Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo VIII do Tempo Comum
“Pegue na minha mão;, pede ao médico um doente prestes a morrer. Eu preciso da sua mão”, relata o Papa Francisco na comunicação aos profissionais de saúde que em Itália celebravam o seu Dia Nacional. E remata: “Todos precisamos de uma mão amiga ao longo da vida”. Mão amiga que nos faz sentir a presença do outro e a sua ternura, mão amiga que é companhia e segurança, mão amiga que desperta energias e levanta ânimos, mão amiga que guia e conduz. Mão amiga que revela a riqueza de um coração sábio e prudente, verdadeiro bom tesouro, como afirma o Evangelho de hoje. Lc 6, 39-45.
Lucas agrupa em três breves parábolas os ensinamentos de Jesus na parte final do sermão das bem-aventuranças: o cego a guiar outro cego; o argueiro e a trave na vista, a árvore que se reconhece pelo fruto. Todas elas conduzem ao que o salmo 89 chama “sabedoria do coração” que se revela nas palavras que são na boca o eco do vai no coração humano.
O coração é uma realidade rica em sentidos: A nível biológico é um músculo complexo; a nível pessoal, o coração é o centro dos nossos sentimentos, desejos e decisões; a nível cristão, o coração humano é o mesmo centro pessoal que, por ser humano, está cheio de ambiguidade para dentro e para fora de si. Pode acumular bondade, que lhe possibilita a marca indelével de ser imagem de Deus, mas pode também acumular maldade, a que provém das suas arcaicas tendências autodestrutivas. Pode expressar o amor à vida, descentramento de si ou amor à morte, ao narcisismo, ao medo endémico. E. Fromm. Daí, a necessidade de cuidar do coração em todos os níveis, sobretudo ético e espiritual, de modo que possamos dizer com sinceridade: “Coração de Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”.
Mão amiga que liberta das cegueiras da vida, que retira ciscos e traves da vista sem luz e horizontes, que faz ver os frutos da boa árvore. Também no Carnaval. Mão amiga que abre o tesouro do coração onde se encontram os dons de Deus que é preciso deixar crescer servindo o próximo em suas necessidades. dons que São Paulo elenca em algumas das suas cartas, designadamente na que dirige aos cristãos da Galácia: alegria, paz, benevolência, mansidão, domínio de si. “Uma coisa é boa, se o “eco” interior que produz em nós é um sabor de alegria, paz, benevolência, de liberdade; então é uma coisa que vem de Deus, embora possa ser acompanhada de situações e circunstâncias aparentemente difíceis. Um dito popular diz que não existe rosa sem espinhos, mas se o nosso olhar contempla só os espinhos, não contemplamos a beleza da rosa”. Pe. Jácomo, sdb.
“Não deixes que te roubem a esperança e a alegria, que te narcotizem para te usar como escravo dos seus interesses, exorta o Papa Francisco, abrindo-nos horizontes de vida, sobretudo aos Jovens. Ousa ser mais, porque o teu ser é mais importante do que qualquer outra coisa; não precisas de ter nem de parecer. Podes chegar a ser aquilo que Deus, teu Criador, sabe que tu és, se reconheceres o muito a que estás chamado. CV 107
Pe. Georgino Rocha