terça-feira, 21 de novembro de 2023

Os amigos não se esquecem


Os amigos não se esquecem, mesmo quando partem para o regaço maternal de Deus. E um dia, estaremos todos juntos. Esta é a minha posição perante a existência humana. Assim penso pela fé que me anima, desde tenra idade.
Hoje evoco, com muita saudade, o Padre Miguel Lencastre e o Daniel Rodrigues, já falecidos, e o Padre António Maria, célebre cantor, felizmente ainda vivo, tanto quanto sei e desejo.
Esta foto regista um encontro que tivemos, à hora do chá, na residência paroquial da Gafanha da Nazaré. Porquê?
O Daniel Rodrigues era jornalista profissional e eu colaborava com ele como correspondente do "Comércio do Porto". Eram frequentes as visitas do Daniel à Gafanha, em serviços de reportagem. Daí a nossa amizade, principalmente quando enveredou pelo jornalismo, deixando as funções que desempenhava no Tribunal de Aveiro.
O Padre António, que não vejo há muito, não sei por onde andará, mas deve continuar entusiasmado com a sua fé e com as canções que o animam na vida, animando outros na sua caminhada terrena.

Tempos que não voltam


Nos meus vagares, continuo a procurar marcas dos tempos que passaram, normalmente ao sabor das marés. Em cima o trabalho duro e em baixo o desporto. Corrida de moliceiros, numa época em que eles eram os reis da laguna aveirense. Presentemente, servem para mostrar Aveiro e arredores vistos da ria.

RIA DE AVEIRO - Trabalho e Recreio


Moliceiro com duas velas carregado de moliço e dois homens em plena laguna. Ao longe, barquinhos de recreio. A Ria sempre foi assim. Enquanto uns trabalham, suando por todos os poros, outros gozam o panorama dos ares frescos da maresia. 
Foto muito antiga que nos apresenta a realidade da vida, Nos tempos modernos, o moliço foi substituído por fertilizantes químicos, mas o recreio permanece muito semelhante.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

PRAIA DA BARRA: Igreja da Sagrada Família

A igreja da Sagrada Família da Praia da Barra foi inaugurada em 1987, pois a pequena capela de S. João, situada junto ao farol, se mostrava insuficiente para as necessidades desta paróquia, em especial nas épocas de veraneio. É uma construção moderna, na qual é notória a falta de unidade arqutétonica, pois foi alvo de intervenções de vários projetistas, o que se verifica pela heterogeneidade do conjunto. 
Apresenta planta centrada de base quadrada sob a diagonal. A entrada principal é marcada por dois corpos laterais que sobem em forma de mãos erguidas. O batistério é acentuado por um corpo cilíndrico, no topo do qual uma estrutura em forma de cruz permite que o sol proteja a sua sombra do mesmo.

NOTA: Base da informação - Google

O importante é aproveitar o tempo

Tudo deve mudar para que tudo fique na mesma. Pois é verdade. No fundo, pregamos que é preciso assumir a adaptação aos tempos que correm, embora ligados aos princípios que regem a nossa vida, mas afinal continuamos a viver a nossa vidinha num ramerrão do qual não é fácil fugir. 
Bem queria adaptar-me aos novos tempos, seguindo passos dos mais novos, mas não e fácil.
Para já, tenho pela frente releituras e já  confirmei que vale a pena.  Há tanta coisa que foi abafada por algumas banalidades!
O mundo que mais me agrada, para além da família e amigos, é o dos livros. Por eles e com eles corro o mundo todo. Na foto, na célebre Livraria Bertrand, há anos,  com um livro do Cardeal e Poeta Tolentino Mendonça. 

domingo, 19 de novembro de 2023

Figueira da Foz de passagem


Estar na Figueira da Foz é um prazer. E quando passo por lá sinto pena de a deixar. Contudo, vou-me conformando com a impossibilidade de passar férias naquele ambiente. No verão, o movimento já nos incomoda. Eu sei que temos ao nosso dispor, bem perto de casa, a Barra, a Costa Nova e a Vagueira. Mas há gostos e lembranças que nos marcam para a vida. Aconteceu isso mesmo comigo. 

Orlando Figueiredo - ÁGUA



ÁGUA

Mar fecundo
de velas abertas em cristais de ternura
sais impuros sem repouso
Vasos comunicantes
braços tranquilos fatigados
Doce mistério de gestos repetidos
compassados sons de maternidade
gritos surdos
espelhados no verde das algas

Aqui
neste espaço febril
somos plancton dedos luz
somos aves sem retorno
água que corre


Orlando Figueiredo

In “Guardador de sonhos”

sábado, 18 de novembro de 2023

Espiritualidade, religião e saúde

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Em todas as licenciaturas, há uma cadeira que se imporia: Antropologia, pois é sempre o ser humano que está em causa.

1. E quando falamos do ser humano, temos de ter sempre em consideração que se trata de uma unidade em tensão. Assim, ele apareceu na história da evolução e, por isso, é preciso dizer que ele vem da natureza, mas, ao mesmo tempo ele é na natureza, pois é nele que a natureza e a evolução sabem de si. Ele é no tempo: vem do passado, vive no presente e projecta-se no futuro. Ele é simultaneamente impulso, emoção e razão. É consciente, consciente de que é consciente, mas mergulha no inconsciente, o isso em nós sem nós, de tal modo, que por vezes perguntamos: eu fiz isso?, aí não era eu. Limitado, o ser humano é uma abertura ilimitada, nunca estamos suficientemente feitos, estamos abertos a tudo, à Transcendência.

2. Deste modo, encontramos o cuidado. Cuidaram de nós e nós devemos cuidar: cuidar de nós (desde o que comemos ao repouso...), cuidar dos outros (só sou eu face ao tu), cuidar da natureza (há uma ligação estreita entre a saúde e o ambiente), cuidar do Sagrado, de Deus.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

As Palavras no Som da Pintura


Quero de ti
O fogo soberano que beija a esperança,
Onde rebentam as águas
Que incendeiam a seiva
Nascida no refúgio dos deuses.
O perfume do teu sangue
Afofa e ameiga
A dureza das fragas
Que suportas nas crateras
Expostas ao sabor
Eflúvio do teu ser.

O sangue é sempre
Um grito vindo do abismo vigoroso,
No silêncio da claridade
E na escuridão de uma noite
Em que se trocam destinos profundos,
E palavras que desconhecem
O palpitar das rosas
Pelo fogo que a alma deixa cair aos teus pés.

O mar da serenidade
Flutua num lençol
Tão puro que se oculta em si
E ceifa a sede desértica
Que aniquilou o caule espinhoso
Dos segredos subtis.
Tu és o poema indiviso
E a ilha na sua plena majestade.

“As Palavras no Som da Pintura”

Inocêncio Paulo Moreira - Poemas
Paula Teixeira - Ilustrações

NOTA: 
1 - Diz  Paulo Moreira que os seus poemas deste livro são a sua "visão interpretativa dos quadros que a Paula selecionou para esta obra".
2 -  Sobre o livro, tentarei escrever algo brevemente.

Recordações — Lago azul



LAGO AZUL

O vento brando
suave e quente
enche velas esguias
e coloridas

No entardecer
no lago azul e liso
barcos deslizam
suavemente

E o vento brando diz
convencido
Aqui no lago azul e liso
o rei ainda sou eu


FM

Agosto de 2008

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Jorge Ribau - Mais um prémio



O nosso conterrâneo e bom amigo, Jorge Ribau, venceu mais um concurso de culinária, desta feita na área da sobremesa, do programa "A mesa dos portugueses". Trata-se de um Pudim de Laranja que, pelo aspeto, deve ter saído saborosíssimo.
Os prazeres das pessoas não devem brotar espontaneamente, ou talvez sim. Tanto quanto sei, o Jorge Ribau teve uma grande mestra, sua avó materna, Dona Aurora, que eu tive o prazer de conhecer. Um abraço, meu caro, com votos dos maiores sucessos.

GAFANHA DA NAZARÉ — Igreja Matriz


Todos somos sensíveis às cores, às formas, aos volumes. Em suma,  à beleza. Quando entro numa igreja, sabe-me bem  apreciar o bom gosto e a harmonia, tal como me sabe bem ouvir belos cânticos de louvor a Deus. De modo que não posso deixar de partilhar aquilo que, na minha opinião,  enriquece a nossa sensibilidade.

Nota: A nossa Igreja Matriz está recheada de janelões com vidros pintados. Temática religiosa.

Saramago nasceu neste dia

16 de novembro de 1922


PARÁBOLA                  

Num caroço de mentira
Trouxe a verdade escondida
Pus o caroço na terra
Nasceu verdade fingida
Não faltou água dos olhos
Ao viço desta palmeira
Que frutos daria o ramo
Da maligna sementeira
Se do sal que nela morde
Um sabor amargo sobra
É coisa que vai no rasto
Que ficou depois da cobra
Lá em cima onde a verdade
Tem a franqueza do vento
Negam ninhos as raízes
Porque é outro o seu sustento
E o tronco tão levantado
Sobre o caroço partido
Não é tronco mas é homem
Alto firme e decidido

NB - A minha homenagem a um  grande escritor. Prémio Nobel da Literatura em 1998.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

DILEMA

Confesso que já ando saturado de ver e ouvir os principais canais das nossas Televisões, pela razão muito simples de os temas que abordam serem, maioritariamente, baseados na política. E o dilema é este: Se é verdade que necessitamos de estar informados, temos de concordar que tanta repetição nos satura. Pelo menos a mim.
Às vezes desligo, mas logo vem a curiosidade de saber como estão as coisa políticas, está bem de ver. É que me incomodam, realmente, estes negócios colaterais que mancham a credibilidade dos nossos políticos. Há sérios? Claro que há, mas como será possível detectar a seriedade dos homens e mulheres do nosso tempo só pelo olhar?

Ria de Aveiro — A melhor de junho


 O Google teve a amabilidade de me comunicar que esta fotografia foi considerada a minha melhor de junho. E quem sou eu para duvidar?

Missa marca aniversário do Correio do Vouga

No dia 16 de novembro de 1930, o Correio do Vouga surgiu em Aveiro. Completam-se amanhã 93 anos de publicação ininterrupta do semanário que desde a restauração da Diocese de Aveiro, em 1938, é o órgão oficial da Igreja aveirense. O aniversário será assinalado com uma Missa de Ação de Graças, presidida pelo Bispo de Aveiro, na Igreja do Carmo, no dia 20 (próxima segunda-feira), às 18h30. A direção e a administração do jornal, com o Bispo de Aveiro, pretendem agradecer o trabalho desenvolvido e rezar pelos colaboradores, leitores, assinantes, anunciantes e parceiros privilegiados. Os leitores que quiserem podem associar-se a este momento.

NOTA: Transcrito do semanário Correio do Vouga desta semana.

Uma lição de história


 Por onde quer que passemos há sempre uma lição de história, entre outras. Só é preciso ter olhos abertos.

AVEIRO - Novo edifício do seminário em 1951

O Seminário Diocesano de Santa Joana Princesa, instituído em 1939, foi transferido para o novo edifício, no lugar de Santiago, da freguesia da Glória, em 14 de Novembro de 1951.

João Gonçalves Gaspar

In Calendário Histórico de Aveiro

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

“Palavras Descruzadas” — Um trabalho muito oportuno

Um livro de Bagão Félix

"Palavras Descruzadas” é um livro de António Bagão Félix, um ilhavense que conhecemos pela sua intervenção política, académica, social e cultural, a nível nacional. Além disso, sabíamos que era especialista, também, em assuntos relacionados com plantas, que identifica até pelos seus nomes em latim.
´Um dia destes, porém, ficámos a saber, numa livraria, que Bagão Félix publicou um trabalho sobre a língua portuguesa, escrita e falada, apostando em “Exemplos de bem falar e escrever em português. Observações e curiosidades sobre a nossa língua portuguesa são bastante oportunas.
Na badana da capa, sublinha-se que o autor “partilha um conjunto de reflexões sobre a nossa língua”, sendo um “defensor escrupuloso do valor patriótico do português e da sua importância como quinta língua nativa mais falada no mundo”.

Na introdução, o autor afirma que a palavra sempre o fascinou, sublinhando o mistério por trás da palavra por dizer. Confessa-se defensor escrupuloso do valor patriótico do nosso idioma, enquanto sublinha que não tem a pretensão de ser infalível ou de se achar imaculadamente certo. Por isso, Bagão Félix continua atento aos seus erros, procurando sempre aprender. “Raro é o dia em que não consulto um dicionário”, disse.“Palavras descruzadas” é um livro composto por 78 textos, mas o autor garante que muitos outros ficaram por escrever. São 343 páginas cheias de exemplos e considerações muito oportunas sobre o nosso idioma, imensas vezes maltratado no falar e escrever do dia a dia de muitos de nós e nos mais diversos órgãos de comunicação social. Por tudo isso recomendo o livro aos nossos leitores, em especial aos professores e a quem gosta de escrever e falar corretamente a nossa língua.

Fernando Martins

domingo, 12 de novembro de 2023

ANTÓNIO NOBRE - Poeta Lusíada da Saudade

 “Foi o poeta da virgindade, porque os seus olhos ingénuos e límpidos descobriram como nenhuns outros, nas coisas e nas criaturas, o que elas encerram de suprema delicadeza, o seu aspeto mais fino, a sua expressão mais terna, o seu ponto de contacto com a imaterialidade. Ele não alcançou o pleno Espírito e desprezou sempre a Matéria.”

Teixeira de Pascoais

Nota: Abertura em destaque no estudo de Paulo Samuel




MEMÓRIA
À MINHA MÃE
AO MEU PAI

Aquele que partiu no brigue Boa Nova,
E na barca Oliveira, anos depois, voltou;
Aquele santo (que é velhinho e já corcova)
Uma vez, uma vez, linda menina amou:
Tempos depois, por uma certa lua-nova,
Nasci eu… O velhinho ainda cá ficou,
Mas ela disse: — «Vou, ali adiante, à Cova,
António, e volto já…» E ainda não voltou!
António é vosso. Tomai lá a vossa obra!
«Só» é o poeta-nato, o lua, o santo, a cobra!
Trouxe-o dum ventre: não fiz mais do que escrever…
Lede-o e vereis surgir do poente havidas mágoas,
Como quem vê o sol sumir-se, pelas águas,
E sobe aos alcantis para o tornar a ver!

Genial forma de viver sem trabalhar?


 Genial forma de conversar, de trocar ideias, de partilhar emoções, de discutir futebol, de criticar os políticos, de condenar a guerra! Ou estarão a treinar a melhor forma de viver sem trabalhar?

Sínodo: tentativa de balanço

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias


O Papa Francisco ficará na História por muitos bons motivos, mas estou convicto de que a razão principal tem a ver com a tentativa de avançar para uma "Igreja sinodal", uma Igreja na qual todos caminham juntos. Percebe-se a revolução que pode constituir, quando se lê este texto do Papa Pio X, que até foi canonizado, na encíclica Vehementer Nos: "A Igreja é por natureza uma sociedade desigual. É uma sociedade composta por uma dupla ordem de pessoas: os pastores e o rebanho, os que têm um posto nos diferentes graus da hierarquia e a multidão (plebs, plebe) dos fiéis. As categorias são de tal modo diferentes umas das outras que só na hierarquia residem a autoridade e o direito necessários para mover e dirigir os membros para o fim da sociedade, enquanto a multidão não tem outro dever senão o de aceitar ser governada e cumprir com submissão as ordens dos seus pastores."

Releituras - As Praias de Portugal


Presentemente, ando, com gosto, a reler o que me vem à mão ou aos olhos. Fixo-me numa estante ou prateleira e saco um livro, muitas vezes à sorte. Ontem saíram dois: “As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante” de Ramalho Ortigão (1876), e “Só” de António Nobre.
Ramalho Ortigão, num estilo fresco e bem afinado, referiu curiosidades interessantes das praias por onde passou. Contudo, ostracizou a nossa região, decerto por ver pouco entusiasmo. Incluiu de passagem, num capítulo (As praias obscuras), a nossa Costa Nova. Assim: “O Furadouro e a Costa Nova são frequentadas por algumas famílias de Aveiro e seus subúrbios.”
Entre as curiosidades para os nossos dias, refiro, em especial, os Tratamentos Marítimos, a Atmosfera, a Água do mar em bebida, o Banho, a Dieta, a Solidão, as Leituras, etc.
E por aqui me fico. O importante é que os meus amigos leiam.

sábado, 11 de novembro de 2023

São Martinho - Um homem atento aos pobres

O Dia de São Martinho é celebrado em 11 de novembro. Trata-se de uma festa de outono, com o frio que justifica a lenda ou tradição. Conta-se que São Martinho, num dia de frio, partilhou a sua capa com um mendigo com quem se cruzou.
Não sei se já se comiam castanhas assadas naquela época, século 4.º, mas a verdade é que a moda pegou. Tempo de castanhas, seria fácil imaginar o pessoal a juntar-se à volta da fogueira enquanto assava e comia castanhas assadas, regadas com um vinho da época. 
É oportuno lembrar que os castanheiros já existem desde o princípio do mundo com marcas do homem e da mulher.

Bom apetite para as castanhas assadas. mas não esqueçam o gesto de São Martinho, que partilhou .a sua capa com um mendigo.

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O dinheiro fará tudo?


"Aquele que acreditar 
que o dinheiro fará tudo 
pode bem ser suspeito 
de fazer tudo por dinheiro"

Benjamin Franklin, 
escritor

Em Escrito na Pedra
Público de hoje

APA vai requalificar zona do Forte

Obra esperada há muito

A Administração do Porto de Aveiro (APA) lançou um concurso público para a elaboração do ‘Projeto de Requalificação do Forte da Barra’, uma intervenção que vai abranger a zona envolvente do edificado que irá ser reconvertido com fins hoteleiros no âmbito de uma concessão já assinada.

Notícia da APA

O futuro do Mar Português


A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar veio regulamentar as zonas económicas exclusivas (ZEE). O fim do acesso aos bancos de pesca canadianos coincidiu com a abertura das potencialidades da exploração sustentável da ZEE nacional. Portugal obteve uma das maiores ZEE europeias, tutelando os recursos marítimos numa área de 1.660.456km2 , 18 vezes maior do que o seu território terrestre. Poderão também acrescer os recursos dos fundos marinhos numa área de 2.165.995km2 no caso do sucesso da extensão da sua plataforma continental.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

MMI - Dia Aberto

 

Domingo, dia 12 de novembro, é Dia Aberto, a entrada é gratuita no Museu Marítimo de Ílhavo, Navio-Museu Santo André e Centro de Religiosidade Marítima. É sempre assim ao segundo domingo de cada mês.

Como é sabido, há muita gente na nossa região que não tem por hábito visitar os museus. E alguns, de forma natural, até me têm dito que nunca ou raramente o fizeram.

Há anos, estava eu de férias algures, quando recebi uma mensagem do Norte de Portugal, que dizia mais ou menos isto: "No próximo fim-de-semana, vamos à sua terra numa excursão. Que nos aconselha a ver?" E eu lá os elucidei.

Hora da chegada


Quantas vezes na minha vida de menino e jovem participei numa cena semelhante! A alegria do abraço do meu pai, Armando Grilo, que evoco hoje com imensa ternura e saudade.

Uma súplica...


A chuva e o frio ainda antes do inverno obrigam-me a pedir ao Sol que, depois de mergulhar no mar, regresse com o seu calor tão desejado nesta altura.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Que hei de dizer?


Umas horitas fora de casa, em hospital e outros assuntos, com o ramerrão da vida a ocupar-me, ruas e ruelas, lojas e gente por todo o lado, o costume. Chego a casa, descanso normal. Acordo, abro a TV e ouço um estrondo: António Costa pediu a demissão. Quem havia de dizer. 
António Costa, porventura o nosso político com mais experiência e bem conhecido na Europa, e não só, demite-se do Governo. Há em curso investigações. Depois, ou fica livre por nada se provar, ou terá de prestar contas à Justiça e ao País. 
O problema é que, até tudo se averiguar, muita água vai  passar pela nossa Ponte da Cambeia.

NATAL já vem a caminho


 O Natal é sempre um desafio à nossa imaginação e criatividade para o celebrar. O comércio, sabendo disso, antecipa-se a falar dele. E nós, sem imaginação, deixamos passar a carruagem e não fazemos nada. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

CURIOSIDADES — Os anhos da Gafanha

«Os anhos da Gafanha são muito apreciados, pelo sabor agradavel e especial da carne.
Não ha alli arvores fructiferas nem vinhas, porque a camada de terra productiva, pela sua pequena profundidade, lhes não permite crescimento.
São denominados gafanhões os habitantes da Gafanha, a seu typo physionomico denuncia feicão árabe, os homens são robustos e de boas fórmas, e as mulheres de mediana estatura, mas cheias e vigorosas. São de caracter expansivo e indole benevola. É raridade o casamento de um gafanhão, homem ou mulher, fora da colonia, que talvez por isso conserva immutavel a sua feição primitiva. Cada nova casa edificada é signal de que um novo casal se estabeleceu. Há alli duas capelIas, modestas, mas decentes, edificadas e consagradas ao culto, à custa da colonia.
Em junho do anno passado vivia, e talvez viva ainda, a matriarcha d'aquelIa povoação. Chamavam-lhe a tia Joanna e parecIa que, embebecida no fumo do seu cachimbo, se deslembrava da conta do tempo abrangido pelos seus 90 janeiros. É a idade que nos disseram deveria ter.»

Guerra Leal

Nota: De um texto de  António Gomes da Rocha Madail publicado na revista “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 2 de 1966,

domingo, 5 de novembro de 2023

Os velhos são fontes de saberes?

Com o tempo que temos só em casa é que me sinto bem e seguro. Contudo, fico melhor se recebo a visita de familiares. Foi o caso de hoje.
A família, sobretudo, e os amigos são uma riqueza indesmentível. As conversas dão ânimo, e com elas muito aprendemos, mas também damos a nossa achega a quem nos rodeia. Nessas alturas, aliás, partilhamos conhecimentos e ficamos mais ricos, sobretudo se soubermos ouvir.
Hoje foi um dia desses. Todos mais novos, com saberes variados próprios dos tempos atuais, das escolas e das famílias, enriquecidos por uma comunicação social multifacetada e em permanente atualização, direi melhor, em direto. Dizem que os velhos são fontes de saberes. Talvez, porém, nem sempre.
Estamos a assistir a um triste e lamentável espetáculo, a guerra devastadora no Médio Oriente, onde todos os beligerantes acabam por perder. Mortes em número incalculável e destruição total de aldeias, vilas e cidades. E de quem será a culpa? De todos. Falar de reconstrução será impensável?

F. M.

Se me Aparto de ti, Deus da Bondade


Se me aparto de ti, Deus da bondade,
Que ausência tão cruel! Como é possível
Que me leve a um abismo tão terrível
O pendor infeliz da humanidade!

Conforta-me, Senhor, que esta saudade
Me despedaça o coração sensível;
Se a teus olhos na cruz sou desprezível,
Não olhes para a minha iniquidade!

À suave esperança me entregaste,
E o preço de teu sangue precioso
Me afiança que não me abandonaste.

Se, justo, castigar-me te é forçoso,
lembra-te que te amei, e me criaste
para habitar contigo o Céu lustroso!

Marquesa de Alorna, 

in "Rosa do Mundo"


Nota: Uma certa nostalgia convidou-me a ler poesia. O livro "Rosa do Mundo" —  1919 páginas, 2001 poemas para o futuro — merece uns serões para deleite de quem gosta de refletir. 

sábado, 4 de novembro de 2023

Perante o horror, o silêncio de Deus

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias


Actualmente, porque, com a televisão, temos acesso às imagens, talvez seja sobretudo perante os horrores das guerras que se pode ficar estarrecido perante o silêncio de Deus. São bombardeamentos que não deixam pedra sobre pedra, que matam indiscriminadamente homens, mulheres, crianças, e ficamos esmagados sobretudo pela dor, o clamor, as lágrimas, a desorientação das crianças inocentes. Onde está Deus?
Joseph Ratzinger, chamado aos 17 anos para o serviço militar do Reich, foi desertor e prisioneiro dos americanos. Já Papa Bento XVI, como já aqui escrevi, esteve em Auschwitz e fez um discurso dramático e deveras emocionante: "Tomar a palavra neste lugar de horror, de crimes contra Deus e contra o ser-humano sem precedentes na História, é quase impossível, e é particularmente difícil e deprimente para um cristão, para um Papa que procede da Alemanha. Num lugar como este faltam as palavras; no fundo, só há espaço para um atónito silêncio, um silêncio que é um grito interior para Deus: Por que te calaste? Por que quiseste tolerar tudo isto? Onde estava Deus nesses dias? Por que se calou?"

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Centenário da morte de José Estêvão

3 de novembro de 1962

Nos dias 3 e 4 de novembro, Aveiro comemorou o primeiro centenário da morte de José Estêvão Coelho de Magalhães, com diversos atos públicos, entre os quais a edição de uma coletânea de trechos de alguns dos seus discursos e escritos.

In Calendário Histórico de Aveiro 

Foto de uma coletânea de textos 

Dialogar é preciso com urgência

Pela janela confirmo o inverno fora do tempo. Chuva, vento e frio são, para mim, um convite à contemplação. E da minha tebaida sinto um mundo estranho e complicado, longe de nós. Longe de nós, mas a comunicação social tudo torna presente. 
A guerra com destruição e mortes sem conta nunca mais acaba, porque é do tamanho de gente desvairada que nunca aprendeu a resolver os problemas pelo diálogo e pelas negociações. Direta ou indiretamente.
Eu sei que no mundo civilizado há sempre quem desista de conversar serenamente, na procura de soluções para qualquer problema. E se é assim entre pessoas e famílias, entre partidos políticos e adeptos dos clubes, como nos admiramos com as lutas entre países de culturas e políticas diversas?
No fundo, temos todos muito que aprender. 
Dialogar serenamente é preciso com urgência a todos os níveis e em todas as situações.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

CURIOSIDADES — Símbolo da República


Quando chegamos a certa idade, o tempo frio e chuvoso obriga-nos a ficar por casa. E há horas para tudo: dormir a sesta, ouvir música, ver televisão, ler, conversar, etc. Hoje deu-me para ler e peguei num livro de Luís Almeida Martins, que havia adquirido e lido há anos, e que tem por título “365 dias com histórias da História de Portugal”. São 694 páginas escritas com graça e acessíveis a toda a gente.
Aqui fica uma história resumida:

UM BUSTO DE CARNE E OSSO

O autor conta-nos a estória de uma mulher que serviu de modelo ao artista encarregado de esculpir o busto da República Portuguesa. E diz:
“Pouco depois da revolução de 25 de Abril de 1974, foi entrevistada na televisão uma mulher de 82 anos que, se não possuía um discurso muito fluente, dava ainda mostras de grande vivacidade e guardava na expressão e nas posturas uns fortes lampejos de beleza física quase magnética. Chamava-.se Ilda Pulga, nascera na vila alentejana de Arraiolos, vivia desde os 18 anos na capital quase sempre trabalhando como costureira — e era a República em carne e osso.”
Ilda Pulga morreu em 1993 com 101 anos.

Dia dos Fiéis Defuntos


Hoje, 2 de novembro, celebra-se o Dia dos Fiéis Defuntos, em Portugal e no mundo. Celebra-se tradicionalmente pela Igreja Católica, um dia depois da Festa de Todos os Santos, 1 de novembro. Para o cristão, a morte é a passagem para a fase definitiva e eterna da vida, em união com a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Se é verdade que todos os dias, ou muito frequentemente, recordamos os nossos entes queridos, revivendo encontros, conversas e cenas de tantos momentos, de mistura com amores, amizades, e trabalhos, também é normal trazermos para o presente os que, de várias formas, contribuíram para a nossa formação a vários níveis.
Para além dos familiares, próximos os mais afastados, somos “visitados”, continuamente, pelos amigos de todas as horas, desde a infância, até à nossa velhice.
Quantas vezes brinco com quem na minha infância brinquei, com os velhos com quem revivi histórias que jamais saem da minha memória, de professores e mestres que me encaminharam na vida. Mas são, para mim, alguns familiares os mais presentes. Pai, mãe, avós, tios e tias, irmãos, primos e primas, mas ainda os vizinhos e colegas das escolas por onde passei.
Convivi com imensos amigos em tantas iniciativas, desde a juventude até à idade em que me encontro, com memória suficiente para me sentir rodeado por todos, na certeza de que o reencontro com os que mais me amaram  será quando Deus achar por bem levar-me para o seu aconchego maternal.
Neste dia, uma flor fresca e viva do nosso jardim.

Fernando Martins

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Um soneto de Manuel Alegre

 

 

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

Desafios do Mar Português

Museu Marítimo de Ílhavo
18 de Novembro



O Seminário “Desafios do Mar Português” está de regresso, com a 11.º edição, que se realiza no dia 18 de novembro, no Museu Marítimo de Ílhavo, integrado nas comemorações do Dia Nacional do Mar. Desta vez, o seminário terá como mote a exposição temporária “Mar Oceano: Legado de Mário Ruivo”, patente no Museu Marítimo de Ílhavo, e assinalará o 25.º aniversário do Relatório da Comissão Mundial Independente para os Oceanos.

Fonte: CMI

A guerra

Desde que nasci, houve sempre guerras devastadoras e com mortes sem conta. De algumas pouco sabíamos e as notícias eram incompletas e manipuláveis. Presentemente, as guerras são vistas em todo o mundo em direto. 
Horrível é tudo o que os nossos olhos contemplam e impensável o que virá depois. Famílias destroçadas, povoações em cacos, mortes sem conta. E no fim, quem ficará a ganhar? Ninguém!
Não será a nossa geração que ficará a saber o futuro do mundo dito civilizado, depois desta guerra.

Do sonho à pobreza extrema

Era eu menino quando uma família gafanhoa resolveu emigrar para a Argentina. Conheci-a de perto porque a minha mãe era amiga do casal. O marido e pai foi à frente para conhecer o terreno. Vislumbrou futuro e chamou mulher e filhos. Ainda tenho na memória o rosto e o sorriso deles.
Vendida a casa e demais propriedades, lá partiram todos ao encontro do chefe de família, como se dizia. A felicidade do reencontro e a esperança num futuro muito melhor estava no peito inchado de todos. E lá foram…
Nunca mais se falou deles. Soube que chegaram a ter uma quinta, certamente arrendada, e que vendiam produtos agrícolas nos mercados. Os anos passaram, até que um dia, em conversa com um parente, soube do desaire.
A vida, que lhes sorriu nos primeiros anos, deu uma reviravolta. A derrota e a miséria instalaram-se. Não conseguiram ultrapassar a desdita. A pobreza extrema chegou. Tornaram-se pedintes nas feiras e onde calhava. Não sei se há herdeiros…

Fernando Martins

Notas: 
1-Texto publicado no livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida";
2- Frequentemente, encontro conterrâneos nas ruas por onde passo, cujos nomes já fugiram da minha memória. Conheço-os de vista, mas não os identifico. Depois, ouvido o nome, saltam para o presente memórias vivas guardadas em gavetas bem recheadas. Hoje, por exemplo, quando viajava por uma rua  da nossa terra, lembrei-me de uma família amiga que emigrou e que nunca mais regressou.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

A vida cristã não é espiritual?

"Os jovens entrevistados no âmbito de um estudo são quase unânimes em considerar que a vida cristã não é espiritual. É por isso que decidiram dirigir-se a outras experiências, para encontrar lugares e contextos nos quais a sua demanda pudesse ser satisfeita. Estamos muito impressionados com estas afirmações: como é possível não colher o potencial espiritual da vida cristã? É verdade que é preciso interrogar-se sobre o que é que os jovens andam à procura, mas também fazer um exame de consciência sobre a qualidade espiritual das experiências que são vividas e propostas pela comunidade eclesial."

Foto e texto da Pastoral da Cultura

Dia das Flores


Hoje é o Dia das Flores. Por onde quer que passemos há muita gente com flores e todos os caminhos se cruzam nos cemitérios. Amanhã, 1 de novembro, é o Dia de Todos os Santos. No fundo, é o Dia dos Fiéis Defuntos, aqueles que viveram como nós, mas que já estão nos nossos corações e memórias.
Os crentes aceitam que estão no seio de Deus. Os não crentes celebram as boas recordações que eles nos legaram. E a melhor forma de os recordar, para pessoas sensíveis, ainda são as flores, em especial as que são cultivadas com carinho a pensar nas campas que acolhem os restos mortais daqueles que são ou foram os nossos entes queridos.

Dia Mundial das Cidades - Gafanha da Nazaré


Neste dia, 31 de outubro, há três celebrações que mereciam algumas palavras, em jeito de homenagem: Dia Mundial da Poupança, Dia das Bruxas e Dia Mundial das Cidades. Como não tenho tempo para as três, resolvi optar pela última da lista.
O Dia Mundial das Cidades leva-me a pensar que uma povoação que se enquadre naquele título tem de se apresentar com dignidade: Limpa, asseada, com nível social, cultural e artístico. E se à partida não reúne essas qualidades, têm os moradores de lutar por elas, devendo contribuir para isso.

Nota: Sobre o Dia Mundial da Poupança, nem quero pensar nisso. Estou ou estamos todos cansados de poupar que nem queremos falar do assunto; e sobre o Dia das Bruxas, nem uma palavra. Não há por aí tantas bruxas e bruxedos?