Com máscaras e preparados para atacar a Peste Negra |
Os confinamentos vão continuar, mais ou menos rigorosos, e não se vislumbram condições plenas para voltarmos à normalidade, com garantias de segurança. O coronavírus teima em atacar o mundo, mas há de chegar o dia da sua derrota ou, melhor dizendo, da vitória da ciência que o homem vai dominando.
Vem esta conversa a propósito de eu ter saudades de sair para arejar o corpo e o espírito. Visitar a minha igreja, tomar um café numa esplanada, passar por uma livraria, cruzar-me com conhecidos e amigos, contemplar a natureza. Estou a escrever esta nota depois de arrumar numa prateleira das minhas estantes um livro acabado de ler, de José Mattoso, “A História Contemplativa”, que inclui conferências e estudos relacionados com a sua especialidade de medievalista, onde abordou num capítulo a Peste Negra a partir do século XIV, em particular em Portugal. Morreram reis, rainhas, príncipes e princesas, entre as quais a nossa Santa Joana. Do povo, nem se fala, por tão elevados serem os números. Povoações desapareceram no nosso país.
Confesso que a leitura tem sido uma enorme ajuda para encher o tempo, a par de algumas tarefas domésticas, pois não sou por aqui um simples hóspede de cama, mesa e roupa lavada. Leio, escrevinho, converso, mas o receio prende-me em casa. Vamos acreditar que tudo melhore, mesmo que de futuro a máscara passe a fazer parte da moda do vestir e estar.