Também no interior do País há realizações culturais estimulantes. A Câmara de Castro Daire, por exemplo, promoveu recentemente um encontro - "Diálogos oportunos" - em que foram debatidas questões referentes ao diálogo inter-religioso e à igualdade de oportunidades.
Quanto ao diálogo inter-religioso, o que ficou mais sublinhado tanto pelo representante do judaísmo como por mim próprio foi a importância do estudo do fenómeno religioso e das diferentes religiões na escola. Em ordem ao conhecimento mútuo e para evitar a irracionalidade e os fundamentalismos.
Foi lá também que Ana Paula Fitas, chamando a atenção para "2007 - Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos", sublinhou os quatro R (em inglês) que deviam animar o ano e o futuro: Direitos (Rights), Representação, Reconhecimento, Respeito.
Portugal tem uma das melhores legislações sobre esta problemática. Veja-se o artigo 13.º da Constituição: "Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual."
Mas não basta legislar. Os direitos encontram a sua realização nas práticas sociais. Têm de concretizar-se na rua e nas instituições. Aliás, quantos conhecem verdadeiramente os seus direitos?
Quanto à representação, é preciso que se torne efectiva na sociedade em geral. As minorias têm de ter espaço para exprimir-se. É preciso que todos reconheçam os outros enquanto iguais e diferentes. Há sempre focos de discriminação - pense-se na roupa de marca ou no local de residência.
Ao falar do reconhecimento, somos levados a tomar consciência de como excluímos os pobres, os idosos... As nossas sociedades de consumo, hedonistas, determinam o que se não pode ser: pobre, velho, gordo, feio, e, implícita ou descaradamente, todos eles vão sendo discriminados.
O pior mesmo é ser pobre e velho. E aí está uma razão para eu me não regozijar particularmente com a notícia de que colégios católicos ficaram nos primeiros lugares no ranking das escolas. Não nego a importância da boa gestão, de professores competentes, exigentes e cumpridores. Mas, depois, o custo das propinas vai de 300 a 400 euros mensais. Quem é o pobre que pode pagar? Não devia haver um sinal cristão nesses colégios? Por exemplo, uma percentagem de alunos pobres pagos por um imposto a cobrar aos pais ricos...
Os idosos não podem ser metidos em guetos. Tanto eles como os deficientes têm de ter lugar e voz no espaço público. Precisamos, todos, de aprender a conviver com a diferença.
O respeito - a etimologia da palavra é muito interessante: do latim respicere, que significa olhar para trás, voltar-se para olhar - é esse olhar para os outros como olhamos para nós, tratando-os como queremos que nos tratem: como iguais e diferentes.
Trata-se assim de acabar com as discriminações e as suas causas, radicadas nas representações sociais. Discriminações por causa do sexo - embora o cristianismo proclame a igualdade radical de todos os seres humanos, as mulheres continuam discriminadas também na Igreja católica; por causa da raça - os negros são discriminados; por causa da idade - são apenas os velhos que são discriminados? E quando se coloca nos anúncios o limite de idade para um emprego?; por causa de deficiências - os deficientes continuam discriminados; por causa da orientação sexual - pense-se nos homossexuais; por causa da religião - pense-se na islamofobia, por exemplo.
Embora a época natalícia se tenha transformado numa escandalosa feira alienante de negócios e consumo, não se deveria esquecer que o Natal de Jesus é o Natal do Homem. Deus manifestou-se na humanidade frágil de Jesus Cristo, e agora todos os seres humanos deveriam saber da dignidade divina de ser Homem, que não tolera discriminações e obriga a agir eficazmente para superá-las.
Quanto ao diálogo inter-religioso, o que ficou mais sublinhado tanto pelo representante do judaísmo como por mim próprio foi a importância do estudo do fenómeno religioso e das diferentes religiões na escola. Em ordem ao conhecimento mútuo e para evitar a irracionalidade e os fundamentalismos.
Foi lá também que Ana Paula Fitas, chamando a atenção para "2007 - Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos", sublinhou os quatro R (em inglês) que deviam animar o ano e o futuro: Direitos (Rights), Representação, Reconhecimento, Respeito.
Portugal tem uma das melhores legislações sobre esta problemática. Veja-se o artigo 13.º da Constituição: "Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual."
Mas não basta legislar. Os direitos encontram a sua realização nas práticas sociais. Têm de concretizar-se na rua e nas instituições. Aliás, quantos conhecem verdadeiramente os seus direitos?
Quanto à representação, é preciso que se torne efectiva na sociedade em geral. As minorias têm de ter espaço para exprimir-se. É preciso que todos reconheçam os outros enquanto iguais e diferentes. Há sempre focos de discriminação - pense-se na roupa de marca ou no local de residência.
Ao falar do reconhecimento, somos levados a tomar consciência de como excluímos os pobres, os idosos... As nossas sociedades de consumo, hedonistas, determinam o que se não pode ser: pobre, velho, gordo, feio, e, implícita ou descaradamente, todos eles vão sendo discriminados.
O pior mesmo é ser pobre e velho. E aí está uma razão para eu me não regozijar particularmente com a notícia de que colégios católicos ficaram nos primeiros lugares no ranking das escolas. Não nego a importância da boa gestão, de professores competentes, exigentes e cumpridores. Mas, depois, o custo das propinas vai de 300 a 400 euros mensais. Quem é o pobre que pode pagar? Não devia haver um sinal cristão nesses colégios? Por exemplo, uma percentagem de alunos pobres pagos por um imposto a cobrar aos pais ricos...
Os idosos não podem ser metidos em guetos. Tanto eles como os deficientes têm de ter lugar e voz no espaço público. Precisamos, todos, de aprender a conviver com a diferença.
O respeito - a etimologia da palavra é muito interessante: do latim respicere, que significa olhar para trás, voltar-se para olhar - é esse olhar para os outros como olhamos para nós, tratando-os como queremos que nos tratem: como iguais e diferentes.
Trata-se assim de acabar com as discriminações e as suas causas, radicadas nas representações sociais. Discriminações por causa do sexo - embora o cristianismo proclame a igualdade radical de todos os seres humanos, as mulheres continuam discriminadas também na Igreja católica; por causa da raça - os negros são discriminados; por causa da idade - são apenas os velhos que são discriminados? E quando se coloca nos anúncios o limite de idade para um emprego?; por causa de deficiências - os deficientes continuam discriminados; por causa da orientação sexual - pense-se nos homossexuais; por causa da religião - pense-se na islamofobia, por exemplo.
Embora a época natalícia se tenha transformado numa escandalosa feira alienante de negócios e consumo, não se deveria esquecer que o Natal de Jesus é o Natal do Homem. Deus manifestou-se na humanidade frágil de Jesus Cristo, e agora todos os seres humanos deveriam saber da dignidade divina de ser Homem, que não tolera discriminações e obriga a agir eficazmente para superá-las.
Anselmo Borges