Bento Domingues |
1. A exuberância poética do profeta Isaías distribuída pelas celebrações diárias do Advento exibe uma tal confiança no futuro que mais parece um delírio do desejo que gosta de se iludir, do que uma esperança razoável. Logo no 3.º dia, e nunca se cansará, garante que os povos vão dispensar os exércitos e as suas manobras. Os instrumentos de guerra vão ser reciclados e confiados aos ministérios da agricultura: converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices [1]. O Deus dos exércitos vai para o desemprego.
Tempos virão em que nem sequer será preciso pensar na reciclagem do exército. A justiça estará ao serviço dos infelizes do povo. Aos violentos e aos ímpios a própria palavra de Deus os modificará. A justiça e a lealdade serão a lei.
Até toda a natureza que se modificará. O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, as suas crias dormirão lado a lado; o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora.
Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte: o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgira como a bandeira dos povos; as nações virão procurá-la e a sua morada será gloriosa [2].
O profeta quer que Deus seja o Senhor do universo e prepare para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Destruirá a morte para sempre. Enxugará as lágrimas de todas as faces. Alegremo-nos e rejubilemos porque nos salvou [3].