Se me aparto de ti, Deus da bondade,
Que ausência tão cruel! Como é possível
Que me leve a um abismo tão terrível
O pendor infeliz da humanidade!
Conforta-me, Senhor, que esta saudade
Me despedaça o coração sensível;
Se a teus olhos na cruz sou desprezível,
Não olhes para a minha iniquidade!
À suave esperança me entregaste,
E o preço de teu sangue precioso
Me afiança que não me abandonaste.
Se, justo, castigar-me te é forçoso,
lembra-te que te amei, e me criaste
para habitar contigo o Céu lustroso!
Marquesa de Alorna,
in "Rosa do Mundo"
Nota: Uma certa nostalgia convidou-me a ler poesia. O livro "Rosa do Mundo" — 1919 páginas, 2001 poemas para o futuro — merece uns serões para deleite de quem gosta de refletir.