«Falou-se de marnotos, falou-se de pescadores e mareantes, faltando, apenas, falar dos gafanhões que vieram, por fim, tratar da moldura afeiçoando a terra que debrua a laguna substituindo a desolação da duna e da flora quaresmal que, a medo, aflorava, por uma verdura indizível de milheirais frescos e viçosos e de batatais que lhe corroboram os tons abertos com gradações sublinhantes que parecem oriundas de uma paleta de pintor.
Quando, aí por volta de 1677, os foreiros do Conde de Aveiras, Senhor de Vagos, vieram com os seus enxadões violar a virgindade das lombas para as cultivar, não toparam nelas com nenhuma quentura maternal para as sementes que pretendiam lançar-lhe sobre o dorso, nem lhe sentiram nas entranhas qualquer resquício de matéria orgânica capaz de dar estímulo a uma vontade que não fosse dotada de ganas para teimar independentemente de qualquer aceno indutor.