quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Sem rumo




Será que da pandemia poderemos colher ideias novas? Tenho para mim que sim. Para já, admito que aprendi a importância de andar por aí ao deus-dará. Sem rumo definido, sem norte, como se dizia noutros tempos, sem pressas de regressar a casa, sem objetivos definidos, mas andar. Há dias fizemos isso. Porque era preciso caminhar, porque era importante desentorpecer os membros perros.   
Saímos sem metas à vista. Parávamos onde calhava para desfrutar o silêncio. Olhávamos o horizonte sem olhar o relógio. Estávamos por ali. Conversávamos por vezes para não estarmos calados. A Lita reparava nos que nem dos carros saíam. Nós fomos os únicos que enfrentámos a aragem húmida e fresca da maresia, que apreciámos os pescadores solitários da ria e que assistimos à chegada com partida logo depois do ferry-boat “Cale de Aveiro” que faz regularmente a ligação  a São Jacinto. Naquela viagem de poucos carros e pouca gente, o ritual da atracação e partida foi feito com serenidade e saber.  Ontem como sempre, naturalmente.

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