Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo VI do Tempo Comum
“Feliz não é quem possui todos os tesouros da terra; feliz é quem faz de Deus o seu verdadeiro tesouro”.
Hoje é o domingo das bem-aventuranças apresentadas por Lucas de forma emblemática. São quatro com o seu reverso: felicidade e infelicidade, alegria e tristeza, pobreza e opulência, anúncio de satisfação e lamentação compassiva (ai de vós), Visualiza e prolonga a homilia de Jesus na sinagoga de Nazaré, antecipa o ministério que se propõe realizar e abre horizontes ao futuro de avaliação final da nossa vida. Mt 25, 31-46. O estilo de vida que assume, a mensagem que anuncia e as acções que realiza constituem o visual do seu ser Deus humanado, o sonho de um homem novo, feliz, e faz a sua proposta de vida no ensinamento das bem-aventuranças. Apresenta a identidade da sua causa que nos atrai e vamos saborear. Lc 6, 17.20-26.
Ensina o Catecismo da Igreja Católica que Deus colocou no coração do homem um desejo íntimo de felicidade. Desejo que o leva a querer ser feliz e a buscar modos concretos para o conseguir: segurança na riqueza, no prazer, no êxito, na promoção social e noutros ideais. Desejo que dá sentido ao caminho da felicidade que marca a história da sua vida.
As leituras da liturgia deste VI domingo apresentam-nos dois caminhos à escolha: um leva à plena realização; o outro à plena decepção.
Lucas faz-nos ir até à montanha onde Jesus ora ao Pai e escolhe, dentre os discípulos, os doze Apóstolos. Desce e pára na planície onde estava muita gente à-espera de o ouvir e de ser curada das suas doenças. E ensina as bem-aventuranças que o Papa Francisco comenta de forma bela na Exortação Apostólica «Alegrai-vos e Exultai». E diz: Lucas não fala duma pobreza «em espírito», mas simplesmente de ser «pobre» (cf. Lc 6, 20), convidando-nos assim a uma vida também austera e essencial. Desta forma, chama-nos a compartilhar a vida dos mais necessitados, a vida que levaram os Apóstolos e, em última análise, a configurar-nos a Jesus, que, «sendo rico, Se fez pobre» (2 Cor 8, 9). GE 70. E prossegue com os que tem fome e sede justiça, porque serão saciados com a partilha de bens e a solidariedade na terra e a abundância de dons no Reino que o Pai nos dá; com os que choram por serem vítimas de injustiças e violentados na sua dignidade porque um dia contemplarão o riso de Deus e viverão na sua alegria; com os perseguidos e rejeitados “por minha causa porque será grande no Céu a vossa recompensa”.
A felicidade não é uma “estação” onde se chega, mas viagem de toda a vida. Como peregrinos, em quem nos apoiamos neste caminhar: nos amigos influentes que conquistamos; no dinheiro acumulado nas poupanças; nos bens materiais que possuímos; na posição social que ostentamos; no luxo, no conforto que usufruímos; nos elogios que recebemos? Onde estão os alicerces da nossa felicidade? P. António Geraldo.
“Feliz não é quem possui todos os tesouros da terra; feliz é quem faz de Deus o seu verdadeiro tesouro”.
Pe. Georgino Rocha