Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema — e são de terra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema — e são de terra.
Com mãos se faz a guerra — e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
in "O Canto e as Armas"
NOTA: Ontem assisti, via TV, a uma homenagem ao poeta Manuel Alegre. Artistas conhecidos cantaram alguns dos seus expressivos poemas. Aqui fica a minha singela homenagem.