PARÁBOLA
Num caroço de mentira
Trouxe a verdade escondida
Pus o caroço na terra
Nasceu verdade fingida
Não faltou água dos olhos
Ao viço desta palmeira
Que frutos daria o ramo
Da maligna sementeira
Se do sal que nela morde
Um sabor amargo sobra
É coisa que vai no rasto
Que ficou depois da cobra
Lá em cima onde a verdade
Tem a franqueza do vento
Negam ninhos as raízes
Porque é outro o seu sustento
E o tronco tão levantado
Sobre o caroço partido
Não é tronco mas é homem
Alto firme e decidido
NB - A minha homenagem a um grande escritor. Prémio Nobel da Literatura em 1998.