PRÓLOGO
Fui avestruz. Sou ruminante
Da seiva lírica. A pastagem,
Outrora verde e abundante,
Está queimada da estiagem.
Olhar o céu límpido e mouco
Não vale mais do que o que foi.
A água tarda. O pasto é pouco.
A fome rói.
Ah, se uma lágrima bastasse
Pra encher de viço esta secura!
Sinto-a a escorrer-me pela face
Futura.
António Manuel Couto Viana