terça-feira, 6 de abril de 2021

O Vocábulo Gafanhão - 4






Daniel Faria - Do livro das meditações I


No celeste orvalho e no vital refresco se mitigam os ardores
Apagam-se as chamas e cessam os trabalhos.
Reclino-me um pouco desconjuntado na estrutura do seu corpo
Como quem caminha nos amenos bosques da escritura.
Devagar
Corro notando e colhendo as saudáveis, as vigorosas ervas das sentenças.
Mastigo-as como quem lê repetindo
E torno a devorá-las na memória.
Celeste sumo do livro que é fonte
Represa aonde vou beber seguro.

Daniel Faria
Do livro POESIA

Verde que a noite esconde


O verde e a beleza que a noite esconde e que a luz do sol não deixa ver.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Segunda-feira da Páscoa

Uma curta evocação da Feira de Março 

Feira de Março - década de 50 do século passado 

A segunda-feira de Páscoa foi sempre dedicada pelo povo da Gafanha à Feira de Março. Quando eu era miúdo, os autocarros da Auto Viação Aveirense não paravam, sobretudo depois do almoço. O pessoal não tinha carro, como hoje. O meio de transporte mais usual era a "camioneta da carreira", como então se dizia. A festa da Feira de Março tinha lugar marcado no Rossio de Aveiro, a sala de visitas da cidade.
Na altura da Feira, por volta do dia 25 de Março, havia o ajustamento dos moços (também ouvi chamar feira dos moços) pelos marnotos, para o serviço nas marinhas ou salinas.  Assisti a essa cena nas pontes, atual rotunda. O valor de cada moço dependia da experiência e da capacidade física de cada um. 
Nas paragens, os amigos da Feira apareciam em massa. Depois, era a compra de pequenas coisas que faziam falta ao dia a dia: a colher de pau, o tacho de barro, os brinquedos para a criançada, as farturas que sempre ali tiveram espaço, o saca-rolhas, os sapatos e a roupa feita, etc. Eu comprava livros numa barraca. As edições eram tão fraquinhas que há muitos anos tive de atirar a livralhada para o lixo.  Compras feitas, uma voltinha nos carrocéis, uma visita ao Poço da Morte, onde o Dias, do Stand Dias, mostrou como um jovem normal também lá sabia andar de mota, era o regresso com a tralha às costas. 
E as camionetas, com o tejadilho cheio, lá faziam o transporte de regresso a casa. Era um dia de alegria.

FM

domingo, 4 de abril de 2021

Folar de Vale de Ílhavo

 
Ingredientes:

1 kg de farinha
15 g de sal
20 g de fermento padeiro
400 g de açúcar
5 gemas de ovo
4 ou 3 ovos (cozidos em casca de cebola)
50 g de manteiga derretida
200 ml de água morna
Canela a gosto (ou raspa de limão, opcional)


Preparação:

Junta-se a farinha (cerca de 500 g), o sal, o fermento e a água morna, amassando tudo muito bem e deixando levedar, pelo período de aproximadamente uma hora. Depois de a massa estar levedada, juntam-se o açúcar, os ovos e a manteiga previamente derretida, misturando tudo muito bem. Acrescenta-se a restante farinha (500 g) e a canela (ou a raspa de limão), envolvendo bem. Deixa-se levedar novamente.
Quando tiver levedado (aproximadamente para o dobro), tende-se a massa em forma de bolo do tamanho que se pretende, decorando com os ovos (previamente cozidos em água com casca de cebola), e pequenas tiras formadas com uma parte da massa que se entrelaçam com os ovos. 
Vai ao forno de lenha, previamente aquecido. Dica: um kilo de farinha dá para fazer um folar médio, que se enfeita com 4 ovos, ou 3 pequenos que se enfeitam com um ovo cada.

Bom apetite 

Fonte: Agenda "Viver em... Abril" da CMI

Dia de Páscoa

Memórias que escrevi em 2015



A Páscoa celebra, como é sabido, o grande mistério da nossa fé. Há um período, a Quaresma, que nos prepara para isso. Já no fim, o Tríduo Pascal congrega-nos intensamente para a vivência da paixão e morte de Jesus. Silêncio, meditação e oração, com jejuns, abstinências e partilhas, tornam mais expressiva a fé que de Deus no vem para em comunhão com todos construirmos um mundo melhor. Dir-se-á que esse propósito nos deve animar nos passos da nossa existência terrena. Para mim, a Páscoa é sempre uma mais-valia para o aprofundamento do meu envolvimento nos projetos da construção de uma sociedade mais fraterna, mais humanista. Por isso, valorizo de modo especial a festa maior do cristianismo. Maior, porque é da Ressurreição de Jesus Cristo que dimana a razão da nossa fé, dom de Deus ofertado a todos os homens e mulheres de boa vontade. Eu preciso da Páscoa.

Pode ler as minhas memórias da Páscoa aqui. 

Não somos para a morte

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO
 
O que haverá de original naqueles que fazem da Ressurreição de Cristo um princípio de vida pessoal e de intervenção social?

1. Por causa da crónica do passado domingo, um velho conterrâneo telefonou-me para me dizer o seu desconsolo com a Páscoa de agora, que já não tem graça nenhuma.
Não se referia às missas mascaradas. Manifestou-me simplesmente as saudades da maior e mais antiga festa da sua aldeia, onde agora raramente vai, testemunhando a sua progressiva desertificação. O tempo dos foguetes, acompanhados com os sinos alegres da Igreja, a banda de música entusiasmada a levar, em cortejo, a cruz enfeitada e luminosa a todas as casas, por caminhos transformados em tapetes de verdura e flores, para levar a todos a espantosa notícia – Aleluia, Cristo ressuscitou, aspergindo a família e a casa com água abençoada –, é um tempo que já só existe no museu da sua memória!
O mundo rural da nossa infância não tem grandes hipóteses de transfiguração religiosa. Para as comunidades católicas urbanas, é preciso escutar e interrogar o Prof. Alfredo Teixeira. É um antropólogo, músico e teólogo que não se alimenta de lamúrias, mas de criações, no seio da contemporaneidade, estimulado pelos contributos pioneiros da linguagem litúrgica do saudoso dominicano, Frei José Augusto Mourão.

PÁSCOA -Tempo da exultação jubilosa



PÁSCOA


Este é o tempo da exultação jubilosa,
o tempo do mistério fundamental:
A Morte é Vida e ao Pecado
sobrevém a Graça.
Esta é a noite gloriosa da Ressurreição,
– noite de Luz, noite de Vida.
Este é o Dia ardentemente esperado
pela longa vigília dos justos
na dura travessia da História.
Este é o tempo da Nova Criação,
o Dia novo da Imortalidade.
Alegremo-nos nele e rejubilemos.
Aleluia!

Eugénio Beirão

In “Invocação de Deus”

sábado, 3 de abril de 2021

Francisco e o pós-pandemia 2

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Continuo com o discurso de Francisco ao corpo diplomático, com perspectivas para o mundo pós-pandemia a partir das crises causadas ou postas a nu pela pandemia.

2.3. Crise migratória

A crise provocará um aumento dramático de migrantes e refugiados. Desde a Segunda Guerra Mundial que o mundo não tinha ainda assistido a "um aumento tão dramático do número de refugiados". Por isso torna-se cada vez mais urgente "erradicar as causas que obrigam a emigrar", como também se exige um esforço comum para apoiar os países de primeiro acolhimento, que se encarregam da obrigação moral de salvar vidas humanas.
Neste contexto, Francisco espera com interesse "a negociação do novo pacto da União Europeia sobre a migração e o asilo", observando que "políticas e mecanismos concretos não funcionarão sem o apoio da vontade política necessária e do compromisso de todas as partes, incluindo a sociedade civil e os próprios migrantes".

2.4. Crise política

Para Francisco, todos estes temas críticos "põem em relevo uma crise muito mais profunda, que de algum modo está na raiz das outras e cujo dramatismo veio à luz precisamente com a pandemia". É a crise política, que desde há uns tempos mina de modo violento muitas sociedades e "cujos efeitos devastadores emergiram durante a pandemia". Aumentam os conflitos políticos e a dificuldade, se não a incapacidade, para "encontrar soluções comuns e partilhadas para os problemas que afligem o nosso planeta". Manter viva a democracia é, portanto, um gigantesco desafio neste momento histórico.

Efeméride: Abertura da Barra

3 de Abril de 1808

Navio-Escola SAGRES a sair para o oceano na Boca da Barra

Em 1800, a Gafanha era já bastante povoada, na sua maioria por foreiros, e em 1808, a 3 de Abril, Luís Gomes de Carvalho abre a Barra, escancarando a porta à purificação da laguna e ao progresso da região. Estávamos a sofrer as consequências das Invasões Francesas, que tanto devastaram pessoas e bens no nosso país.
O comandante Silvério Ribeiro da Rocha e Cunha, numa conferência que proferiu em 14 de Junho de 1930 — AVEIRO: Soluções para o seu problema marítimo, a partir do século XVII —,  descreve com alguma poesia a forma como Luís Gomes de Carvalho, genro e continuador dos projectos do engenheiro Oudinot, inaugurou a nova Barra de Aveiro, depois de ela andar de Anás para Caifás durante séculos. Diz assim:

«Em 3 de Abril, domingo, [Luís Gomes de Carvalho] verificou que o desnível era de dois metros do interior para o exterior. Às 7 horas da tarde, em segredo, acompanhado por Verney, pelo marítimo Cláudio e poucas pessoas mais, arrancam a pequena barragem de estacas e fachina que defendia o resto da duna na cabeça do molhe, cortam a areia com pás e enxadas, e Luís Gomes de Carvalho, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota no frágil obstáculo que separava a ria do mar, dá passagem à onda avassaladora da vasante para a conquista da libertação económica de Aveiro depois de uma opressão que durara sessenta anos.»

Se hoje recordo este acontecimento de suma importância para a nossa terra e região, e até para o país, é porque considero oportuno lembrar que Luís Gomes de Carvalho acabou por ser vítima de ódios políticos. Liberal por convicção, em plena guerra das Invasões Francesas, sofreu implacáveis perseguições dos absolutistas, tendo sido violentamente afastado da direcção das obras em 1823, vindo a falecer em Leiria em Junho de 1826, como refere o comandante Rocha e Cunha na obra citada.

Porque a sociedade não tem alma, facilmente ostraciza os seus heróis. Os que ontem aplaudiu hoje condena ao esquecimento. A Gafanha da Nazaré batizou uma rua com o seu nome. 

Fernando Martins

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Morte de Jesus - primeiro e definitivo passo para a nossa redenção

Museu de Santa Joana. Cristo que muda de expressão

Três horas da tarde. À mesma hora, numa sexta-feira,  há mais de dois mil anos, Jesus Cristo morreu na cruz. Morte infamante que o Filho do Homem aceitou para remir todos os pecados da humanidade. Daquele tempo, de hoje e de sempre. Jesus aceitou as acusações da hierarquia judaica e a sentença decretada por um político romano covarde, sem protestos e sem revoltas. Sem reivindicações e sem testemunhas que abonassem o Seu bom comportamento na sociedade. Também sem advogados que pudessem falar do seu amor à justiça, à verdade, à paz e ao amor. Sem o testemunho de cegos a quem Ele deu a possibilidade de ver, de surdos a quem Ele deu o dom de ouvir. De leprosos que Ele limpou, de mortos que Ele fez regressar à vida. De gente a quem deu de comer, quando pouco havia para repartir por milhares de pessoas que deixaram tudo para O escutar.
Jesus, com a Sua entrega ao suplício por nós, quis assumir o sacrifício, séculos antes profetizado, para redimir os pecadores, oferecendo-lhes, como caminho de libertação, um mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.” O fundamento da civilização do amor, que ainda não soubemos construir.
Com o Seu sacrifício supremo, Deus feito Homem veio mostrar a cada um de nós e a todos que até a morte pode ter sentido. Pela Sua morte, veio a garantia de uma vida nova para todos, assente na certeza da ressurreição que Ele próprio experimentou três dias depois. É por isso que os crentes, os que acreditam que Jesus é o Redentor da humanidade, veem na Sua morte de cruz, ao lado de dois criminosos, o sinal de resgate que nos faz filhos de Deus e herdeiros da vida eterna.
A nossa tristeza desta hora, humanamente compreensível, vai passar muito em breve pela alegria da vitória de Cristo sobre a morte. Com a ressurreição de Cristo, na Páscoa da libertação, culminam todas as tristezas, todas as dúvidas, todas as hesitações. E todos então poderemos cantar aleluias.
A morte de Jesus Cristo é, verdadeiramente, o primeiro e definitivo passo para a nossa redenção.

Fernando Martins

Aleluia! O morto crucificado ressuscitou

Reflexão de Georgino Rocha 
para  o Domingo de Páscoa

O Ressuscitado não pode desligar-se do Crucificado e da “causa” que propôs na Palestina e pela qual foi condenado

A manhã da Páscoa contrasta profundamente com as trevas que se abatem sobre a terra, aquando da morte do Nazareno. Com as trevas, vem o recolhimento, o silêncio profundo. Com a aurora da manhã, surgem a correria, a agitação, a comunicação e outros dinamismos de vida em efervescência. Protagonizam este processo Maria Madalena, o discípulo que Jesus amava e Pedro. A este primeiro círculo, outros cada vez mais amplos se sucedem. Todos assumem atitudes que se tornam paradigmas do itinerário da fé cristã contagiante: trazer ao coração a memória do sucedido, abrir-se à surpresa da ocorrência, ir em busca de sinais credíveis, examinar os vestígios, deixar-se iluminar pela Escritura, reconhecer a novidade do acontecimento, partilhar com outros a energia transformante e o sentido transcendente que comporta, fazer comunidade. Jo 20, 1-9.
“É inútil procura-lo agora no lugar dos mortos”, afirma um catequista a propósito de Jesus ressuscitado. Quando a comunidade, no dia do Senhor, se reúne para ouvir a palavra e para partir o pão, ali está presente, ali pode ser ouvido e visto com olhos de fé.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Por que razão chora a pedra?


Há lágrimas de alegria e de tristeza. Há lágrimas de espera e de desespero. Há lágrimas de prazer e de dor. Há lágrimas de saudade e de esperança. Há lágrimas de felicidade e de infelicidade. Há lágrimas de certezas e de dúvidas. Há lágrimas de vitórias e de derrotas. Há lágrimas de encanto e de desencanto. Há lágrimas de morte e de vida. Há lágrimas por tudo e por nada! E também há lágrimas de crocodilo.

Fernando Martins

A pobreza e a educação

Não podemos perder 
o progresso dos últimos 15 anos

Não podemos deixar que a pandemia nos leve o progresso dos últimos anos na redução da pobreza, nem na melhoria das qualificações em Portugal, que são o passaporte para sair da pobreza. Os adultos podem manifestar-se e lutar pelos seus direitos; mas as crianças, especialmente as mais pequenas, não.

A taxa de risco de pobreza após transferências sociais em Portugal era, em 2019, de 17,2%, acima dos 16,5% da UE27. Isto significa que 1.768.160 pessoas em Portugal viviam com menos de 6014€ por ano, o que equivale a 501€ por mês, ou 16,5€ por dia. É com estes números que a Mariana Esteves, a Susana Peralta e eu abrimos a primeira edição do relatório “Portugal, Balanço Social”​, que resulta de uma parceria da Nova SBE com a Fundação La Caixa.

Mesmo que a um ritmo lento, a taxa de risco de pobreza tem vindo a diminuir em Portugal. Segundo dados do Eurostat, em 2004 havia 2,1 milhões de pobres em Portugal (20,4%). Isto significa que, em 15 anos, saíram da pobreza cerca de 300 mil pessoas. A pobreza pode ser episódica ou mais duradoura e, em regra, é o resultado da confluência de vários fatores. Além da composição do agregado familiar e algumas características sociodemográficas (como o género, a idade, a nacionalidade ou a área de residência), um dos fatores mais importantes é a relação com o mercado de trabalho.

Bruno P.  Carvalho

Ler mais no PÚBLICO 

quarta-feira, 31 de março de 2021

A casa escangalhada da tia velhota

A casa da foto é só para ilustrar

O que diz respeito à nossa região merece, normalmente, a minha atenção. Impossível se torna divulgar neste meu espaço tudo quanto leio. Hoje, porém, remeto os meus leitores para um blogue que estou a seguir, onde li o caso da tia velhota que morreu solteira, deixando uma casa na Costa Nova para os seus herdeiros. A casa estava muito escangalhada e a precisar de arranjo. Leia aqui

Heroína de Mazagão nasceu neste dia

Antónia Rodrigues nasceu em Aveiro 


No dia 31 de Março de 1580, nasceu em Aveiro, na freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, Antónia Rodrigues, filha de Simão Rodrigues, marítimo, e de Leonor Dias. Por ser pobre, Antónia foi, ainda jovem, para a companhia de uma irmã, casada em Lisboa, onde não gozou de grande aceitação familiar.
De espírito aventureiro, espírito esse alimentado por histórias de marítimos que eram contadas na capital, cedo se sentiu atraída pelo mar e pelas viagens. Decidida a levar uma vida de aventuras, comprou na Feira da Ladra roupas de grumete, cortou o cabelo à rapaz, disfarçou-se quanto pôde e candidatou-se a membro da tripulação de um navio que transportava trigo, com destino a Mazagão (ao tempo uma possessão portuguesa), com o nome de António Rodrigues.
Posteriormente, integrou a cavalaria da Praça, onde se distingui de tal forma que foi considerad(a)o o “terror dos mouros”. Por não procurar donzela, suscitou suspeitas, o que a levou a contar a verdade aos seus superiores, vendo-se obrigada a vestir roupa civil, com pena dos seus companheiros, que muito o (a) admiravam, pela sua coragem.
Casada, a “heroína de Mazagão” regressou ao reino e foi reconhecida por mercê régias que Filipe II de Portugal lhe conferiu. Não se conhece a data do seu falecimento, mas o seu exemplo, cantado por escritores e artistas, ainda hoje deve ser recordado pelos aveirenses.

F. M.

Notas: 

1. Escrevi esta mensagem neste dia de 2005;
2. Entretanto, o Historiador Francisco Messias descobriu, em Março de 2020, o assento de batismo da heroína no Arquivo Distrital de Aveiro, o qual refere que Antónia Rodrigues nasceu em 5 de Janeiro de 1572, oito anos antes da data até então conhecida.

Ficar à escuta


 
Ficar
à escuta

À escuta
do silêncio

Adília Lopes
em SUR LA CROIX

segunda-feira, 29 de março de 2021

Por aqui, andorinhas

MEC
Miguel Esteves Cardoso 
escreveu sobre as andorinhas 
e deixa uma pergunta: 
Que podemos fazer?

Ao ver como os japoneses celebram o florir das cerejeiras ocorre pensar na maneira como os portugueses reagem à chegada da Primavera. A Primavera, entre nós, é confidencial. Cada um festeja-a quando e como quiser. Para muitos é apenas a antecâmara do Verão.
As andorinhas já voltaram mas é como se ninguém as quisesse cá. Falamos delas e pintamo-las em cartazes mas são cada vez mais raros os lugares onde as deixamos fazer e guardar os ninhos.
Não basta serem protegidas por lei. Deveriam ser protegidas por nós. Há uma diferença entre encolher os ombros e não fazer-lhes mal, indiferente à sorte delas, e esforçarmo-nos um bocadinho para ajudar a protegê-las, tomando conta dos ninhos ou encorajando-os, garantindo-lhes acesso às áreas onde não incomodam ninguém.
É uma questão de atitude. As andorinhas que nos visitam alegram-nos os corações, a troco da nossa indiferença. Porque não sermos um pouco mais agradecidos? Que tal pensar nos milhões de mosquitos que comem todos os anos e reduzirmos drasticamente o nosso abuso de pesticidas? Porque não anunciar e festejar o regresso das andorinhas, tornando-as parte da experiência portuguesa da Primavera, como é o caso das cerejeiras e do Japão?
Não poderíamos facilmente tornarmo-nos num país que sabe acolher as andorinhas - e todas as outras aves que nos visitam - e aprendermos a confundir o nosso país com elas?
Chega de gostarmos das andorinhas sem fazermos nada por isso. Uma acção de amor vale mil declarações. Que podemos fazer?

Evocação da Feira de Março

 

Evoco hoje a Feira de Março que nos animava em Aveiro. As recordações que predominam vêm da juventude. Depois foram esmorecendo até sentir que bastava passar por lá umas horas e sair. Gostava, como ainda hoje gosto, de saborear uma fartura... ou duas, que a diabetes não admite mais. Vem isto a propósito de o FB me brindar com uma memória do momento das farturas. A pandemia com regras apertadas não tem dado tréguas e a Feira de Março ficou adiada para as calendas. E quando voltar, se voltar, já lhe perdemos o gosto. Outras feiras virão.

Vocábulo Gafanhão - 2








Mais umas achegas para que o linguajar gafanhão não morra por  esquecimento...

domingo, 28 de março de 2021

É tempo de tirar as máscaras


Continuamos sobre ruínas, sonâmbulos, em direcção ao precipício. Interessa-nos apenas sobreviver. A diferença é que agora estamos mais extenuados, abatidos, deprimidos.



"Calma. Não são essas. São aquelas que colocamos todos os dias, agarradas à pele, e que nos permitem retardar ou dissimular o confronto com a realidade, quando sabemos que o barco está em chamas há muito tempo. Nos primeiros meses de cada ano são feitas notícias, baseadas em estudos, que confirmam aquilo que uma fatia significativa da população intui sem precisar de estatísticas: que vivemos num mundo de grandes desigualdades. Talvez o problema maior do nosso tempo."

"No início da pandemia muitos imaginaram que se poderia abrir um novo ciclo que não acarretasse um regresso ao passado — seja ele personificado por fascismos ou experiências socialistas já ensaiadas — ou continuar um ciclo neoliberal incapaz do progresso social, de cuidar do bem comum, de promover a coesão colectiva, de garantir mais igualdade e de proteger a democracia e o planeta. Um ano depois, há mais exploração, direitos retirados, falta de contacto, isolamento e mais submissão a alguns dos efeitos perversos da digitalização. Continuamos sobre ruínas, sonâmbulos, em direcção ao precipício. Interessa-nos apenas sobreviver. A diferença é que agora estamos mais extenuados, abatidos, deprimidos."

Dança das horas

Relógio de sol, Três Minas, Trás-os-Montes
Hoje, domingo, mudou  a hora. Já estamos na chamada  hora de Verão. Assim, continuamos com a dança das horas a que estamos habituados. Os relógios mecânicos precisam de ser corrigidos. Os outros não precisam das nossas preocupações. 

Uma Páscoa do Mundo

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

O modo como é entendida e vivida a Páscoa cristã depende de cada um e das Igrejas em que se reconhecem.

1. Entramos na Semana Santa ou, como já foi usual dizer, na Semana Maior. Os acontecimentos que estão na origem das várias correntes e expressões do movimento cristão dividiram o tempo: antes e depois de Cristo, a partir do seu nascimento. Esta era cronológica (Era Cristã ou Era Comum) é globalmente adoptada, mesmo em países de cultura maioritariamente não cristã, para efeitos de unanimidade de critérios em vários âmbitos, como o científico e o comercial. Nem todos os países seguem o calendário ocidental. Contudo, tornou-se o padrão internacional, sendo reconhecido por instituições como a ONU ou a União Postal Universal, por razões conhecidas.
O modo como é entendida e vivida a Páscoa cristã depende de cada um e das Igrejas em que se reconhecem. Na Europa, já não estamos em regime de Cristandade. A separação entre Igrejas e Estado está felizmente consumada em muitos países, mas a ignorância das próprias tradições religiosas parece-me, culturalmente, lamentável.
As pessoas da minha idade já conheceram várias formas de entender e viver o Tempo Pascal. Em certas zonas do país, procura-se reconstituir, por devoção e louváveis razões culturais, ecos da Semana Santa como a viviam os nossos avós.

sábado, 27 de março de 2021

Francisco e o pós-pandemia. 1

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias


São 187 os países que têm relações diplomáticas com a Santa Sé/Vaticano. Também várias organizações internacionais, como a União Europeia, a Liga dos Estados Árabes, a Organização Internacional para as Migrações, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a Ordem Soberana Militar de Malta, têm um representante junto do Papa.

1 Como habitualmente, também este ano o Papa Francisco saudou o Corpo Diplomático num discurso com propostas para o futuro novo. Derrotar o vírus é "uma responsabilidade que nos envolve a todos: cada um de nós pessoalmente e também os nossos países". O ano de 2020 "deixou atrás de si um peso de medo, desânimo e desespero, a par de muitos lutos". A pandemia mostrou como somos interdependentes: os seus efeitos são verdadeiramente globais, afectando toda a Humanidade. "Pôs-nos em crise, mostrando-nos o rosto de um mundo doente, não só pelo vírus, mas também no meio ambiente, nos processos económicos e políticos, e ainda mais nas relações humanas. Colocou diante de nós uma alternativa: continuar pelo caminho que temos seguido ou empreender uma nova via."

Fique em Casa


Não é preciso grande esforço para refletirmos sobre os confinamentos aconselhados pelos  meios de comunicação social, obrigados que fomos a ler nos cantos das televisões o aviso “Fique em Casa”. A realidade concreta da vida, os comunicados do Governo, os discursos e conversas do Presidente da República e das pessoas mais informadas mostram os dramas e medos que o mundo está a enfrentar. 
O perigo de contágio do Covid-19, estatisticamente mais fatal para pessoas idosas ou fisicamente mais débeis, não deixa dúvidas a ninguém de bom senso sobre a segurança que existe em nossas casas e a incerteza que podemos topar nos estabelecimentos e ajuntamentos ocasionais ou organizados,  por aqui e por ali, à revelia das decisões impostas pelos Governo, com o apoio da Assembleia da República e do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Rádio Terra Nova iniciou emissões oficiais há 32 anos

Em 26 de Março de 1989, num domingo de Páscoa, a Rádio Terra Nova (RTN), já com alvará e com as exigências legais aprovadas, reiniciou as suas emissões, assumindo um projeto voltado para as realidades culturais, sociais, desportivas e outras das comunidades envolventes, num raio de ação que, na altura, atingia os 50 quilómetros.
Adotou o nome Terra Nova, não só em homenagem a quantos viveram a saga da Faina Maior — Pesca do Bacalhau — nos mares do mesmo nome, mas ainda por refletir o sonho de quantos apostam numa terra nova, no respeito pelo progresso sustentado e pelos direitos humanos.
A sua programação aposta na informação regional e nacional, juntamente com uma cuidada escolha musical. Há, presentemente, os mais diversos programas que podem ser seguidos um pouco por todo o mundo, graças aos meios audiovisuais.
Com estúdios centrais na Gafanha da Nazaré, em espaço cedido no Centro Cultural (hoje Fábrica das Ideias) da nossa terra, emite em FM 105.0Mhz, para os concelhos de Ílhavo, Aveiro, Vagos, Estarreja, Murtosa, Ovar, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Águeda, Oliveira do Bairro, Anadia, Cantanhede e Mira.
Estas consideração, mais ou menos alinhavadas, foram escritas por mim há 11 anos, mas julgo que o essencial se mantém atual. Porém, uma rádio, como os demais órgãos de comunicação social, tem de estar em permanente caminhada de renovação.
Hoje, sinto ser minha obrigação sublinhar esta data para felicitar quantos a dirigem a nossa rádio e nela trabalham, com destaque para Vasco Lagarto, que desde a primeira hora tem sido a alma da RTN.

FM

Montado num jumento, Jesus entra na cidade

Reflexão de Georgino Rocha 
para o próximo domingo

A  CAMINHO DA PÁSCOA

A Igreja celebra o domingo de Ramos como “pórtico” da semana santa, a visão antecipada dos acontecimentos finais da vida terrena de Jesus. O triunfo da entrada em Jerusalém, caricatura do que realmente vai ocorrer, é profecia do que virá: a paixão e morte de Jesus adquirem o seu pleno sentido no grito de vitória sobre o mal na ressurreição de Jesus. Mc 11, 1-10.
O jumento que monta, os discípulos que o aclamam, os factos prodigiosos que recordam, as aclamações de paz e glória no céu, tudo isso não evoca senão o logro das aspirações dos mais débeis e desamparados deste mundo. “Em Jesus triunfa tudo o que na ordem presente fracassa. Tal é o significado profundo da entrada de Jesus em Jerusalém” Castillo.
O jumento estava preso e tem de ser desatado para que Jesus o possa utilizar. O animal deixa fazer, é dócil, paciente, humilde e serviçal. Avançam juntos. O jumento deixa-se guiar. Vai onde Jesus quer. Que bela lição!
Juntemo-nos a esta multidão entusiasmada que acompanha e aclama Jesus. Como eles, reunidos com os seus ramos e cânticos, nós vimos dizer-Lhe o nosso reconhecimento pelas curas e as bênçãos, pelo dom que Ele faz de si mesmo. E Jesus acolhe esta manifestação popular de afecto com benevolência.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Vocábulo Gafanhão - 1

RECOMEÇO
Afinal encontrei a 2.ª edição de O Vocábulo Gafanhão






Continua

O TEMPO

Capela de Santo Amaro, Vilarigues, Vouzela. Foto de FM

O tempo
é sagrado

O tempo
é templo


Adília Lopes
Em SUR LA CROIX

Gafanha da Nazaré – Alameda D. Manuel II

D. Manuel II

D. Manuel II nasceu a 19 de março de 1889, no Palácio de Belém, em Lisboa. Filho segundo do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia de Orleães.
Em 1904 assentou praça como aspirante na Marinha Portuguesa, tendo em 1907 ingressado na Escola Naval.
Com o regicídio de 1 de fevereiro de 1908, o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe foram assassinados, tendo D. Manuel ascendido ao trono como o sucessor do monarca, porém, como segundo na linha de sucessão não tinha sido preparado para assumir este cargo. Além disso, D. Manuel II encontrou um país com uma situação muito conturbada em termos políticos. A nível interno teve de enfrentar essencialmente duas questões: o caso Hinton e o caso do Crédito Predial. Na primeira, Hinton, inglês que vivia na Madeira, exigiu uma indemnização ao Estado Português pela revogação do monopólio do açúcar e do álcool no Arquipélago. Algo a que o Governo teve de ceder perante a enorme pressão inglesa. No segundo caso, estava em causa um desfalque que envolvia figuras importantes do regime.
Apesar de todas as dificuldades, D. Manuel II procurou uma solução para o período conturbado, tendo convidado o sociólogo Léon Poinsard, para traçar um quadro do nosso país e sugerir medidas de fomento a nível económico e social, o que resultou na divulgação do estudo Le Portugal Inconnu (1910).
Em termos externos, D. Manuel II tentou estabelecer boas relações diplomáticas com outros países, nomeadamente Inglaterra e Espanha.
Apesar de todos os esforços, a Revolução Republicana acabou por triunfar a 5 de outubro de 1910 e o monarca exilou-se em Inglaterra. Mesmo afastado continuou a interessar-se pela situação política de Portugal, tendo sido favorável à entrada do país na I Guerra Mundial, ao lado dos Aliados.
Faleceu a 2 de julho de 1932, em Inglaterra, porém, os seus restos mortais foram transportados para Portugal.

Informação Histórica do Topónimo

1. Este trabalho foi elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo) para o projeto “Se esta rua fosse minha";
2. A Alameda D. Manuel II existe na Gafanha da Nazaré e foi aprovada pela CMI em 19 de setembro de 2005 (Ata CMI 26/2005).

Informação Memorial sobre o Topónimo

O professor Fernando Martins recorda (Timoneiro junho de 2013) a visita do monarca à região, a 27 de novembro de 1908, na qual supervisionou as obras da Barra, tendo atravessado a Gafanha da Nazaré. A ocasião tornou-se ainda mais importante quando numa sessão na Câmara Municipal de Aveiro condecorou o gafanhão, António Roque, que conduziu o barco em que regressou, com a medalha de mérito, philantropia e generosidade.
Mas a ligação de D. Manuel II à região não terminou nesta visita, tendo assinado, a 23 de junho de 1910, o decreto da  criação da freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré.

quarta-feira, 24 de março de 2021

Uma manhã agradável

Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré

Saí hoje para uma consulta médica na USF Beira Ria num espaço arejado e arrumado no centro da freguesia da Gafanha da Nazaré. Cheguei à porta de entrada passando por algumas pessoas que, descontraídas, por ali andavam. Solícita, uma empregada aproxima-se e pergunta-me ao que ia. Tinha consulta marcada para daí a meia hora. Indicou-me o caminho onde deveria confirmar a inscrição. Confirmação feita, a empregada convidou-me a esperar, na sala ao lado, sentado numa cadeira. Seria chamado na minha hora, tal como aconteceu.
Enquanto esperava pude confirmar a boa organização do serviço e o modo delicado como orientavam os pacientes. Não se aproxime de ninguém, não tire a máscara, desinfete as mãos. Num placar li diversas recomendações. Uma delas dizia que nos podíamos levantar, sem nos afastarmos da cadeira. Uma outra funcionária tinha por missão limpar  tudo. Mal uma pessoa era chamada para a consulta, apressava-se a desinfetar a cadeira. Não podendo nem devendo entrar em pormenores sobre a consulta, como se compreende, direi que decorreu com a simpatia e a compreensão de sempre.
Venho com esta nota apenas para sublinhar a importância do SNS e a forma como somos atendidos. No meu caso, não houve demoras, confirmei a organização afinada, o atendimento delicado e o profissionalismo responsável, sobretudo neste tempo de pandemia.
Cá fora, no Jardim 31 de Agosto, enquanto aguardava o transporte, respirei o ar fresco e agradável da manhã. Ao centro, a estátua do Prior Sardo, um dos que mais contribuíram para a criação da freguesia e paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, em 1910. À direita, a Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, antigo Centro Cultural. Ao fundo, lá está a torre da Igreja Matriz. À esquerda, o cemitério. E regressei a casa satisfeito pela consulta e pelas memórias que durante um tempinho revivi.

F. M.

terça-feira, 23 de março de 2021

O Vocábulo Gafanhão

 


Encontrei hoje, entre a minha papelada, “O Vocábulo Gafanhão", concluído em 7 de Outubro de 1983, na Escola Preparatória da Gafanha da Nazaré. Possuo um exemplar da 1.ª edição, numerado e autenticado.
Penso que houve nova edição, mas ainda não a encontrei.
Vou publicar página a página com um pedido: Podem enviar-me novos (antigos) vocábulos referentes às páginas editadas no meu blogue. Depois terei o cuidado de os tornar públicos.

Mesmo atrasados, apresento os meus parabéns aos membros do Gabinete de Estudos Gráficos (e outros) pela iniciativa.

Fernando Martins

Máscaras passam a fazer parte da moda


Com máscaras e preparados para atacar a Peste Negra

Os confinamentos vão continuar, mais ou menos rigorosos, e não se vislumbram condições plenas para voltarmos à normalidade, com garantias de segurança. O coronavírus teima em atacar o mundo, mas há de chegar o dia da sua derrota ou, melhor dizendo, da vitória da ciência que o homem vai dominando.
Vem esta conversa a propósito de eu ter saudades de sair para arejar o corpo e o espírito. Visitar a minha igreja, tomar um café numa esplanada, passar por uma livraria, cruzar-me com conhecidos e amigos, contemplar a natureza. Estou a escrever esta nota depois de arrumar numa prateleira das minhas estantes um livro acabado de ler, de José Mattoso, “A História Contemplativa”, que inclui conferências e estudos relacionados com a sua especialidade de medievalista, onde abordou num capítulo a Peste Negra a partir do século XIV, em particular em Portugal. Morreram reis, rainhas, príncipes e princesas, entre as quais a nossa Santa Joana. Do povo, nem se fala, por tão elevados serem os números. Povoações desapareceram no nosso país. 
Confesso que a leitura tem sido uma enorme ajuda para encher o tempo, a par de algumas tarefas domésticas, pois não sou por aqui um simples hóspede de cama, mesa e roupa lavada. Leio, escrevinho, converso, mas o receio prende-me em casa. Vamos acreditar que tudo melhore, mesmo que de futuro a máscara passe a fazer parte da moda do vestir e estar.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Dia Mundial da Água - Resolver os problemas da falta de água

Nos prédios circundantes não faltará água

Quem vive rodeado de mar e ria por todos os lados não faz a mínima ideia dos sacrifícios de imensa gente que tem de percorrer grandes distâncias para conseguir um balde de água para fazer a comida e matar a sede. Para além de mar e ria, escavando uns metros no solo logo surge água.
Neste Dia Mundial da Água, os diversos meios de comunicação social vão dizer-nos muitíssimo  sobre a necessidade de cuidarmos do ambiente, de evitarmos a poluição, de pouparmos no consumo, etc.
Os problemas da falta de água nesta nossa região nem serão assim tão graves. E a pergunta que eu faço a mim mesmo e aos meus leitores é esta: Que poderemos fazer, concretamente, no dia a dia, para o mundo resolver os dramas da falta de água e de pão em tantas regiões do nosso planeta?

Gafanha da Nazaré - Rua Almeida Garrett

 
João Batista da Silva Leitão nasceu no Porto, a 4 de fevereiro de 1799. Filho de António Bernardo da Silva e Ana Augusta de Almeida Leitão.
A primeira instrução recebeu-a na Ilha Terceira, nos Açores, onde a família se havia refugiado, em 1809, devido às Invasões Francesas, pela mão do tio, Frei Alexandre da Conceição, Bispo de Angra.
Em 1817 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito. Nesta época os ideais liberais fervilhavam entre a comunidade académica e Almeida Garrett, nome que adotou entretanto, acolheu-as com entusiasmo.
Em 1822, após ter terminado o curso, foi nomeado funcionário do Ministério do Reino e contraiu matrimónio com Luísa Midosi.
Com a reação Miguelista da Vilafrancada, Almeida Garrett viu-se obrigado a abandonar o país, refugiando-se em Inglaterra e depois em França, onde contactou com a corrente romântica. Será durante a sua estadia na capital francesa, que publica aquelas que são consideradas as primeiras obras portuguesas de cunho romântico, Camões (1825) e Dona Branca (1826).

domingo, 21 de março de 2021

Dia Mundial da Poesia - O Regresso

Ilha de Santa Maria: Farol de Gonçalo Velho


O REGRESSO 

Como quem, vindo de países distantes fora de
si, chega finalmente aonde sempre esteve
e encontra tudo no seu lugar,
o passado no passado, o presente no presente,
assim chega o viajante à tardia idade
em que se confundem ele e o caminho.

Entra então pela primeira vez na sua casa
e deita-se pela primeira vez na sua cama.
Para trás ficaram portos, ilhas, lembranças,
cidades, estações do ano.
E come agora por fim um pão primeiro
sem o sabor de palavras estrangeiras na boca.

Manuel António Pina, 
do livro COMO SE DESENHA UMA CASA

Dia Mundial da Árvore - Mata da Gafanha

Santuário de Schoenstatt

O Dia Mundial da Árvore ou da Floresta começou a celebra-se em 10 de abril de 1872, no estado norte-americano do Nebraska (EUA). O seu mentor foi o jornalista e político Julius Sterling Morton, que incentivou a plantação ordenada de árvores no Nebraska, promovendo o "Arbor Day". Em Portugal, a 1.ª Festa da Árvore comemorou-se a 9 de março de 1913 e o 1.º Dia Mundial da Floresta a 21 de março de 1972. Isto é afirmado no Google. Hoje, contudo, não vou ficar por aqui porque temos a obrigação de sublinhar o que de muito bom temos entre nós, ao nível da árvore e da floresta. Nada mais nada menos do que a Mata da Gafanha, que começou com a sementeira do penisco em 1888.
Para não perder mais tempo, republico o que já escrevi sobre ela:

A liberdade de uma árvore 

A Mata da Gafanha, que se estende da parte norte da Gafanha da Nazaré até à Gafanha da Boa Hora, é, indiscutivelmente, um ex-líbris da nossa região, porém, nem sempre reconhecido como tal. Talvez por isso, raramente se fala da mata e da sua real importância, como zona verde com imensa capacidade de purificar o ar e útil na fixação das areias dunares, para além de cortar a ação dos ventos, fortes quanto baste, que outrora, tal como hoje, prejudicavam as culturas das povoações vizinhas Para além disso, não será nunca de menosprezar o seu interesse económico. 


Capela de Nossa Senhora dos Campos

Por outro lado, a Mata da Gafanha não tem sido suficientemente aproveitada a nível paisagístico, turístico e mesmo de lazer, apesar de possuir algumas infraestruturas conhecidas e espaços convidativos ao descanso.
O padre João Vieira Resende diz, na segunda edição, de 1944, do seu livro “Monografia da Gafanha”, que «A sementeira do penisco, começada a norte em 1888, tem sido muito morosa, ultrapassando somente depois de 1939 o sítio da capela de N. Senhora-da-Boa-Hora. Hoje [1944] está ligada com a Mata de Mira.»
A sementeira do penisco, como se compreenderá, necessitou de mão-de-obra de muitos gafanhões e não só.

Moradia de antigo colono restaurada

Todos sabemos que há moradores, serviços, equipamentos sociais, culturais desportivos e religiosos, bem como algumas festas que dão vida àquela zona verdejante, mas realmente há espaço para muito mais. De qualquer forma, aqui fica o convite para que a visitem e a usufruam.

Fernando Martins

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