“Aprender com o Povo a Alegria Sã do Evangelho”, o mais recente livro do Pe. Georgino Rocha, é uma confissão vivida e meditada do autor, conhecido sacerdote do presbitério de Aveiro. Apresentá-la assim, publicamente e em livro, para que não haja dúvidas, traduz uma coragem e um desafio singulares, que partilha com os seus amigos, leitores e mesmo desconhecidos. É que o povo, a matriz que o inspirou, é muito genuíno nas vivências quotidianas do Evangelho.
O autor recolheu ao longo da vida, não apenas na diocese aveirense mas um pouco por diversos horizontes, mesmo em terras de missão, exemplos que atestam aquela verdade, enriquecidos por reflexões, testemunhos e relatos de experiências que merecem ser lidos e meditados, à luz da alegria espontânea e convincente do povo. Alegria essa também retratada na capa, com um rancho folclórico de uma qualquer região a marcar o ritmo, que o autor soube captar com feliz intuição.
Ao debruçar-me sobre os 12 capítulos do livro — “Aprender com o Povo a Alegria Sã do Evangelho”—, dei-me conta da caminhada serena do autor alimentada pelo sentido da descoberta do muito que a gente simples tem para oferecer ao nível da busca de Deus em Jesus Cristo, para O refletir na vida. «A piedade popular manifesta uma riqueza complexa de emoções e uma abundância exuberante de expressões, engloba a vida toda dos que a assumem e praticam», dando «sentido à procura de Algo que se pressente envolvido no dia-a-dia e transcende cada realização humana, abrindo-lhe horizontes de maior plenitude», disse.
Reconhecendo que a religiosidade natural é própria da relação com a criação, as criaturas e o universo, Georgino Rocha sublinha que «o ser humano vive uma interação cosmo-vital com as forças emergentes da natureza, vivenciando «uma sabedoria qualificada» com o hinduísmo, budismo, confucionismo, religião tradicional africana e outras, com as quais o Vaticano II prescreveu «um diálogo cultural», que fosse «fonte de mútuo enriquecimento».