instalar-nos no passado, por outro, ninguém pode abandonar o passado, como se fosse sempre e só o ultrapassado. De facto, quando damos por nós, já lá estamos, o que significa que vimos de um passado que nem sequer dominamos. E temos de aprender com o passado, para, a partir dele, nos decidirmos no presente.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Por um novo estilo de vida. O Senhor virá

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo II do Advento - Lc 3, 1-6

Rio Jordão 

Chega-nos, vindo das margens do Jordão, um apelo forte a um novo estilo de vida para ver a salvação de Deus. É seu arauto João Baptista, o profeta precursor de Jesus. A sua voz surge como um grito de alarme, um convite à mudança de modos de vida, um apelo a transformações radicais. E, junto ao rio, vai clamando em linguagem telúrica e metafórica: Endireitai o que está torto, alteai vales, abatei montes e colinas, aplanai arestas escarpadas, alinhai veredas e preparai o caminho do Senhor.
Esta mensagem interpelante recebe-a João, de Isaías e serve de pórtico de entrada à missão de Jesus. É mensagem de urgência inadiável. “Está em jogo” a salvação que Deus oferece a quem a receber e for coerente, salvação que será vista por toda a criatura. Jesus confirma o alcance da pregação de João e abre-lhe horizontes inovadores. A comunidade cristã credibiliza o seu testemunho na medida em que lhe for fiel. Cada um de nós será autêntico discípulo se adoptar o estilo de vida correspondente.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Estudo dos abusos de menores na Igreja vai avançar

Pedro Strecht coordena Comissão Independente
para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) informou que Pedro Strecht vai ser o coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja. No dia 2 de dezembro, o médico de psiquiatria da infância e adolescência vai apresentar a Comissão por si constituída, bem como os princípios orientadores do trabalho a desenvolver a partir do início de janeiro de 2022. O Presidente da CEP, D. José Ornelas (Bispo de Setúbal), estará na sessão para fazer a apresentação do Coordenador. A decisão de criar uma comissão independente foi tomada pela Conferência Episcopal Portuguesa na última Assembleia Plenária, que decorreu entre os dias 8 e 11 de novembro, em Fátima.

Deus criou-nos livres

Só há liberdade humana neste pressuposto: o pressuposto de que podemos negar Deus. Ele não nos criou para sermos servos acríticos e geneticamente impossibilitados de negar Deus, não. Ele não nos criou como robôs incapazes de negar o dono. É esta a dimensão do seu imenso amor por nós: criou-nos livres e, por isso, Ele submete-se, desde o início, à possibilidade de ser negado pelas suas criaturas.

Henrique Raposo
Rádio Renascença,
26-11-2021

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

1.º de Dezembro - versão do meu professor da escola da Cambeia



Será que os nossos jovens sabem o que se celebra hoje? Nas escolas de vários graus de ensino ainda se fala desta data marcante da nossa identidade e do sentido de portugalidade para os tempos que correm? Ou o 1.º de Dezembro não passa de um dia como outro qualquer, neste caso sem aulas e sem trabalho?

Permitam-me que apenas sublinhe o que aconteceu neste dia do ano de 1640, segundo a versão do meu professor primário. Portugal estava há 60 anos (1580-1640) sem rei português. Por questões dinásticas, o Rei de Castela também era o soberano do nosso país. Tinha em Portugal uma senhora, duquesa de Mântua, que o representava. E à volta dela uns tantos que a bajulavam, nomeadamente, Miguel de Vasconcelos, tido, na altura, por traidor à Pátria Portuguesa. O descontentamento era geral. Então um grupo que ficou para a história como os Conjurados, estudou uma estratégia para, num golpe rápido, acabarem com a farsa. Quando lhes perguntaram o que é que se passava, terão dito que iam ao paço tirar um rei e pôr outro no seu lugar.
Assaltaram o paço, cortaram o pescoço ao traidor e atiraram os seus restos mortais pela janela. A duquesa, boquiaberta, terá perguntado: — O que é isto, portugueses? E a resposta também terá sido esta: — Cale-se e saia por aquela porta, se não o fizer vai já pela janela, como foi o traidor Vasconcelos.
Entretanto, um arauto foi a Vila Viçosa anunciar ao Duque de Bragança que era o novo rei de Portugal. O Duque, que estava a ouvir missa, ficou atarantado e saiu apressado. E o povo que na mesma missa estava, vendo a sua pressa, saiu para saber o que se passava. E, pelos vistos, logo ali o aclamou como rei de Portugal. Veio a ser D. João IV.

Nota: Esta  história, mais ou menos, foi-me contada na minha Escola Primária, a escola da Ti Zefa, cujo edifício virou garagem de bicicletas. O meu saudoso professor, Manuel Joaquim Ribau, vivia esta história como poucos.

Um poema de Tolentino Mendonça


O  QUE TE PEÇO, SENHOR, É A GRAÇA DE SER 

Não te peço mapas, peço-te caminhos.
O gosto dos caminhos recomeçados,
com suas surpresas, suas mudanças, sua beleza.
Não te peço coisas para segurar,
mas que as minhas mãos vazias
se entusiasmem na construção da vida.
Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,
mas que ensines meus olhos a encarar cada tempo
como uma nova oportunidade.
Afasta de mim as palavras
que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.
Que eu não pense saber já tudo acerca de mim e dos outros.
Mesmo quando eu não posso ou quando não tenho,
sei que posso ser, ser simplesmente.
É isso que te peço, Senhor:
a graça de ser nova.

Texto: José Tolentino Mendonça
Imagem: Rui Aleixo


Sem rumo




Será que da pandemia poderemos colher ideias novas? Tenho para mim que sim. Para já, admito que aprendi a importância de andar por aí ao deus-dará. Sem rumo definido, sem norte, como se dizia noutros tempos, sem pressas de regressar a casa, sem objetivos definidos, mas andar. Há dias fizemos isso. Porque era preciso caminhar, porque era importante desentorpecer os membros perros.   
Saímos sem metas à vista. Parávamos onde calhava para desfrutar o silêncio. Olhávamos o horizonte sem olhar o relógio. Estávamos por ali. Conversávamos por vezes para não estarmos calados. A Lita reparava nos que nem dos carros saíam. Nós fomos os únicos que enfrentámos a aragem húmida e fresca da maresia, que apreciámos os pescadores solitários da ria e que assistimos à chegada com partida logo depois do ferry-boat “Cale de Aveiro” que faz regularmente a ligação  a São Jacinto. Naquela viagem de poucos carros e pouca gente, o ritual da atracação e partida foi feito com serenidade e saber.  Ontem como sempre, naturalmente.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Jardim Oudinot em maré de limpezas

 


Cheguei a tempo. O outono tinha dado sinais de se ter prostrado na relva verdejante. Havia autênticos tapetes de folhas a cobrir o chão, mas os funcionários não tardaram e lá andavam eles na tarefa de limpeza do Jardim Oudinot. Este recanto da nossa terras precisa, realmente, de cuidados especiais, como sala de visitas que é.

Pescador solitário no esplendor da nossa laguna

 
Nunca fui pescador por mais tentativas que fizesse. Bem me explicavam como devia proceder, mas o peixe não queria nada comigo. Um dia veio um robalito por engano e eu, miúdo, fiquei aflito para o safar do anzol. Como havia de fazer para o não ferir?

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Um desafio para quem passa

 

Talvez derrubada pelo vento, estaria condenada a morte lenta. Não há sinais da ação humana para a levantar nem de suportes para a manter vertical. Mas a árvore teimou e das fraquezas arranjou coragem. Olhou para o sol que ama quem não desiste e sobreviveu. Um desafio para quem passa.

domingo, 28 de novembro de 2021

Filarmónica Gafanhense celebra 185 anos de vida


A Filarmónica Gafanhense comemora hoje o seu 185.º aniversário. Mais idosa do que a freguesia Gafanha da Nazaré, que nasceu apenas em 1910, muitos questionar-se-ão sobre as razões por que se apresenta com o nome de gafanhense.
Realmente, a Filarmónica Gafanhense é a sucessora legítima da Sociedade Filarmónica Ilhavense, criada em 1836 por António José da Rocha e José da Cunha e Sousa. Os anos passaram com muitos gafanhões a darem os primeiros passos na música naquela sociedade e a integrarem a filarmónica como músicos e mestres de novos membros. A dada altura, predominavam os gafanhões na Filarmónica Ilhavense, nomeadamente, maestro, mestres e executantes.
Em 1972, foi criada a Escola de Música Gafanhense, na Gafanha da Nazaré, cujos alunos e professores eram, maioritariamente, da nossa freguesia  e membros da Filarmónica Ilhavense.
No inicio de 1986, a Associação Musical Filarmónica Ilhavense começou a festejar os seus 150 anos de existência, tendo realizado a escritura de Constituição na Secretaria Notarial de Aveiro, a 24 de Abril do mesmo ano.
No dia 13 de Outubro de 1986 realizou-se, na Secretaria Notarial de Aveiro, a escritura de alteração de estatutos, que consistiu na mudança da Sede Social para a Gafanha da Nazaré, passando a chamar-se Filarmónica Gafanhense.
A Filarmónica Gafanhense é a Associação mais antiga do Município de Ílhavo, tendo sido agraciada com a Medalha do Concelho em Ouro pela Câmara Municipal em 2005.
Hoje, a Filarmónica Gafanhense (dirigentes, maestro, mestres e executantes) participou na missa das 10h30, em espírito de ação de graças, tendo o nosso prior, Pe. César Fernandes, sublinhado a efeméride e a prestimosa cooperação entre a Igreja e aquela instituição.
Associaram-se à festa os autarcas da CMI e da Junta de Freguesia, liderados, respetivamente, pelos seus  presidentes, João Campolargo e Carlos Rocha. 

F. M.

sábado, 27 de novembro de 2021

O Menino do Presépio já vem a caminho


Nas vésperas deste domingo, o mais próximo do dia 30 de novembro, começa o Advento, tempo forte do Ano Litúrgico, que prepara a festa do nascimento do Verbo de Deus feito homem, Jesus Cristo. O Natal do nosso Salvador merece de todos os cristãos uma preparação especial. Não de forma desligada da comunidade a que cada um pertence, mas assente nela, sem excluir, naturalmente, as reflexões pessoais de acordo com a sensibilidade de cada um.
O Advento é um tempo de construção da paz, da harmonia, da alegria, da partilha e  de oração, rumo à fraternidade universal. O Menino do presépio já vem a caminho. Saibamos acolhê-l'O.

Fernando Martins

NOTA: Durante o Advento publicarei, com frequência, poemas e outros textos alusivos à vinda do Messias. O« meu blogue estará aberto à colaboração de todos os meus amigos e leitores. 

Religião a mais? Deus e dignidade

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1 O filósofo Henri Bergson, na obra famosa As Duas Fontes da Moral e da Religião, mostrou a distinção entre dois tipos de religiosidade. A primeira - a religiosidade estática - tem a sua base na angústia da morte e no sentimento de abandono perante uma Natureza tantas vezes cruel, e, a partir do instinto de sobrevivência, procura protecção divina para a pequenez humana. A outra - a religiosidade dinâmica - assenta na intuição do Mistério Último experienciado como amor. Esta exprime a grandeza do ser humano e apoia-se na experiência de pessoas excepcionais - os místicos. Mas a mística autêntica e completa é acção, pois o místico verdadeiro, "através de Deus, por Deus, ama a Humanidade inteira com um amor divino".

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

A minha gratidão

Uns minutos depois do bater da meia noite, já no dia 24 de novembro, envolvido por uma temperatura muito agradável, alimentada pela fogueira acesa da salamandra da minha sala biblioteca, a Lita cantarolou a velha mas sempre jovem cantiga “Parabéns a você”. À semelhança dos outros anos, não perdeu tempo. Faz isto há mais de 56 anos, tantos quantos levamos de casados. Sorri e agradeci.
Uma vida longa é uma prenda que tenho a obrigação de cultivar com esmero, mas também é uma bênção de Deus e de quantos me envolvem há tantos anos com carinhos sem conta, familiares e amigos.
É muito difícil responder pessoalmente a quem teve a gentileza de me felicitar. Aceitem, por favor, esta forma de testemunhar  a minha gratidão. 
Um abraço para todos com votos de saúde e otimismo.

Fernando Martins

Tende cuidado convosco. Vigiai e orai

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo I do Advento


Este domingo é o primeiro do Advento que a Igreja hoje inicia. Abre assim o Ano Litúrgico que nos faz celebrar a vida de Jesus Cristo na sua rica peregrinação histórica de salvação da humanidade, com particular destaque para a Páscoa e para o Natal. Tudo se polariza na ressurreição e dela tudo dimana. Os outros acontecimentos encontram sentido neste núcleo central. Começa por celebrar a vinda gloriosa do Senhor que está sempre presente na acção da Igreja. Exorta a um persistente cuidado para estar desperto e acolher a sua chegada. Assim o recorda o Evangelho de hoje. Tende cuidado convosco. Vigiai e orai. Lc 21, 25-28. 34-36.
Vivemos num tempo em que a publicidade altera o ritmo do desenrolar da vida com enfeites, músicas, slogans, animando o ambiente social e escolar, criando um ambiente de festa e uma atmosfera de consumo, por vezes exagerado que chega a “ensonar” a consciência. Também na área religiosa. Importa estar atento e prevenido.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Comer outras coisas

«A produção de gado em massa, sobretudo bovino, tem consequências dramáticas na ecologia: a desflorestação e a emissão de gases com efeito de estufa. Como corrigir isto? Três mudanças são relativamente fáceis de fazer. Em primeiro lugar, como sugeri há dias noutro espaço, podíamos voltar a introduzir o ritual religioso do jejum em relação à carne à sexta-feira, pelo menos. Teologia rima sempre com ecologia. Em segundo lugar, podemos e devemos comer outro tipo de carne, coelho, cabra, ovelha, peru. Em terceiro lugar, claro que não podemos simplesmente substituir a morte industrial de vacas pela morte industrial de coelhos. A questão de fundo, portanto, passa por sabermos comer outras coisas. Não temos de comer carne todos os dias, há feijão, há cogumelos, há ovos, há mil e uma coisas.»

 Henrique Raposo Expresso, 
22-11-2021

Nota: Citação extraída do "Correio do Vouga"

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Uma flor para todos os meus amigos


Neste dia, 24 de novembro, celebro os meus 83 anos de vida plena. A todos os meus amigos ofereço esta flor do meu quintal, com votos de saúde e otimismo. 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Cantiga de D. Dinis para nos animar


 

Ofereço hoje aos meus amigos e leitores uma cantiga medieval para nos animar neste entardecer friorento. Registo meu de há muitos anos durante uma passagem por Leiria. A Lita leu-a com gosto

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

CNN - Portugal


CNN Portugal  é um novo canal de informação televisiva, iniciando hoje as suas emissões. Está ligado ao grupo Media Capital e dele se espera uma dinâmica inovadora. Júlio Magalhães e Judite de Sousa serão os rostos do novo canal. Ficaremos à espera para ver se vai ser mais do mesmo ou se haverá inovações.

domingo, 21 de novembro de 2021

Organizar a esperança

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO



Segundo a dinâmica que, hoje, nos pede a Igreja, não é só com esmolas que se organiza a esperança. Trata-se de a traduzir diariamente em vida concreta nas relações humanas, no compromisso sociopolítico.

1. Quando era criança e adolescente, sabia muito bem quem eram os pobres. Eram homens, de saco às costas, que vinham de longe – ninguém sabia ao certo a sua origem – e batiam às portas dos moradores das aldeias serranas. Rezavam pelas almas dos seus antepassados. A minha avó insistia para que cantassem, porque cantar é rezar duas vezes. A ninguém se recusava a esmola tirada das coisas que todos cultivavam numa duríssima economia de subsistência. Havia uma família que tinha um bocado mais de terra e gado. Não havia pobre que batesse à sua porta e não fosse acolhido à mesa da família que também dispunha de um palheiro onde podiam pernoitar. Eram chamados “os pobres do Malheiro”. Uns ficavam uns dias; outros, antes de continuarem viagem, ofereciam-se para acompanharem livremente os trabalhos de quem tão generosamente os recebia.

sábado, 20 de novembro de 2021

MANUEL ALEGRE — As mãos

AS MÃOS 

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema — e são de terra.
Com mãos se faz a guerra — e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

in "O Canto e as Armas"

NOTA: Ontem assisti, via TV, a uma homenagem ao poeta Manuel Alegre. Artistas conhecidos cantaram alguns dos seus expressivos poemas. Aqui fica a minha singela homenagem.

Ouvir o Silêncio. Ver o Invisível

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



Há perguntas ingénuas que parece quase tocarem o ridículo. No entanto, são das mais interessantes.

1 Exemplos: onde começa um ser humano? Começar, não apenas no sentido cronológico, mas quase diria topográfico... Em que instante começou um ser humano? Aliás, a pergunta do início é similar à do fim: Que instante é esse em que um ser humano deixa, pela morte, de pertencer a este mundo e ao tempo? No tal sentido quase topográfico, a pergunta poderia ser: o que é que um ser humano vê, quando olha, não os olhos, mas o olhar de alguém? Hegel disse que vê o abismo do mundo. Se estivermos atentos, é isso: quando dois olhares se olham no olhar contemplam o abismo do mundo e o seu mistério.
A pergunta pode explicitar-se, perguntando: o que é que está por detrás e no íntimo e no fundo do que se vê? O que é o invisível do visível? Ou então: o que é que o visível torna visível? Melhor: o que é que o visível, precisamente ao mostrar, esconde? O que é que está na raiz do que vem à luz, do que se manifesta?

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Tourada na Praia da Barra

Tourada em 1921

Tourada na Barra, sim senhor! Aconteceu em 1921 e continuou. A arena era desmontável. Não conheço a história nem quando deixaram de organizar as touradas na Barra. Um tema para os curiosos.

Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo

Reflexão de Georgino Rocha 
para este fim de semana



DAR TESTEMUNHO DA VERDADE

Hora decisiva, a que Jesus vive no encontro com Pilatos, ocorrido no palácio do governador romano. Está em causa a confirmação da sentença de morte, já pronunciada pelas autoridades político-religiosas judaicas. Hora em que se condensa a urgência humana de saber quem é Jesus e o permanente desejo de Deus de dar a conhecer quem Ele é. A pergunta de Pilatos desvenda esta corrente profunda da humanidade. A resposta de Jesus revela claramente a sua identidade expressa na missão da realeza ao serviço da verdade. Dois homens frente a frente: o acusado de querer ser rei mostra uma autoridade moral que deixa o seu interlocutor perplexo e sem alegações. Apenas a pergunta que percorre toda a história: o que é a verdade? - Jo 18, 33b-37. É esta que humaniza a vida e dignifica as relações humanas. E quanta falta faz, sempre, mas sobretudo, hoje.
O Papa Francisco assinala com uma interpelante mensagem o Dia Mundial dos Jovens celebrado neste domingo. Tem como referência o episódio de Saulo/Paulo a caminho de Damasco e glosa a ordem que se faz ouvir: «Levanta-te e testemunha!». “Ao abraçar a vida nova que nos é dada no Batismo, recebemos também uma missão do Senhor: «Serás minha testemunha». É uma missão que pede a nossa dedicação e faz mudar a vida”.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

FAROL com proteção

Farol em perigo  com proteção de tabuado de eucalipto - 1947

 

ILHAS DA RIA - Um livro de Maria José Santana

 

ILHAS DA RIA é um livro da jornalista Maria José Santana, com edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos e fotografia de capa de Adriano Miranda. Os temas apresentados neste livro já foram publicados no PÚBLICO, jornal de que é colaboradora desde 2005.
ILHAS DA RIA tem 80 páginas e é de pequena dimensão, mas bastante interessante para as gentes da nossa região e não só. Muito se tem falado através dos tempos da Ria de Aveiro, também identificada por Laguna, mas nem todos conhecerão as ilhas que nela existem e que já tiveram vida com histórias que permanecem na memória de muitos.
Quem há pelas povoações circundantes que não conheça ou tenha ouvido falar da ilha do Monte Farinha, da Testada, de Sama (conhecida por quinta do Rebocho), entre outras, sendo certo que nelas se cultivou milho, feijão, batata, melancia, vinho e até se produziu sal, ao lado de rebanhos e cavalos, como recorda a autora, que falou com proprietários e descendentes de quem lá morou ou nelas passou férias?
Maria José Santana não se ficou pelas ilhas e pelos que nelas trabalharam ou veranearam, mas vai mais longe quando aborda as origens da Ria e os seus historiadores, como os escritores e artistas, de diversos matizes, que a souberam descrever e cantar.

F. M.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

EFEMÉRIDE - D. António dos Santos, Bispo da Guarda

No dia 17 de novembro de 1979, D. António dos Santos, até então bispo auxiliar de Aveiro, foi nomeado Bispo da Guarda pelo Papa João Paulo II. Manteve-se à frente da diocese egitaniense até 1 de dezembro de 2005. Faleceu no dia 26 de março de 2018.
Conheci D. António dos Santos desde o tempo em que foi prior de São Salvador, Ílhavo, e dele guardo gratas recordações assentes numa dedicação à Igreja sem limites e numa humildade cativante. Nessa altura, nas periódicas reuniões arciprestais, exibia frequentemente o Vaticano II para todos ficarmos a saber como devíamos agir.
Depois, como Bispo Auxiliar de Aveiro, soube estar à altura de colaborar com entusiasmo com D. Manuel de Almeida Trindade. Seguiu para a Guarda e quando nos encontrávamos dirigia-me, com muita naturalidade, palavras amigas, de onde sobressaía a simplicidade e a amizade do seu coração.

PEDOFILIA: Bispos portugueses querem apuramento histórico

Conferência Episcopal realça “acompanhamento” das vítimas e quer “apuramento histórico desta grave questão”. A comissão terá “real independência” para investigar. A CEP foi unânime na decisão.

Eugénio Fonseca 
Eugénio Fonseca, um dos signatários da carta que pedia uma investigação independente à pedofilia por parte de pessoas ligadas à Igreja Católica em Portugal (ver CV da semana passada), considera que a decisão dos bispos é “corajosa” e “assertiva”. De passagem por Aveiro, onde participou numa ação do Dia Mundial dos Pobres, o antigo presidente da Cáritas Portuguesa louvou a “coragem e humildade” de tudo quererem esclarecer e de “assumirem responsabilidades passadas”. 
Eugénio Fonseca adianta, no entanto, que falta definir quem faz parte da comissão. “É preciso que sejam pessoas independentes, totalmente isentas, da Igreja e muitas fora da Igreja, e que a comissão tenha meios para trabalhar”, nomeadamente acesso a todos os casos, pessoas e documentos. 
Eugénio Fonseca considera que nesta questão “monstruosa”, que “contraria os princípios fundantes da Igreja”, é preciso humildade para reconhecer o pecado, apoio para as vítimas e para os abusadores, que são doentes ou sofrem distúrbios, e dinamismos de prevenção para que tais situações não voltem a acontecer.

NOTA: Publicado no "Correio do Vouga"

terça-feira, 16 de novembro de 2021

O Mar a quem tanto devemos

Dia Nacional do Mar



O Dia Nacional do Mar celebra-se hoje, 16 de Novembro, e nós, os portugueses, temos boas razões para o festejar, ou não fôssemos, de certo modo, desde há séculos, tão dependentes dele. Por isso, seria de esperar que algo de especial fizéssemos para mostrar ao mundo quanto lhe devemos. Contudo, ainda hoje não ouvi nem vi nada sobre isso. Talvez por estar metido em casa envolvido por outras tarefas.
O mar tem assumido uma importância estratégica para Portugal, sendo um setor vital para a economia portuguesa e para o produto interno bruto (PIB), conforme li e sei, mas ainda li que em 2013 o mar que nos envolve deu trabalho a 100 mil pessoas, produzindo uma riqueza anual de 8 mil milhões de euros.
A celebração do Dia Nacional do Mar teve origem na "Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar", que entrou em vigor a 16 de novembro de 1994. Portugal ratificou o documento em 1997.

Farol da Barra de Aveiro merece uma visita




Não será novidade para ninguém se dissermos que o povo da nossa terra, na sua grande maioria, nunca subiu ao Farol. Vão até lá, apreciam-no de perto e de longe, sabem que é o mais alto de Portugal e ouvem a ronca em dias de nevoeiro no mar, mas não passam disso. 
Hoje venho lançar o desafio aos nossos conterrâneos, convidando-os a fazerem um esforço para subirem ao Farol pelos seus 288 degraus e para lá no topo, a 62 metros de altura, apreciarem uma paisagem circundante e deslumbrante em dia luminoso. E depois, com as fotografias que tirarem, não deixem de divulgar o espetáculo que registaram. 
O Farol entrou em funcionamento em 1893, após um processo demorado de estudos e construção. Posteriormente, houve necessidade de o proteger das investidas do mar, problema esse entretanto ultrapassado com a construção dos molhes. 
As visitas realizam-se às quartas-feiras, às 13h30, 14h15, 15h, 15h45 e 16h30, no inverno, até 27 de março de 2022. No verão, o horário será diferente. As marcações das visitas realizam-se no local, sem possibilidades de agendamento prévio e por ordem de chegada, por grupos até seis pessoas. A subida é pela escadaria de acesso.

F.M. 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Evocando - Carregar moliço



João Sarabando, um conhecido publicista de Aveiro, terra e região que o envolveram imenso, recolheu esta foto que veio a ser publicada no livro "AVEIRO - Imagens de um Século (Do espólio de coisas de Aveiro deixado por João Sarabando)", organizado por Jorge Sarabando. Na legenda diz que se refere aos anos 70 do século passado.
Importa mostrar, a meu ver, esta e outras imagens dos meus tempos de menino e jovem, como marcas indeléveis de um passado de muito trabalho e luta persistente, que tive o grato prazer de testemunhar. Não com vontade de que esses tempos voltem, mas em jeito de homenagem aos nossos antepassados.

Fernando Martins

Papa Francisco, cidadão do mundo (2)

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Em Outubro, aconteceu a abertura oficial de um sínodo, já não exclusivo dos bispos, mas de toda a Igreja. Atrevo-me a dizer que é a decisão mais importante de todo o pontificado de Bergoglio.

1. No meu entender, o que unifica o percurso polifacetado do Papa Francisco é a luta por uma Igreja outra ao serviço de um mundo outro. Na crónica do domingo passado, tentei uma leitura desse percurso até 2018. Prometi que não deixaria em branco os anos de 2019 a 2021.
2019 ficou marcado por três grandes acontecimentos. O primeiro foi a assinatura do documento Fraternidade Humana pela Paz Mundial e a Convivência Comum, pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar, Ahamad al-Tayyeb, em Abu Dhabi. É um documento extraordinário em si mesmo e ficará, para sempre, como referência do que devem ser as relações entre cristãos e muçulmanos. Além de encorajar e fortalecer o diálogo inter-religioso, promove não só o respeito mútuo, como condena, de forma radical, o terrorismo e a violência em nome de Deus. Em nome de Deus só se pode fazer o bem.

domingo, 14 de novembro de 2021

Não tenhamos medo de olhar de perto os mais frágeis

DIA MUNDIAL DOS POBRES 



Por iniciativa do Papa Francisco, celebrou-se este domingo, pela quinta vez, o Dia Mundial dos Pobres com objetivos de se pôr fim à pobreza de multidões de pessoas em todo o mundo. «O Dia Mundial dos Pobres, que estamos a celebrar, pede-nos que não viremos a cara para o outro lado, que não tenhamos medo de olhar de perto o sofrimento dos mais frágeis», lembra o Papa.
Na sua mensagem, o Papa denuncia «a multiplicação de novas formas de pobreza, questionando discursos políticos que fazem dos pobres “responsáveis pela sua condição” e mesmo um “peso intolerável” para o sistema económico». Diz ainda que «Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza e, muitas vezes, descarrega sobre os pobres toda a responsabilidade da sua condição. Mas a pobreza não é fruto do destino; é consequência do egoísmo».
Perguntaram um dia a Teresa de Calcutá se haveria forma de erradicar de vez a fome no mundo. E madre Teresa respondeu de pronto:  Claro que há; bastaria que cada um de nós matasse a fome, cada dia, ao primeiro  pobre que encontrasse na rua. (Citei de cor).

CASTELO DE POMBAL - Marca fascinante da nossa História


Gosto imenso da nossa região, da qual falo e escrevo frequentemente, exibindo as suas belezas. Raramente digo mal do que temos, preferindo apontar sugestões que considero viáveis para o bem da comunidade. Contudo, não deixo de apreciar, tantas vezes com emoção, as marcas históricas que os nossos antepassados nos legaram. Hoje, aqui fica o Castelo de Pombal que registei há anos quando por ali andei à descoberta do Marquês.

sábado, 13 de novembro de 2021

A azeitona


De vez em quando recordo os meus escritos mais antigos e outros que publico no meu blogue, em jeito de quem partilha o que gosta. E fico espantado com as preferência dos meus leitores. Vejam, por exemplo, a história intitulada  "A azeitona" que ocupa o primeiro lugar do último ano.

Podemos "definir" Deus?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

"A religião pura e sem mancha consiste em visitar os órfãos e as viúvas."

1. É evidente que, em sentido estrito, não podemos definir Deus. Ele é o Infinito, o Mistério da Ultimidade e, por isso, está sempre para lá de tudo o que possamos pensar ou dizer d'Ele.
O que dizemos fica sempre aquém. Mas as religiões sempre tentaram. A Bíblia também.
Duas vezes fundamentalmente a Bíblia tenta dar uma "definição" de Deus. A primeira pertence ao Antigo Testamento: "Eu sou Aquele que sou", diz Deus. A segunda é do Novo Testamento: "Deus é Amor." "Eu sou Aquele que sou" é o nome do próprio Deus, revelado a Moisés, e significa: Eu sou aquele que está convosco. "Deus é Amor" procede da experiência feita com Deus através da experiência com Jesus enquanto encarnação desse amor na sua universalidade, e é, nas palavras do grande teólogo Karl Barth, "a definição fundamental" de Deus: "Deus ama! (...) tal é a essência de Deus que aparece na revelação do seu nome. "Deus é" quer dizer: "Deus ama"."

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Gafanha da Nazaré - Primeiro matrimónio

Efeméride 
17-06-1911

O primeiro matrimónio celebrou-se nesta data, na então chamada capela da Cale da Vila, Gafanha da Nazaré, a servir de matriz provisória. Domingos José Soares e Maria de Jesus da Silva consorciaram-se em cerimónia presidida pelo pároco encomendado João Ferreira Sardo, que os uniu, tendo também procedido “à bênção do anel”. O Domingos tinha 22 anos de idade, era solteiro e pescador, natural e morador na freguesia da Murtosa e nela baptizado, filho legítimo de José António Soares e de Maria Joaquina de Oliveira, naturais da mesma freguesia, concelho de Estarreja, Diocese do Porto; a Maria de Jesus tinha 23 anos de idade, era solteira e jornaleira, natural da freguesia da Gafanha, filha legítima de Manuel Fernandes Casqueira e de Rosa de Jesus, naturais desta freguesia. Foi baptizada na freguesia de Ílhavo. Serviram de testemunhas no baptizado João Peixoto, casado e jornaleiro, e Joana de Jesus Casqueira, casada e seareira, naturais desta freguesia e nela residentes. Cônjuges e padrinhos não assinaram, “por não saberem escrever”.

Quando digo o nome do mar...

 

Quando digo o nome do mar não é do mar
que digo o nome, mas de tudo o que
antes e para lá do mar ficou
em sobressalto nos perigos da sua travessia.

Aprendi isso em lugares raros,
como o último silêncio, a última gota
de água ou de mel.

Francisco José Viegas

Li em Poemário

Praia da Barra - Marco geodésico

 

Nem sei há quantos anos ali está, no sítio certo, o marco geodésico, a cumprir a sua função, indiferente a quem passa. Nas dunas, entre ervas secas, a olhar o mar e quem passa. Não sei quem cuida do seu aspeto físico e da sua preservação. Tem, no cimo, um curto ferro. Será que lhe falta alguma coisa? E terá ou já teve alguma inscrição? Confesso que não sei.

Aprendei a lição da figueira

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo XXXIII do Tempo Comum



Os sinais do mundo novo estão a surgir no apreço pela dignidade humana, na solidariedade, na justiça e equidade, no amor de doação, expressões qualificadas do amor com que Deus nos ama. Antecipemos o futuro, envolvendo-nos no presente, fazendo nossa a luta por estas causas e valores.


Uma figueira constitui o recurso pedagógico a que Jesus “lança a mão”, nos seus ensinamentos, sobre o que irá acontecer no final dos tempos: a instauração do reinado de Deus na humanidade, a realização das promessas. “Será um processo lento e longo no qual o Deus humanizado em Jesus se fará presente entre os humanos, até humanizar este mundo libertando-o da desumanização que origina tanto sofrimento e opressão” (J. M. Castillo, La religión de Jesús, Ciclo B, De Brouwer, 2017). A convulsão cósmica que culmina os acidentes marcantes da história humana é narrada nas fases da vida da figueira.
Os discípulos estão habituados a observar o que acontece com ela nas várias estações do ano. Sabem que é a última árvore a desabrochar os rebentos nos ramos e a cobrir-se de folhas, deixando a letargia da hibernação e abrindo-se às novas aragens dos começos do Verão. E sabem também que, só depois, virão os figos apreciados e saborosos. Antes, porém, passa por fases de total despojamento, fustigada pelas forças agressivas e devastadoras de vendavais e chuvas intensas. Paciente, o agricultor observa os sinais da evolução do ritmo normal da vida “congelada” e, confiante, aguarda a hora promissora da nova estação. Mc 13, 24-32.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Amo o Silêncio


AMO O SILÊNCIO


Amo o silêncio e as vozes que insinuam,
Meigas ciciam, musicais, veladas,
Fracas, serenas, pálidas, cansadas,
Doces palavras que no ar flutuam.

Amo o silêncio e a luz difusa… E amo
A tarde cor de cinza, a chuva calma,
E o mar sem ondas, liso como a palma
Da minha mão aberta… E em cada ramo

Das árvores sem folhas, amo os verdes
Musgos pendentes, flácidos, em tiras…
Assim, minh’alma extática, suspiras,
Meu coração tranquilo, assim te perdes!

Rude fragor do mundo, sombra fria,
Passa de largo! Não me acordes, não!
Deixa correr a fonte da ilusão,
Enche-me a vida de melancolia…

Carlos Nascimento

Poeta (1897-1978)

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