terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Marnoto Gafanhão

Ângelo Ribau



“O Marnoto Gafanhão” é um registo de memórias do Ângelo Ribau Teixeira, falecido em 11 de agosto de 2012. Foram muitos, familiares e amigos, os que sentiram a sua falta física, que a sua presença espiritual permanece em todos. 
Gostava imenso de ler e de escrever, como gostava da arte fotográfica e do convívio. Pessoalmente, posso testemunhar que bastante lhe devo. Durante a minha doença, que me obrigou na juventude a estar acamado, o Ângelo era visita quase diária. Lia junto ao meu leito e emprestava-me os livros da coleção do seu avô materno, Manuel Ribau Novo, e dos seus tios já então falecidos, o Padre Diamantino Ribau e o Dr. Josué Ribau. Sobre as leituras trocávamos impressões e entusiasmos. 
Depois veio a sua paixão pela fotografia. Lia tudo o que surgia sobre o assunto, o que o levou a seguir as experiências de Niépce e Daguerre, construindo um laboratório e adquirindo os produtos químicos necessários para a impressão e não só.
No meu blogue Pela Positiva publiquei durante 15 semanas “O Marnoto Gafanhão”, para tornar conhecida a vida de um gafanhão que trabalhou na agricultura e na marinha de sal de que seu pai, Manuel Teixeira (mais conhecido por Manuel Elviro), era marnoto. Foi militar e cumpriu uma comissão em Angola, já casado, com um filho, o Boanerges, e outro a caminho, o Miguel. Mais tarde veio a Cláudia. 
Estudou à noite e seguiu a carreira de contabilista, tendo atingido a categoria profissional de Técnico de Contas. 
Apreciava no Ângelo, também, o gosto pelo estudo e pelo conhecimento, sendo um autodidata que lhe permitia abordar diversas questões  à vontade. Tantas vezes me telefonou ou me enviou e-mails para apoiar, discordar ou sugerir que me pronunciasse sobre este ou aquele tema. Quando isto não acontecia, devia estar doente. E estava mesmo. 
Penso que esta publicação na blogosfera poderá servir para os que escrevem e falam sobre  marnotos e moços, sem nunca  terem pegado numa rasoila, num ugalho ou numa canastra cheia de sal para o depositar no cocuruto do cone salino. Falta-lhes o saber de experiência feito. O Ângelo escreveu sobre o que viveu. Ainda bem.

Fernando Martins

NOTA: O texto completo de O Marnoto Gafanhão passa a morar aqui 



Ovos Moles e Produtos da Ria

No Museu de Aveiro, 22 a 24 de novembro




A APOMA – Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro e a Câmara Municipal de Aveiro vão promover a II Mostra de Doçaria Conventual, Ovos Moles e produtos da Ria de Aveiro de 22 a 24 de novembro no Museu de Aveiro como forma de assinalar a proteção comunitária de Ovos Moles de Aveiro – Indicação Geográfica Protegida (IGP).
Com os objetivos de promover e divulgar os Ovos Moles de Aveiro, a doçaria conventual e os produtos da Ria de Aveiro, a II Mostra irá reunir dezenas de produtores durante um fim de semana que integrará no programa o showcooking com o Chef Ricardo Costa, aveirense, Chef Executivo no “The Yeatman Hotel”, com duas estrelas Michelin, que apresentará a “Ementa Ria de Aveiro”, confecionada com os produtos da Região.
Os Ovos Moles de Aveiro são o primeiro doce de origem conventual a ser qualificado no espaço comunitário e o primeiro em Portugal, incentivando e promovendo outros produtos tradicionais que têm demonstrado a sua qualidade ao longo de gerações. Esta certificação pode ainda servir de estímulo para a criação de agrupamentos de produtores para qualificarem o seu produto.


O Marnoto Gafanhão — 15

Um texto inédito de Ângelo Ribau Teixeira


Marinha nunca mais! 

Agora teria de arranjar outro emprego. Marinha nunca mais!
Comunicou a sua intenção a amigos, e passados uns tempos foi-lhe oferecido trabalho no escritório de num armazém de mercearias, onde trabalharia até que arranjasse melhor emprego. Foi uma boa experiência pessoal, especialmente pelos contactos com clientes e fornecedores!
Ainda hoje recordo um facto ocorrido quando recebi ordem da gerência da firma para ir fazer um pagamento de fornecimento de feijão a um lavrador local. Era uma quantia avultada naquela época: três mil duzentos e cinquenta escudos. Teria de trazer o dinheiro para minha casa e, á noitinha, iria a sua casa fazer o pagamento, dado que se trabalhava nas terras de sol a sol e não valia a pena ir com o sol no céu porque não encontraria ninguém em casa.
Chegado a casa informei o meu pai da quantia que trazia, a quem se destinava, mas que só à noite poderia ir fazer o pagamento. Recomendou-me cuidado com o dinheiro e que não saísse de casa, não fosse por azar perder alguma nota. E deixei-me ficar por ali até se fazerem horas. Passados uns tempos o meu pai chega-se junto de mim e diz-me baixinho:
— O Ti Zé Maria Branco passou agora com o carro das vacas direito a casa. Deixa-o arrumar o gado, depois vais lá pagar ao homem, mas toma cuidado, ele que conte o dinheiro, não vá o diabo tecê-las…
Assim fiz, e dirigi-me à sua casa era já noite velha. Cheguei, bati à porta “Truz, truz, truz…”
— Quem é? — perguntaram lá de dentro.
— Sou eu, o Toino. O meu patrão…
Então a figura do dono da casa, homem já com uns bons anos contados chega rapidamente junto de mim!
— Fala baixo cas paredes têm oividos. Entra cã gente está a cozelabôla.
Entrei, disse ao que ia e entreguei o dinheiro pedindo que o contasse.
— Não é preciso homem. Tu és filho de gente séria…
Insisti, ele lá contou o dinheiro e verificada a sua exatidão dirigiu-se ao interior da casa onde iria guardar o dinheiro. Eu aguardei.
Só então reparei na dona da casa que, na sua labuta, lá estava na verdade a meter a broa no forno para que este a cozesse.
Entretanto chega o marido.
— Tudo bem Ti Zé Maria? — pergunto.
— Tudo bem, e agradece ao teu patrão ter-me mandado o dinheiro. Assim evitei uma caminhada até ao vosso armazém para ir receber.
Um aperto de mão foi o recibo que ele me passou pela quantia recebida.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Blogue da Semana

Para esta semana proponho uma leitura do blogue "Lazer & Labor", que tem na Mesa da Palavra o Padre Pedro José Correia, em serviço pastoral nas Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. Uma boa oportunidade para quem gosta de viver uma meditação semanal com sentido evangélico...

Vicentinos preparam Natal dos mais pobres



«O peditório anual dos Vicentinos de Ílhavo está marcado para o próximo sábado (23). A Instituição de caridade, por intermédio dos seus confrades e alguns voluntários, procura angariar fundos para proporcionar aos mais desfavorecidos um Natal reconfortante.
Ainda durante este mês haverá uma “oração solidária” no dia 26, às 21h, na Igreja Matriz, com a presença do Presidente das Florinhas do Vouga, Padre João Gonçalves, assim como, do assistente espiritual, Padre Fernando de Carvalho e Silva e do Presidente dos Vicentinos de Ílhavo, Hernâni Santo»


.

Jantar Literário com o escritor Nuno Camarneiro

Nuno Camarneiro
Decorre no próximo dia 29 de novembro, sexta-feira, às 20 horas, o Jantar Literário, integrado na Comemoração do 8.º Aniversário da Biblioteca Municipal de Ílhavo. Neste ano de 2013 teremos a presença do Escritor Nuno Camarneiro (Prémio Leya 2012), estando a animação literária ao cuidado de Albano Sousa Baluarte.
O jantar terá um custo de inscrição de 15 euros, propiciando a oportunidade de participação a toda a comunidade interessada, embora com necessidade de inscrição até ao dia 27 (lotação limitada).
Nestes seus oito anos de vida, a Biblioteca Municipal de Ílhavo tem vindo a afirmar-se como um local privilegiado de cultura, trabalho, consulta, divertimento, convívio e formação, sendo já uma referência na Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.

Fonte: CMI

Notícias animadoras sobre o Padre Miguel




Recebi a notícia de que o Padre Miguel Lencastre, que está internado no Hospital de Santo António, no Porto, passou bem o fim de semana, com menos dores e um pouco mais animado. De tal modo que até participou, no domingo, na missa que se celebrou na capela do hospital, sentado numa cadeira de rodas. Com ele estiveram familiares e amigos, assim como membros da Confraria de Santo Humberto, de que o Padre Miguel é capelão.
Congratulo-me com as melhoras e boa disposição do nosso antigo prior e amigo, desejando-lhe pronto restabelecimento.