sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os “queques” riram-se de desprezo, e o professor respondeu “Arranjem-se”.

Gente com os pés fora do chão

António Marcelino


A ordem vem do Ministério. As pessoas, mesmo as do rendimento mínimo ou de inserção, se recebem apoios sociais devem comunicar pela net aos serviços oficiais a sua situação, ou então os apoios são-lhe cortados. Por net? Mas os senhores de Lisboa, ao darem tal orientação ameaçadora, conhecem acaso o país real?
Há dias vi num programa de televisão o professor dizer aos alunos que tinham de ver em casa um determinado programa de televisão, confrontá-lo com a matéria dada e fazer o seu comentário pessoal. Um miúdo, que se lhe via no rosto a angústia e que não mentia, perguntou, a medo, como faziam os que não têm televisão. Os “queques” riram-se de desprezo, e o professor respondeu “Arranjem-se”.
É assim. Por isso é que tudo por cá está emperrado. Os disparates justificam-se, as verdades abafam-se, os pobres calam-se e os abastados riem-se.

Pensionistas de baixos rendimentos vão deixar de ter medicamentos grátis




«Mais de um milhão de pensionistas de baixos rendimentos vão deixar de ter medicamentos grátis, um benefício que lhes foi atribuído há pouco mais de um ano. Também a comparticipação de alguns dos remédios que são dos mais usados em Portugal, como antiácidos e anti-inflamatórios, vai diminuir para quase metade (baixa de de 69 para 37 por cento), já a partir de segunda-feira. E muitos doentes crónicos passarão a pagar mais pelos medicamentos de que necessitam até ao fim da vida, a não ser que optem pelos fármacos mais baratos do mercado.»

In PÚBLICO

Sou testemunha ocular e auricular

Diversas vezes já, assisti nas farmácias à dificuldade que alguns idosos sentiram na hora de aviar a receita médica. «Este não posso levar porque é muito caro; vai para o mês que vem.» É triste ver e ouvir este drama de quem não pode levar os medicamentos que fazem falta, apesar de serem comparticipados. Vem agora a ministra Ana Jorge com duas notícias: uma boa, a descida do preço dos medicamentos; outra desagradável, o corte dos medicamentos grátis para os pensionistas de mais fracos recursos.
Esta medida vai ser, com certeza, dolorosa para os que já têm que suportar o peso dos anos com doenças. Alguns, os mais pobres, ficarão mesmo sem essa ajuda. Não seria possível evitar mais esta dor para quem tanto sofre?

FM


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Para pensar: Taparam os pobres com as vitórias dos ricos

O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, afirmou na homilia de encerramento da XXVI Semana da Pastoral Social, decorreu em Fátima, de 14 a 16 de Setembro, que “a grande contaminação do individualismo e do domínio sobre os outros atinge-nos”. “Taparam os pobres com as vitórias dos ricos” – referiu.

Na visita à Grã-Bretanha: Bento XVI alerta para o secularismo



Num ambiente hostil, Bento XVI iniciou a anunciada visita à Grã-Bretanha, tendo sido recebido pela Rainha Isabel II, num gesto histórico, já que este foi o primeiro encontro entre um Papa e um soberano inglês, desde a separação que levou à formação da Igreja Anglicana, levada a cabo por Henrique XVII.
Sua Santidade frisou no seu primeiro discurso: “Hoje, o Reino Unido esforça-se por ser uma sociedade moderna e multicultural. Que neste nobre desafio ele guarde sempre o seu respeito pelos valores tradicionais e as expressões da cultura que formas mais agressivas de secularismo não apreciam nem sequer toleram”, assinalou o Papa.

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Gafanha do Carmo: Freguesia há 50 anos


Amanhã, Sexta-feira, 17, a Câmara de Ílhavo e a Junta de Freguesia assinalam o 50.º aniversário da Criação da Freguesia da Gafanha do Carmo, com a realização de uma Sessão Solene Evocativa,  a realizar no Salão Cultural da Gafanha do Carmo, pelas 18.30 horas, dando assim início a um programa comemorativo que nesse dia será publicamente apresentado.

Desmoronamento da família é dos acontecimentos mais graves da nossa história



Desmoronamento da família

António Marcelino

Cada dia que passa somos confrontados com estatísticas que nos dizem do número crescente de divórcios, da queda acentuada de casamentos civis e religiosos, da subida vertiginosa de uniões de facto. Também não deixam os jornais, e mesmo as televisões, de dar conta, aqui ou ali, de novos casamento de homossexuais e até já de seus divórcios.
Deixar de tomar a sério o casamento e a família, pela maneira fácil e rápida de as leis a desfazerem, constitui uma tragédia de muitas consequências à vista, e de outras, não menos graves, que o tempo irá revelando. A família que nasce de uma decisão livre de gente adulta e, presume-se, responsável será sempre o alicerce de uma sociedade com futuro. O contrário significa inquinar o ambiente social, tornando o casamento objecto de contrato de reduzida importância, rescindível ao menor capricho ou à incapacidade progressiva de assumir as responsabilidades inerentes.
Se fizermos a contagem dos governantes, deputados, magistrados, gente da telenovela, fazedores de opinião e tantos outros de nome e profissão conhecidos que já não estão no primeiro casamento e, por vezes, já nem no segundo, percebemos o que se passa neste em país em crise. Dificilmente poderá falar do casamento e da família, com apreço e respeito, quem não tem uma experiência gratificante da vida conjugal e familiar. São muitos destes que interferem no modelo de casamento e família, impostos arbitrariamente à sociedade.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O peregrino conserva alguma coisa do turista


O Turista e o Peregrino

José Tolentino Mendonça

O turista e o peregrino têm mais em comum do que possa parecer. Um pelo caminho do lazer, outro pela volta do sagrado: é, contudo, um impulso antropológico semelhante que os move. A experiência da saída de si, o desejo de outras paisagens, a busca de alteridade são traços reconhecíveis tanto num como noutro. O peregrino conserva alguma coisa do turista. O caminho de peregrinação, mesmo quando assume um carácter penitencial, não perde um tom festivo, uma quase ligeireza, que não é distracção, mas celebração. Tal como o turista conserva coisas do peregrino. Qualquer viagem pressupõe, por exemplo, uma reflexividade, uma experimentação sobre si mesmo, um saber de si. Mesmo se o que vemos são linhas, digressões por cidades ou trilhos, mesmo se nos parece estar apenas perante a representação objectiva da paisagem diurna ou do deslumbramento nocturno: por detrás de cada fragmento solto do mundo encontra-se uma pergunta maior.