domingo, 15 de dezembro de 2019

Castelo de Pombal e o Marquês


Para fugir de alguma monotonia, andei a rever as minhas nuvens de registos fotográficos. O Castelo de Pombal levou-me a recordar uma visita que lhe fiz, há uns quatro anos, na tentativa de encontrar o Marquês.  Dei com ele no museu que lhe é dedicado, por sinal muito bem tratado, na minha opinião.
À saída, dirigi-me à funcionária para comprar uma lembrança... enquanto lhe lancei a pergunta: - Afinal, o Marquês sempre tinha pedras no coração?
A funcionária, de imediato, exibe o livro que estava a ler:  "O Marquês de Pombal - O homem e a sua época",  de Mário Domingues, o tal que dava aquela informação.

F. M.

Que há de novo para este Natal?

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO


"Este Natal recolhe frutos de uma caminhada, de poucos anos, mas que parecem séculos."

No solstício de Inverno – o momento preciso em que a duração do dia ultrapassa a duração da noite – os antigos romanos celebravam o Sol invictus, quer dizer, a vitória do deus Sol sobre a noite e sobre a morte. A Igreja de Roma resolveu designar essa data como a do nascimento de Jesus, o verdadeiro sol da vida: foi Ele que enfrentou a morte e a venceu! Como vimos na crónica do Domingo passado, o Natal tornou-se a cristianização inculturada de uma festa gentia.
Em regime de Cristandade, passou a ser uma celebração de cristãos para cristãos. Hoje, evoca uma bela festa de família, mesmo quando esta instituição está a passar por crises de vária ordem. No entanto, o centro da prática e da mensagem de Jesus consiste em procurar fazer família com quem não é da família biológica. Só nessa dimensão o Natal se pode tornar cristão.
Jesus, o Nazareno, teve uma intervenção na história humana, a partir de Israel com poucas saídas ao estrangeiro, embora muito significativas da sua mensagem universalista. Como diz o filósofo André Comte-Sponville, os melhores especialistas discutem, desde há muito tempo e ainda hoje, acerca da historicidade de Jesus, mas ele não aceita que o tratem como uma personagem mitológica: “gosto de pensar que um homem, de há dois mil anos, tenha manifestado – não só por palavras, mas pelos seus actos – o essencial, que não é nem a força nem a riqueza, mas o amor, a justiça e o cuidado com os mais frágeis.” [1]

Johnn Baptist Metz: o clamor das vítimas

Crónica de Anselmo Borges no DN

«Afinal, a História não pode continuar a ser lida apenas a partir dos triunfadores e dos vencedores. Para ser autenticamente cristã, inclusiva, verdadeiramente universal, não pode ignorar nem esquecer o seu reverso: os vencidos, os perdedores, as vítimas.»

1. Já tinha acabado o congresso para o qual o convidara: "Deus no século XXI e o futuro do cristianismo". Antes de o levar ao aeroporto, tomámos o pequeno-almoço juntos, no Seminário da Boa Nova, num espaço que dá para uma bela paisagem a espraiar-se para o mar. E ele, no fim: "Hei-de voltar, para uma conversa ao pequeno-almoço fruindo este lugar belíssimo".
Foi em 2005, e já não cumprirá a promessa. O filósofo e teólogo alemão Johann Baptist Metz morreu no passado dia 2 de Dezembro, a caminho dos 92 anos.

2. Foi um dos maiores teólogos do século XX, pai da chamada "Nova Teologia Política". Discípulo de Karl Rahnner, que escreveu que "o cristão do futuro será místico, isto é, alguém que "experienciou" algo ou não será cristão, porque a espiritualidade do futuro já não se apoiará num ambiente religioso generalizado, anterior à experiência e à decisão da pessoa." Metz aprofundou, para incidir na "mística de olhos abertos", que é mística, mas abrindo os olhos para ver a realidade concreta: os que sofrem, os famintos, os injustiçados, os excluídos, os explorados de todas as maneiras, as crianças e as mulheres violadas, as vítimas todas deste mundo... Com as vítimas inocentes sempre presentes, aqueles e aquelas que foram vítimas inocentes, sem resposta dentro da História para o seu clamor. Há uma dívida da História para com elas; quem poderá pagá-la a não ser Deus?

sábado, 14 de dezembro de 2019

Dia Internacional do Chá




O Dia Internacional do Chá celebra-se, hoje, 15 de dezembro, mas não foi criado para se degustar uma chávena da bebida que tanta gente aprecia em todo o mundo. Pretende-se, nesta data, no entanto, chamar a atenção dos governos e das populações para os problemas que a  produção do chá levanta, no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores das plantações e dos pequenos produtores e consumidores. 
A data comemorativa foi oficialmente estabelecida, pela primeira vez, em 2005, na Índia, embora já se lutasse por ela há muito. 
Numa visita a São Miguel, Açores, tive a oportunidade de passar pelo centro de produção do Chá Gorreana, o único chá produzido na Europa, tanto quanto sei. 
A propósito daquele chá, diz Raul Brandão,  no seu livro “As ilhas desconhecidas”: «O melhor chá dos Açores, delicado e aromático, tomei-o na Gorriana [Agora Gorreana], na casa fidalga do senhor Jaime Hintze, toda ao rés-do-chão e caiada de amarelo, entre o bulício alegre da vida rústica, num lar que a bondade de sua esposa santifica.»

Pela Positiva completou 15 anos de vida


O meu blogue nasceu há 15 anos. Parece que foi ontem, mas estou no 15.º inverno na blogosfera. 
Tinha posto fim a uma vida de jornalismo com responsabilidades desgastantes em agosto de 2004, admitindo que era tempo de viver mais tranquilo, mas enganei-me. Em dezembro do mesmo ano, reconheci que tinha cometido um erro. E quando comecei, nos tempos livres, a lidar com a Internet, topei com a blogosfera, nomeadamente, o blogue de Pacheco Pereira — ABRUPTO. Tanto bastou para me entusiasmar. Desabafando com alguém, recebi como conselho que os blogues eram para gente nova. 
Um dia, José Carlos Sá, jornalista, questionou-me: Está mesmo interessado em criar um blogue? A minha resposta saiu pronta: — Estou. 
José Carlos Sá estava sentado com o PC à sua frente. E disse-me:— Vamos criar então um blogue para si. 
Registou o meu nome e o meu e-mail. Fui respondendo a algumas questões e a dada altura José Carlos faz-me a pergunta sacramental: — Nome para o blogue… 
Fiquei a olhar para ele e perante o meu silêncio ele repete a pergunta. E eu, instintivamente, disse: Pela Positiva… e acrescentei que andava cansado do mundo negativo de muita comunicação social. 
Quando ele concluiu o registo do Pela Positiva, sublinhou: — Agora já pode começar… 
Em casa, escrevi a minha primeira mensagem:

«Propósito 

O meu propósito, a partir de hoje e neste espaço, situa-se na linha dos que apostam, no dia a dia, num mundo muito melhor. Não simplesmente pelo protesto, que será sempre a via mais fácil e menos estimulante, mas fundamentalmente pela defesa do bem, do belo, dos afetos, em suma, dos valores que enformam a nossa civilização. 
Pela Positiva vai ser o meu lema de todos os dias, quer na análise dos mais diversos acontecimentos, quer pela divulgação do que vou lendo, quer pela defesa do que vou refletindo, quer, ainda, pela partilha de gestos, porventura ignorados ou marginalizados, que são matriz de uma sociedade mais justa e mais fraterna. De bom grado se aceitam sugestões, desde que venham pela positiva.» 

Obrigado, meu caro amigo, pelo primeiro passo que me ajudou a dar no mundo da blogosfera. E como vê, a ajuda foi tão importante que ainda continua a marcar os meus dias, 15 anos depois. Um abraço com votos de  saúde e otimismo.

Fernando Martins

Até onde irá o Papa Francisco?

Crónica de Natália Faria no PÚBLICO


Pôs a Igreja a discutir a homossexualidade, o aborto, o fim do celibato, a ordenação de mulheres, criticou o carreirismo eclesial, a “economia que mata”, forçou o clero a encarar os abusos sexuais. Ao fim de oito anos de pontificado, porém, o Papa Francisco não mexeu na doutrina da Igreja. Será agora?

Foi capa da Time e da Rolling Stone, alimentou quilómetros de notícias por, já na qualidade de Papa, se ter escapulido do Vaticano para comprar óculos e sapatos, por ter trocado a limusina por um carro utilitário, por ter renunciado ao luxuoso apartamento papal para residir com os funcionários da Santa Sé na Casa de Santa Marta. O argentino Jorge Mario Bergoglio é, quase oito anos depois de ter sido eleito Papa, um dos maiores ícones políticos da actualidade. E o mínimo que dele se pode dizer é que, mesmo que não consiga mudar o mundo, está seguramente a reinventar a Igreja Católica, implodindo o conservadorismo de milénios e chamando para a mesa discussões tidas como impossíveis, das excepções ao celibato à ordenação de mulheres, passando pelos divórcios e pela homossexualidade.
Quando, no dia 13 de Março de 2013, se anunciou ao mundo como a escolha dos 115 cardeais reunidos em conclave, ao fim de 26 horas e de cinco votações, nada do que se passaria a seguir se adivinhava. Mas os sinais do desprezo pelos velhos símbolos do poder eclesial estavam todos lá. Naquele início de noite frio e chuvoso, o jesuíta de 76 anos mostrou-se sorridente, afável, vindo do “fim do mundo”, despojado da costumeira parafernália papal, como recordam os jornalistas Joaquim Franco e António Marujo, no livro Papa Francisco – Uma Revolução Imparável. Em vez dos famosos sapatos vermelhos, uns velhos sapatos pretos. Desprezou o discurso em latim que lhe tinham preparado para a sua primeira missa e, em vez disso, proferiu uma homilia simples, directa, e em italiano. Logo depois do habemus papam, fizera questão de ir pessoalmente pagar a conta do albergue onde se hospedara nos dias anteriores. 

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