sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Lançamento de um Livro de João Gonçalves Gaspar


“A Princesa Santa Joana e a sua Época”: 
Um roteiro para famílias e jovens 

Presidente da CMA no uso da palavra

«Aveiro, cidade e diocese, deve a Monsenhor João Gaspar este gosto natural e este esforço empreendedor de incansável investigador sobre tudo quanto à sua história diz respeito e sobremaneira sobre tudo quanto à Princesa Santa Joana se refere. Muito do espontâneo e inicial afeto dos aveirenses por Santa Joana foi sendo progressivamente esclarecido e transformado em religiosa devoção, graças ao aprofundado conhecimento da sua vida e ação que, desde há muito, o autor nos seus diferentes livros nos tem facultado.» Estas afirmações de D. António Francisco, Bispo de Aveiro, lidas pelo Reitor do Seminário de Santa Joana Princesa, Padre João Alves, na impossibilidade da presença do nosso bispo, pelo falecimento de seu tio e padrinho, sintetizam bem quanto Aveiro, cidade e diocese, deve ao autor, João Gonçalves Gaspar, historiador e membro da Academia Portuguesa da História, pelos seus múltiplos trabalhos sobre a região aveirense. 
O lançamento da 3.ª edição da obra “A Princesa Santa Joana e a sua Época” teve lugar em Aveiro, na Biblioteca Municipal, no sábado, 22 de dezembro, pelas 16.30 horas, em sessão pública presidida por Élio Maia, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, ladeado pelo autor, por João Alves, Reitor do Seminário, e Carlos Santos, vice-presidente da autarquia. 
Élio Maia enalteceu o esforço de Mons. João Gaspar, um homem que «não se preocupa com o ter mas com o ser», sendo para todos «o paradigma do dar-se». Referiu que os escritos do autor «refrescam a alma de cada um de nós» e frisou que a sua vida tem sido «marcada por gestos discretos, que afinal são grandes gestos», dignos de registo.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Papa e as injustiças no mundo




«Gostei muito das suas explicações biblicas que primam, como sempre, pelo rigor e pela serenidade. Mas gostava de lhe colocar uma questão: nos tempos que correm, quando tantos de nós sofrem as injustiças de um mundo em que a economia se sobrepôs às pessoas, não acha que seria muito mais importante ver o Chefe Supremo da Igreja Católica aproveitar para se referir, como fez Cristo, aos vendilhões do templo e ser a voz dos que a não têm? Eu lamento imenso que, de uma maneira formal, a Igreja não se manifeste com mais veemência como afinal o fez o seu criador. desejo que tenha passado um Natal em paz, junto dos seus.» 

Albertina Vaz 


^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

Boa noite, minha cara amiga 

Muito obrigado pelo seu comentário, sinal de que gosta de partilhar opiniões e de manifestar inquietações, rumo a uma sociedade mais justa e mais fraterna. Nesse espírito, permita-me que também me pronuncie sobre o tema que é por demais pertinente. 
O assunto que põe à minha consideração não tem sido e penso que nunca será esquecido pelo Papa Bento XVI, na sequência do que outros Papas fizeram, e que é, afinal, obrigação deles, na qualidade de cristãos atentos e responsáveis. O mesmo, aliás, compete a todos os que foram batizados. Essa competência advém da missão profética que lhes (nos) cabe exercer: denunciar o erro e anunciar a Boa Nova, que mais não é do que a Mensagem Evangélica entregue aos homens e mulheres de boa vontade há dois mil anos. Não apenas denunciar nem só anunciar, mas ambas as coisas, conforme as circunstâncias, porém, com base no testemunho pessoal. 
É certo que, como humanos, muitas vezes nos esquecemos dessa missão profética. Papas e demais clérigos, mas também leigos, não estão suficientemente atentos às realidades quotidianas dos que mais sofrem, tanto no corpo como na alma. Ao longo da história, houve erros e lapsos imperdoáveis, como é sabido, a par de muita coisa ótima e digna de registo. Contudo, permita-me que não concorde consigo, quanto ao comportamento do Papa Bento XVI. 
Quem estiver atento ao que ele diz, denunciando os erros e anunciando os caminhos evangélicos, sabe, como eu sei, porque todos os dias procuro estar informado, que o Papa, com a serenidade e a competência que se lhe reconhece, nunca se cala perante o sofrimento que grassa na humanidade. Catástrofes, fomes, guerras, violências, xenofobias, perseguições, genocídios, tudo tem merecido de Bento XVI a palavra certa na hora exata, com condenações e apelos à paz e ao diálogo, com intervenções diplomáticas e encontros que proporcionem a justiça e o bem das pessoas mais sofredoras. Há imensos escritos dos Papas no site do Vaticano e dos Bispos nos sites das dioceses, bem como na Agência Ecclesia e noutras, que permitem leituras livres.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A alegria completa nasce da fé


VIMO-LO CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE

Georgino Rocha


“Vimo-Lo cheio de graça e de verdade” é como João apresenta o Verbo de Deus que se faz carne e habita entre nós. “Vimo-lo” é certeza reconhecida e testemunho assertivo, afirmação testada e anúncio jubiloso. O Verbo de Deus faz-se carne humilde e a sua glória brilha na fragilidade de uma criança. A Palavra eterna ressoa nas vozes do tempo e assume as formas de comunicação humana. A tenda de Deus ergue-se na história e assume as “marcas” contingentes da humanidade, configurando-se não como templo de pedras, mas como consciência desperta para a dignidade da sua vocação a deixar-se encher de graça e de verdade. Grande maravilha! Felizes os que a sabem apreciar.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um Conto de Natal: O meu amigo Xavier



No recreio da escola que frequentámos, já lá vão boas décadas, o Xavier dava nas vistas. Na formação das equipas, com a malta alinhada à espera da escolha, o Xavier orientava o processo e ditava as leis, sem ninguém resmungar, não fosse isso motivo para em próxima operação o resmungão ficar de lado. E os jogos, de futebol e outros, lá decorriam com o Xavier a tirar dúvidas ao jeito de árbitro sabido e experimentado. Era um líder natural e respeitado. 
Noutros momentos, sem jogos por não haver tempo para isso, as conversas em que participava mostravam um jovem atento e dialogante, amigo do seu amigo, parcimonioso com os colegas menos conhecidos, frontal na defesa das suas posições e ideias, mas respeitador, aceitando que cada um era livre de pensar e de dizer o que bem entendesse, sem ferir ninguém. A nossa amizade vem daí e assim tem continuado. 
A vida do Xavier deu muitas voltas. Profissional competente e esforçado foi saltando de emprego em emprego ao sabor da vida e das necessidades da família, que na idade própria constituiu por amor à Joana a quem se uniu para sempre. Filhos e netos encheram-lhe o regaço e disso me dava conta espontaneamente, em conversas fugazes ou mais prolongadas, em horas de confidências que nos eram comuns. 
Viajar, por razões profissionais ou familiares, passou a hábito apaixonado. E quando regressava das suas andanças gostava de me contar o que havia deparado de belo, desde paisagens e ambientes que lhe emolduravam o sorriso, desde pessoas e culturas exóticas que o levavam a garantir que haveria de conhecer melhor, desde regimes políticos e civilizações que o entusiasmavam e sonhava ver entre nós, desde catedrais esplendorosas que o deixavam extasiado e até capelinhas que indiciavam devoções fervorosas. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Chegou num dia de chuva miudinha...

A prenda! 
Maria Donzília Almeida



Chegou num dia de chuva miudinha, que enche de humidade o ar e cria uma saturação tal, que tudo parece escorrer à nossa volta. É a morrinha de uso tripeiro, que nos penetra até aos ossos. Assim estava o aposento, onde a prendinha foi depositada. 
Apesar de já ter passado a idade da inocência, quase acreditaria que foi prenda do Menino Jesus, que a colocou no meu sapatinho, quatro dias antes do Natal. Apareceu, assinaladamente, no dia em que aconteceu o solstício do inverno, 21 de dezembro. 
Evoco aqui, as palavras de ST Éxupery: “Mal nos conhecemos, inaugurámos a palavra amigo!” 



Poesia para este tempo


Carta de Natal a Murilo Mendes

 Querido Murilo: será mesmo possível
Que você este ano não chegue no verão
Que seu telefonema não soe na manhã de Julho
Que não venha partilhar o vinho e o pão

Como eu só o via nessa quadra do ano
Não vejo a sua ausência dia-a-dia
Mas em tempo mais fundo que o quotidiano

Descubro a sua ausência devagar
Sem mesmo a ter ainda compreendido
Seria bom Murilo conversar
Neste dia confuso e dividido

Hoje escrevo porém para a Saudade
— Nome que diz permanência do perdido
Para ligar o eterno ao tempo ido
E em Murilo pensar com claridade —

E o poema vai em vez desse postal
Em que eu nesta quadra respondia
— Escrito mesmo na margem do jornal
Na Baixa — entre as compras do Natal

Para ligar o eterno e este dia

Sophia de Mello Breyner Andresen 

Lisboa, 22 de Dezembro de 1975

Em  "O Nome das Coisas", 1977