sábado, 14 de dezembro de 2019

Até onde irá o Papa Francisco?

Crónica de Natália Faria no PÚBLICO


Pôs a Igreja a discutir a homossexualidade, o aborto, o fim do celibato, a ordenação de mulheres, criticou o carreirismo eclesial, a “economia que mata”, forçou o clero a encarar os abusos sexuais. Ao fim de oito anos de pontificado, porém, o Papa Francisco não mexeu na doutrina da Igreja. Será agora?

Foi capa da Time e da Rolling Stone, alimentou quilómetros de notícias por, já na qualidade de Papa, se ter escapulido do Vaticano para comprar óculos e sapatos, por ter trocado a limusina por um carro utilitário, por ter renunciado ao luxuoso apartamento papal para residir com os funcionários da Santa Sé na Casa de Santa Marta. O argentino Jorge Mario Bergoglio é, quase oito anos depois de ter sido eleito Papa, um dos maiores ícones políticos da actualidade. E o mínimo que dele se pode dizer é que, mesmo que não consiga mudar o mundo, está seguramente a reinventar a Igreja Católica, implodindo o conservadorismo de milénios e chamando para a mesa discussões tidas como impossíveis, das excepções ao celibato à ordenação de mulheres, passando pelos divórcios e pela homossexualidade.
Quando, no dia 13 de Março de 2013, se anunciou ao mundo como a escolha dos 115 cardeais reunidos em conclave, ao fim de 26 horas e de cinco votações, nada do que se passaria a seguir se adivinhava. Mas os sinais do desprezo pelos velhos símbolos do poder eclesial estavam todos lá. Naquele início de noite frio e chuvoso, o jesuíta de 76 anos mostrou-se sorridente, afável, vindo do “fim do mundo”, despojado da costumeira parafernália papal, como recordam os jornalistas Joaquim Franco e António Marujo, no livro Papa Francisco – Uma Revolução Imparável. Em vez dos famosos sapatos vermelhos, uns velhos sapatos pretos. Desprezou o discurso em latim que lhe tinham preparado para a sua primeira missa e, em vez disso, proferiu uma homilia simples, directa, e em italiano. Logo depois do habemus papam, fizera questão de ir pessoalmente pagar a conta do albergue onde se hospedara nos dias anteriores. 

Num catolicismo fortemente marcado por símbolos, este amarfanhar do protocolo foi lido como prenúncio de uma nova Igreja. E, de facto, Francisco não se limitou a romper a hegemonia de séculos de Papas europeus. O latino-americano, que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, filho mais velho de uma família de imigrantes italianos (ele, ferroviário; ela, dona de casa) e que se licenciou em Química antes de, já padre, ter leccionado disciplinas como Literatura e Psicologia, tem feito muito mais do que gestos simbólicos como quando, meses depois de ter sido escolhido, mandou instalar chuveiros e um serviço de barbearia para os sem-abrigo que circulam na Praça de São Pedro ou como quando, em Janeiro de 2016, incluiu na cerimónia do lava-pés duas raparigas, uma das quais muçulmana, e mais, tarde, jovens delinquentes e refugiados. Tem sabido romper o clericalismo esclerosado da Igreja, usando daquilo a que frei Bento Domingues chama “a sabedoria do azeite”. “Vai-se disseminando, invadindo o terreno todo”, traduz ao PÚBLICO o monge dominicano.
Ao recusar fechar as portas da Igreja aos divorciados recasados e aos homossexuais, ao assumir-se envergonhado pelo encobrimento dos abusos sexuais cometidos por membros do clero, ao obrigar padres, bispos e cardeais a olharem as vítimas olhos nos olhos, ao criticar a opulência em que se refastelam muitos dos representantes da Igreja Católica, ao desviar-lhes o olhar para as periferias da “economia que mata”, ao inscrever os crimes contra o ambiente na lista de pecados da Igreja (no corolário de uma campanha pelo clima corporizada na encíclica Laudato si e começada muito antes do fenómeno Greta Thunberg), Francisco tornou-se “numa das vozes mais lúcidas da actualidade”, como lembrou o realizador brasileiro Fernando Meirelles, cujo novo filme, a estrear em breve na Netflix, trata da relação entre o anterior Papa, Joseph Ratzinger, e o actual. Este caderno de encargos colocou Francisco, ao mesmo tempo, na mira do sector mais conservador da Igreja, cujo ponta-de-lança, o cardeal norte-americano Raymond Burke, o acusou recentemente de assumir uma postura herética, no corolário de uma oposição que tem na sombra figuras laicas da direita norte-americana como Pat Buchanan (republicano, ex-conselheiro de Nixon) e Steve Bannon (ex-assessor de Trump).

Investidas contra a moral sexual

Na base desta investida contra o Papa está um simples rodapé (o famoso 351) da Alegria no Amor (Amoris Laetitia, no original em latim), uma exortação publicada em Abril de 2016, após o sínodo dedicado à família. Sem alterar a doutrina da Igreja, Francisco abre uma brecha importante ao sugerir que, havendo factores que atenuam “a responsabilidade e culpa”, os divorciados e os casados em segundas núpcias poderão receber a ajuda da Igreja e, em certos casos, “também a ajuda dos sacramentos”. Francisco tinha aproveitado também para, na mesma nota, lembrar aos sacerdotes que “o confessionário não deve ser uma câmara de tortura” e que a eucaristia “não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”.
Olhando de fora, é curioso que esta guerra interna tenha sido desencadeada por causa de uma sugestão que pouco altera a forma como a maior parte dos mais de mil milhões de fiéis de todo o mundo vive. As igrejas estão cheias de divorciados e de casais em segundas núpcias que comungam como todos os outros. A maior parte dos fiéis usa contracepção, embora, se atendermos à doutrina oficial da Igreja, tanto eles como os padres saibam que não é permitido. Uma das possíveis explicações para isto, segundo o jornalista Daniel Oliveira, é que “Francisco mexeu nas questões da moral sexual”, numa Igreja sempre “muito resistente às mudanças que têm que ver com as liberdades individuais”. Aliás, para Daniel Oliveira, a primeira conquista daquele que é o primeiro Papa não-europeu desde 752 foi isto de “aproximar a Igreja do tempo em que vive” e partir em cacos a imagem “de um Deus muito castigador”. “A coloquialidade do discurso, o desassombramento em relação ao poder, até ao poder eclesial, teve um efeito de aproximação dos católicos e até dos não-católicos, o que não é um pormenor, se considerarmos numa Igreja prosélita que pretende crescer”, observa o jornalista.
Em sociedades democráticas em que “a opulência tem um efeito menos poderoso”, um Vaticano enredado nos seus próprios jogos de poder e riqueza “era má publicidade”, ainda segundo Daniel Oliveira. Frei Bento Domingues escava mais fundo nesta análise, ao lembrar que a consequência imediata de se considerar que “a Igreja existe para servir, não para servir-se”, é colocar as lideranças em xeque. “Dentro da Igreja, isso levantou o problema do exclusivismo dos cargos de direcção. Aliás, sobre o carreirismo eclesiástico, os discursos dele à cúria foram de uma violência que não contemporizava com nenhuma forma de encobrimento, nem dos escândalos do Banco do Vaticano nem da pedofilia”, recua frei Bento Domingues, para quem Francisco “é João XXIII levado até ao fim”, nomeadamente nesta vontade “de transpor as práticas de Jesus Cristo para a actualidade”. 
Eleito Papa em 1958, João XXIII convocou o Segundo Concílio do Vaticano para identificar formas de a Igreja se abrir ao mundo moderno. O Vaticano II durou três anos (entretanto, João XXIII, que ficaria conhecido pelo cognome “O Papa Bom”, morre) e, no final, a Igreja renunciou ao anti-semitismo, abraçou a democracia e aboliu a missa em latim. Os anos seguintes foram de muita mudança para a Igreja – e também de muita desfragmentação. Muitos padres abandonaram o sacerdócio para se casarem e os conservadores culparam sempre o abandono das práticas tradicionais da Igreja. As mesmas que Francisco ameaça quando, por exemplo, admite abrir o sacerdócio aos homens casados na Amazónia e procurar novos ministérios para as mulheres.
Abrindo um parêntesis para lamentar que “as lideranças das igrejas católicas no mundo continuem a revelar-se extremamente medíocres em relação àquilo que é a prática do Papa”, numa ideia que Daniel Oliveira transpõe para Portugal, quando sustenta que “a Igreja em Portugal está apática e muito dependente das suas relações financeiras com o poder”, o monge dominicano retoma a sua tese central. E esta desenrola-se em torno da ideia de que, tal como o seu antecessor João XXIII, Francisco soube “colocar Roma à frente das mudanças”, contrariando a sua tendência para “refrear as pessoas que querem progredir na ciência, na técnica, na interpretação dos Evangelhos e na reforma da Igreja”.

O fim das mortes em nome de Deus

Este paralelismo e esta capacidade de entrosamento com o mundo estendem-se, de igual modo, à acção política de ambos os Papas. Pouco antes de morrer, a 11 de Abril de 1963, João XXIII apresentou a encíclica Paz na Terra, seis meses depois da crise dos mísseis em Cuba que deixara o planeta sob ameaça de uma guerra nuclear. Antes, via rádio, exortara directamente os líderes das duas grandes potências da época, Nikita Khrutchov​, da ex-União Soviética, e o Presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy, a evitarem um holocausto nuclear. Do mesmo modo, os dois momentos mais marcantes do pontificado de Francisco escolhidos por frei Bento passam ao largo das mexidas na moral sexual e apresentam claro pendor político. “Um desses momentos deu-se no Japão, onde ele foi lembrar como a ciência e a técnica mais apuradas são um desastre se não for para estarem ao serviço das populações”, elencou, referindo-se à viagem do Papa a Hiroxima e Nagasáqui, onde mais de 100 mil pessoas morreram instantaneamente quando, em Agosto de 1945, os EUA largaram as duas bombas atómicas, num esforço para ganhar a II Guerra Mundial.
: “Destruiu a ideia de que se pode matar em nome de Deus”. Antes disso, em Setembro de 2015, Francisco visitara Cuba sob o signo da reaproximação com os EUA, tendo contribuído para o degelo das relações entre Havana e Washington.
A este olhar retrospectivo sobre o pontificado de Francisco, a teóloga Teresa Toldy soma, por seu turno, “a ida a Lampedusa, com um discurso fortíssimo de denúncia de recusa dos refugiados e migrantes e a paragem no México, onde Francisco lembrou, num ataque directo a Donald Trump, que “quem constrói muros não é cristão”. 

E agora, Francisco?

Se o tanto que Francisco já fez (ou se predispôs a fazer) deixou tão evidentes amargos na boca dos seus críticos, a verdadeira revolução doutrinal da Igreja Católica pode estar apenas a chegar, enterrando de vez o conservadorismo de que (injustamente, segundo alguns) Bento XVI era tido como o principal representante. Até ao final do ano, Francisco deverá publicar a exortação pós-sinodal relativa à Amazónia, restando saber se aproveitará ou não para desfazer dogmas basilares como o celibato dos padres e a atribuição de novos ministérios às mulheres. Na conclusão dos trabalhos sinodais, Francisco predispôs-se a reactivar a comissão que durante dois anos estudou as funções que exerciam as mulheres-diácono que existiam na Igreja primitiva, embora ele próprio se tenha assumido, em Novembro de 2016, avesso à ideia de que as mulheres possam ser ordenadas
Independentemente do que vier determinado na exortação que visa concretizar na Igreja a reflexão sinodal, Daniel Oliveira acredita que o seu legado mais importante já foi concretizado. “Não tenho grandes ilusões sobre a sua capacidade de fazer grandes reformas na Igreja durante a sua vida biológica, mas o maior legado dele foram as mudanças de nomes entre os que irão escolher o próximo Papa. O tipo de pessoas que ele escolheu, as realidades que eles representam, mais distantes do círculo de poder do Vaticano e mais próximas da realidade da Igreja pelo mundo fora, fazem com que seja difícil voltar atrás nesta revolução que ele começou. Creio que é isso: ele começou a revolução, que tem de ser feita com muito cuidado para eliminar o risco de implosão da própria Igreja, e criou as condições para que ela não possa voltar atrás.”

Natália Faria no PÚBLICO 

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