Será que os nossos jovens sabem o que se celebra hoje? Nas escolas de vários graus de ensino ainda se fala desta data marcante da nossa identidade e do sentido de portugalidade para os tempos que correm? Ou o 1.º de Dezembro não passa de um dia como outro qualquer, neste caso sem aulas e sem trabalho?
Permitam-me que apenas sublinhe o que aconteceu neste dia do ano de 1640, segundo a versão do meu professor primário. Portugal estava há 60 anos (1580-1640) sem rei português. Por questões dinásticas, o Rei de Castela também era o soberano do nosso país. Tinha em Portugal uma senhora, duquesa de Mântua, que o representava. E à volta dela uns tantos que a bajulavam, nomeadamente, Miguel de Vasconcelos, tido, na altura, por traidor à Pátria Portuguesa. O descontentamento era geral. Então um grupo que ficou para a história como os Conjurados, estudou uma estratégia para, num golpe rápido, acabarem com a farsa. Quando lhes perguntaram o que é que se passava, terão dito que iam ao paço tirar um rei e pôr outro no seu lugar.
Assaltaram o paço, cortaram o pescoço ao traidor e atiraram os seus restos mortais pela janela. A duquesa, boquiaberta, terá perguntado: — O que é isto, portugueses? E a resposta também terá sido esta: — Cale-se e saia por aquela porta, se não o fizer vai já pela janela, como foi o traidor Vasconcelos.
Entretanto, um arauto foi a Vila Viçosa anunciar ao Duque de Bragança que era o novo rei de Portugal. O Duque, que estava a ouvir missa, ficou atarantado e saiu apressado. E o povo que na mesma missa estava, vendo a sua pressa, saiu para saber o que se passava. E, pelos vistos, logo ali o aclamou como rei de Portugal. Veio a ser D. João IV.
Nota: Esta história, mais ou menos, foi-me contada na minha Escola Primária, a escola da Ti Zefa, cujo edifício virou garagem de bicicletas. O meu saudoso professor, Manuel Joaquim Ribau, vivia esta história como poucos.