domingo, 24 de dezembro de 2023

Pedro H. de Mello — VELHA MESA



VELHA MESA

Pai e Mãe.
À cabeceira,
Nosso Avô e nossa Avó...
Perto, o calor da lareira,
Que não deixa ninguém só.
E a história daquela mesa,
De ano a ano repetida,
Lembra uma lanterna acesa
Que alumia toda a vida!

Pedro Homem de Mello
Natal de1959

Ilustração: Postal dos CTT de 1959 de Raquel Roque Gameiro 

David Mourão-Ferreira — Voto de Natal


Voto de Natal

Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.

E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.

Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.

David Mourão-Ferreira, 
in 'Cancioneiro de Natal'
Fundação Calouste Gulbenkian


A NOSSA CONSOADA


Como diria  Raul Solnado, hoje é domingo em todo o país. Coisa banal, à partida, porque cada semana tem o seu domingo. Mas este domingo é um dia especial. Não apenas pelas crianças, que hão de pôr, algumas, o sapatinho na chaminé, para o Menino Jesus não se esquecer que Natal é dia de prendas, mas é  sobretudo o dia das ceias tradicionais que congregam famílias à volta do bacalhau, que por aqui não faltará, mais os doces das nossas avós, com receitas variadas, mas sempre muito desejadas e muito doces.
O comer será conforme os apetites, mas eu também gosto imenso das conversas, das risadas, da alegria, enfim, da boa disposição como sinal da felicidade. 
Já me esquecia que, em muitas famílias, não hão de faltar as trocas de lembranças, ou prendas. Há, garantidamente, famílias onde este último predicado não será cumprido. Se cada um de nós souber de algum vizinho nessa situação, ofereça algo que o faça feliz. E prolongue esse gesto por todo o ano. 
Boa consoada para toda a gente!

Fernando Martins

Pascal: o Homem e Deus

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

O Memorial, fé e razão, a aposta

3. Pascal entregou-se totalmente a Deus e doou os seus bens aos pobres. Em 1654 teve uma experiência extraordinária, mística, com o Deus vivo, de tal modo marcante que a descreveu e guardou escrita em segredo cosida no forro do casaco, tendo sido descoberta depois da morte por um criado. É o famoso Memorial:
"Ano da graça de 1654, Segunda-Feira, 23 de Novembro, dia de São Clemente, papa e mártir, e de outros no martirológio. Véspera de São Crisógono, mártir, e outros. Das dez horas e meia da noite, mais ou menos, até mais ou menos meia-noite e meia. FOGO. Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob, não dos filósofos e dos sábios. Certeza. Certeza. Sentimento. Alegria. Paz. DEUS de Jesus Cristo. Deum meum et Deum vestrum (Meu Deus e vosso Deus). "O teu Deus será o meu Deus". Esquecimento do mundo e de tudo, menos de Deus. Ele não se encontra senão pelas vias ensinadas no Evangelho. Grandeza da alma humana. "Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu conheci-te". Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria. Separei-me dele. Dereliquerunt me fontem aquae vivae. Meu Deus, abandonar-me-eis? Que eu não me separe de ti eternamente. Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo. Jesus Cristo, Jesus Cristo. Eu separei-me dele, fugi dele, reneguei-o, crucifiquei-o. Que eu nunca me separe dele. Ele só se conserva pelas vias ensinadas no Evangelho: Renúncia total e doce. Submissão total a Jesus Cristo e ao meu director. Alegria eterna por um dia de exercício na terra. Non obliviscar sermones tuos. Ámen."

sábado, 23 de dezembro de 2023

A noite de Natal - Cecília Sacramento

Em memória de uma professora
que jamais esquecerei


«A noite de Natal. A ceia. A aproximação do acontecimento, a repetição sempre apetecida, igual e nova, o diferente que pairava e nos invadia e ficava a agitar-nos como um vento bom. A grande sala de jantar repensada desde os primeiros dias de Dezembro, limpa do tecto às frinchas do soalho, sob a fiscalização da Avó, que já sabia de cor os sítios mais vulneráveis, entre as frinchas que iam de lado a lado, ao comprido das tábuas, na juntura, muito penetradas pela piaçava, rija, a escovar o mais fundo possível, metia-se a vassoura no balde, esfregava-se-lhe o sabão, “é preciso que a água com o sabão entre abundante na frincha e seja arrastada com o rasar da piaçava, para com ela vir todo o lixo”, dizia ao ensinar, depois o pano apanhava-o, depois passava-se por água limpa, constantemente renovada, o pano limpava, por fim, muito espremido, e a madeira ficava repousada, amarelinha e seca, quase. Esta, a última fase da limpeza, todo o resto fora metodicamente executado de cima para baixo e, por fim, podia-se respirar o ar cheiroso a lavado fresco.

E a subida do nível do mar?

Para pensar...



Uma investigação realizada no Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte) informa sobre a forma como os residentes nas regiões costeiras lidam com as ameaças das alterações climáticas, nomeadamente a subida do nível das águas.
Com as consequências das alterações climáticas, as zonas costeiras estão expostas aos impactos negativos da subida do nível das águas, colocando em risco comunidades e habitats naturais. No entanto, as consequências da subida do nível do mar não são imediatas, o que pode explicar por que razão as pessoas continuam a escolher viver ao longo da costa. 
Durante o seu mestrado no Iscte, Natacha Parreira, sob a orientação de Carla Mouro, investigadora do CIS-Iscte, investigou como diferentes tipos de vinculação ao lugar estão associados às estratégias das pessoas para lidar com a subida do nível das águas no distrito de Aveiro, considerada uma das zonas costeiras de maior risco em Portugal.

FOTO - Redes sociais 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Boas festas para todos

Penso que vale a pena recordar que levamos a vida a correr. E sendo assim, raramente refletimos sobre o que fazemos ou não fazemos. Em épocas festivas, então, tudo se multiplica e não há tempo a perder, que na hora marcada tem de estar tudo pronto e afinado. 
Por estes dias vai ser assim e a festa há de correr como esperado. Todos, ansiosos, apostamos nos encontros familiares em paz. É a consoada, ano a ano repetida e sempre apetecida. Que à volta da mesa não falte a alegria. 
Boas festas para todos.